Cinco Olhos – Five Eyes

“É urgente que os EUA e seus aliados encerrem suas ações de espionagem de uma vez por todas”, escreveu a presidente Dilma em sua conta no Twitter, na manhã desta segunda-feira, a respeito de reportagem do programa Fantástico, da TV Globo, que revelou espionagem ao Ministério de Minas e Energia pela Agência Canadense de Segurança em Comunicação.

 

:: Ministério de Minas e Energia foi alvo de espionagem do Canadá – G1: 06/10/2013

Uma apresentação da Agência Canadense de Segurança em Comunicação (CSEC, na sigla em inglês) obtida com exclusividade pelo Fantástico mostra que o Ministério de Minas e Energia foi alvo de espionagem. Na mira do órgão estava a rede de comunicações da pasta – telefonemas, e-mails e uso da internet –, que, segundo o documento, foi mapeada em detalhes. A apresentação foi entregue por Edward Snowden – ex-analista contratado da Agência Nacional de Segurança (NSA) dos EUA, que revelou as ações de inteligência americana e hoje está exilado na Rússia –, ao jornalista americano Glenn Greenwald, coautor da reportagem junto com Sônia Bridi. Ela mostra como funciona um programa de computador, chamado Olympia, que faz um mapeamento das comunicações telefônicas e de computador do ministério, incluindo e-mails. O objetivo é descobrir os contatos realizados para outros órgãos, dentro e fora do Brasil, além de empresas como a Petrobras e a Eletrobras. A apresentação canadense foi exibida numa conferência em junho de 2012 que reuniu  analistas ligados a agências de espionagem de cinco países, do grupo conhecido como Five Eyes (Cinco Olhos, em português): Estados Unidos, Inglaterra, Canadá, Austrália e Nova Zelândia. “As informações podem servir a empresas que concorram nesses leilões. Eu acho isso gravíssimo. Ela sabe o que vai acontecer antecipadamente. Isso é um jogo de bilhões de dólares, coisa pouca, não”, afirma o ex-presidente da Eletrobras Pinguelli Rosa.

:: CIA faz devassa em busca do mapa da mina – Saul Leblon: Blog das Frases – Carta Maior 07/10/2013

A notícia de que a CIA realizou uma verdadeira devassa no Ministério das Minas e Energia, agora num mutirão com o serviço secreto canadense, confirma uma tradição. A agencia é um labrador dos interesses norte-americanos em busca do mapa da mina brasileira – no caso, mais literal que metafórico. Um livro de mil páginas lançado no Brasil em 1998, “Seja Feita a Vossa Vontade”, dos jornalistas americanos Gerard Colby e Charlotte Dennett, detalha, sem muita repercussão então, a abrangência, os métodos e a intensidade das violações cometidas pelos EUA para avaliar e controlar recursos do subsolo brasileiro. As denúncias atuais, baseadas em informações vazadas por Edward Snowden, que vem se somar às já veiculadas tendo como alvo a Petrobras, mostram um grau de ousadia ímpar. A desfaçatez, no caso do pente fino nas Minas e Energia, pode estar associada à pressa em obter informações estratégicas, antes da votação do novo Código Mineral proposto pelo governo. Ademais de elevar alíquotas de royalties, o projeto em negociação no Congresso, transfere a uma estatal o gerenciamento público da pesquisa no país. Hoje vale a lei do velho oeste: quem chegar primeiro, registra e tem o direito de lavra. E pode dormir sobre uma reserva de mercado à espera de valorização das cotações, frequentemente em detrimento das urgências do país. Como aconteceu durante anos com minas de fosfato detidas pela iniciativa privada. Talvez a devassa da CIA e dos canadenses tenha exatamente o objetivo de abastecer os congêneres atuais de Rockefeller com o máximo de informações possíveis para obtenção de registros. Antes de vigorar a nova lei.

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