Os impérios não têm coração

Este foi o título de um artigo que publiquei em maio de 1997.

Analisando a helenização da Palestina: Os impérios não têm coração: a cidade grega e a etnia judaica.

Os impérios não têm coração. Só interesses. Como se sabe, desde a antiguidade.

Se olharmos os últimos 30 anos e, sobretudo, a partir dos atentados de 11 de setembro, há uma ideia de que os norte-americanos querem aplicar: utilizar o terrorismo mundial para que as pessoas tenham medo de agir com as mãos livres. É uma desculpa para torturar, sequestrar e prender. Agora estão usando a mesma desculpa para espionar. Os documentos sobre a maneira pela qual os EUA espionam e sobre os objetivos da espionagem pouco têm a ver com o terrorismo. Muitos têm a ver com economia, empresas e os governos, e estão destinados a entender como funcionam esses governos e essas empresas. A ideia central da espionagem é essa: controlar a informação para aumentar o poder dos Estados Unidos pelo mundo.

Leia:

Greenwald: espionagem dos EUA pouco tem a ver com terrorismo – Eduardo Febbro: Carta Maior 21/10/2013.

O programa de espionagem aplicado na França se chama “US-985D”. Seu nome se assemelha bastante ao dos programas que a NSA utilizou na Alemanha. “US-987LA” e “US-987LB”. Especula-se que esses números identificam os blocos ou círculos dentro dos quais Washington põe seus aliados. A França estaria dentro do “terceiro círculo”, no qual também se encontram Alemanha, Polônia, Bélgica e Áustria. O segundo círculo, conhecido como “Cinco olhos”, está composto pelos países anglo-saxões como Grã-Bretanha, Canadá, Nova Zelândia e Austrália. O primeiro círculo corresponde às 16 agências de inteligência norte-americanas. “DRTBOX” e “WHITEBOX” designam nos documentos relevados por Snowden as técnicas empregadas para a espionagem. Até agora, nem o diário nem nenhum outro especialista conseguiram elucidar a tecnologia. “DRTBOX” permitiu que, entre meados de dezembro de 2012 e princípios de 2013, fossem interceptados 62,3 milhões de dados telefônicos. O segundo, “WHITEBOX”, utilizado no mesmo período, acessou dados e conteúdos de 7,8 milhões de chamadas. O vespertino francês aponta informações que vão para além da França. O jornal revela que entre 8 de fevereiro e 8 de março deste no, a NSA conseguiu coletar em todo o mundo cerca de 124,8 bilhões de comunicações telefônicas (DNR) e mais de 97 bilhões de conexões pertencentes ao campo digital (DNI).

Leia:
França espionada: “EUA não têm aliados. Só alvos e vassalos” – Eduardo Febbro: Carta Maior 22/10/2013.

E:
Surveillance de la NSA : “Les Etats-Unis n’ont pas d’alliés, que des cibles ou des vassaux”  – Nicolas Chapuis: Le Monde 21/10/2013.