Folha Online: 24/08/2006 – 15h06
Comando militar de Israel admite falhas no Líbano
Pela primeira vez desde o início dos mais recentes conflitos no Oriente Médio, o comando militar israelense admitiu nesta quinta-feira ter cometido falhas na condução de sua ofensiva no Líbano. Há dez dias em cessar-fogo, Israel e o grupo terrorista Hizbollah travaram uma batalha que durou 34 dias e deixou 1.183 mortos no Líbano e cerca de 160 em Israel, segundo relatório da ONU (Organização das Nações Unidas). A declaração foi feita por meio de uma carta, na qual o chefe do Estado-Maior de Israel, Dan Halutz, afirma aos soldados que os conflitos revelaram falhas na logística, nas operações e no comando militar. “Serão respondidas perguntas de forma profissional, todo mundo será investigado — a partir de mim para baixo, até o último soldado”, diz o texto liberado pelo Exército israelense nesta quinta-feira (…) Ataques aéreos israelenses deixaram cidades inteiras no Líbano sob escombros e forçaram quase 1 milhão a pessoas sair de suas casas. O Hizbollah, em ação sem precedente, também lançou cerca de 4.000 foguetes contra a região norte de Israel, fazendo com que aproximadamente 300 mil pessoas se deslocassem para abrigos antiaéros ou outras cidades. Enquanto Halutz admitia as falhas militares israelenses levadas a cabo no Líbano, o líder do Shin Bet (serviço de inteligência israelense), Yuval Diskin, chamou a ofensiva de “fiasco”, em sua primeira declaração pública desde o início dos combates. “O norte [de Israel] foi abandonado e o sistema de governo desmoronou”, disse. “Houve muitos fracassos, e a população vê e entende isso. Não é hora de calar, a verdade deve ser contada. Alguém tem de dar explicações e assumir a responsabilidade”, acrescentou Diskin (cont.)
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