Full Spectrum Dominance

Não sabe o que é?

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Moniz Bandeira: O Brasil e as ameaças de projeto imperial dos EUA  – Marco Aurélio Weissheimer: Carta Maior 26/10/2013

O Direito Internacional só é respeitado quando uma nação tem capacidade de retaliar

Alguns trechos da entrevista:

. Mostrei (…) que o sistema de espionagem, estabelecido pela National Security Agency (NSA), começou a funcionar há mais de meio século.

. Em 1948 Estados Unidos e Grã-Bretanha haviam firmado um pacto secreto, conhecido como UKUSA (UK-USA) – Signals Intelligence (SIGINT)… para interceptação de mensagens da União Soviética e demais países do Bloco Socialista, a primeira grande aliança de serviços de inteligência e à qual aderiram, posteriormente, agências de outros países (…) Essa rede de espionagem é o Five Eyes, conhecida também como Echelon.

. Todos os impérios têm particularidades, que são determinadas pelo desenvolvimento das forças produtivas. Assim, não obstante a estabilidade das palavras, o conceito deve evoluir conforme a realidade que ele trata de representar. O império, na atualidade, tem (…) as características do ultra-imperialismo, o cartel das potências industriais, sob a hegemonia dos Estados Unidos, que configuram a única potência capaz de executar uma política de poder, com o objetivo estratégico de assegurar fontes de energia e de matérias primas, bem como os investimentos e mercados de suas grandes corporações, mediante a manutenção de bases militares nas mais diversas regiões do mundo, nas quais avança seus interesses, através da mídia, ações encobertas dos serviços de inteligência, lobbies, corrupção, pressões econômicas diretas ou indiretas, por meio de organizações internacionais, como Banco Mundial, FMI, onde detém posição majoritária. As guerras, para o consumo dos armamentos e aquecimento da economia, foram transferidas para a periferia do sistema capitalista.

.  Os Estados Unidos são a única potência com bases militares em [quase] todas as regiões do mundo e cujas Forças Armadas não têm como finalidade a defesa das fronteiras nacionais, mas a intervenção em outros países. Desde sua fundação, em 1776, os Estados Unidos estiveram em guerra, até dezembro de 2012, durante 214 de seus 236 anos de existência (…) E, atualmente, o governo do presidente Barack Obama promove guerras secretas em mais de 129 países. O Império Americano (e, em larga medida, as potências industriais da Europa) necessita de guerras para manter sua economia em funcionamento, evitar o colapso da indústria bélica e de sua cadeia produtiva, bem como evitar o aumento do número de desempregados e a bancarrota de muitos Estados americanos.

. O Project for the New American Century, dos neoconservadores e executado pelo ex-presidente George W. Bush inseriu os Estados Unidos em um estado de guerra permanente, uma guerra infinita e indefinida, contra um inimigo assimétrico (…)  com o objetivo de implantar a full spectrum dominance, isto é, o domínio completo da terra, mar, ar e ciberespaço pelos Estados Unidos, que se arrogaram à condição de única potência verdadeiramente soberana sobre a Terra (…) O presidente Barack Obama  endossou-o, tal como explicitado na Joint Vision 2010 e ratificado pela Joint Vision 2020, do Estado Maior-Conjunto, sob a chefia do general de exército Henry Shelton. E a NSA é um dos instrumentos para implantar a full spectrum dominance, monitorando as comunicações de todos os governantes tanto aliados quanto rivais.

. Se o declínio do Império Romano durou muitos séculos, o declínio do Império Americano provavelmente levará provavelmente algumas décadas. O desenvolvimento das ferramentas eletrônicas, da tecnologia digital, imprimiu velocidade ao tempo, e a sua queda será tão vertiginosa, dramática e violenta quanto sua ascensão. Contudo, não será destruído militarmente por nenhuma outra potência. Essa perspectiva não existe. O Império Americano esbarrondará sob o peso de suas próprias contradições econômicas (…) É com isto que a China conta.

. O que o Brasil pode fazer? Uma potência tecnologicamente superior é muito mais perigosa quando está em declínio (…) do que quando expandia seu império. Com as descobertas das jazidas do pré-sal, o Brasil entrou no mapa geopolítico do petróleo. As ameaças existem, conquanto possam parecer remotas. Mas o Direito Internacional só é respeitado quando uma nação tem capacidade de retaliar. O Brasil, portanto, deve estar preparado para enfrentar, no mar e em terra, e no ciberespaço, os desafios que se configuram…

Quem é Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira?