Apenas um pensamento que me azucrina

No meu entender, a sacralização do cotidiano, antigo ou atual, sempre encontrou na Bíblia uma ferramenta eficaz, enquanto esta possibilita a leitura do real como subjetividade, espaço no qual a ação humana é reduzida à vivência intensa da emoção e do entusiasmo, constituindo a realidade total, até acabar assumindo o rótulo de história objetiva, momento em que perde seu fervor querigmático e se acomoda.

O mundo bíblico e o mundo atual se entrelaçam de tal maneira que o ressentimento pode ser legitimado, desde que seja lido como indignação moral, ao mesmo tempo em que vivências primitivas são literalmente recriadas, apresentando-se como panacéias para os malefícios da racionalidade ocidental.

Esse mecanismo social permite ao intelectual, entre outras coisas, desobrigar-se de um compromisso social efetivo, reduzindo os problemas do mundo a problemas morais…

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