O fundamentalismo, segundo CEBI Goiás

“As posturas fundamentalistas não são saudáveis; deixam traumatismos profundos. O fundamentalismo mata! Essa partilha representa momentos vivenciados pelo grupo de assessoras/es e lideranças do CEBI Goiás, no dia 17 de agosto de 2014, em Senador Canedo. A facilitadora do dia foi a Pastora Patrícia Bauer, de confissão Luterana.  Éramos 27 pessoas, vindas de Orizona, Bela Vista, Aparecida de Goiânia, Senador Canedo, Anápolis e Goiânia, totalizando 21 mulheres e 6 homens.

O grupo lembrou que nos preocupamos com os fundamentalismos religiosos, porém há várias formas de sermos fundamentalistas, que se interligam e refletem nas nossas leituras bíblicas, conforme nossas concepções de mundo. Também há fundamentalismo nos discursos que reproduzimos sem dar muita atenção a eles (falas que muitas vezes sustentam o patriarcalismo, a homofobia, a violência contra as mulheres, a discriminação étnico-racial, a xenofobia e as mais variadas formas de intolerância). É preciso fazer o movimento de olhar o fundamentalista que existe em nós, pois não há diálogo no fundamentalismo. Quando fazemos esse movimento, experimentamos novos solos, novas águas, destruímos muros e construímos pontes.

O grupo avaliou positivamente o dia e partilhou motivações sobre mudança de olhar no que diz respeito às várias formas de ver a realidade, à luz da Palavra. Suely de Jesus disse: ‘Os textos trabalhados contribuíram para o grupo fazer uma leitura e releitura de posturas, comportamentos fundamentalistas’.

Enfim, ficou o apelo: ‘Jamais fazer a Bíblia dizer o que queremos que ela diga, mas atentar para o que ela quer dizer, na perspectiva de uma leitura contextual’.  Além disso, entender que a verdade não me pertence, não nos pertence.

Que Deus nos dê sabedoria para destruirmos muros e construirmos pontes”.

Fonte: Fundamentalismo mata – CEBI-GO, 17 de agosto de 2014.

Picaretagem hermenêutica entristece pesquisador

Não importa quantas vezes você, pacientemente, explique que os pontos de vista deles não têm fundamento, eles perseveram em suas convicções com impressionante determinação

Larry Hurtado, conhecido pesquisador do Novo Testamento, “está bastantemente entristecido, com o coração afogado na deceptude e no desgosto“, como dizia Odorico Paraguaçu.

Motivo?

É que alguns comentaristas vão ao seu blog postar “ideias de jerico”* e que, como é sabido e consabido, a ninguém escutam, só a suas desmioladas especulações dão atenção.

Um trecho do post de Larry Hurtado, Sense and Nonsense: Observations on Running a Blog Site, recentemente publicado:

This sort typically has developed some pet idea, not something small, mind you, but a “big idea” that fundamentally skews their view of the whole subject. Among them, on this site, e.g., that Paul was a totally fictional character (…)  that Jesus of Nazareth is a fictional character are another such category (…) that, e.g., references to “circumcision” in the NT are actually references to sacrifice (…) These people aren’t interested in finding out that their views have no basis, or have been soundly debunked decades ago, or are just plain bonkers. So, no matter how often you patiently answer specific questions (often coy, baited ones), or offer reasons and evidence for why their view is baseless, they persevere with impressive determination. If you tell them that their view has no standing among scholars in the field, this has no effect, and they might then allege some sort of conspiracy among scholars to suppress what they know is the real truth!

* Jerico = Equus asinus

Crítica textual do NT: Método genealógico baseado na coerência

Este texto foi escrito por meu amigo e colega Cássio Murilo Dias da Silva, atualmente professor na PUCRS.

Ele me diz no e-mail: Segue aí uma tentativa de explicação sumária do “Método genealógico”. Difícil resumir em poucas palavras uma coisa tão complexa. Mas acho que dá para se ter uma ideia. Espero que seja aproveitável…

Método genealógico baseado na coerência: a informática a serviço da crítica textual do Novo Testamento

Imagine que manuscritos sejam seres vivos que se reproduzem pelo processo de cópia. Imagine que o DNA dos manuscritos esteja não na química da tinta nem do papel, mas na formulação do texto. Então, fica fácil de imaginar também um programa de computador que compara todos os manuscritos do Novo Testamento e, por meio das estatísticas, elabora uma árvore genealógica deles.

Dito de modo bem simples é exatamente isso que faz um “novo” modo de comparação de manuscritos bíblicos: o “método genealógico baseado na coerência”. Um programa de computador gera estatísticas e árvores genealógicas (estemas) de manuscritos, tanto de modo completo como de modo específico, isto é, para um versículo bem determinado. O citado programa está disponível para uso online na página do Institut für Neutestamentliche Textforschung (INTF; em português: Instituto para a Pesquisa do Texto do Novo Testamento) da Universidade de Münster, na Alemanha. O software gera vários tipos de dados: os possíveis “ancestrais”, isto é, quais manuscritos podem ter sido copiados; o percentual de concordância entre os manuscritos; a quantidade (absoluta) de concordâncias entre os manuscritos; o número de passagens comuns entre eles; quantas passagens do manuscrito 1 explicam o surgimento das variantes no manuscrito 2 e vice-versa, e várias outras estatísticas.

Manuscritos com um índice de concordância acima de 87,6% são considerados muito próximos e é possível estabelecer um vínculo “genealógico” entre eles. Isso porque o método supõe que o escriba tenha querido ser fiel o máximo possível ao manuscrito que estava copiando, e que não tenha utilizado grande número de fontes.

Um exemplo talvez ajude a entender. Vejamos o início de 1Pd 2,1: “rejeitai, portanto”. Embora esta seja a leitura da maioria dos manuscritos, apenas dois leem somente “rejeitai”, omitindo o “portanto”. Um deles é o manuscrito número 1881.

Comparando os manuscritos 1881 e 1739, o programa do INTF oferece as seguintes informações (entre outras):
. o manuscrito 1881 depende 92,432% do manuscrito 1739
. admitindo que o manuscrito 1739 seja anterior a 1881, é possível explicar 121 diferenças entre eles; inversamente, admitindo que 1739 seja posterior a 1881, é possível explicar somente 24 diferenças.

Estes e outros dados levam à conclusão de que o fluxo do texto de 1739 para 1881 é muito forte; diferente do que acontece na direção oposta. Ou seja: 1881 é posterior (copiou?) 1739, e que o escriba, por alguma razão (talvez descuido) tenha omitido a palavra “portanto”.

Uma longa introdução ao método encontra-se disponível para download em https://egora.uni-muenster.de/intf/service/downloads_en.shtml (texto em inglês, 577 “páginas” em formato pdf).

Hermenêutica Bíblica, Pluralismo e Novos Paradigmas

Seminário Regional da ABIB (Associação Brasileira de Pesquisa Bíblica) – São Paulo, com José María Vigil.

No dia 28 de setembro de 2013 acontecerá mais um seminário da ABIB-SP, com o tema Hermenêutica Bíblica, Pluralismo e Novos Paradigmas. O encontro pretende abordar os novos rumos que a pesquisa bíblica tomou nos últimos anos. Para tanto, foi convidado o teólogo José María Vigil, um dos grandes nomes da Teologia da Libertação.

Vigil é defensor da opção pelos pobres e também da Teologia do Pluralismo Religioso. Vigil coordena a Comissão Teológica Latino-Americana da ASETT (Associação de Teólogos/as do Terceiro Mundo) e o site Koinonia.

Um painel com o tema Bíblia, Pluralismo e Perspectivas terá a participação dos Professores Claudio Ribeiro, metodista, Haidi Jarschel, luterana, e Alexandre Leone, rabino.

O seminário acontecerá mais uma vez nas dependências da FATIPI (Faculdade de Teologia da Igreja Presbiteriana Independente), que fica na Rua Genebra, nº 180 – São Paulo. As atividades começam às 08h00 e terminam às 17h00. Os participantes que desejarem certificado deverão colaborar com R$ 10,00.

FATIPI – Faculdade de Teologia da Igreja Presbiteriana Independente
Rua Genebra, nº 180, Bela Vista – SÃO PAULO – SP
(Travessa da Rua Maria Paula entre os viadutos Dona Paulina e Jacareí)
Metrô: Sé ou Anhangabaú
Fone: (11) 3106-2026

Biblistas devem responder ou provocar questionamentos?

Falando sobre a pesquisa bíblica, escreveu, em 11 de abril de 2013, Philip R. Davies, comentando um artigo de Joel S. Baden:

A nossa responsabilidade em relação à próxima geração de estudiosos [da Bíblia] não é responder a perguntas, mas produzir mais perguntas para eles.

But in the end our responsibility to the next generation of scholars is not to answer questions (and thus remove them) but to generate more questions for them.

Fonte: Against Consensus, artigo de Joel S. Baden, Yale Divinity School, publicado em The Bible and Interpretation em abril de 2013.

Exegese, Teologia e Pastoral: relações, tensões e desafios

Exegese, Teologia e Pastoral: relações, tensões e desafios: este é o tema do IV Simpósio de Teologia da PUC-Rio, que será realizado nos dias 15 a 17 de maio de 2013, nas dependências da Universidade.

1. Conferências maiores:
Serão desenvolvidas com os seguintes temas e conferencistas:

  • Exegese e Teologia Bíblica, por H. Simian-Yofre, professor emérito do Pontifício Instituto Bíblico, Roma
  • Exegese, teologia e hermenêutica, por C. Carbullanca, professor da Universidade Católica do Chile
  • Teologia sistemática e exegese, por Maria Carmen Aparicio Valls, professora da Pontifícia Universidade Gregoriana, Roma
  • Bíblia, Cultura e Nova Evangelização, por Mario Cimosa, professor da Pontifícia Universidade Salesiana, Roma

2. Mesas temáticas:

  • Bíblia e Pastoral Bíblica: Tereza Maria Pompéia Cavalcanti, Carlos Mesters, Francisco Orofino, Leonardo Agostini Fernandes
  • Bíblia e Cristologia / Eclesiologia: Alfonso García Rubio, Ana Maria de Azeredo Lopes Tepedino, José Otácio Oliveira Guedes
  • Bíblia e Graça / Escatologia: Mario de França Miranda, Lina Boff, Maria de Lourdes Corrêa Lima
  • Bíblia e Direito: Jesús Hortal, Ricardo Lengruber, Isidoro Mazzarolo

3. Mini-cursos:

  • Animação bíblica da pastoral: Johan Konings (Faje)
  • Hermenêutica bíblica: Luís Henrique da Silva (PUC-MG / Faje)
  • Bíblia e diálogo inter-religioso: Valmor da Silva (PUC-GO)
  • O Saltério no Novo Testamento: Matthias Grenzer (PUC-SP)

4. Comunicações:
Considerado o tema central do Simpósio, Exegese, Teologia e Pastoral: relações, tensões e desafios, serão desenvolvidos oito eixos temáticos…

Visite a página do Simpósio e saiba mais. Conheça o Departamento de Teologia da PUC-Rio.

Questi sono brutti tempi

Em português: Estes são tempos feios!

Ou como dizemos em Minas: O trem ‘tá’ feio!

There’s no time for us
There’s no place for us
What is this thing that builds our dreams
Yet slips away from us? (Queen – Who Wants to Live Forever)

Tem hora que a gente lê certas coisas que são verdadeiros socos no fígado. E o danado é que isso vem piorando. Piorando de dia e piorando de noite. E no quintal dos exegetas. Questi sono brutti tempi.

Pois li recentemente três artigos de três biblistas. Que são… não, não vou dizer os nomes.  Só pistas: um é do alto clero, outro é do baixo clero e o terceiro de clero nenhum.

Pois bem: fulano, beltrano e sicrano fariam bem em reler o que escreveu Pio XII na encíclica Divino afflante Spiritu [Inspirados pelo Espírito Divino], de 30 de setembro de 1943. Setenta anos depois e tem gente, do ramo, que não aprendeu?

Observo que até o século XIII, a reflexão bíblica ocupava lugar importante na reflexão teológica. A Escolástica quebrou esta tradição, com a elaboração de uma teologia cada vez mais especulativa. A Reforma protestante reagiu contra esta tendência com uma volta radical à Escritura, enquanto os teólogos católicos, no contexto da Contra-Reforma, afastavam-se ainda mais da Bíblia.

Pio XII, entre outras coisas, recomendava, na Divino afflante Spiritu, o estudo das línguas bíblicas, o recurso à filologia, a busca do sentido literal dos textos, o exame do contexto, o estudo da história, da arqueologia e dos gêneros literários, o esclarecimento da condição social do autor.

Leia-se, por exemplo, sobre o estudo das línguas bíblicas: Além disso são hoje tantos os meios para aprender aquelas línguas que o intérprete da Escritura, que, descurando-as, fecha a si mesmo o acesso aos textos originais, não podendo evitar a imputação de inconsideração e indolência (…) Por isso trabalhe por adquirir uma perícia cada vez maior das línguas bíblicas e também dos outros idiomas orientais e apoie a sua interpretação com todos os recursos subministrados por toda espécie de filologia.

Ou sobre a pesquisa histórico-crítica: Procure por conseguinte o intérprete distinguir com todo o cuidado, sem descurar nenhuma luz fornecida pelas recentes investigações, qual a índole própria e condição social do autor sagrado, em que tempo viveu, de que fontes, escritas ou orais, se serviu, que formas de dizer empregou. 

Ou a repreensão dirigida a certas tendências que rejeitam a pesquisa moderna: Tal interpretação (…) será meio eficaz para fazer calar os que se queixam de não encontrar nos comentários bíblicos nada que eleve a mente a Deus, alimente a alma, fomente a vida interior, e por isso dizem que é preciso recorrer a uma interpretação que chamam espiritual e mística.

Por fim, recomendo uma (re)leitura dos obstáculos hermenêuticos mais comuns, nos quais constantemente tropeçamos quando lemos a Bíblia.

Obstáculos hermenêuticos são armadilhas do pensamento, que só podem ser evitadas através de uma constante vigilância ideológica, que manterá aberta a nossa mente para a experiência do nascimento do sentido que acontece na operação de leitura dos textos bíblicos.

Um exemplo? O teologismo, que é o correspondente teórico da atitude prática que se conveio chamar ‘sobrenaturalismo’, ‘espiritualismo’, ou simplesmente ‘mitologia’.

O teologismo consiste em considerar a interpretação teológica como a única versão verdadeira do real, esvaziando, assim, o Político e o Social de seus conteúdos e rejeitando a sua autonomia. É, no mais das vezes, um discurso dogmático, ideológico, autoritário e anticientífico. Além do que conduz a outros obstáculos, como o espiritualismo e o dualismo. Neste enfoque a fé é frequentemente colocada em oposição ao conhecimento racional. É dito que este não resolve e ilustra-se o discurso com a persistente crise nacional ou mundial, a perversão moral e as injustiças praticadas pelo mundo afora. Processa-se uma mistificação do não-acesso ao saber, que de questão política transforma-se em questão moral, enquanto se contrapõe o homem simples, o-que-nada-sabe, mas tem fé, ao homem cultivado, o-que-tudo-sabe, é estudado, mas não tem fé…

Introdução à S. Escritura 2013

A Introdução à S. Escritura compreende 2 horas semanais, no primeiro semestre de Teologia. Mais do que estudar o surgimento e o conteúdo dos vários livros bíblicos, a disciplina é voltada para a compreensão / apreensão de alguns métodos de leitura dos textos bíblicos. Esta opção se justifica, pois a introdução a cada um dos livros é feita a partir das disciplinas que abordam áreas específicas da Bíblia ao longo do curso de Teologia.

Um dos problemas típicos desta disciplina é a carga horária exígua que lhe é, em geral, atribuída. Até porque, ao tomar contato com a moderna metodologia de abordagem dos textos bíblicos, a desmontagem de noções ingênuas adquiridas na educação anterior e a dificuldade em abandonar certezas que beiram o fundamentalismo requerem tempo e paciência. Além disso, conseguir a convivência da criticidade que se vai progressivamente adquirindo em sala de aula com as necessidades pastorais dos envolvidos no processo de aprendizagem, exige a construção de uma linguagem hermenêutica adequada, outra questão espinhosa.

Por isso, uma tarefa que se impõe a quem se envereda por esse caminho, é a comparação e o confronto da teoria exegética crítica com as leituras cotidianas e costumeiras da Bíblia. Isto é feito pelos alunos, que coletam e analisam os dados necessários.

Costumo orientar este processo através de uma série de questões que são propostas para a análise de uma leitura bíblica feita no ambiente pastoral dos estudantes.

I. Ementa
A disciplina privilegia o nascimento e a estruturação dos vários métodos de leitura da Sagrada Escritura, especialmente os modernos métodos histórico-críticos, socioantropológicos e populares.

II. Objetivos
Possibilita ao aluno a visualização das diversas problemáticas envolvidas na abordagem dos textos bíblicos no contexto e no pensamento contemporâneos.

III. Conteúdo Programático
1. A leitura histórico-crítica
:: A crítica textual
:: A crítica literária
:: A crítica das formas
:: A história da redação
:: A história da tradição

2. A leitura socioantropológica
:: Por que uma leitura socioantropológica da Bíblia?
:: Origem e características do discurso sociológico
:: Origem e características do discurso antropológico
:: A Bíblia e a leitura socioantropológica
:: Algumas dificuldades da leitura socioantropológica

3. A leitura popular
:: Ler a vida com a ajuda da Bíblia
:: A opção pelos pobres
:: Da Bíblia à Sociedade: passagem para o Político

4. Oficina bíblica: leitura de textos selecionados
:: Mc 6,30-44: a primeira multiplicação dos pães
:: Lc 3,21-22: o batismo de Jesus
:: Mt 2,1-12: a visita dos magos
:: Jo 2,1-12: as bodas de Caná

IV. Bibliografia
Básica
DIAS DA SILVA, C. M. Leia a Bíblia como literatura. São Paulo: Loyola, 2007, 104 p. – ISBN 9788515033072.

DIAS DA SILVA, C. M. com a colaboração de especialistas, Metodologia de Exegese Bíblica. 3. ed. São Paulo: Paulinas, 2009, 526 p. – ISBN 8535606432.

MESTERS, C. Flor sem defesa: uma explicação da Bíblia a partir do povo. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 1999, 206 p.

Complementar
ALAND, K. et al. O Novo Testamento Grego. Quarta edição revisada com introdução em português e dicionário grego-português. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2009, 1040 p. – ISBN 9783438051516.

ALETTI, J.-N.; GILBERT, M.; SKA, J.-L.; DE VULPILLIÈRES, S.  Vocabulário ponderado da exegese bíblica. São Paulo: Loyola, 2011, 184 p. – ISBN 9788515038565.

ALMADA, S. (org.) Interpretação Bíblica em Busca de Sentido e Compromisso. Diversas aproximações ao texto de Lucas 1-2: Caleidoscópio de métodos, exegese e hermenêutica. RIBLA, Petrópolis, n. 53, 2006/1.

BERLEJUNG, A.; FREVEL, C. (orgs.) Dicionário de termos teológicos fundamentais do Antigo e do Novo Testamento. São Paulo: Loyola/Paulus, 2011, 536 p. – ISBN 9788515037872.

BUSHELL, M. BibleWorks 9. Norfolk, VA: BibleWorks, 2011 (software para o estudo da Bíblia). Acesso em: 19 janeiro 2013.

CARTER, C. E.; MEYERS, C. L. (eds.) Community, Identity and Ideology: Social-Scientific Approaches to the Hebrew Bible. Winona Lake, IN: Eisenbrauns, 1996, 574 p. – ISBN 9781575060057.

CHALCRAFT, D. J. (ed.) Social-Scientific Old Testament Criticism. London: T & T Clark, 2006, 400 p. – ISBN 9780567040848

DA SILVA, A. J. A visita dos magos: Mt 2,1-12. Acesso em: 19 janeiro 2013.

DA SILVA, A. J. Leitura socioantropológica da Bíblia Hebraica. Acesso em: 19 janeiro 2013.

DA SILVA, A. J. Leitura socioantropológica do Novo Testamento. Acesso em: 19 janeiro 2013.

DA SILVA, A. J. Notas sobre alguns aspectos da leitura da Bíblia no Brasil hoje. REB, Petrópolis, v. 50, n. 197, p. 117-137, mar. 1990. Acesso em: 19 janeiro 2013.

DA SILVA, A. J. O discurso socioantropológico: origem e desenvolvimento. Acesso em: 11 janeiro 2011

DA SILVA, A. J. Por que milagres? O caso da multiplicação dos pães. Estudos Bíblicos, Petrópolis, n. 22, 1989, p. 43-53 [versão mais resumida online na Vida Pastoral]

DE OLIVEIRA, E. M. et al. Métodos para ler a Bíblia. Estudos Bíblicos, Petrópolis, n. 32, 1991.

DIAS DA SILVA, C. M. A Bíblia não serve só para rezar. São Paulo: Loyola, 2011, 136 p. – ISBN 9788515038107.

DIAS DA SILVA, C. M. Aprenda a ler o Antigo Testamento. São Paulo, 2010, 12 p. Publicado no Observatório Bíblico em 26 de setembro de 2010. Disponível para download em pdf.

DIAS DA SILVA, C. M. Crítica textual do NT: Método genealógico baseado na coerência, Observatório Bíblico, 2013.

EGGER, W. Metodologia do Novo Testamento: Introdução aos Métodos Linguísticos e Histórico-Críticos. São Paulo: Loyola, 1994, 238 p. – ISBN 9788515010561.

ELLIGER, K.; RUDOLPH, W. Biblia Hebraica Stuttgartensia. 5. ed. Stuttgart: Deutsche Bibelgesellschaft, [1967/1977], 1997, lviii + 1574 p. – ISBN 9783438052193. Cf. também a Biblia Hebraica Quinta.

ELLIOT, J. H. What is Social-Scientific Criticism? Minneapolis: Augsburg Fortress, [1993] 2009, 174 p. – ISBN 9780800626785.

ESLER, P. F. (ed.) Ancient Israel: The Old Testament in Its Social Context. Minneapolis: Fortress, 2005. xvii + 420 p. – ISBN 0800637674.

HULL, R. F. Jr. The Story of the New Testament Text: Movers, Materials, Motives, Methods, and Models. Atlanta: Society of Biblical Literature, 2010, 244 p. – ISBN 9781589835207. Disponível online.

KONINGS, J. A Bíblia, sua origem e sua leitura. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 2012, 280 p. – ISBN 9788532642202.

KONINGS, J.; RIBEIRO, S. H. et al. Bíblia: Teoria e Prática. Leituras de Rute. Estudos Bíblicos, Petrópolis, n. 98, 2008.

KONINGS, J. Sinopse dos evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas e da Fonte Q. São Paulo: Loyola, 2005, 360 p. – ISBN 9788515030569.

PFOH, E. (ed.) Anthropology and the Bible: Critical Perspectives. Piscataway, NJ: Gorgias Press, 2010, 180 p. – ISBN 9781607249566.

PONTIFÍCIA COMISSÃO BÍBLICA A Interpretação da Bíblia na Igreja. 9. ed. São Paulo: Paulinas, 2010. Disponível online. Acesso em: 19 janeiro 2013.

POWELL, M. A. Introducing the New Testament: A Historical, Literary and Theological Survey. Grand Rapids, MI: Baker Academic, 2009, 560 p. – ISBN 9780801028687.

REIMER, H.; DA SILVA, V. (orgs.) Hermenêuticas Bíblicas: Contribuições ao I Congresso Brasileiro de Pesquisa Bíblica. São Leopoldo: Oikos Editora/UCG/ABIB, 2006, 252 p.

REIMER, I. R.; SCHWANTES, M. (org.) Leituras Bíblicas Latino-Americanas e Caribenhas. RIBLA, Petrópolis, n. 50, 2005/1.

ROHRBAUGH, R. L. (ed.) The Social Sciences and New Testament Interpretation. Peabody, Mass: Hendrickson, 2004, 240 p. – ISBN 9781565634107.

RÖMER, T.; DAVIES, P. R. (eds.) Writing the Bible: Scribes, Scribalism and Script. Durham: Acumen Publishing, 2013, 256 p. – ISBN 9781844657315.

SCHNELLE, U. Introdução à exegese do Novo Testamento. São Paulo: Loyola, 2004, 192 p. – ISBN 9788515024919.

SCHMID, K. História da Literatura do Antigo Testamento: uma introdução. São Paulo: Loyola, 2013, 352 p. – ISBN 9788515039906.

SIMIAN-YOFRE, H. (ed.) Metodologia do Antigo Testamento. São Paulo: Loyola, 2000, 200 p. – ISBN 9788515018499.

TATE, W. R. Interpreting the Bible: A Handbook of Terms and Methods. Peabody, Mass.: Hendrickson, 2006, viii + 482 p. – ISBN 9781565635159.

WEGNER, U. Exegese do Novo Testamento: Manual de Metodologia. 7. ed. revista e ampliada. São Leopoldo: Sinodal/EST, 2011, 444 p. – ISBN 852330598X.

Leia Mais:
Preparando meus programas de aula para 2013
História de Israel 2013
Pentateuco 2013
Literatura Deuteronomista 2013
Literatura Profética 2013
Literatura Pós-Exílica 2013

Preparando meus programas de aula para 2013

Estou, nestes dias, preparando meus programas de aula de Bíblia para 2013. Começo a publicá-los no Observatório Bíblico. A intenção é de que possam servir, para além de meus alunos, a outras pessoas que, eventualmente, queiram ter uma noção de como se estuda a Bíblia em determinadas Faculdades de Teologia. Ou, pelo menos, parte da Bíblia, porque posso expor apenas os programas das disciplinas que leciono. Tomo aqui como referência o currículo do CEARP, onde trabalho. Já fiz isso em 2006, em 2009 e em 2011, mas a bibliografia vai mudando: livros novos, livros esgotados, links quebrados…

Quatro elementos serão levados em conta, em uma leitura da Bíblia que eu chamaria de sócio-histórica-redacional:

:: contextos da época bíblica
:: produção dos textos bíblicos
:: contextos atuais
:: leitores atuais dos textos

O sentido da Escritura, segundo este modelo, não está nem no nível dos contextos da época bíblica e/ou dos contextos atuais, nem no nível dos textos bíblicos ou da vivência dos leitores, mas na articulação que se forma entre a relação dos textos bíblicos com os seus contextos, por um lado, e entre os leitores atuais e seus contextos específicos.

Ou seja: “Da Escritura não se esperam fórmulas a ‘copiar’, ou técnicas a ‘aplicar’. O que ela pode nos oferecer é antes algo como orientações, modelos, tipos, diretivas, princípios, inspirações, enfim, elementos que nos permitam adquirir, por nós mesmos, uma ‘competência hermenêutica’, dando-nos a possibilidade de julgar por nós mesmos, ‘segundo o senso do Cristo’, ou ‘de acordo com o Espírito’, das situações novas e imprevistas com as quais somos continuamente confrontados. As Escrituras cristãs não nos oferecem um was, mas um wie: uma maneira, um estilo, um espírito. Tal comportamento hermenêutico se situa a igual distância tanto da metafísica do sentido (positivismo) quanto da pletora das significações (biscateação). Ele nos dá a chance de jogar a sério a círculo hermenêutico, pois que é somente neste e por este jogo que o sentido pode despertar” explica BOFF, C. Teologia e Prática: Teologia do Político e suas mediações. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 1993, p. 266-267.

As disciplinas de Bíblia no curso de graduação em Teologia podem, segundo este modelo, ser classificadas em três áreas:

1. Disciplinas Contextuais:
:: História de Israel (alternativa: História da época do Antigo Testamento e História da época do Novo Testamento)

2. Disciplinas Instrumentais:
:: Introdução à S. Escritura (alternativa: Métodos de leitura dos textos bíblicos)
:: Língua Hebraica Bíblica
:: Língua Grega Bíblica

3. Disciplinas Exegéticas:
:: Pentateuco
:: Literatura Profética
:: Literatura Deuteronomista
:: Literatura Sapiencial
:: Literatura Pós-Exílica
:: Literatura Sinótica e Atos
:: Literatura Paulina
:: Literatura Joanina
:: Apocalipse

——————————–
Destas disciplinas, leciono:

No primeiro semestre:
:: História de Israel: 4 hs/sem.
:: Introdução à S. Escritura: 2 hs/sem.
:: Literatura Profética: 4 hs/sem.
:: Literatura Deuteronomista: 2 hs/sem.

No segundo semestre:
:: Pentateuco: 4 hs/sem.
:: Literatura Pós-Exílica: 4 hs/sem.

Leia Mais:
História de Israel 2013
Introdução à S. Escritura 2013
Pentateuco 2013
Literatura Deuteronomista 2013
Literatura Profética 2013
Literatura Pós-Exílica 2013

Mesters e Orofino no Congresso Continental de Teologia

Carlos Mesters e Francisco Orofino participaram ontem, dia 09.10.2012, do Congresso Continental de Teologia no Instituto Humanitas Unisinos – IHU.

IHU traz hoje, dia 10, um relato desta interessante conversa: A leitura popular da Bíblia e a besta neoliberal.

Dar um testemunho da caminhada do trabalho bíblico e das leituras populares da Bíblia que realizaram ao longo de 35 anos junto ao Centro de Estudos Bíblicos – CEBI. Com esse objetivo Francisco Orofino e Carlos Mesters entabularam um debate marcado pela riqueza de abordagens e por um humor delicado e calcado em experiências de sua vivência religiosa. A conversa aconteceu na tarde desta terça-feira, 09-10-2012, dentro da programação do Congresso Continental de Teologia, acolhido pelo Instituto Humanitas Unisinos – IHU. A reportagem é de Márcia Junges.

Transcrevo alguns trechos e faço ao leitor o convite para ler o texto inteiro.

Da fala de Francisco Orofino:

:: Orofino recordou que, há tempos atrás, todos na Igreja Católica faziam catequese através de perguntas e respostas. Bastava decorar o catecismo para ganhar um santinho e fazer a primeira comunhão. Uma segunda característica era a divulgação da História Sagrada do Antigo e do Novo Testamento, de Bruno Heuser. Todos eram exortados a ler tal obra, relembra Orofino. Esse livro colocou na cabeça do povo uma coisa terrível: tudo que está na Bíblia é verdadeiro e histórico. Assim, as coisas ali escritas são verdadeiras porque são históricas.

:: O que é a primeira coisa que o povo procura na Bíblia?, questionou Orofino. O preço, respondeu ele próprio. Então, uma Bíblia popular tem que ter preço acessível. Em segundo lugar, vem o tamanho da letra. Se for pequena demais, ninguém compra. A terceira coisa que as pessoas prestam atenção na Bíblia é o livro de Apocalipse. Então, alguns leitores se assustam e até desistem de ler. Então, era preciso desenvolver uma metodologia de leitura da Bíblia numa perspectiva pastoral.

:: A leitura popular da Bíblia também ajudou a contornar algo difícil na Igreja Católica, que era dar possibilidade de fala àquelas pessoas a quem a palavra sempre foi negada. Levar as pessoas a falar é muito difícil, e mais ainda a dar opinião e enfrentar um esquema por ausência de informação e formação. Por isso, acentua Orofino, é perceptível através deste Congresso que houve avanços no protagonismo dos leigos. Trata-se de perceber que o leigo vai, gradativamente, conquistando sua fala, se construindo e capacitando. Esse leigo instruído e capacitado, com a fonte da revelação na mão, pode chegar mesmo a dizer que o padre está, por vezes, errado.

:: Francisco Orofino prosseguiu sua apresentação trazendo um elenco de questões que permitiram que a leitura popular da Bíblia abrisse o leque hermenêutico a partir dos trabalhos realizados pelo Centro de Estudos Bíblicos – CEBI: 1. A teologia da terra e o trabalho da CPT; 2. Grupos de fé e política; 3. Consciência indígena; 4. Luta dos afrodescendentes e teologia afro, luta das mulheres dos meios populares (Lei Maria da Penha); 5. Mobilização dos homossexuais; 6. Frentes ecológicas; 7. Fórum Social Mundial; 8. Capacidade de articulação das ONGs; 9. Avanços da ciência, principalmente a questão da informática e biotecnologia, além da física quântica.

:: Apesar de tudo isso que vivenciamos ao longo de 35 anos de lutas, percebemos que, para uma grande maioria de grupos da base, a pauta dos anos 70 e 80 continua de pé ainda anseia por trabalho, saúde, transporte, educação, moradia e alimentação. A pauta de reivindicações teve seu leque ampliado, mas as questões fundamentais permanecem as mesmas, frisou Orofino. É preciso, por isso, rever a metodologia de discussão.

:: Referindo-se ao último livro da Bíblia, o Apocalipse, Orofino mencionou a vinda da primeira besta, oriunda do mar, este sinônimo de abismo no livro sagrado. A primeira besta que emerge das águas é o estado de segurança nacional, que por vezes dá suas caras até hoje em situações de opressão política nos países do Terceiro Mundo. A segunda besta não vem do mar, mas da terra, está dentro da comunidade, disfarçada de cordeiro. Mas quando ela fala, a voz é do dragão. “Essa besta é poderosa porque desagrega e enfeitiça, uma vez que é capaz de criar maravilhas. Com ela se pode comprar e vender. Essa besta marca a todos: escravos, livres, ricos, pobres, pequenos, grandes. Todos querem a marca da besta para poder comprar e vender. Talvez seja o tema mais discutido desse Congresso Continental de Teologia: trata-se do liberalismo”.

Da fala de Carlos Mesters:

:: Carlos Mesters assumiu sua parte do debate recuperando a importância da Dei Verbum, conectando-a a uma leitura popular da Bíblia. Quando estava sendo preparado o Concílio Vaticano II, o Cardeal Otaviani organizou um documento sobre a revelação divina, no sentido do que Deus falou no passado. Tal documento foi iniciado no Concílio, já na primeira sessão, e foi um dos últimos a ser concluído. Isso provocou uma tempestade na Igreja. As pessoas não leem a Bíblia para saber do passado, mas para entender como Deus apela para sua vida. Por isso a leitura orante é fundamental. “Deus está em tudo, assim como seu espírito. E a Bíblia nos ajuda a descobrir isso”, complementou Mesters.

:: Outro tópico que provocou reação na plateia foi a afirmação de que a Bíblia não é um catálogo de verdades. Trata-se da revelação da graça e misericórdia de Deus.

:: Alguns pontos da Dei Verbum que aparecem com força na leitura popular foram assinalados por Carlos Mesters: 1. A Bíblia é palavra de Deus; 2. A Bíblia é a palavra de Deus em linguagem humana; 3. A Bíblia não é um catálogo de verdades; 4. Jesus liga o Antigo e o Novo Testamento; 5. A Bíblia é livro da igreja, e através dela nos filiamos a uma grande tradição.

::  Mesters finalizou sua exposição apresentando aspectos da leitura orante e suas interpretações: “a palavra deve poder circular”, mencionou. Nas pequenas comunidades esse trabalho refaz o relacionamento humano na base. Se tentarmos esconder as divisões, aí esquecemos de consertar os relacionamentos em sua forma mais primordial. “Isso equivale a colocar peruca num careca: não faz cabelo nascer”.