Livros online no OI da Universidade de Chicago

Chuck Jones colocou hoje na lista ANE-2 este alerta sobre livros online, gratuitos, no site do Instituto Oriental da Universidade de Chicago. Alguns arquivos são grandes e, além do mais, os temas são bastante especializados:

Reiner, Erica [Editor-In-Charge]. The Assyrian Dictionary of the Oriental Institute of the University of Chicago, Volume T.
https://oi.uchicago.edu/pdf/cad_t.pdf

Reiner, Erica [Editor-In-Charge]. The Assyrian Dictionary of the Oriental Institute of the University of Chicago, Volume Tet.
https://oi.uchicago.edu/pdf/cad_tet.pdf

Holland, Thomas A. Excavations at Tell es-Sweyhat, Syria, Volume 2: Archaeology of the Bronze Age, Hellenistic, and Roman Remains at an Ancient Town on the Euphrates River.
https://oi.uchicago.edu/pdf/oip125.pdf
https://oi.uchicago.edu/pdf/oip125_plates.pdf
https://oi.uchicago.edu/pdf/oip125_pocketplan_1.pdf
https://oi.uchicago.edu/pdf/oip125_pocketplan_2.pdf
https://oi.uchicago.edu/pdf/oip125_pocketplan_3.pdf

Atualizando: 09.04.2007 – 10h00

Graças ainda a Chuck Jones na lista ANE-2, somos informados de que muitas outras obras do Instituto Oriental estão disponíveis online. É como diz a página:
Starting in 2005, the Oriental Institute is committed to digitizing all of its publications and making them available online, without charge. The minimum for each volume, old and new, current and forthcoming, will be a Portable Document Format (PDF) version following current resolution standards. New publications will appear online at or near the same time they appear in print. Older publications will be processed as time and funding permits.

Livro de Finkelstein e Silberman em paperback

O livro de Israel FINKELSTEIN e Neil Asher SILBERMAN, David and Solomon: In Search of the Bible’s Sacred Kings and the Roots of the Western Tradition, de 2006, foi publicado agora, em abril de 2007, também em formato “Trade Paperback” (ISBN 978-0-7432-4363-6). E está para sair como e-book.

O formato Paperback – o nosso “brochura” – fez o preço cair pela metade e o e-book, texto digital ou eletrônico, sai por 1/3 do original em Hardcover (capa dura).

Como já assinalei antes, a obra foi traduzida para o francês. Pois hoje descobri que existe também em hebraico, publicada pela editora da Universidade de Tel Aviv.

Em francês: FINKELSTEIN, I; SILBERMAN, N. A. Les rois sacrés de la Bible: à la recherche de David et Salomon. Paris: Bayard, 2006, 336 p. ISBN 2227472243

Em hebraico: FINKELSTEIN, I; SILBERMAN, N. A. David u-Shelomoh: ben metsi’ut historit le-mitos. Tel Aviv: Universitat Tel Aviv, 2006, 328 p. ISBN 965-7241-21-9.

Um bom livro sobre o Jesus Historico

A editora norte-americana Paulist Press publica uma coleção sobre temas bíblicos chamada What Are They Saying About ou WATSA. Ou seja: O que eles estão dizendo sobre…?

Falam os entendidos que os livros desta coleção são muito bons para dar ao leitor um panorama da pesquisa em determinados assuntos.

Pois um muito recomendado, e que acaba de sair, é “O que eles estão dizendo sobre o Jesus Histórico?”, de David B. Gowler, Professor of Religion at Oxford College of Emory University in Oxford, Georgia:

GOWLER, D. B. What Are They Saying About the Historical Jesus? Mahwah, NJ: Paulist Press, 2007, 190 p. ISBN 978-0809144457

Leia a avaliação que dele faz Loren Rosson III, em seu biblioblog The Busybody.


O conteúdo do livro é o seguinte:
Preface
1. The Modern Quest for the Historical Jesus
2. The Continuing Quest for the Historical Jesus
3. The Jesus Seminar and Its Critics
4. The Eschatological Prophet and the Restoration of Israel
5. The Mediterranean Jewish Peasant and the Brokerless Kingdom
6. The Elijah-like Eschatological Prophet
7. The Eschatological Prophet of Social Change
Conclusion
Notes
For Further Reading

A descrição do livro na página da editora diz o seguinte:
David B. Gowler’s book introduces, as succinctly as possible, the current scholarly thinking about Jesus of Nazareth. This book summarizes, analyzes, and critiques current influential portraits of Jesus. It answers questions such as: What type of Jew was Jesus? How much of a role, if any, did apocalyptic/ eschatological elements play in the teaching of Jesus? How can we best integrate Jesus’ words and deeds to reconstruct a more complete portrait? It concludes that any portrait of the historical Jesus must come to terms with Jesus as both an apocalyptic prophet and a prophet of social and economic justice for an oppressed people. It seeks to go beyond today’s “domesticated Jesus” and to rediscover the Jesus of Nazareth who was a prophet of an oppressed people, who lived his life as a poor peasant artisan suffering under Roman and Herodian oppression in first-century Galilee, and who proclaimed and inaugurated the kingdom of God.


Do mesmo autor, outro livro muito recomendado é:
GOWLER, D. B. What Are They Saying About the Parables? Mahwah, NJ: Paulist Press, 2000, 160 p. ISBN 0-8091-3962-6

O sumário:
1. Historical-Critical Approaches to the Parables
2. The Emergence of Literary Approaches to the Parables
3. Fully Developed Literary Approaches to the Parables
4. The Parables and Their Jewish Contexts
5. The Parables and Their Hellenistic Contexts
6. The Parables and Their Social Contexts
7. From Simile and Metaphor to Symbol and Emblematic Language


Dois outros livros desta coleção chamaram minha atenção, embora ainda não os conheça:

LEWIS, S. What Are They Saying About New Testament Apocalyptic? Mahwah, NJ: Paulist Press, 2004, 128 p. ISBN 0-8091-4228-7
MCDERMOTT, J. J. What Are They Saying About the Formation of Israel? Mahwah, NJ: Paulist Press, 1999, 128 p. ISBN 0-8091-3838-7 (este, porém, não vai dar conta das pesquisas dos últimos 10 anos…)

Estudos sobre Ossuários

Com esta história do sepulcro da família de Jesus falou-se muito de ossuários. Mas não das leituras fundamentais que podem ser feitas… É assunto especializado, porém vá lá, vou citar apenas três obras indispensáveis, publicadas, respectivamente, em 1994, 2002 e 2003.

 

RAHMANI, L. Y. A Catalogue of Jewish Ossuaries: In the collections of the State of Israel. Jerusalem: Israel Antiquities Authority and The Israel Academy of Sciences and Humanities, 1994, ix + 307 p., with 135 plates. ISBN: 9-6540-6016-7

Mais do que um simples catálogo ilustrado, esta obra cobre cada aspecto do estudo dos ossuários usados nos sepultamentos judaicos a partir de 20 a.C.: terminologia, materiais, forma, trabalho artesanal, inscrições e sinais, motivos ornamentais, paralelos ornamentais e arquitetônicos, possíveis influências estrangeiras e a questão da relação entre os relicários cristãos e os ossuários judaicos. São quase 900 ossuários fotografados e catalogados, embora a obra não seja completa, pois há outros ossuários judaicos discutidos na literatura especializada que não aparecem neste catálogo. Contudo, esta é uma obra de consulta obrigatória para todos os especialistas que abordam este tema.

Far more than an illustrated catalogue, Rahmani’s volume covers every aspect of the study of the ossuaries used in Jewish burial from around 20 BCE through the mid-third century CE: terminology, materials, form, the artisans and their work, inscriptions and marks, ornamentation and ornamental motifs, architectural and ornamental parallels, possible foreign influences, and the question of the possible relationship between the Christian reliquary and the Jewish ossuary.

 

ILAN, T. Lexicon of Jewish Names in Late Antiquity. Part 1: Palestine 300 B.C.E.-200 C.E. Tübingen: Mohr Siebeck, 2002, xxvi + 484 p. ISBN 3-1614-7646-8

Tal Ilan, Professora de Estudos Judaicos na Universidade Livre de Berlim, Alemanha, apresenta um léxico de nomes judaicos usados na Palestina entre 330 a.C., início do domínio grego, até 200 d.C., fim do período mishnaico. A autora traz em seu léxico nomes encontrados em fontes literárias, em inscrições e em papiros. Os nomes estão em hebraico, grego, latim, aramaico, copta, persa e várias outras línguas. Tal Ilan discute a origem dos nomes, explica sua etimologia, analisa a identidade das pessoas e a escolha do nome e ainda indica os nomes mais populares daquela época, entre outras coisas. A obra pode ser encontrada, além da Mohr Siebeck, na Amazon.com e na Eisenbrauns. Uma resenha da obra pode ser lida na Review of Biblical Literature. Foi escrita por Rivka B. Kern-Ulmer, da Bucknell University, Lewisburg, PA, e publicada em 8 de janeiro de 2005. A resenha termina com uma avaliação positiva da obra: “Above all, this book will replace the other available onomastica; it is an indispensable tool that enlightens the researcher in respect to Jewish names in the Land of Israel during the Hellenistic and Early Roman periods. The Lexicon of Jewish Names belongs in every Judaic research library”.

In this lexicon Tal Ilan collects all the information on names of Jews in Palestine and the people who bore them between 330 BCE, a date which marks the Hellenistic conquest of Palestine, and 200 CE, the date usually assigned to the close of the mishnaic period, and the early Roman Empire. Thereby she includes names from literary sources as well as those found in epigraphic and papyrological documents. It is an onomasticon in as far as it is a collection of all the recorded names used by the Jews of Palestine in the above-mentioned period. Tal Ilan discusses the provenance of the names and explains them etymologically, given the many possible sources of influence for the names at that time. In addition she shows the division between the use of biblical names and the use of Greek and other foreign names. She analyzes the identity of the persons and the choice of name and points out the most popular names at the time.The lexicon is accompanied by a lengthy and comprehensive introduction that scrutinizes the main trends in name giving current at the time. It provides immediate information on all known persons of Jewish extraction from Palestine during the Hellenistic and Early Roman Period.

 

EVANS, C. A. Jesus and the Ossuaries: What Jewish Burial Practices Reveal About the Beginning of Christianity. Waco: Baylor University Press, 2003, 150 p. ISBN 0-9189-5488-6

Foi a partir da polêmica gerada pelo Ossuário de Tiago em 2002, que Craig A. Evans, Professor de Novo Testamento no Acadia Divinity College da Acadia University, em Wolfville, Nova Escócia, Canadá, escreveu este livro. Mas ele não vai tratar aqui da autenticidade ou não deste ossuário e de sua inscrição. Sua abordagem é sobre práticas judaicas de sepultamento e o que elas podem nos revelar sobre o mundo de Jesus, seu ensinamento e sobre sua própria morte, sepultamento e ressurreição. Por exemplo, o que Mt 8,21-22 quer dizer com: “Outro dos discípulos lhe disse: ‘Senhor, permite-me ir primeiro enterrar meu pai’. Mas Jesus lhe respondeu: ‘Segue-me e deixa que os mortos enterrem seus mortos'”. Ou Jo 11,17, que diz: “Ao chegar, Jesus encontrou Lázaro já sepultado havia quatro dias”. E mais: Jesus, ao morrer, terá sido retirado da cruz e enterrado, como dizem os evangelhos, ou teria seu corpo sido deixado para abutres e animais, como alguns especialistas sugerem? Estas e outras questões são o assunto deste livro.

A Introdução do livro está disponível online em formato pdf no site da Baylor University Press. Vale a pena a leitura, especialmente porque indica ao leitor, entre outras coisas, onde encontrar as fontes especializadas para o estudo de ossuários e práticas de sepultamento do judaísmo antigo. Mas tem mais: a terminologia usada nas práticas judaicas de sepultamento, em hebraico, aramaico, grego e latim, os formatos e funções das tumbas judaicas… Além disso, uma resenha da obra pode ser lida na Review of Biblical Literature. Escrita por Tobias Nicklas, da Universität Regensburg, Regensburg, Alemanha, foi publicada em 16 de abril de 2005. O resenhista termina assim: “… as I mentioned above, the value of the examples given is differing, and not each of them really allows us insight into the world of the New Testament or the historical Jesus. Indeed, the book is a valuable source for scholars who want to have an initial insight into Jewish burial practices or an overview of important ancient, mainly Jewish but also pagan and Christian, burial inscriptions”. Quer dizer: o livro é bom, mas nem tanto!

The ossuary bearing the inscription “Jacob, son of Joseph, brother of Jesus,” has generated a great deal of controversy since its announcement in 2002. In Jesus and the Ossuaries, Professor Evans takes no position with respect to the authenticity of this interesting inscription. Rather, he investigates Jewish burial practices and what they tell us about the world of Jesus, his teaching, and his own death, burial, and resurrection. What did Jesus mean when he told a would-be follower to “Let the dead bury their own dead”? Or, what was the significance of telling Jesus that Lazarus, his friend, had been dead for four days? Even more important, was Jesus himself taken down from the cross and given proper burial, or was his body left exposed to birds and animals, as a few scholars have recently suggested? These and other interesting questions are addressed in this book.

Para terminar, cito um trecho da Introdução do livro de Craig A. Evans, onde são mencionadas as fontes especializadas para o estudo de ossuários e práticas de sepultamento do judaísmo antigo:

The present study has been made possible by several important catalogues and studies. Foremost among these is Levi Yizhaq Rahmani’s A Catalogue of Jewish Ossuaries (1994a), which catalogues some 895 ossuaries, providing descriptions, photographic plates (of most), and facsimiles of inscriptions (which appear on about one quarter of the ossuaries). This tool is indispensable. However, it is not complete. There are other Jewish ossuaries discussed in the literature that do not appear in this catalogue. The older work by Erwin Ramsdell Goodenough, Jewish Symbols in the Greco-Roman Period, though dated, is still useful. The first three volumes of this thirteen-volume work are the most pertinent, with volume 1 (1953a) discussing archaeological evidence, including ossuaries and tombs, from Palestine, volume 2 (1953b) discussing archaeological evidence, including ossuaries, from the Diaspora (i.e., places where Jews lived outside the land of Israel), and volume 3 (1953c) exhibiting photographic plates of the artifacts discussed in volumes 1 and 2. Pau Figueras’s Decorated Jewish Ossuaries (1983) updates Goodenough’s classic at important points. For synthesis and interpretation Eric Meyers’s Jewish Ossuaries (1971) is the critical point of departure for the subject at hand. Other scholars in the field of Jewish ossuaries, tombs, and burial practices, who have made important and helpful contributions, include Nahman Avigad, Zvi Greenhut, Rachel Hachlili, Amos Kloner, and Ronny Reich. Frequent reference will be made to the excavation and study of the Beth She‘arim necropolis in Galilee. Volume 1, edited by Benjamin Mazar (1973), publishes the findings from catacombs 1–4, which includes some Hebrew and Aramaic inscriptions. Volume 2, edited by Moshe Schwabe and Baruch Lifshitz (1974), publishes the Greek inscriptions, and volume 3, edited by Nahman Avigad (1976), completes and summarizes the findings of all of the catacombs and tombs excavated. The finds at Dominus Flevit, at the Mount of Olives, Jerusalem, are also very important and are referred to many times (Bagatti and Milik 1958). The early collections of Jewish Palestinian inscriptions, collected and edited by Samuel Klein (1920) and Jean-Baptiste Frey (= CIJ), and Eleazar Lippa Sukenik’s pioneering works in archaeology, involving tombs, ossuaries, and ancient synagogues, are quite valuable. I might also mention that the finds and seminal studies by the great French archaeologist of the late nineteenth century, Charles Clermont-Ganneau, though dated, are still worth consulting (see Clermont-Ganneau 1873; 1878; 1899; as well as the pioneering studies of others, such as Hornstein 1900; Vincent 1902; Macalister 1908; Lidzbarski 1913; Gray 1914; Spoer 1914; Sukenik 1928; 1929; 1931a; 1932a; 1934b; Savignac 1929; and Maisler 1931). There are other important collections of primary texts that should be mentioned. The collection of Aramaic texts (literary and inscriptional) assembled by Joseph Fitzmyer and Daniel Harrington is invaluable (1978). The Jewish inscriptions of Greco-Roman Egypt catalogued by William Horbury and David Noy (1992), of Rome catalogued by Harry Leon (1995), and of the Diaspora in general catalogued by Pieter van der Horst (1991) were of great help. The published ostraca from Masada (= Mas), by Yigael Yadin and his many successors, were also of great help. And finally, Tal Ilan’s Lexicon of Jewish Names in Late Antiquity (2002) was enormously helpful.

Um manual sobre a terminologia usada na interpretação da Bíblia

Um amplo glossário da terminologia usada atualmente na interpretação da Bíblia.

An extended glossary of the terminology currently used in interpreting the Bible.

 

TATE, W. R. Interpreting the Bible: A Handbook of Terms and Methods. Peabody, Mass.: Hendrickson, 2006, viii + 482 p. – ISBN 9781565635159.

TATE, W. R. Interpreting the Bible: A Handbook of Terms and Methods . Peabody, Mass.: Hendrickson, 2006Escrito para o leitor culto, mas não necessariamente especializado em estudos bíblicos, este é um glossário com explicação de cerca de 50 termos e métodos de leitura crítica da Bíblia.

Deixando em segundo plano o método histórico-crítico, o manual privilegia os métodos mais recentes, com ênfase nas leituras sincrônicas, literárias, de gênero e socioantropológicas. E dá mais espaço ao Novo Testamento, por ser esta a especialidade do autor, professor de Humanidades na Evangel University, em Springfield, Missouri, USA.

Pode ser muito útil para os nossos estudantes de graduação em Teologia (e seus professores), especialmente nas disciplinas de Introdução à S. Escritura ou Introdução aos Métodos de Leitura da Bíblia.

Uma resenha foi escrita por Steven L. Mckenzie e publicada na Review of Biblical Literature em 27 de janeiro de 2007. O resenhista, professor do Rhodes College, Memphis, Tennessee, recomenda a obra como um instrumento de consulta extremamente útil.

Bibliografia comentada sobre a OHDtr

No dia 11 de fevereiro de 2007 publiquei uma Bibliografia selecionada sobre a Obra Histórica Deuteronomista (= OHDtr) e expliquei os motivos. Dê uma olhada.

Agora o trabalho está um pouco mais consistente. Retomo a bibliografia, acompanhada de pequenos comentários e indicações para leitura.

Da bibliografia original descartei os dois estudos de Norbert Lohfink, em alemão, grande especialista na área, pois tratam mais do Deuteronômio do que da Obra Histórica Deuteronomista. Os volumes IV e V desta série recolhem artigos escritos entre 1989 e 2004 e fazem parte dos estudos que N. Lohfink e G. Braulik estão realizando para o comentário do Deuteronômio a ser publicado na coleção Hermeneia da Augsburg/Fortress Press. Norbert Lohfink, jesuíta, é professor emérito de Exegese do Antigo Testamento na Faculdade de Teologia Sankt Georgen, em Frankfurt, Alemanha.

Deixei de lado também o volume editado por J. de Moor e H. F. Van Rooy e o livro de Uriah Y. Kim. O primeiro por não oferecer conteúdo significativo, o segundo por tratar mais do significado da leitura pós-colonialista em contexto norte-americano do que da OHDtr, incorrendo, inclusive, em conhecida inversão metodológica, onde o objeto a ser trabalhado serve para explicar a ferramenta que o trabalha e não o contrário.

Há outras obras? Há sim. Mas, por uma razão ou outra, não estão nesta selecionada e reduzida bibliografia. Quanto aos livros em português… leia o post anterior.

 

1996
DE PURY, A.; RÖMER, T.; MACCHI, J.-D. (eds.) Israël construit son histoire: l’historiographie deutéronomiste à la lumière des recherches recentes [Israel constrói sua história: a historiografia deuteronomista à luz das pesquisas recentes]. Genève: Labor et Fides, 1996, 535 p. ISBN 2-8309-0815-5

Em inglês: Israel Constructs Its History: Deuteronomistic Historiography in Recent Research. Sheffield: Sheffield Academic Press, 2000. 573 p.

A partir de um seminário do terceiro ciclo realizado em 1995 pelas Faculdades de Teologia de Fribourg, Genève, Lausanne e Neuchâtel, todas da Suíça francesa, pesquisadores da Alemanha, Suíça, França, Irlanda, Israel e Estados Unidos produziram os 14 ensaios que compõem este livro. A proposta do seminário era a de examinar a Obra Histórica Deuteronomista (= OHDtr) sob variados ângulos e com o recurso de diferentes métodos. Deste modo, além de um capítulo introdutório, que dá uma excelente visão de conjunto dos problemas e propostas existentes no campo, o livro aborda a OHDtr sob os aspectos historiográfico, textual, literário, sociológico, teológico etc. Embora a obra trate de questões relevantes para a pesquisa da literatura deuteronomista em meados da década de 90 do século XX, passados mais de dez anos os mesmos problemas continuam a ser debatidos, recebendo variadas soluções, e todas provisórias. O certo é que não existe, ainda, um consenso para a maioria das questões suscitadas pela OHDtr.

Para saber mais:
. Há uma resenha, péssima e ressentida, da edição inglesa, feita por Iain William Provan e publicada, em 31/12/2002, na Review of Biblical Literature, da SBL, Society of Biblical Literature, Atlanta, GA, USA.
. Quem tem acesso à CBQ – The Catholic Biblical Quarterly, The Catholic Biblical Association of America, Washington, D.C., USA – pode ler a resenha feita por Leslie J. Hoppe no volume 64, n. 2, de abril de 2002, p. 408-409, que recomenda com entusiasmo a obra.
. E, em francês, existe uma apresentação detalhada do livro, bastante interessante. Está disponível, na mesma página, o sumário da obra. Visite esta página e veja que, entre os nomes dos autores, há gente muito conhecida na área, como Thomas Römer, Albert de Pury, Walter Dietrich, Jacques Briend, Rainer Albertz, Ernst Axel Knauf, Martin Rose, Andrew D. H. Mayes…

 

1997
NIELSEN, F. A. J. The Tragedy in History: Herodotus and the Deuteronomistic History [A Tragédia na História: Heródoto e a História Deuteronomista]. Sheffield: Sheffield Academic Press, 1997, 192 p. ISBN 1-8507-5688-0

Estamos diante de uma abordagem transcultural, na qual o autor compara a História do grego Heródoto com a OHDtr, focalizando especificamente o “trágico” presente nestas duas obras. Primeiro, ele mostra a tragédia na obra de Heródoto, que acontece pela ruptura de fronteiras físicas ou morais, pessoais ou coletivas, humanas ou divinas. Em seguida, ele mostra que na OHDtr encontra-se a tragédia coletiva, à semelhança de Heródoto, onde Israel, infiel à divindade, é expulso de sua terra e onde figuras como Jefté, Saul, Davi, Salomão, Roboão e Josias vivem suas tragédias pessoais. O autor, porém, chama a atenção para o que é típico de cada obra, evitando um simplório paralelismo.

Para saber mais:
. Na CBQ, vol. 61, n. 3, de julho de 1999, p. 547-549, há uma resenha feita por Gary N. Knoppers. O resenhista vê esta abordagem transcultural como válida e promissora, mas faz várias ressalvas ao modo como ela é aplicada pelo autor nesta obra. Contudo, não há rejeição do estudo. O que há é a percepção de limites que precisam, e podem, ser superados.

 

1999
SCHEARING, L. S.; McKENZIE, S. L. (eds.) Those Elusive Deuteronomists: The Phenomenon of Pan-Deuteronomism [Estes ilusórios deuteronomistas: o fenômeno do pandeuteronomismo]. Sheffield: Sheffield Academic Press, 1999, 288 p. ISBN 1-8412-7010-5

Este livro propõe uma avaliação e uma crítica da aplicação que comumente se faz da hipótese deuteronomista a um vasto conjunto de livros bíblicos. Seu tema não é a discussão sobre os livros que compõem a OHDtr, mas sim um questionamento do pandeuteronomismo que vê a mão dos redatores deuteronomistas em textos legais, sapienciais e proféticos. Os profetas posteriores e vários livros da literatura sapiencial foram mesmo editados por deuteronomistas? O deuteronomismo foi um movimento ou escola que existiu ao longo de muitos séculos? Pode-se falar de um pandeuteronomismo nos círculos de escribas de Judá? O livro trata o assunto em três partes, com a contribuição de vários autores de renome, como Richard Coggins, Norbert Lohfink, Robert R. Wilson, Joseph Blenkinsopp, Robert A. Kugler, James L. Crenshaw, A. Graeme Auld, John Van Seters, Marc Zvi Brettler, Thomas Römer e outros:
I. Pandeuteronomismo: o problema – questões fundamentais no debate atual
II. Pandeuteronomismo e os estudos da Bíblia Hebraica – há sinais de edição ou composição deuteronomista em determinados livros bíblicos?
III. Pandeuteronomismo : estudos de casos – há edição deuteronomista em livros e perícopes difíceis de serem interpretados?

Para saber mais:
. Gary N. Knoppers, da Pennsylvania State University, resenha o livro na CBQ, vol. 63, n. 1, de janeiro de 2001, p. 178-179. Francamente entusiasmado com a qualidade do estudo, ele afirma, no final, que embora este livro não possa oferecer uma solução definitiva para assunto tão controvertido, ele esclarece vários pressupostos metodológicos e ideológicos existentes no debate, constituindo-se, deste modo, em substancial contribuição para esta área da pesquisa bíblica.

 

2000
CAMPBELL, A. F.; O’BRIEN, M. A. Unfolding the Deuteronomistic History: Origins, Upgrades, Present Text [Abrindo a História Deuteronomista: origens, atualizações, texto atual]. Minneapolis: Augsburg Fortress, 2000. vi + 505 p. ISBN 0-8006-2878-0

O livro começa com uma introdução geral à OHDtr, apresentando as grandes linhas da pesquisa e as principais hipóteses desde a proposta de M. Noth em 1943. Porém, os autores não são seguidores da teoria de M. Noth, mas desenvolvem uma complexa história da redação da OHDtr a partir de F. M. Cross de uma primeira redação na época de Josias, posteriormente reformulada durante o exílio. O que é interessante no livro – e ao mesmo tempo problemático – é seu esforço em situar cada texto desta extensa obra em seu contexto histórico e literário. Para os autores, o deuteronomista não é um autor, mas um editor de tradições e textos então à disposição, como uma “narrativa da conquista” que serviu de base para o livro de Josué, uma “coleção de libertação”, que dá origem ao livro dos Juízes e uma “memória profética” que percorre os livros de Samuel e Reis. Assim, para os autores, há, na OHDtr, material pré-josiânico, josiânico e pós-josiânico. Nada de novo? A divisão deste material – e até sua disposição gráfica – é sua marca característica. O leitor acaba tendo uma visão da OHDtr como uma aglomerado de estórias e tradições múltiplas e, de vez em quando, em conflito. O problema está na dificuldade de se verificar a validade de tal proposta.

Para saber mais:
. O livro causou algum tumulto entre os especialistas. Só a Review of Biblical Literature dedicou-lhe 7 resenhas, todas publicadas em 19 de abril de 2003. Algumas são críticas ao extremo, outras são favoráveis com restrições, e há também quem não tenha restrição alguma ao estudo. Quase todos, porém, concordam que é um trabalho significativo e que deve ser levado em conta.
. Na CBQ, vol. 63, n. 4, de outubro de 2001, p. 712-713, há uma resenha feita por E. Theodore Mullen, Jr. que vê o texto como um estimulante desafio para aqueles que conhecem adequadamente o assunto e como um panorama para o leitor culto que queira tomar contato com a complexidade da OHDtr.

KNOPPERS, G. N.; McCONVILLE J. G. (eds.) Reconsidering Israel and Judah: Recent Studies on the Deuteronomistic History [Reavaliando Israel e Judá: estudos recentes sobre a história deuteronomista]. Winona Lake, Indiana: Eisenbrauns, 2000, xxii + 650 p. ISBN 1-5750-6037-X

O livro é composto por 30 ensaios, extraídos de revistas e livros, escritos entre 1943 e 1995, todos em inglês, abordando diversos aspectos do estudo da OHDtr. Apenas um é inédito. Dez ensaios foram traduzidos do francês, alemão, italiano e espanhol. Estão aqui alguns dos estudos clássicos sobre a OHDtr, como os de Martin Noth, Helga Weippert, Hans Walter Wolff, Frank Moore Cross e Rudolph Smend, cada um deles devidamente contextualizado por um dos organizadores do volume. Mas, além dos clássicos, nomes da atualidade como Thomas Römer, Norbert Lohfink, John Van Seters, T. Veijola, Baruch Halpern, Alexander Rofé, e muitos outros, estão presentes. Dividida em quatro partes, a obra aborda 1) a teoria de uma história deuteronomista e seus refinamentos (aqui estão os textos clássicos); 2) estudos de tópicos específicos dos livros do Deuteronômio, Josué e Juízes; 3) estudos de tópicos de Samuel e Reis e, finalmente, 4) novas rumos dos estudos da OHDtr. Através das várias abordagens os leitores tomam contato com os mais importantes desenvolvimentos, metodologias e perspectivas do debate existente em torno da OHDtr, sobre a qual pairam ainda muitas dúvidas.

Para saber mais:
. Uma resenha feita por K. Lawson Younger, Jr. foi publicada pela CBQ, vol. 64, n. 4, de outubro de 2002, p. 791-793. O resenhista faz apreciação positiva da obra.
. Outra resenha, feita por Yohan Pyeon, foi publicada, em 2 de setembro de 2002, na Review of Biblical Literature. O resenhista faz uma boa descrição do conteúdo e mostra razoável entusiasmo pela obra.
. O sumário da obra pode ser lido utilizando-se a busca da página da editora Eisenbrauns.

RÖMER, T. C. (ed.) The Future of Deuteronomistic History [O futuro da História Deuteronomista]. Leuven: Leuven University Press/Peeters, 2000, xii + 265 p. ISBN 9-0429-0858-0

Thomas Römer explica no prefácio que a obra é resultado de um debate promovido pela Sociedade de Literatura Bíblica (SBL) em seu Congresso Internacional de julho de 1997, ocorrido em Lausanne, Suíça. Das três seções que o Congresso dedicou ao deuteronomista resultaram três partes deste livro escrito em 4 línguas – inglês, alemão, francês e espanhol -, conforma a nacionalidade dos colaboradores, que, em 14 capítulos, trata, em primeiro lugar, do futuro da OHDtr, para em seguida abordar a questão da identidade e estratégias literárias dos Deuteronomistas e, finalmente, lida com o Deuteronomismo e a Bíblia Hebraica. Thomas Römer começa explicando que o termo “deuteronomista” já era usado desde o século XIX por pesquisadores como De Wette (1805), H. Ewald (em meados do século), J. Wellhausen, B. Duhm e outros. Por isso, quando M. Noth propôs a idéia de uma OHDtr em 1943, o jogo já havia começado. Entretanto, lembra Thomas Römer que na década de 90 do século XX, as coisas ficaram complicadas, pois além das propostas dominantes de F. M. Cross e de R. Smend para explicar a OHDtr, alternativas começaram a se multiplicar, dividindo a OHDtr em várias camadas redacionais, de tal modo que foi ficando cada vez mais difícil ver a coerência apontada por M. Noth na OHDtr. A crise chegou a tal ponto que, pesquisadores respeitáveis começaram a duvidar da existência de uma OHDtr e muitos passaram a considerar as estórias dos “livros históricos” como uma ficção criada na época persa ou mesmo helenística. Por isso, quem ler esta obra perceberá nos seus 14 capítulos uma acirrada discussão e uma significativa ausência de consenso sobre muitos pontos da OHDtr. Nomes que, na maioria, já conhecemos estão envolvidos nesta discussão: Gary Knoppers (USA), Diana Edelman (Reino Unido), John Van Seters (USA), Walter Dietrich (Suíça), Félix García Lopes (Espanha), Thomas Römer (Suíça), A. Graeme Auld (Escócia), Rainer Albertz (Alemanha), Jacques Vermeylen (Bélgica), H. N. Rösel (Israel), Michaela Bauks (França), Ernst Axel Knauf (Suíça) e outros. Este livro é recomendado por muitos como excelente para se entender o imbróglio da OHDtr.

 

2002
PERSON, R. F. Jr. The Deuteronomic School: History, Social Setting and Literature. Atlanta: Society of Biblical Literature [A escola deuteronômica: história, contexto social e literatura], 2002, xviii + 306 p. ISBN 1-5898-3024-5

O que o autor chama de escola ‘deuteronômica’ é, na verdade, a escola ‘deuteronomista’. Mas vamos à proposta defendida por Raymond F. Person Jr.: a escola deuteronomista, que existiu durante várias gerações, foi responsável pela redação de diferentes gêneros literários em várias obras, como a lei no Deuteronômio, a história em Josué-Reis e a profecia em Jeremias, Ageu e Zacarias. Sua origem deve ser buscada entre os escribas judaítas exilados na Babilônia, onde esta escola escreveu a primeira versão da OHDtr. Obra que teve várias redações ao longo da época persa, quando estes escribas, tendo voltado com Zorobabel para Jerusalém, progressivamente se distanciaram do projeto persa de reconstrução, a tal ponto que, com a consolidação de tal projeto sob Esdras, sua existência chega ao fim. Além desta proposta, o autor procura se distanciar, metodologicamente, das posições clássicas de Harvard e Göttingen, ao tentar estabelecer, como diz o título do livro, o contexto sócio-político, histórico e literário da OHDtr.

Para saber mais:
. Há uma resenha feita por Ehud Ben Zvi e publicada pela CBQ, vol. 66, n. 3, de julho de 2004, p. 456-458. O resenhista recomenda a obra, embora faça algumas ressalvas, especialmente quanto à proposta de uma escrita da OHDtr no exílio babilônico e quanto à idéia de que é possível rastrear o trabalho de mais de uma escola de escribas em Judá no período que vai de Zorobabel a Esdras.

 

2006
RÖMER, T. The So-Called Deuteronomistic History: A Sociological, Historical and Literary Introduction [A assim chamada História Deuteronomista: uma introdução sociológica, histórica e literária]. London: T & T Clark, 2006, x + 202 p. ISBN 0-5670-3212-4

Thomas Römer tem pesquisado as questões mais relevantes da OHDtr por mais de duas décadas e esta introdução é bem-vinda. Após uma introdução à temática e à história da pesquisa, o autor enfrenta o desafio de questões bastante complexas, como: Por que e como o deuteronomismo surgiu como uma “escola” na época da hegemonia assíria na Palestina? Os livros que compõem a OHDtr querem difundir idéias que interessam a alguém ou a alguma instituição no momento em que a obra foi elaborada? Do ponto de vista sociológico e ideológico o que acontece com esta obra durante o exílio babilônico e a época persa? A OHDtr é uma literatura de crise? Qual a influência que ela exerce sobre a identidade do período pós-exílico? Thomas Römer tenta responder a tais questões com uma solução de compromisso entre as mais difundidas hipóteses sobre a origem da OHDtr, notadamente as soluções de Harvard e de Göttingen. Ele defende uma desenvolvimento da obra em três estágios, com uma primeira edição anterior ao exílio (Harvard – F. M. Cross), uma segunda edição durante o exílio (a tese de M. Noth) e uma edição final no pós-exílio (a edição DtrN de Göttingen – R. Smend).

Para saber mais:
. Uma resenha foi feita por John Van Seters e publicada, em 9 de setembro de 2006, na Review of Biblical Literature. O resenhista gosta do trabalho feito por T. Römer, mas levanta uma série de questões que, segundo ele, ainda permanecem sem respostas. E – isso eu acho pertinente – pergunta igualmente se a solução de compromisso entre as principais propostas para explicar a complexidade da OHDtr é uma solução viável, pois a dificuldade para se identificar claramente os vários estratos literários desta composição é fato notório.

Tendências hermenêuticas na atualidade

REIMER, H.; DA SILVA, V. (orgs.) Hermenêuticas Bíblicas: Contribuições ao I Congresso Brasileiro de Pesquisa Bíblica. São Leopoldo: Oikos Editora / UCG / ABIB, 2006, 252 p.

O conteúdo do livro tem origem no I Congresso Brasileiro de Pesquisa Bíblica, realizado em Goiânia em 2004.

Milton Schwantes, Ivoni R. Reimer, Rainer Kessler, Júlio Zabatiero, Johan Konings e Nachman Fabel, responsáveis pelas seis conferências principais, abordam as tendências hermenêuticas na atualidade: releituras bíblicas, hermenêuticas de classe, gênero e etnia, hermenêuticas da Bíblia no mundo evangélico, leitura da Bíblia no judaísmo.

Além disso, dezenas de pesquisadores/as jovens partilharam suas perspectivas de leitura da Bíblia no Congresso, através das comunicações científicas; quase duas dezenas delas estão publicadas no presente livro.

Bibliografia selecionada sobre a OHDtr

Estou pesquisando uma bibliografia selecionada sobre a Obra Histórica Deuteronomista para o livro que os “Biblistas Mineiros” publicarão este ano sobre o assunto. Transcrevo abaixo uma lista de uma dúzia de obras que realmente têm algo a dizer sobre o tema.

As obras estão organizadas cronologicamente e foram publicadas entre 1996 e 2006. A escolha cronológica é arbitrária – querem cobrir os últimos 10 anos – e a lista não pretende ser definitiva e nem completa. Pode e deve ser questionada. Coloco aqui apenas o que conheço. Talvez algum livro ainda seja excluído e pode ser que outros devam ser acrescentados. É uma lista muito provisória.

O meu propósito é simples: oferecer ao leitor um panorama de livros importantes nesta área. São 9 livros em inglês, 2 em alemão e 1 em francês. Acessíveis? Nem tanto. Publicações volumosas, caras e em línguas que nem todo mundo lê. Mas o leitor pode ter uma certeza: os maiores especialistas atuais em OHDtr estão nestes livros.

Não há nada em português? Os livros sobre a OHDtr publicados em português possuem duas características que os excluem desta bibliografia: são livros de divulgação bastante elementares e/ou têm posturas já superadas no debate historiográfico atual. Alguns poucos capítulos publicados em outros livros valem a pena, mas estes livros não tratam exclusivamente do assunto em pauta, por isso não os menciono aqui. Um apelo aos nossos editores: precisamos de livros – traduzidos – mais consistentes neste campo.

Em nossa publicação impressa a bibliografia será comentada.

DE PURY, A.; RÖMER, T.; MACCHI, J.-D. (eds.) Israël construit son histoire: l’historiographie deutéronomiste à la lumière des recherches recentes. Genève: Labor et Fides, 1996, 535 p. ISBN 2-8309-0815-5

NIELSEN, F. A. J. The Tragedy in History: Herodotus and the Deuteronomistic History. Sheffield: Sheffield Academic Press, 1997, 192 p. ISBN 1-8507-5688-0

SCHEARING, L. S.; McKENZIE, S. L. (eds.) Those Elusive Deuteronomists: The Phenomenon of Pan-Deuteronomism. Sheffield: Sheffield Academic Press, 1999, 288 p. ISBN 1-8412-7010-5

CAMPBELL, A. F.; O’BRIEN, M. A. Unfolding the Deuteronomistic History: Origins, Upgrades, Present Text. Minneapolis: Augsburg Fortress, 2000. vi + 505 p. ISBN 0-8006-2878-0

DE MOOR, J.; VAN ROOY H. F. (eds.) Past, Present, Future: The Deuteronomistic History and the Prophets. Leiden/New York/Cologne: Brill, 2000. x + 342 pp. ISBN 9-0041-1871-3

KNOPPERS, G. N.; McCONVILLE J. G. (eds.) Reconsidering Israel and Judah: Recent Studies on the Deuteronomistic History. Winona Lake, Indiana: Eisenbrauns, 2000, xxii + 650 p. ISBN 1-5750-6037-X

LOHFINK, N. Studien zum Deuteronomium und zur deuteronomistischen Literatur IV. Stuttgart: Katholisches Bibelwerk, 2000, 320 p. ISBN 3-4600-6311-4

RÖMER, T. C. (ed.) The Future of the Deuteronomistic History. Leuven: Leuven University Press/Peeters, 2000, xii + 265 p. ISBN 9-0429-0858-0

PERSON, R. F. Jr. The Deuteronomic School: History, Social Setting and Literature. Atlanta: Society of Biblical Literature, 2002, xviii + 306 p. ISBN 1-5898-3024-5

KIM, U. Y. Decolonizing Josiah: Toward a Postcolonial Reading of the Deuteronomistic HIstory. Sheffield: Sheffield Phoenix Press, 2005, xii + 265. ISBN 1-9050-4872-6

LOHFINK, N. Studien zum Deuteronomium und zur deuteronomistischen Literatur V. Stuttgart: Katholisches Bibelwerk, 2005, 300 p. ISBN 3-4600-6381-5

RÖMER, T. The So-Called Deuteronomistic History: A Sociological, Historical and Literary Introduction. London: T &T Clark, 2006, x + 202 p. ISBN 0-5670-3212-4

Ezequias e os espiões da Assíria

DUBOVSKÝ, P. Hezekiah and the Assyrian Spies: Reconstruction of the Neo-Assyrian Intelligence Services and its Significance for 2 Kings 18–19. Roma: Pontificio Istituto Biblico, 2006, xviii + 308 p. ISBN 9788876533525.

Resenha de Alan Lenzi – Journal of Near Eastern Studies. Chicago, vol. 71, n. 1, p. 121-123, 2012.DUBOVSKÝ, P. Hezekiah and the Assyrian Spies: Reconstruction of the Neo-Assyrian Intelligence Services and its Significance for 2 Kings 18–19. Roma: Pontificio Istituto Biblico, 2006

Neste estudo bem fundamentado, Peter Dubovský fornece uma nova leitura intrigante de 2 Reis 18-19, o relato da invasão de Judá por Senaquerib em 701 AEC, à luz dos serviços de inteligência neoassírios. Embora Dubovský caracterize seu trabalho como uma contribuição para os estudos bíblicos, a maior parte do livro (p. 32-238) reconstrói a estrutura e as operações da rede de inteligência neoassíria e, portanto, também atrairá os assiriólogos.

Dubovský divide seu livro em seis capítulos. A introdução, capítulo 1 (p. 1-9), fornece uma breve visão geral de estudos anteriores, uma declaração de propósito e breves notas sobre fontes e definições. O propósito declarado do autor é “contextualizar as fontes bíblicas [de 2 Reis 18-19] no sentido de investigar até que ponto elas refletem a realidade dos serviços de inteligência neoassírios” (p. 5). Informado por uma ampla gama de literatura de inteligência teórica (incluindo trabalhos em russo e tcheco), Dubovský define “inteligência” de três maneiras: informação, atividade (ou seja, coleta e análise) e organização (a rede). Ele é rápido em notar, no entanto, que os agentes não são meramente coletores e analisadores; eles também implementam várias operações, especialmente “engano, contrainteligência, guerra psicológica e ação secreta” (p. 8).

No capítulo 2 (p. 10-31), Dubovský analisa a narrativa bíblica para extrair suas percepções da guerra psicológica neoassíria e os tipos de inteligência que os assírios precisariam para conduzir tais operações com eficácia. O objetivo é entender como a Bíblia apresenta os assírios do ponto de vista das atividades de inteligência. Uma pequena falha em uma leitura interessante é o breve uso de 2 Crônicas 29-32 (p. 29) para preencher a apresentação do Deuteronomista da inteligência política assíria.

Dubovský reconstrói a rede de inteligência imperial neoassíria e as práticas associadas nos próximos dois capítulos.

No capítulo 3 (p. 32-160), trabalhando a partir de estudos de caso organizados por área geográfica (Urartu, Elam, Babilônia e deserto da Arábia, além de uma seção sobre espionagem atrás das linhas inimigas), Dubovský oferece uma série de situações que ilustram a diversidade e abrangência dos interesses de inteligência neoassírios e os vários meios pelos quais eles obtiveram informações. Geralmente, os serviços de inteligência operavam nas províncias, zonas de amortecimento e ao longo das fronteiras, mas também tentavam aprender assuntos dentro das potências imperiais concorrentes. As prioridades de inteligência incluíam: monitorar o inimigo (que abrangia, por exemplo, o movimento de tropas, deserções, conflitos fronteiriços, atividades militares de outros reinos e o paradeiro e até a saúde de reis estrangeiros); informar sobre interesses econômicos (que abrangem questões como contrabando, mercados negros, rotas comerciais, transporte de madeira e encontrar e manter contatos apropriados para auxiliar nas operações de campo); e observando uma variedade de tópicos tão diversos como agricultura, topografia, etnografia (por exemplo, catalogação de tribos árabes) e atos religiosos (por exemplo, importantes encenações rituais).

O Capítulo 4 (p. 161-188) oferece dois estudos de caso, baseados em cartas e anais, que examinam a implementação assíria de táticas de guerra psicológica durante as campanhas conduzidas por Tiglat-Pileser III e Sargão II. Dubovský apresentou aqui uma sólida reconstrução dos serviços de inteligência neoassírios. Em muitos dos casos, ele detalha os meios de coleta de informações (interceptação de cartas, captura de um espião ou suborno de um funcionário local) e ilustra o fluxo de informações pela rede, do campo para cima. Ele também demonstra como os assírios construíram mecanismos de redundância em seu sistema para garantir a precisão das informações e a fidelidade dos agentes. A maioria das evidências de apoio de Dubovský é reconstruída a partir de textos epistolares em vários estados de preservação dos arquivos neoassírios. Suas reconstruções são razoáveis ​​e sustentadas por uma argumentação completa, mas ele também frequentemente (e compreensivelmente) admite que a evidência permite outras interpretações. Desentendimentos sobre alguns detalhes são inevitáveis.

À luz de suas descobertas, Dubovský retorna à Palestina e ao material bíblico no capítulo 5 (p. 189-260). Depois de avaliar evidências textuais e arqueológicas para demonstrar a presença de agentes de inteligência neoassírios na área, Dubovský avalia a precisão histórica das percepções bíblicas da inteligência assíria e oferece uma leitura crítica da narrativa bíblica. Ele conclui que a narrativa bíblica apresenta um retrato preciso da inteligência neoassíria, embora isso não garanta automaticamente, ele tem o cuidado de notar, a historicidade da narrativa ou sua composição durante o período neoassírio. Em sua leitura da redação final, Dubovský afirma que os editores bíblicos estavam familiarizados com os estratagemas do serviço de inteligência assírio, especialmente suas alegações de onisciência, e o contrapuseram de três maneiras: praticamente, exaltando as habilidades de liderança de Ezequias; literariamente, minando a precisão das afirmações assírias (e, portanto, sua suposta onisciência) por meio de redação textual criativa; e teologicamente, retratando os assírios como blasfemadores e Iahweh como aquele que realmente entendia e controlava a situação. Um breve resumo das descobertas do autor (capítulo 6; p. 261-263) e vários gráficos no apêndice encerram o volume.

Alan LenziNo geral, Dubovský ofereceu uma nova perspectiva sobre 2 Reis 18–19, além de oferecer uma importante reconstrução histórica para os interessados no império neoassírio. O livro é altamente recomendado. Mas tenho algumas dúvidas. Primeiro, o livro deveria ter incluído uma série de mapas para ajudar o leitor a seguir os detalhes geográficos dos estudos de caso nos capítulos 3 e 4. Segundo, o livro inclui apenas um índice de autores modernos, mas seria significativamente mais fácil de usar se incluísse um índice de assuntos, bem como um índice de textos antigos. Finalmente, embora haja uma série de pequenos erros de digitação ao longo do texto, uma parte significativa do texto (com notas de rodapé também) é repetida nas páginas 14-15, e os títulos das tabelas 24 e 25 (p. 220) devem ser trocados. Essas questões menores, no entanto, em nada prejudicam a substância do belo trabalho de Peter Dubovský.

Peter Dubovský é professor de exegese do Antigo Testamento no Pontifício Instituto Bíblico, Roma.

Alan Lenzi é professor no Departamento de Estudos Religiosos da Universidade do Pacífico, Stockton, Califórnia, USA.

 

In this well-argued study, Peter Dubovský provides an intriguing new reading of 2 Kings 18–19, the account of Sennacherib’s invasion of Judah in 701 b . c . e ., in light of Neo-Assyrian intelligence services. Although Dubovský characterizes his work as a contribution to biblical scholarship, the lion’s share of the book (pp. 32–238) reconstructs the structure and operations of the Neo-Assyrian intelligence network, and will thus also appeal to Assyriologists.

Dubovský divides his book into six chapters. The introduction, chapter 1 (pp. 1–9), provides a brief overview of previous scholarship, a statement of purpose, and brief notes on sources and definitions. The author’s stated purpose is “to contextualize the biblical sources [of 2 Kings 18–19] in the sense of investigating to what degree they reflect the reality of Neo-Assyrian intelligence services” (p. 5). Informed by a wide range of theoretical intelligence literature (including works in Russian and Czech), Dubovský defines “intelligence” in a threefold manner: information, activity (that is, collection and analysis), and organization (the network). He is quick to note, however, that agents are not merely collectors and analyzers; they also implement various operations, especially “deception, counterintelligence, psychological warfare, and covert action” (p. 8).

In chapter 2 (pp. 10–31), Dubovský analyzes the biblical narrative to draw out its perceptions of Neo-Assyrian psychological warfare and the kinds of intelligence the Assyrians would have needed to conduct such operations effectively. The goal is to understand how the Bible presents the Assyrians from the point of view of intelligence activities. One minor flaw in an otherwise interesting read is the brief use of 2 Chronicles 29–32 (p. 29) to fill out the Deuteronomist’s presentation of Assyrian political intelligence.

Dubovský reconstructs the Neo-Assyrian imperial intelligence network and associated practices in the next two chapters. In chapter 3 (pp. 32–160), working from case studies organized by geographical area (Urartu, Elam, Babylonia, and the Arabian Desert, plus a section on espionage behind enemy lines), Dubovský offers a host of situations that illustrate the diversity and comprehensiveness of Neo-Assyrian intelligence interests and the various means by which they obtained information. Generally, the intelligence services operated in the provinces, buffer zones, and along borders, but would also attempt to learn matters inside competing imperial powers. Intelligence priorities included: monitoring the enemy (which embraced, for example, the movement of troops, desertions, border conflicts, military activities of other kingdoms, and the whereabouts and even health of foreign kings); reporting on economic interests (which encompassed issues such as smuggling, black markets, trade routes, timber transport, and finding and maintaining appropriate contacts to assist in field operations); and noting a variety of topics as diverse as agriculture, topography, ethnography (for example, cataloging Arabian tribes), and religious acts (for example, important ritual enactments).

Chapter 4 (pp. 161–88) offers two extended case studies, based on letters and annals, that examine Assyrian implementation of psychological warfare tactics during campaigns conducted by Tiglath-pileser III and Sargon II. Dubovský has presented here a solid reconstruction of Neo-Assyrian intelligence services. In many of the cases, he details the means of collecting intelligence (interception of letters, capture of a spy, or bribing a local official) and illustrates the flow of information through the network, from the field on up. He also demonstrates how the Assyrians built redundancy mechanisms into their system to ensure accuracy of information and the fidelity of agents. Most of Dubovský’s supporting evidence is reconstructed from epistolary texts in various states of preservation from the Neo-Assyrian archives. His reconstructions are reasonable and supported by thorough argumentation, but he also frequently (and understandably) admits that the evidence permits other interpretations. Disagreements over some details are inevitable.

In the light of his findings, Dubovský returns to Palestine and the biblical material in chapter 5 (pp. 189–260). After assessing textual and archaeological evidence toPeter Dubovský demonstrate the presence of Neo-Assyrian intelligence agents in the area, Dubovský assesses the historical accuracy of the biblical perceptions of Assyrian intelligence and offers a redaction-critical reading of the biblical narrative. He concludes that the biblical narrative presents an accurate picture of Neo-Assyrian intelligence, though this does not automatically affirm, he is careful to note, the historicity of the narrative or its composition during the Neo-Assyrian period. In his reading of the final redaction, Dubovský contends that the biblical editors were savvy to the ploys of the Assyrian intelligence service, especially its claims of omniscience, and they countered it in three ways: practically, by exalting Hezekiah’s leadership skills; literarily, by undermining the accuracy of Assyrian assertions (and thus their supposed omniscience) through creative textual redaction; and theologically, by depicting the Assyrians as blasphemers and Yahweh as the one who truly understood and controlled the situation. A brief summary of the author’s findings (chap. 6; pp. 261–63) and several charts in the appendix conclude the volume.

Overall, Dubovský has offered a fresh perspective on 2 Kings 18–19 while also offering an important historical reconstruction for those interested in the Neo-Assyrian empire. The book is highly recommended. But I have a few quibbles. First, the book should have included a series of maps to help the reader follow the geographical details of the case studies in chapters 3 and 4. Second, the book only includes a modern author index but would be significantly easier to use if it had included a subject index, as well as an ancient text index. Finally, although there are a number of small typos throughout the text, a significant portion of text (with footnotes as well) is repeated on pages 14–15, and the headings of tables 24 and 25 (p. 220) should be exchanged. These minor issues, however, in no way detract from the substance of Peter Dubovský’s fine work.