Metodologia de exegese bíblica, de Cássio Murilo, em nova edição

SILVA, C. M. D. da. Metodologia de exegese bíblica: versão 2.0. 4. ed. rev. e atual. São Paulo: Paulinas, 2022, 600 p. – ISBN 9786558081661.SILVA, C. M. D. da. Metodologia de exegese bíblica: versão 2.0. 4. ed. rev. e atual. São Paulo: Paulinas, 2022

Recebi e-mail do Cássio Murilo Dias da Silva, lá de Porto Alegre, RS, comunicando que seu livro Metodologia de exegese bíblica será publicado em nova edição revista e atualizada.

Clique aqui para ver o sumário em pdf.

Cássio diz no e-mail:

Escrevo para comunicar que está prevista para o final de julho a publicação da nova versão de meu velho (mas ainda atual) manual Metodologia de exegese bíblica.

Envio aí anexado um primeiro vídeo de propaganda, bem como a capa e o sumário do livro.

Esta nova edição será em formato maior e terá 600 páginas, incluindo bibliografia e índices.

Pretendemos fazer o grande lançamento no Congresso da ABIB.

Classe social, uma ferramenta útil para a análise dos textos bíblicos

Nossa análise de um texto bíblico nunca estará completa até que façamos perguntas sobre classe social, cujas respostas serão mais ou menos consistentes ou convincentes caso a caso, como acontece com qualquer método de leitura da Bíblia.

1. Uma constatação

Lendo os textos bíblicos, chama a nossa atenção a brutal concentração de riqueza e poder nas mãos de determinados grupos do antigo Israel.Journal of Biblical Literature, vol. 112, no. 1, 1993

Até que a presença de ricos e poderosos dentro da Bíblia – ao lado de seus homólogos pobres e fracos – é amplamente percebida e comentada pelos especialistas.

Entretanto, a dinâmica formativa e os efeitos de longo alcance de tão brutais concentrações de riqueza e poder raramente foram conceituados de uma forma empírica e sistemática o suficiente para produzir insights exegéticos e hermenêuticos sólidos.

2. As causas

Essa lacuna teórica na análise e explicação da riqueza e do poder na Bíblia decorre de três fatores que se reforçam mutuamente:

O primeiro é a tradicional hegemonia das categorias religiosas e teológicas nos estudos bíblicos, que teimosamente resiste à sociologia como uma ameaça à integridade religiosa e à autoridade das Escrituras.

O segundo é a controvérsia dentro das próprias ciências sociais sobre se riqueza e poder devem ser entendidos principalmente em linhas estruturais-funcionais ou na linha do conflito.

O terceiro é a incorporação dos estudos bíblicos em uma visão de mundo capitalista que mascara ou nega a existência de divisões estruturais significativas na sociedade.

3. O resultado

Juntos, esses fatores desencorajam e inibem os esforços para entender a riqueza e o poder na Bíblia como fenômenos historicamente gerados e reproduzidos.

Extremos de riqueza e poder tendem a aparecer nos estudos bíblicos – como na opinião popular sobre a sociedade contemporânea – como se fossem “fatos da natureza”, não exigindo maiores explicações.

As estratégias costumeiras tendem a ver as desigualdades de riqueza e poder como resultado de diferenças pessoais idiossincráticas aleatórias de habilidade ou empenho, por um lado, ou da ganância desordenada e corrupção moral de indivíduos particulares, por outro.

4. Uma proposta

A ferramenta analítica chave que poderia nos fazer ir além deste positivismo e deste superficial moralismo sobre riqueza e poder nas sociedades da época bíblica é o conceito de classe social.

Fonte: GOTTWALD, N. K. Social Class as an Analytic and Hermeneutical Category in Biblical Studies. Journal of Biblical Literature, vol. 112, no. 1, 1993, p. 3-4.

O artigo de Norman K. Gottwald, “Classe social como categoria analítica e hermenêutica nos estudos bíblicos”, foi publicado no Journal of Biblical Literature, vol. 112, no. 1, 1993, p. 3-22, e tem o seguinte esquema:

1. O que é classe social?

2. Classe social nas sociedades bíblicas
. Uma tipologia sincrônica de classe social
. Desenvolvimentos diacrônicos de classe social

3. Classe social nos textos bíblicos
. Classe social em narrativas da Bíblia Hebraica
. Classe social em textos proféticos da Bíblia Hebraica
. Classe social nas parábolas de Jesus

4. Classe social como fatalidade e dádiva

Este texto está disponível para download em pdf aqui.

Norman K. Gottwald (1926-2022)It has long been recognized that differentials in wealth and power figure prominently in biblical texts and traditions. Although the presence of the rich and the powerful within the Bible – shadowed by their poor and powerless counterparts-is widely noted and commented on, the formative dynamics and far-reaching effects of grossly unequal concentrations of wealth and power have seldom been conceptualized in a fashion empirical and systematic enough to yield sustained exegetical and hermeneutical insights.

This theoretical lag in analyzing and explaining wealth and power in the Bible follows from three sources which reinforce one another. The first is the traditional hegemony of religious and theological categories in biblical studies, which stubbornly resists sociology as a threat to the religious integrity and authority of scripture. The second source is the controversy within the social sciences themselves over whether wealth and power should be understood principally along structural-functional or conflictual lines. The third source is the embedment of biblical studies in a pervasive capitalist ethos that blunts or denies the existence of significant structural divisions in society. Together these factors discourage and inhibit efforts to understand wealth and power in the Bible as historically generated and reproduced phenomena. Extremes of wealth and power tend to make their appearance in biblical studies-as in popular opinion about contemporary society- as if they are given “facts of nature,” requiring no further explanation. The customary strategies are to view inequalities in wealth and power as the result either of random idiosyncratic personal differences of ability or industry, on the one hand, or the inordinate greed and moral corruption of particular individuals, on the other. The key analytic tool that could cut through our shallow positivism and moralism about wealth and power in biblical societies is the concept of social class.

Uma leitura crítica da reforma de Josias

Shigeyuki Nakanose, do Centro Bíblico Verbo, São Paulo, defendeu sua tese de doutorado em Teologia no New York Theological Seminary, Nova York, em 1991. O tema foi a Páscoa de Josias, e ele foi orientado por Norman K. Gottwald.

O livro publicado tem por título Josiah’s Passover: Sociology and Liberanting Bible. Eugene, OR: Wipf & Stock, 2004 [edição anterior: Maryknoll: Orbis Books, 1993], 212NAKANOSE, S. Uma história para contar: a Páscoa de Josias: metodologia do Antigo Testamento a partir de 2Rs 22,1-23,30. São Paulo: Paulinas, 2000. p. – ISBN 978592445707. Nele o autor mostra como a leitura sociológica da Bíblia (somada às leituras histórico-crítica e popular) revela com mais clareza a realidade por trás do texto bíblico e nos ajuda a compreendê-lo e aplicá-lo com mais proveito.

Em uma adaptação de sua tese, o autor publicou, em português, Uma história para contar: a Páscoa de Josias: metodologia do Antigo Testamento a partir de 2Rs 22,1-23,30. São Paulo: Paulinas, 2000, 344 p.

Neste livro, na página 131, ele diz:

Muitas pessoas que trabalham com a Bíblia são descuidadas em reconstruir a realidade social do texto bíblico, concentrando-se apenas nas ideias religiosas e ideológicas. Esta falha para compreender a formação social pode comprometer a contribuição do trabalho bíblico como uma das forças transformadoras da sociedade. Na falta de uma análise estrutural da sociedade que está por trás do texto, o texto bíblico não tem elementos suficientes para apresentar as pessoas sofridas e marginalizadas numa perspectiva crítica da sua própria sociedade e dentro de uma compreensão mais clara de exigências concretas de justiça social.

Já sobre a reforma de Josias, ele afirma na página 129: A reforma político-religiosa de Josias talvez seja uma das ações mais brutais registradas no Antigo Testamento, empreendidas em nome de Javé.

Para contextuar esta afirmação, que pode parecer surpreendente para muitos [leia mais sobre a reforma de Josias aqui], é claro que se recomenda a leitura do livro. Que deve ser encontrado nas bibliotecas de Teologia, já que parece estar esgotado nas livrarias.

E ele provoca mais ainda nas páginas 227-228:

Não é de se surpreender que hermenêuticas fundamentalistas e idealistas modernas apresentem a reforma de Josias como um movimento religioso sob uma piedosa e exclusiva lealdade a Javé. Na falta de uma análise sociológica, é impossível para exegetas bíblicos alcançar uma compreensão das forças sociais reais operantes na sociedade josiânica. Esta falha hermenêutica aparece especialmente na interpretação da Páscoa de Josias.

Pois é. Nesta mesma linha de raciocínio, transcrevo abaixo a análise da reforma de Josias feita por Norman K. Gottwald em seu artigo Social Class as an Analytic and Hermeneutical Category in Biblical Studies. Journal of Biblical Literature, vol. 112, no. 1, 1993, p. 3-22. Este texto foi apresentado como fala do presidente no Congresso da Society of Biblical Literature (SBL) de 1992 e está disponível para download em pdf aqui.

Nas páginas 12-14 ele diz:

Journal of Biblical Literature, vol. 112, no. 1, 1993A reforma de Josias, descrita amplamente em termos religiosos em 2 Reis 22-23, escapou de uma cuidadosa análise de classe em favor de preocupações mais literárias e teológicas, como a relação da reforma com o código deuteronômico e os objetivos religiosos ostensivos dos reformadores. Muitas vezes a discussão prossegue como se o código de leis em si fosse a causa da reforma e seus formuladores os únicos proponentes da reforma. Acima de tudo, as dimensões religiosas da reforma são abstraídas de sua matriz de classes sociais. Ao realizar uma leitura de classe social da situação por trás de 2 Reis 22-23, não temos dois pontos de vista nitidamente contraditórios como em 1 Reis 4-12 [Nota: texto anteriormente analisado pelo autor], então temos que reunir mais fontes textuais para obter uma leitura mais ampla do conjunção de circunstâncias históricas sociais naquele momento crucial.

Judá tinha sido um reino vassalo menor da Assíria por setenta e cinco anos, reduzido em tamanho, com seus membros da classe dominante – tanto os dentro quanto os de fora do governo – pressionados a arrancar tudo o que pudessem da base econômica camponesa para sobreviver e prosperar marginalmente. Simultaneamente, essa classe dominante foi levada a adotar a cultura da elite assíria para solidificar sua precária posição política, alienando ainda mais seus membros daqueles que eles exploravam.

A rápida dissolução do domínio imperial assírio na Síria-Palestina no início do reinado de Josias alterou completamente o equilíbrio de poder de classe na Palestina. Os governantes políticos em Jerusalém viram que agora poderia ser possível não apenas solidificar seu domínio sobre Judá, mas expandir seu domínio sobre o território e a população do antigo reino setentrional de Israel, que não funcionava mais como província assíria. Essa expansão abriria novos recursos econômicos para a coroa e para as elites latifundiárias e mercantis de Judá.

Dados os objetivos e os recursos, o que seria necessário para concretizar este projeto ambicioso?

Certamente exigiria esforços militares e burocráticos combinados em uma área muito grande e em face de uma população hostil para processar esse programa. Mas, para alistar, treinar e motivar as tropas necessárias e funcionários menores, era indispensável aumentar as receitas e conseguir uma população judaíta leal e comprometida. A base firme dos proponentes da reforma consistia no rei e seus oficiais da corte, comandantes do exército, sacerdotes e profetas ligados a Jerusalém, e proprietários de terras e mercadores de Judá, que tinham interesse em ver maior riqueza e poder fluir para Jerusalém. Mas poderia a população carregada de tributos de Judá ser alistada de forma confiável na causa?

Como não havia maneira de Josias proceder que não exigisse mais receitas de seus súditos, sua primeira abordagem foi reunir os judaítas com um duplo apelo ao fervor patriótico e à pureza religiosa. A ideologia religiosa nacionalista dos deuteronomistas foi difundida na esperança de construir uma forte “frente popular” na causa do Deus de Israel contra estrangeiros assírios e israelitas apóstatas, tanto no norte quanto no sul.

Em suma, Josias e seu regime aspiravam a restaurar as conquistas territoriais e incorporar as lealdades religiosas de Josué e Davi. O movimento ousado da reforma para proibir todo culto a Iahweh fora de Jerusalém serviu tanto para aumentar a autoridade da capital quanto para financiar a conquista do norte com os dízimos e ofertas que fluíam para a cidade e com o aumento das receitas comerciais derivadas das peregrinações festivas obrigatórias. O desvio de fundos e atividades religiosas para Jerusalém também desvalorizou a cultura e a religião locais, e o efeito da legislação deuteronômica na vida familiar minou ainda mais a autonomia e a integridade das famílias que ainda sobreviviam em muitas áreas rurais. Especialmente radical foi o desenraizamento da observância da Páscoa de seu ambiente familiar de longa data e sua mudança restritiva para Jerusalém. Em troca de um aumento nos tributos, serviço no exército e evisceração da cultura religiosa local, as reformas ofereceram algum alívio da dívida e deram mais assistência do governo aos necessitados.

Então, como as políticas de “pão e circo” de Josias se saíram com a grande maioria da população obrigada a pagar tributos?

Não muito bem. Para começar, a maior parte da população do antigo reino do norte estava há muito tempo alienada da dinastia davídica em Jerusalém. Eles se ressentiam profundamente dos pagamentos compulsórios e das longas peregrinações a Jerusalém e ficaram horrorizados com a violência brutal que Josias impôs a seus centros de culto.

Em Judá, a recepção das reformas foi, sem dúvida, mais mista fora dos círculos da elite. Alguns tinham a esperança de reviver os dias gloriosos da época davídica. Alguns foram atraídos pela promessa de alívio da dívida. Os camponeses que vivem perto o suficiente de Jerusalém para fazer uma peregrinação fácil podem ficar satisfeitos com a conveniência, mas a supressão violenta de locais de culto judaítas fora de Jerusalém estava alienando muitos. Os sacerdotes rurais, respeitados em suas comunidades, foram destituídos e humilhados. O aumento das receitas para Jerusalém era irritante para alguns e oneroso para muitos. As medidas que atingiram as lealdades locais e ameaçaram a cultura e a religião domésticas geraram ressentimento. Consequentemente, é razoável concluir que a grande maioria do campesinato judaíta caiu em um espectro que vai da indiferença à hostilidade aberta em relação às reformas.

Por outro lado, é provável que os maiores apoiadores das reformas entre as subclasses exploradas fossem diaristas descendentes de refugiados do reino do norte em 722 a.C. ou que saíam de terras em Judá que haviam perdido por endividamento. Esse grupo sem raízes, muitas vezes desempregado, lucraria com o aumento do trabalho nos preparativos militares, na construção pública e nos empregos ocasionados pelo comércio de peregrinação. Vivendo dentro e ao redor de Jerusalém, eles também ganhavam mais com a assistência governamental do que os camponeses espalhados pelo território.

O que ocorreu, então, foi uma reconstituição draconiana do governo e do culto de cima para baixo, extraindo drasticamente o excedente e perturbando severamente a cultura em todas as principais áreas da vida comum. Os reformadores negociaram uma troca entre um governo e um culto centralizado mais poderosos, por um lado, e melhores condições de vida para a população em geral, por outro lado.

Em suma, a campanha em favor de uma reforma provavelmente não conquistou uma base de apoio muito considerável, enraizada como estava na classe dominante em Jerusalém, sofrendo uma resistência quase unânime no norte e sendo precariamente apoiada por apenas uma minoria da classe explorada judaíta.

Esta política só poderia ter sucesso pela força imediata das armas, com a esperança de garantir condições para um renascimento e expansão de longo prazo da base econômica, incorporando os territórios mais férteis do norte em uma economia política orquestrada a partir de Judá.

Esperava-se que o fervor religioso nacionalista, simbolicamente e institucionalmente ancorado no Templo de Jerusalém, fornecesse o poder de sustentação ideológicaNorman K. Gottwald (1926-2022) necessária para esse empreendimento monumental.

Como se viu, o ambicioso projeto de reforma foi interrompido em menos de vinte anos. A liberdade da intervenção estrangeira não durou muito. Inicialmente o Egito, e depois a Babilônia, estendeu o controle imperial sobre Judá.

Lamentavelmente, sabemos muito pouco sobre quão extensiva ou intensivamente as reformas foram realmente realizadas, especialmente as medidas econômicas, sociais e jurídicas do Deuteronômio que não são mencionadas em 2 Reis 22-23.

A julgar por Jeremias e Ezequiel, que escreveram alguns anos após a morte de Josias, o prestígio do culto de Jerusalém foi aumentado, mas com uma santidade quase supersticiosa e sem muitas das purificações religiosas que o Deuteronômio havia ordenado. A injustiça social e a corrupção judicial são fortemente pontuadas por esses profetas, enquanto a única evidência que possuímos de que as reformas sociais realmente foram instituídas é um oráculo de Jeremias que elogia Josias por ter “julgado a causa dos pobres e necessitados” (Jr 22,13-19), o que pode, na verdade, ser uma referência aos trabalhadores assalariados das obras régias que substituíram a corveia, e que eram o único grupo da população empobrecida que lucrava com as reformas.

Observação: as 5 notas de rodapé deste texto, de 16 a 20, foram omitidas. Duas delas citam a tese de Shigeyuki Nakanose, que estava para ser publicada.

 

Josiah’s reformation, described largely in religious terms in 2 Kings 22-23, has escaped careful class analysis in favor of more literary and theological concerns, such as the relation of the reform to the Deuteronomic law code and the overt religious aims of the reformers. Often the discussion proceeds as though the law code in and of itself was the cause of the reform and its formulators the sole proponents of reform. Above all, the religious dimensions of the reform are abstracted from its social class matrix. In undertaking a social class reading of the situation behind 2 Kings 22-23, we do not have two sharply contradictory points of view as in 1 Kings 4-12, so we have to bring together more textual sources to get a larger reading of the conjunction of social historical circumstances at that watershed moment.

Judah had been a shrunken vassal kingdom of Assyria for seventy-five years, reduced in size, with its ruling class members-both those in and out of government – pushed to wring all they could out of the peasant economic base in order to survive and prosper marginally. Simultaneously, this ruling class was drawn into adopting Assyrian high culture to solidify its precarious political position, further alienating its members from those they exploited. The rapid dissolution of the Assyrian imperial rule in Syria-Palestine early in the reign of Josiah completely altered the class balance of power in Palestine. The political rulers in Jerusalem saw that it might now be possible not only to solidify their hold on Judah but to expand their dominion over the territory and populace of the former northern kingdom of Israel, which no longer functioned as Assyrian provinces. This expansion would open up new economic resources for the crown and for the landholding and merchant elites of Judah.

Given the goals and the resources, what would it take to bring off this ambitious project? It would certainly necessitate concerted military and bureaucratic efforts over a very large area and in the face of a hostile populace to prosecute this program. But in order to enlist, train, and motivate the necessary troops and lesser officials, expanded revenues and a loyal and committed Judahite populace were indispensable. The firm base of the reformation proponents consisted of the king and his court officials, army commanders, priests and prophets attached to Jerusalem, and landowners and merchants of Judah, who had a stake in seeing greater wealth and power flow to Jerusalem.’ But could the tribute-laden populace of Judah be reliably enlisted in the cause?

Since there was no way for Josiah to proceed that did not require more revenues from his subjects, his first approach was to rally Judahites with a twin appeal to patriotic fervor and religious purity. The nationalist religious ideology of the Deuteronomists was broadcast in the hopes of building a strong “popular front” in the cause of Israel’s God against Assyrian foreigners and apostate Israelites, north and south. In short, Josiah and his regime aspired to restore the territorial conquests and embody the religious loyalties of Joshua and David. The reform’s bold move to outlaw all Yahwistic worship outside of Jerusalem served both to enhance the authority of the capital and to finance the conquest of the north from the tithes and offerings flowing into the city and from increased trading revenues derived from the obligatory festival pilgrimages. The diversion of funds and religious activities to Jerusalem also devalued local culture and religion, and the effect of Deuteronomic legislation on family life further undercut the autonomy and integrity of the households that still survived in many rural areas. Especially radical was the uprooting of the Passover observance from its longstanding household milieu and its restrictive relocation to Jerusalem. In return for an increase in tribute, service in the army, and the eviscerating of local religious culture, the reforms offered some debt relief and public charity to the needy.

So how did Josiah’s “bread and circuses” policies fare with the great majority of the tribute-obligated populace? Not very well. To begin with, most of the populace of the former northern kingdom had long been alienated from the Davidic dynasty in Jerusalem. They deeply resented the compulsory payments and long pilgrimages to Jerusalem and were appalled at the brutal violence that Josiah visited on their cult centers. In Judah, reception of the reforms was doubtless more mixed outside elite circles. Some resonated with the hope of reviving the glorious days of the Davidic empire. Some were attracted to the promise of debt relief. Peasants living close enough to Jerusalem to make easy pilgrimage might be pleased at the convenience, but the violent suppression of Judahite cult sites outside Jerusalem was alienating to many. The rural priests, respected in their communities, were defrocked and angered. The increased revenues to Jerusalem were irritating for some and onerous for many. The measures that struck at local loyalties and threatened household culture and religion were resented. Consequently, it is reasonable to conclude that a large majority of the Judahite peasantry fell along a spectrum ranging from indifference to open hostility toward the reforms. By contrast, it is likely that the biggest supporters of the reforms among the exploited sub-classes were day laborers who were descended from refugees of the northern kingdom in 722 BCE or who came off farms in Judah that they had lost to indebtedness. This rootless group, often unemployed, would profit from increased work in military preparations, in public construction, and in service jobs occasioned by the pilgrimage trade. Living in and around Jerusalem, they also stood to gain more from public charity than peasants scattered in the countryside.

Shigeyuki NakanoseHere then was a draconian reconstitution of government and cult from above, drastically extracting surplus and severely disrupting culture in all major areas of the common life. Stripped to its central point, the reformers offered a trade-off between a more powerful centralized government and cult, on the one hand, and improved living conditions for the general populace, on the other. All in all, the strident reform effort probably did not win over a very sizable base of support, rooted as it was in the dominant class in Jerusalem, resisted almost unanimously in the north, and precariously supported by only a minority of the Judahite exploited class. It could only succeed by immediate force of arms, with the hope of securing conditions for a longer-term revival and expansion of the economic base by incorporating the more fertile northern territories into a political economy orchestrated from Judah. It was hoped that nationalist religious fervor, symbolically and institutionally anchored to the Jerusalem Temple, would provide the ideological sustaining power needed for this monumental endeavor.

As it turned out, the ambitious reform project was cut short in less than twenty years. The freedom from foreign intervention did not last long. Initially Egypt, and then Neo-Babylonia, extended imperial control over Judah. Regrettably, we know very little about how extensively or intensively the reforms were actually carried out, especially the economic, social, and juridical measures in Deuteronomy that are not mentioned in 2 Kings 22-23. Judging from Jeremiah and Ezekiel, who wrote some years after Josiah’s death, the prestige of the Jerusalem cult was enhanced, but with a virtual superstitious sanctity and without many of the religious purifications that Deuteronomy had mandated. Social injustice and judicial corruption are heavily scored by these prophets, while the sole evidence we possess of social reforms actually having been instituted is one oracle of Jeremiah that praises Josiah for having “judged the cause of the poor and needy” (Jer 22:13-17), which may actually be a reference to wage laborers on royal construction projects who replaced corv6e, and who were the one group of the depressed populace that profited from the reforms.

Preparando meus programas de aula para 2022

Estou, nestes dias, preparando meus programas de aula de Bíblia para 2022. Começo a publicá-los no Observatório Bíblico. A intenção é de que possam servir, para além de meus alunos, a outras pessoas que, eventualmente, queiram ter uma noção de como se estuda a Bíblia em determinadas Faculdades de Teologia. Ou, pelo menos, parte da Bíblia, porque posso expor apenas os programas das disciplinas que leciono. Tomo aqui como referência o currículo do CEARP, onde trabalho. Já fiz isso em outros anos.

Quatro elementos serão levados em conta, em uma leitura da Bíblia que eu chamaria de sócio-histórica-redacional:

:: contextos da época bíblica
:: produção dos textos bíblicos
:: contextos atuais
:: leitores atuais dos textos

O sentido da Escritura, segundo este modelo, não está nem no nível dos contextos da época bíblica e/ou dos contextos atuais, nem no nível dos textos bíblicos ou da vivência dos leitores, mas na articulação que se forma entre a relação dos textos bíblicos com os seus contextos, por um lado, e entre os leitores atuais e seus contextos específicos.

Ou seja: “Da Escritura não se esperam fórmulas a ‘copiar’, ou técnicas a ‘aplicar’. O que ela pode nos oferecer é antes algo como orientações, modelos, tipos, diretivas, princípios, inspirações, enfim, elementos que nos permitam adquirir, por nós mesmos, uma ‘competência hermenêutica’, dando-nos a possibilidade de julgar por nós mesmos, ‘segundo o senso do Cristo’, ou ‘de acordo com o Espírito’, das situações novas e imprevistas com as quais somos continuamente confrontados. As Escrituras cristãs não nos oferecem um was [que], mas um wie [como]: uma maneira, um estilo, um espírito. Tal comportamento hermenêutico se situa a igual distância tanto da metafísica do sentido (positivismo) quanto da pletora das significações (biscateação). Ele nos dá a chance de jogar a sério o círculo hermenêutico, pois que é somente neste e por este jogo que o sentido pode despertar” explica BOFF, C. Teologia e Prática: Teologia do Político e suas mediações. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 1993, p. 266-267.

As disciplinas de Bíblia no curso de graduação em Teologia podem, segundo este modelo, ser classificadas em três áreas:

1. Disciplinas Contextuais:
:: História de Israel I e II

2. Disciplinas Instrumentais:
:: Introdução à Sagrada Escritura
:: Hebraico Bíblico
:: Grego Bíblico

3. Disciplinas Exegéticas:
:: Pentateuco
:: Literatura Profética I e II
:: Literatura Deuteronomista
:: Literatura Sapiencial
:: Sinóticos e Atos dos Apóstolos
:: Literatura Paulina
:: Literatura Joanina
:: Apocalipse

—————————————-
Destas disciplinas, leciono:

No primeiro semestre:
:: História de Israel I: 2 hs/sem.
:: Hebraico Bíblico: 2 hs/sem.
:: Literatura Profética I: 2 hs/sem.
:: Literatura Deuteronomista: 2 hs/sem.

No segundo semestre:
:: História de Israel II: 2 hs/sem.
:: Pentateuco: 4 hs/sem.
:: Literatura Profética II: 2 hs/sem.

Formas literárias do Primeiro Testamento

Usamos uma grande quantidade de formas fixas para falar, que são sempre retomadas quando ocorrem as mesmas circunstâncias, o mesmo “contexto vital” ou contexto existencial (em alemão, Sitz im Leben). E na literatura ocorrem formas fixas? Claro. Um escritor não pode adotar, de acordo com as convenções de sua época, qualquer forma literária para qualquer assunto. Um texto científico, por exemplo, deve usar uma linguagem adaptada à compreensão que se pretende alcançar. O leitor já aborda cada obra com uma expectativa diferente, porque ele sabe que cada forma literária apresenta a realidade de modo diverso, como por exemplo o romance, a poesia, a biografia, o discurso científico, a obra histórica. Conclui-se que é da máxima importância, para a correta compreensão de um texto, sabermos em que forma literária ele nos fala. Só assim saberemos a maneira como ele nos comunica a realidade.

Por isso recomendo:

AUTH, R.; MOREIRA, G. L. Introdução ao estudo das formas literárias do Primeiro Testamento: A palavra de Deus em linguagem humana. São Paulo: Paulinas, 2021, 432 p. – ISBN ‎ 9786558080909.AUTH, R.; MOREIRA, G. L. Introdução ao estudo das formas literárias do Primeiro Testamento: A palavra de Deus em linguagem humana. São Paulo: Paulinas, 2021.

O Projeto Bíblia em Comunidade do SAB/Paulinas oferece uma formação sistemática para lideranças e agentes de pastoral.

As séries de livros que compõem a Coleção Bíblia em Comunidade são:

1. Visão Global da Bíblia: apresenta, em vários livros, o contexto histórico dos diferentes períodos da história do povo da Bíblia nos quais nasceram os escritos bíblicos.

2. Teologias Bíblicas: apresenta as diferentes visões ou intuições que o povo da Bíblia teve sobre Deus ao longo de sua história.

3. A Bíblia como Literatura: busca entender a Bíblia nas suas formas e gêneros literários, bem como os diferentes métodos para o estudo da Bíblia.

4. Recursos Pedagógicos: aprofunda as três séries anteriores. Estes livros têm o objetivo de oferecer ferramentas úteis para as lideranças e agentes de Pastorais, coordenarem o estudo e aprofundamento de cada um dos temas.

O livro Introdução ao estudo das formas literárias do Primeiro Testamento: a Palavra de Deus em linguagem humana faz parte do terceiro nível do Projeto Bíblia em Comunidade, A Bíblia como Literatura. O livro apresenta uma multiplicidade de formas e gêneros literários já conhecidos por grande parte das leitoras e dos leitores, aos quais nem sempre se dá a devida importância, seja pela aridez de seu estudo, seja pelo seu grande número. Aqui serão abordados os mais usados pelos autores para melhor compreensão da mensagem de seus escritos. O estudo é feito em oito capítulos.

Veja o sumário do livro em pdf clicando aqui.

Romi Auth é religiosa da Congregação das Filhas de São Paulo (Paulinas). Bacharel em Filosofia e Teologia e Mestra em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana, Roma, Itália. É autora de livros de teor teológico e bíblico da Paulinas Editora. Atua no Projeto Bíblia em Comunidade do SAB/Paulinas.

Gilvander Luís Moreira é padre da Ordem dos Carmelitas. Doutor em Educação pela FAE/UFMG, Licenciado e Bacharel em Filosofia pela UFPR, Bacharel em Teologia pelo ITESP/SP e Mestre em Exegese Bíblica pelo Pontifício Instituto Bíblico, Roma, Itália. Agente de pastoral e assessor da CPT, do CEBI e de Ocupações Urbanas e Movimentos Socioambientais. Professor de “Movimentos Sociais Populares e Direitos Humanos” no IDH e de Teologia Bíblica no SAB (Serviço de Animação Bíblica), em Belo Horizonte, MG.

Formas literárias do Segundo Testamento

Usamos uma grande quantidade de formas fixas para falar, que são sempre retomadas quando ocorrem as mesmas circunstâncias, o mesmo “contexto vital” ou contexto existencial (em alemão, Sitz im Leben) . E na literatura ocorrem formas fixas? Claro. Um escritor não pode adotar, de acordo com as convenções de sua época, qualquer forma literária para qualquer assunto. Um texto científico, por exemplo, deve usar uma linguagem adaptada à compreensão que se pretende alcançar. O leitor já aborda cada obra com uma expectativa diferente, porque ele sabe que cada forma literária apresenta a realidade de modo diverso, como por exemplo o romance, a poesia, a biografia, o discurso científico, a obra histórica. Conclui-se que é da máxima importância, para a correta compreensão de um texto, sabermos em que forma literária ele nos fala. Só assim saberemos a maneira como ele nos comunica a realidade.

Por isso recomendo:

AUTH, R. Introdução ao estudo das formas literárias do Segundo Testamento: A palavra de Deus em linguagem humana. São Paulo: Paulinas, 2021, 200 p. – ISBN ‎ AUTH, R. Introdução ao estudo das formas literárias do Segundo Testamento: A palavra de Deus em linguagem humana. São Paulo: Paulinas, 2021.9786558080916

O Projeto Bíblia em Comunidade do SAB/Paulinas, oferece uma formação sistemática para lideranças e agentes de pastoral.

As séries de livros que compõem a Coleção Bíblia em Comunidade são:

1. Visão Global da Bíblia: apresenta, em vários livros, o contexto histórico dos diferentes períodos da história do povo da Bíblia nos quais nasceram os escritos bíblicos.

2. Teologias Bíblicas: apresenta as diferentes visões ou intuições que o povo da Bíblia teve sobre Deus ao longo de sua história.

3. A Bíblia como Literatura: busca entender a Bíblia nas suas formas e gêneros literários, bem como os diferentes métodos para o estudo da Bíblia.

4. Recursos Pedagógicos: aprofunda as três séries anteriores. Estes livros têm o objetivo de oferecer ferramentas úteis para as lideranças e agentes de Pastorais, coordenarem o estudo e aprofundamento de cada um dos temas.

O livro Introdução ao estudo das formas literárias do Segundo Testamento: a Palavra de Deus em linguagem humana faz parte do terceiro nível do Projeto Bíblia em Comunidade, A Bíblia como Literatura. Todo pensamento humano traduzido em palavras pode ser transformado em texto falado e/ou escrito, carregando na sua forma seu gênero literário; e isso acontece tanto na literatura universal quanto na literatura bíblica. Conhecer essas formas, respeitar a intenção do autor, seu contexto histórico e
suas características é muito importante e necessário. As formas ou os gêneros literários não têm um fim em si mesmos, nem pretendem encher o leitor de conhecimentos teóricos, mas são ferramentas importantes para a compreensão da Bíblia. O seu conhecimento favorece uma hermenêutica libertadora mais consciente dos escritos do Segundo Testamento.

Veja o sumário do livro em pdf clicando aqui.

Romi Auth é religiosa da Congregação das Filhas de São Paulo (Paulinas). Bacharel em Filosofia e Teologia e Mestra em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana, Roma, Itália. É autora de livros de teor teológico e bíblico da Paulinas Editora. Atua no Projeto Bíblia em Comunidade do SAB/Paulinas.

Preparando meus programas de aula para 2021

Estou, nestes dias, preparando meus programas de aula de Bíblia para 2021. Começo a publicá-los no Observatório Bíblico. A intenção é de que possam servir, para além de meus alunos, a outras pessoas que, eventualmente, queiram ter uma noção de como se estuda a Bíblia em determinadas Faculdades de Teologia. Ou, pelo menos, parte da Bíblia, porque posso expor apenas os programas das disciplinas que leciono. Tomo aqui como referência o currículo do CEARP, onde trabalho. Já fiz isso em outros anos.

Quatro elementos serão levados em conta, em uma leitura da Bíblia que eu chamaria de sócio-histórica-redacional:

:: contextos da época bíblica
:: produção dos textos bíblicos
:: contextos atuais
:: leitores atuais dos textos

O sentido da Escritura, segundo este modelo, não está nem no nível dos contextos da época bíblica e/ou dos contextos atuais, nem no nível dos textos bíblicos ou da vivência dos leitores, mas na articulação que se forma entre a relação dos textos bíblicos com os seus contextos, por um lado, e entre os leitores atuais e seus contextos específicos.

Ou seja: “Da Escritura não se esperam fórmulas a ‘copiar’, ou técnicas a ‘aplicar’. O que ela pode nos oferecer é antes algo como orientações, modelos, tipos, diretivas, princípios, inspirações, enfim, elementos que nos permitam adquirir, por nós mesmos, uma ‘competência hermenêutica’, dando-nos a possibilidade de julgar por nós mesmos, ‘segundo o senso do Cristo’, ou ‘de acordo com o Espírito’, das situações novas e imprevistas com as quais somos continuamente confrontados. As Escrituras cristãs não nos oferecem um was [que], mas um wie [como]: uma maneira, um estilo, um espírito. Tal comportamento hermenêutico se situa a igual distância tanto da metafísica do sentido (positivismo) quanto da pletora das significações (biscateação). Ele nos dá a chance de jogar a sério o círculo hermenêutico, pois que é somente neste e por este jogo que o sentido pode despertar” explica BOFF, C. Teologia e Prática: Teologia do Político e suas mediações. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 1993, p. 266-267.

As disciplinas de Bíblia no curso de graduação em Teologia podem, segundo este modelo, ser classificadas em três áreas:

1. Disciplinas Contextuais:
:: História de Israel I e II

2. Disciplinas Instrumentais:
:: Introdução à Sagrada Escritura
:: Hebraico Bíblico
:: Grego Bíblico

3. Disciplinas Exegéticas:
:: Pentateuco
:: Literatura Profética I e II
:: Literatura Deuteronomista
:: Literatura Sapiencial
:: Sinóticos e Atos dos Apóstolos
:: Literatura Paulina
:: Literatura Joanina
:: Apocalipse

—————————————-
Destas disciplinas, leciono:

No primeiro semestre:
:: História de Israel I: 2 hs/sem.
:: Hebraico Bíblico: 2 hs/sem.
:: Literatura Profética I: 2 hs/sem.
:: Literatura Deuteronomista: 2 hs/sem.

No segundo semestre:
:: História de Israel II: 2 hs/sem.
:: Pentateuco: 4 hs/sem.
:: Literatura Profética II: 2 hs/sem.

O evangelho da direita

Um artigo

U.S. Republicans and the Fallacy of Biblical Capitalism – By Tony Keddie – The Bible and Interpretation: August 2020

Tony Keddie, Professor de História e Literatura Cristã Primitiva na Universidade da Colúmbia Britânica, Vancouver, CanadáNo artigo “Republicanos dos EUA e a falácia do capitalismo bíblico”, Tony Keddie, Professor de História e Literatura Cristã Primitiva na Universidade da Colúmbia Britânica, Vancouver, Canadá, explica como, na corrida para a eleição presidencial dos EUA em 2020, influenciadores cristãos republicanos – líderes políticos, eruditos e pregadores – estão promovendo avidamente a ideia de que a Bíblia é um manual para o capitalismo de livre mercado. E pergunta: quais são os princípios e pressupostos dessa afirmação? Ela se enquadra nos padrões da moderna pesquisa acadêmica da Bíblia?

In the run-up to the 2020 U.S. presidential election, Republican Christian influencers—leading politicians, pundits, and preachers—are eagerly promoting the idea that the Bible is a charter for free market capitalism. What are the tenets and presuppositions of this claim? Does it hold up to the standards of critical biblical scholarship?

 

Um livro

KEDDIE, T. Republican Jesus: How the Right Has Rewritten the Gospels. Oakland, CA: University of California Press, 2020, 408 p. – ISBN 9780520356238.

Jesus ama fronteiras fechadas, armas, bebês em gestação e prosperidade econômica. E odeia homossexualidade, impostos, assistência social e saúde universal. É o queKEDDIE, T. Republican Jesus: How the Right Has Rewritten the Gospels. Oakland, CA: University of California Press, 2020, dizem muitos políticos republicanos, eruditos e pregadores. Por meio de leituras distorcidas dos evangelhos os influenciadores conservadores construíram uma versão de Jesus que fala a seus medos, desejos e ressentimentos.

Em Jesus republicano, Tony Keddie explica não apenas de onde esse Cristo de direita veio e o que ele representa, mas também por que essa versão de Jesus é uma fraude. Ao reinserir os textos do evangelho em seus contextos literários e históricos originais, Keddie desmonta a base bíblica das posições republicanas em questões polêmicas como “Big Government”, tributação, aborto, imigração e mudança climática. Ao mesmo tempo, ele apresenta aos leitores um Jesus cujas experiências de vida e ética eram totalmente diferentes das vividas pelos americanos modernos.

Contracapa

“Escrito por um especialista de primeira linha no Novo Testamento, o Jesus Republicano é um tour de force convincente: o que quer que os defensores da direita cristã possam alegar, o Jesus Republicano está radicalmente em desacordo com o Jesus dos Evangelhos. Esta é uma leitura obrigatória para nossos tempos perigosos e cheios de divisão. “- Bart D. Ehrman.

“O livro indispensável de Tony Keddie serve como palavra final sobre as tentativas republicanas de reivindicar a propriedade sobre Jesus Cristo, cujas palavras e atos reais representam uma forte condenação de quase todos os objetivos republicanos na última meia década da vida política americana.” – Reza Aslan.

“Keddie demonstra que os líderes da direita cristã, e especialmente os evangélicos da corte de Donald Trump, muitas vezes permitiram que a política moldasse sua leitura da Bíblia e não o contrário.” – John Fea.

 

Jesus loves borders, guns, unborn babies, and economic prosperity and hates homosexuality, taxes, welfare, and universal healthcare–or so say many Republican politicians, pundits, and preachers. Through outrageous misreadings of the New Testament gospels that started almost a century ago, conservative influencers have conjured a version of Jesus who speaks to their fears, desires, and resentments.

In Republican Jesus, Tony Keddie explains not only where this right-wing Christ came from and what he stands for but also why this version of Jesus is a fraud. By restoring Republicans’ cherry-picked gospel texts to their original literary and historical contexts, Keddie dismantles the biblical basis for Republican positions on hot-button issues like Big Government, taxation, abortion, immigration, and climate change. At the same time, he introduces readers to an ancient Jesus whose life experiences and ethics were totally unlike those of modern Americans, conservatives and liberals alike.

 

Contracapa

“Written by a first-rate expert on the New Testament, Republican Jesus is a compelling and no-holds-barred tour de force: whatever proponents of the Christian right might claim, the Republican Jesus stands radically at odds with the Jesus of the Gospels. This is a must-read for our divisive and dangerous times.”–Bart D. Ehrman, author of Heaven and Hell: A History of the Afterlife

“Tony Keddie’s indispensable book serves as the final word on Republican attempts to claim ownership over Jesus Christ, whose actual words and deeds stand as an eternal condemnation of nearly every Republican goal in the last half decade of American political life.”–Reza Aslan, author of Zealot: The Life and Times of Jesus of Nazareth

“Keddie makes a convincing case that the leaders of the Christian Right, and especially Donald Trump’s court evangelicals, have often allowed politics to shape their reading of the Bible and not the other way around.”–John Fea, author of Believe Me: The Evangelical Road to Donald Trump

Tony Keddie is Assistant Professor of Early Christian History and Literature at the University of British Columbia, Canada.

Teoria da metáfora conceptual

O livro do profeta Oseias é recheado de metáforas. Virtualmente toda tendência interpretativa nos estudos sobre Oseias preocupou-se de alguma forma com as metáforas do texto. Mas, desde a década de 80 do século XX a abordagem de Oseias através das lentes da metáfora, especialmente o uso da teoria da metáfora conceptual alcançou uma posição de destaque nos estudos acadêmicos do livro do profeta. Há autores, por exemplo, que interpretam as imagens da prostituição usadas no livro de Oseias como um símbolo do corpo social desintegrado de Israel no século VIII a.C.

Por isso pode ser interessante esclarecer, ainda que brevemente, o que vem a ser a teoria da metáfora conceptual, também conhecida como teoria cognitiva da metáfora.

 

Para a maioria de nós, a metáfora é uma figura de linguagem na qual uma coisa é comparada com outra, dizendo que uma é a outra, como em “Ele é um leão”. Ou, como diz a Enciclopédia Britânica: A metáfora é uma figura de linguagem que implica comparação entre duas entidades diferentes (…) uma comparação explícita sinalizada pelas palavras “semelhante” ou “como”.

Por exemplo, consideraríamos a palavra leão uma metáfora na frase Aquiles era um leão no combate. Nós provavelmente diríamos também que a palavra é usada KOVECSES, Z. Metaphor: A Practical Introduction. 2. ed. Oxford: Oxford University Press, 2010.metaforicamente para alcançar algum efeito artístico e retórico, já que falamos e escrevemos metaforicamente para nos comunicarmos eloquentemente, para impressionar os outros com palavras “bonitas”, esteticamente agradáveis ​​ou para expressar alguma emoção profunda. Talvez também acrescentássemos que o que possibilita a identificação metafórica de Aquiles com um leão é que Aquiles e leões têm algo em comum: a bravura e a força.

De fato, essa é uma visão amplamente compartilhada – a concepção mais comum de metáfora, tanto nos círculos acadêmicos quanto na mentalidade popular. O que não significa que essa seja a única visão da metáfora. Esse conceito tradicional pode ser brevemente caracterizado por apontar cinco de seus recursos mais comumente aceitos:

1. A metáfora é uma propriedade das palavras, é um fenômeno linguístico. O uso metafórico do leão é uma característica de uma expressão linguística, a da palavra leão
2. A metáfora é usada para algum objetivo artístico e retórico, como quando Shakespeare escreve: o mundo é um palco
3. A metáfora é baseada em uma semelhança entre as duas entidades que são comparadas e identificadas. Aquiles deve compartilhar alguns recursos com os leões para que possamos usar a palavra leão como uma metáfora para Aquiles
4. A metáfora é um uso consciente e deliberado das palavras, e você deve ter um talento especial para poder fazê-lo e fazê-lo bem. Somente grandes poetas ou palestrantes eloquentes podem ser seus mestres
5. A metáfora é uma figura de linguagem da qual podemos prescindir. Nós a usamos para efeitos especiais e não é uma parte inevitável da comunicação humana cotidiana, muito menos do pensamento e do raciocínio humano cotidiano.

 

Uma nova visão da metáfora que desafiou, de maneira coerente e sistemática, todos esses aspectos da teoria tradicional, foi desenvolvida por George Lakoff e Mark Johnson em 1980 em seu estudo seminal Metaphors We Live By, traduzido como Metáforas da vida cotidiana. Sua concepção tornou-se conhecida como teoria cognitiva da metáfora ou teoria da metáfora conceptual.

Lakoff e Johnson desafiaram a visão profundamente arraigada da metáfora, afirmando que:
1. A metáfora é uma propriedade dos conceitos, e não das palavras
2. A função da metáfora é entender melhor certas conceitos, e não apenas servir a algum propósito artístico ou estético
3. A metáfora frequentemente não se baseia na semelhança
4. A metáfora é usada sem esforço na vida cotidiana por pessoas comuns, não apenas por pessoas talentosas
5. A metáfora, longe de ser um enfeite linguístico supérfluo e agradável, é um processo inevitável do pensamento e do raciocínio humano.

Para Lakoff e Johnson a metáfora não é simplesmente uma questão de palavras ou expressões linguísticas, mas de conceitos, de pensar em uma coisa em termos de outra. Segundo a teoria cognitiva da metáfora desenvolvida por Lakoff e Johnson, a metáfora é de natureza conceptual. Nessa perspectiva, a metáfora deixa de ser apenas um dispositivo da imaginação literária criativa e se converte em valiosa ferramenta cognitiva tanto para os poetas quanto para as pessoas comuns em seu cotidiano.

Com isto não se quer dizer que as ideias mencionadas acima no que chamamos de teoria cognitiva da metáfora não existiam antes de 1980. Obviamente, muitas delas existiam. Os principais componentes da teoria cognitiva da metáfora foram propostos por diversos estudiosos nos últimos dois mil anos. Por exemplo, a ideia da natureza conceptual da metáfora foi discutida por vários filósofos, incluindo Locke e Kant, vários séculos atrás.

O que há de novo, então, na teoria cognitiva da metáfora? No geral, a novidade está em que é uma teoria abrangente, generalizada e empiricamente testada.

:. Abrangência que deriva do fato de discutir um grande número de questões relacionadas à metáfora. Isso inclui, por exemplo:
. a relação da metáfora com outras figuras de linguagem
. a universalidade e especificidade cultural da metáfora
. a aplicação da teoria da metáfora conceptual a uma variedade de tipos diferentes de discurso, como a literatura
. a aquisição de metáfora
. o uso de metáforas no ensino de línguas estrangeiras
. a utilização não linguística da metáfora em uma variedade de áreas, como os múltiplos recursos visuais da atualidade

:. Generalização que deriva do fato de que ela tenta conectar o que sabemos sobre a metáfora conceptual com o que sabemos sobre o funcionamento da linguagem, o funcionamento do sistema conceptual humano e o funcionamento da cultura. A teoria cognitiva da metáfora fornece novas ideias sobre como certos fenômenos linguísticos funcionam, como a polissemia e o desenvolvimento do significado. Também lança uma nova luz sobre como o significado metafórico emerge. Ela desafia a visão tradicional de que a linguagem e o pensamento metafóricos são arbitrários e desmotivados e oferece a nova visão de que tanto a linguagem metafórica quanto o pensamento surgem da experiência corporal (sensório-motora) básica dos seres humanos.

:. Empiricamente testada, pois os pesquisadores usaram uma variedade de experimentos para testar a validade das principais reivindicações da teoria. Esses experimentos mostraram que a visão cognitiva da metáfora é psicologicamente viável: ou seja, tem fundamento psicológico. Experiências posteriores mostraram que ela pode ser vista como um instrumento fundamental não apenas na produção de novas palavras e expressões, mas também na organização do pensamento humano, e que pode ter aplicações práticas úteis, como, por exemplo, no ensino de línguas estrangeiras.

LAKOFF, G. ; JOHNSON, M. Metaphors We Live By. Chicago: University of Chicago Press, 2015.Vamos fazer uma distinção entre metáforas conceptuais e expressões linguísticas metafóricas. Nas metáforas conceptuais, um domínio da experiência é usado para entender outro domínio da experiência. As expressões linguísticas metafóricas, por outro lado, manifestam as metáforas conceptuais. O domínio conceptual que tentamos entender é chamado domínio de destino, e o domínio conceptual que usamos para esse fim é o domínio de origem.

Na frase Aquiles era um leão no combate, “Aquiles” é o domínio de destino, o alvo a ser explicado, enquanto “leão” é o domínio de origem, o recurso usado para entender o comportamento de Aquiles. Explicando “Aquiles” através de “leão”, estou dizendo: o domínio conceptual A (Aquiles) pode ser compreendido através do domínio conceptual B (leão). Ou seja: temos uma metáfora conceptual quando explicamos uma realidade ou conceito mais abstrato ou complexo através de uma realidade ou categoria mais concreta ou mais simples que faz parte de nossa experiência.

Típicos domínios conceptuais de origem são, por exemplo, o corpo humano, doença e saúde, animais, plantas, construções, máquinas e ferramentas, jogos e esporte, dinheiro e transações financeiras, culinária, calor e frio, luz e trevas, movimento e direção etc.

Típicos domínios conceptuais de destino são, por exemplo, emoções, desejos, moral, pensamentos, sociedade, política, economia, comunicação, relações humanas, tempo, vida e morte, religião, eventos ou ações etc.

A compreensão de um domínio em termos de outro envolve um conjunto de correspondências, tecnicamente chamadas de mapeamentos, entre uma origem e um domínio de destino. Esse conjunto de mapeamentos é obtido entre os elementos constituintes básicos do domínio de origem e os elementos constituintes básicos do destino. Conhecer uma metáfora conceptual é conhecer o conjunto de mapeamentos que se aplica a um determinado pareamento origem-destino. São esses mapeamentos que fornecem o significado das expressões linguísticas metafóricas (ou metáforas linguísticas) que tornam uma metáfora conceptual específica manifesta.

 

For most of us, metaphor is a figure of speech in which one thing is compared with another by saying that one is the other, as in “He is a lion”. Or, as the Encyclopaedia Britannica puts it: “metaphor [is a] figure of speech that implies comparison between two unlike entities, as distinguished from simile, an explicit comparison signalled by the words ‘like’ or ‘as’ ”. For example, we would consider the word lion to be a metaphor in the sentence “Achilles was a lion in the fight.” We would probably also say that the word is used metaphorically in order to achieve some artistic and rhetorical effect, since we speak and write metaphorically to communicate eloquently, to impress others with “beautiful,” esthetically pleasing words, or to express some deep emotion. Perhaps we would also add that what makes the metaphorical identification of Achilles with a lion possible is that Achilles and lions have something in common: namely, their bravery and strength.

Indeed, this is a widely shared view—the most common conception of metaphor, both in scholarly circles and in the popular mind (which is not to say that this is the only view of metaphor). This traditional concept can be briefly characterized by pointing out five of its most commonly accepted features. First, metaphor is a property of words; it is a linguistic phenomenon. The metaphorical use of lion is a characteristic of a linguistic expression (that of the word lion). Second, metaphor is used for some artistic and rhetorical purpose, such as when Shakespeare writes “all the world’s a stage.” Third, metaphor is based on a resemblance between the two entities that are compared and identified. Achilles must share some features with lions in order for us to be able to use the word lion as a metaphor for Achilles. Fourth, metaphor is a conscious and deliberate use of words, and you must have a special talent to be able to do it and do it well. Only great poets or eloquent speakers, such as, say, Shakespeare and Churchill, can be its masters. For instance, Aristotle makes the following statement to this effect: “The greatest thing by far is to have command of metaphor. This alone cannot be imparted by another; it is the mark of genius.” Fifth, it is also commonly held that metaphor is a figure of speech that we can do without; we use it for special effects, and it is not an inevitable part of everyday human communication, let alone everyday human thought and reasoning.

A new view of metaphor that challenged all these aspects of the powerful traditional theory in a coherent and systematic way was first developed by George Lakoff and Mark Johnson in 1980 in their seminal study: Metaphors We Live By. Their conception has become known as the “cognitive linguistic view of metaphor.” Lakoff and Johnson challenged the deeply entrenched view of metaphor by claiming that (1) metaphor is a property of concepts, and not of words; (2) the function of metaphor is to better understand certain concepts, and not just some artistic or esthetic purpose; (3) metaphor is often not based on similarity; (4) metaphor is used effortlessly in everyday life by ordinary people, not just by special talented people; and (5) metaphor, far from being a superfluous though pleasing linguistic ornament, is an inevitable process of human thought and reasoning.

In their view, metaphor is not simply a matter of words or linguistic expressions but of concepts, of thinking of one thing in terms of another. In the examples, two very different linguistic expressions capture aspects of the same concept, the mind, through another concept, machines. In the cognitive linguistic view as developed by Lakoff and Johnson, metaphor is conceptual in nature. In this view, metaphor ceases to be the sole device of creative literary imagination; it becomes a valuable cognitive tool without which neither poets nor you and I as ordinary people could live.

This discussion is not intended to suggest that the ideas mentioned above in what we call the “cognitive linguistic view of metaphor” did not exist before 1980. Obviously, many of them did. Key components of the cognitive theory were proposed by a diverse range of scholars in the past two thousand years. For example, the idea of the conceptual nature of metaphor was discussed by a number of philosophers, including Locke and Kant, several centuries ago. What is new, then, in the cognitive linguistic view of metaphor? Overall, what is new is that it is a comprehensive, generalized, and empirically tested theory.

First, its comprehensiveness derives from the fact that it discusses a large number of issues connected with metaphor. These include the systematicity of metaphor; the relationship between metaphor and other tropes, or figures of speech; the universality and culture-specificness of metaphor; the application of metaphor theory to a range of different kinds of discourse such as literature; the acquisition of metaphor; the teaching of metaphor in foreign language teaching; the nonlinguistic realization of metaphor in a variety of areas such as advertisements; and many others. It is not claimed that these issues have not been dealt with at all in other approaches; instead, the claim is that not all of them have been dealt with within the same theory.

Second, the generalized nature of the theory derives from the fact that it attempts to connect what we know about conceptual metaphor with what we know about the working of language, the working of the human conceptual system, and the working of culture. The cognitive linguistic view of metaphor can provide new insights into how certain linguistic phenomena work, such as polysemy and the development of meaning. It can also shed new light on how metaphorical meaning emerges. It challenges the traditional view that metaphorical language and thought is arbitrary and unmotivated. And it offers the new view that both metaphorical language and thought arise from the basic bodily (sensorimotor) experience of human beings. As it turns out, this notion of “embodiment” very clearly sets off the cognitive linguistic view from the traditional ones.

Third, it is an empirically tested theory in that researchers have used a variety of experiments to test the validity of the major claims of the theory. These experiments have shown that the cognitive view of metaphor is a psychologically viable one: that is, it has psychological reality. Further experiments have shown that, because of its psychological reality, it can be seen as a key instrument not only in producing new words and expressions but also in organizing human thought, and that it may have useful practical applications, for example, in foreign language teaching.

We have made a distinction between conceptual metaphors and metaphorical linguistic expressions. In conceptual metaphors, one domain of experience is used to understand another domain of experience. The metaphorical linguistic expressions make manifest particular conceptual metaphors. The conceptual domain that we try to understand is called the target domain, and the conceptual domain that we use for this purpose is the source domain.

Understanding one domain in terms of another involves a set of fixed correspondences (technically called mappings) between a source and a target domain. This set of mappings obtains between basic constituent elements of the source domain and basic constituent elements of the target. To know a conceptual metaphor is to know the set of mappings that applies to a given source-target pairing. It is these mappings that provide much of the meaning of the metaphorical linguistic expressions (or linguistic metaphors) that make a particular conceptual metaphor manifest (KOVECSES, Z. Metaphor: A Practical Introduction. 2. ed. Oxford: Oxford University Press, 2010. Trechos do “Preface to the First Edition: The Study of Metaphor”).

Referências:

KOVECSES, Z. Metaphor: A Practical Introduction. 2. ed. Oxford: Oxford University Press, 2010, 375 p. – ISBN 9780195374940.

KOVECSES, Z. Extended Conceptual Metaphor Theory. Cambridge: Cambridge University Press, 2020, 320 p. – ISBN 9781108490870.

LAKOFF, G. ; JOHNSON, M. Metaphors We Live By. Chicago: University of Chicago Press, 2015, 256 p. – ISBN 9780226468372.

 

Zoltan Kovecses: Eötvös Loránd University, School of English and American Studies, Faculty Member, Hungary.

George Lakoff is a professor in the Department of Linguistics at the University of California, Berkeley.

Mark Johnson is the Knight Professor of Liberal Arts and Sciences at the University of Oregon.