A Folia de Reis

Quando o bom Jesus nasceu
De toda a parte souberam
Aí para adorar o nascimento
Foi que os Reis Magos vieram.

 

Explica Carlos Rodrigues Brandão, em Sacerdotes de Viola, Petrópolis, Vozes, 1981, p. 36;40-41;50-51:

“A Folia de Reis é um espaço camponês simbolicamente estabelecido durante um período de tempo igualmente ritualizado, para efeitos de circulação de dádivas – bens eBRANDÃO, C. R. Sacerdotes de Viola. Petrópolis: Vozes, 1981, 274 p. serviços – entre um grupo precatório e moradores do território por onde ele circula (…)

Por debaixo das palavras universais da linguagem cristã, a Folia canta uma espécie de crônica da vida camponesa. Mais do que isso, a ‘cantoria’ conduz, passo a passo, as ações das pessoas, definindo quem são, o que estão fazendo e o que está acontecendo, por causa do que se faz (…)

Ao constituir o espaço simbólico da jornada dos Reis, a Folia transporta para dentro dele, com nomes e proclamações de bênçãos: as pessoas, os animais, os objetos e as trocas do próprio mundo camponês. Assim, os mesmos homens do trabalho agrário cotidiano aparecem por sete dias revestidos de cumplicidade com os mitos populares de uma história sagrada que todos conhecem por ali (…)

Tudo o que fazem é recontar, nos versos e no que eles comandam, a jornada da busca de um Deus nascido pobre, por Três Reis Magos (muito mais nomeados como ‘santos’ do que como ‘magos’ ou ‘sábios’), entre trocas de ofertas de dons e contradons (…)

Aí então (…) as palavras da cantoria proclamam a própria vida e a morte da gente do lugar”.

Leia o meu artigo sobre A visita dos Magos: Mt 2,1-12. Ouça Hino de Reis. Baixe o livro Sacerdotes de Viola clicando aqui.

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