Big Linux 12.04 RC já está disponível para download

Ontem, 27/07/2012, BigBruno anunciou no Fórum que está disponível para download a versão RC do Big Linux 12.04. Ele diz:

Olá a todos, bom, acredito que chegamos ao fim de um ciclo, aqui está o iso do BigLinux 12.04. Por enquanto fica como um RC durante uma semana, caso seja encontrado algum erro grave envio outra versão corrigida. Se não ocorrer, fica como a última versão. Não ocorreram muitas mudanças desde o 11.10, alguns programas foram substituídos (…) O restante é o que nós já conhecemos do BigLinux 11.10, inclusive o mesmo tema, porém todos os pacotes foram atualizados. Como a maioria sabe, essa é a última versão a ser lançada do BigLinux, pretendo ainda lançar o repositório para o 12.10 para quem quiser atualizar, mas sem disponibilizar novo iso, talvez libere atualização também para o 13.04.

Download:
. Link: https://biglinux.c3sl.ufpr.br/iso/BigLinux.12.04.iso [Atualização: link inválido, pois a versão final já foi lançada em 13.08.2012. Clique aqui] . Tamanho: 1.3 GB
. MD5Sum: afd67ca6003c7efc85694fbcb5ae131f

Leia Mais:
Big Linux 11.10 já está disponível para download

17º e último Seminário Europeu de Metodologia Histórica

O Seminário Europeu de Metodologia Histórica de 2012, o décimo sétimo e último, foi realizado em Amsterdã, Holanda, como parte do Congresso da EABS/SBL (22-26 de julho de 2012). Os membros do Seminário fizeram apresentações sobre suas perspectivas para a escrita de uma História de Israel – ou do Levante Sul – e refletiram sobre o que aprenderam desde o Primeiro Seminário, realizado em 1996.

Membros do Seminário em 2012 incluem, segundo o programa: Hans Barstad, Edinburgh; Bob Becking, Utrecht; Ehud Ben Zvi, Edmonton; Joseph Blenkinsopp, Notre Dame; Philip Davies, Sheffield; Diana Edelman, Sheffield; Philippe Guillaume, Bern; Axel Knauf, Bern; Niels Peter Lemche, Copenhagen; Nadav Na’aman, Tel Aviv; Thomas L. Thompson, Copenhagen.

Na ocasião, Lester L. Grabbe, da Universidade de Hull, Reino Unido, coordenador do grupo, apresentou os resultados de 16 anos do Seminário Europeu de Metodologia Histórica (Sixteen Years of the ESHM: the Results – This paper will summarize the results of the ESHM meetings from my perspective as the ESHM organizer and editor) e disse que este é o último encontro regular do grupo, que passa agora o bastão para as novas gerações de biblistas que trabalham com história: As its 17th meeting in 2012, the ESHM will draw a close to its regular meetings. Although we might get together for certain special discussions in the future, we feel that we have accomplished our main purpose and wish to pass the torch to a younger generation of biblical scholars who work in history.

Publicações dos Seminários: confira a lista em GRABBE, L. L. (ed.)

European Seminar in Historical Methodology – Lester L. Grabbe

Description: The European Seminar on Methodology in Israel’s History (or, more briefly, the European Seminar in Historical Methodology) is an independent seminar (membership by invitation only) which will be holding sessions at the EABS meeting. The aim of the Seminar is to address the lack of methodological debate among most biblical historians by focusing on the principles and techniques of ancient and modern historiography about ancient Israel. After its initial debate on how far a history of ancient Israel can be written, and what sort of history, it has focused on particular historical periods or events, assessing the evidence available and considering the possibilities of a modern critical description. As its 17th meeting in 2012, the ESHM will draw a close to its regular meetings. Although we might get together for certain special discussions in the future, we feel that we have accomplished our main purpose and wish to pass the torch to a younger generation of biblical scholars who work in history. The meeting this year will have a different format, in that short papers will be read in the meeting itself. Members will each give a presentation of their views about writing the history of Israel (or the Southern Levant) and reflect on what they have learned since the Seminar first met in 1996. Once short papers are given by long-term members, a panel discussion is planned in which members of the audience will have the opportunity to put questions to Seminar members.

Topic for 2012 Amsterdam Meeting: Conclusions about Writing History.

Members of the Seminar include: Hans Barstad, Edinburgh; Bob Becking, Utrecht; Ehud Ben Zvi, Edmonton; Joseph Blenkinsopp, Notre Dame; Philip Davies, Sheffield; Diana Edelman, Sheffield; Philippe Guillaume, Bern; Axel Knauf, Bern; Niels Peter Lemche, Copenhagen; Nadav Na’aman, Tel Aviv; Thomas L. Thompson, Copenhagen.

Previous publications of the Seminar: here (edited by GRABBE, L. L.).

Resenhas na RBL: 19.07.2012

As seguintes resenhas foram recentemente publicadas pela Review of Biblical Literature:

Leslie C. Allen
A Liturgy of Grief: A Pastoral Commentary on Lamentations
Reviewed by Elizabeth Boase

Eryl W. Davies
The Immoral Bible: Approaches to Biblical Ethics
Reviewed by Joel Williams

James Dawsey
Peter’s Last Sermon: Identity and Discipleship in the Gospel of Mark
Reviewed by Adam Winn

Detlev Dormeyer
Das Lukasevangelium: Neu übersetzt und kommentiert
Reviewed by M. Eugene Boring

Justo L. González
Luke
Reviewed by Martin M. Culy

Edwin M. Good
Genesis 1-11: Tales of the Earliest World
Reviewed by George Savran

Lester L. Grabbe and Oded Lipschits, eds.
Judah between East and West: The Transition from Persian to Greek Rule (ca. 400-200 BCE)
Reviewed by Joshua Schwartz

Kenneth Liljeström, ed.
The Early Reception of Paul
Reviewed by Stephan Witetschek

R. B. Salters
Lamentations: A Critical and Exegetical Commentary
Reviewed by Eleuterio Ruiz

Géza G. Xeravits, ed.
Dualism in Qumran
Reviewed by Devorah Dimant

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Mais interpretações sobre as religiões dos brasileiros

Os dados do Censo 2010 sobre o perfil religioso dos brasileiros, divulgados no dia 29 de junho pelo IBGE, continuam produzindo múltiplas interpretações.

Em Bênçãos traduzidas em consumo, reproduzido em Notícias: IHU de 23/07/2012, temos algumas interpretações de professores da USP, como José Reginaldo Prandi, João Baptista Borges Pereira e Lísias Nogueira Negrão.

 

Professores da USP comentam dados divulgados em junho pelo IBGE, que confirmam a queda do número de católicos e o crescimento dos evangélicos no Brasil.

A reportagem é de Sylvia Miguel e publicada pelo Jornal da Usp, 18-07-2012.

Nenhuma religião é estática. Ao passo que o catolicismo das Comunidades Eclesiais de Base se preocupava com questões sociais como direitos humanos e direito do trabalho, a Renovação Carismática foca o indivíduo e questões de foro íntimo, como liberdade sexual e direitos reprodutivos. Baseado na premissa de que as religiões se transformam de acordo com as demandas sociais em curso, não se pode pensar que a mudança do perfil religioso que se espera ocorrer no Brasil nas próximas décadas de fato resultará na extinção de algumas manifestações populares, tais como Carnaval, bumba-meu-boi, festas juninas e tantas outras que integram o calendário nacional há séculos.

As análises dos dados do Censo 2010 sobre religião, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no dia 29 de junho, mostram que o novo perfil religioso que se delineia revela uma infidelidade religiosa maior do que a fidelidade religiosa, reflexo da busca por realização pessoal.

“As religiões mudam na mesma proporção das transformações sociais. Uma coisa é se tornar evangélico. Outra coisa é sabermos que tipo de evangelismo teremos nos próximos 20 anos. Todas as religiões mudam com o passar do tempo. Não dá para saber se as religiões predominantes no futuro irão ou não incorporar a cultura atual”, diz o professor José Reginaldo Prandi, do Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.

Prandi usa uma mudança recente significativa na igreja Episcopal norte-americana como exemplar dessa premissa. “Nos Estados Unidos, a igreja Episcopal, uma das mais tradicionais e representativas daquele país, há pouco anunciou que oficializará casamentos homossexuais”, compara.

De acordo com dados divulgados pelo IBGE, o número de católicos caiu 12,2%, para 64,6%, entre 2000 e 2010. No mesmo período, a população evangélica cresceu 44,1%, totalizando 22,2%. A diminuição de católicos ocorreu inclusive em números absolutos, mesmo com o aumento da população. Em 2010, o total era de 123,4 milhões, ante os 125 milhões de 2000.

O crescimento dos evangélicos foi impulsionado pelas igrejas de origem pentecostal, como Assembleia de Deus, Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), Nova Vida e outras. Nessa categoria, a Assembleia de Deus foi a que mais cresceu na década, passando de 8,4 milhões para 12,3 milhões de adeptos. A igreja fundada pelo bispo Edir Macedo, a Iurd, perdeu 229 mil fiéis, passando de 2,1 milhões para 1,8 milhão, segundo o Censo.

Os evangélicos pentecostais representam 13,3% do total de evangélicos no País, enquanto 4,8% são de evangélicos não determinados, ou seja, aqueles que não especificaram uma igreja na hora de responder ao Censo.

Os outros 4% são os evangélicos de missão ou protestantes históricos, como luteranos, presbiterianos e batistas. Essa categoria também perdeu adeptos, num movimento semelhante ao ocorrido entre católicos.

“As religiões mais tradicionais estão perdendo fiéis. Em algumas, como na Congregação Cristã do Brasil e também na luterana, isso se explica pela origem etnicizada. A primeira foi fundada por italianos. A luterana foi trazida por alemães. A mistura étnica acabou refletindo na perda de interesse pela igreja”, diz o professor João Baptista Borges Pereira, Professor Emérito do Departamento de Antropologia da FFLCH.

Cultura e lingeries

Na opinião do professor Borges Pereira, alguns aspectos da cultura popular brasileira poderão se modificar caso continue no mesmo ritmo o aumento do número de adeptos das religiões evangélicas pentecostais. Por outro lado, o professor não acredita no desaparecimento completo dessas manifestações culturais.

“O aspecto cultural e lúdico no Brasil nasceu dentro de um contexto de catolicismo popular e, portanto, havia uma perfeita harmonia entre o catolicismo e as manifestações culturais. Quanto disso irá se modificar não sabemos, porque há elementos não lineares que permitem diferentes leituras”, diz Borges Pereira.

Os elementos não lineares citados pelo antropólogo estão ligados à questão do puritanismo das religiões protestantes. “A proposta do puritanismo distingue dois elementos fundamentais, que são ‘o mundo’ e ‘nós, os eleitos e purificados’. Por esse aspecto, o crente tenderá a deixar de lado o que ele considera ser mundano, como carnaval e outros atos que destoem da sua crença”, diz.

Por outro lado, de alguma forma os pentecostais aderem a coisas do mundo, escamoteando o comportamento puritano, diz Borges Pereira. “Eles são sem ser. Por exemplo, há estudos sobre a mulher evangélica de fora para dentro, ou seja, comparando a dicotomia entre a sobriedade de seu corte de cabelo e vestuário e suas roupas íntimas. Embora seus trajes sejam sóbrios, usam lingeries escandalosas como um tipo de compensação”, compara o professor.

A não linearidade também vale para a análise feita pelo professor Lísias Nogueira Negrão, também da FFLCH. “A tendência do protestantismo mais tradicional e também dos pentecostais mais tradicionais é se afastar dessas festas. Por outro lado, os neopentecostais teriam uma tendência maior à abertura, no sentido de não rejeição. Ou seja, tenderiam a abarcar essas festas de forma a sacralizar o profano. Fazem o “carnaval de Cristo” e outros atos, até como tentativa evidente de catequizar”, afirma Negrão.

Segundo o professor Negrão, há correntes de pensamento que teorizam que alguns aspectos positivos da mudança de perfil religioso do Brasil poderá ser a melhoria na relação familiar e de gênero, já que o homem protestante é tido como mais preocupado com o atendimento familiar e tende a respeitar mais as suas esposas, afirma o sociólogo.

Há autores que vislumbram um retrocesso em questões de sexualidade, diz Negrão. “Tendo em vista a maior participação política desses grupos e inclusive com o aumento da bancada protestante na Câmara, poderia haver um retrocesso na vida sexual da sociedade em função da alta preocupação desses grupos, contrários à liberdade dos costumes. Os neopentecostais podem ser mais tolerantes quanto à questão da moral sexual, mas não formam a maioria”, afirma.

Ética do consumo

“A sociedade está enriquecendo e isso traz aspirações de consumo. As camadas que antes estavam fora do consumo agora têm condições de aumentar sua fruição de bens materiais e culturais e isso é inerente à mecânica da sociedade e do próprio capitalismo. O governo estimula o consumo, o capitalismo estimula o consumo. O consumo é a característica de uma sociedade que criou a possibilidade do surgimento de uma religião adequada à sociedade do consumo. É o que Max Weber chama de afinidade eletiva”, diz o professor Negrão, sobre a nova ética predominante entre os evangélicos pentecostais.

Segundo o professor Borges Pereira, entre os protestantes existe a valorização do trabalho, mas não no sentido weberiano. Os protestantes e sua conduta de valorização do trabalho, que permitiu o desenvolvimento do capitalismo, foi objeto da reflexão de Weber em A ética protestante e o espírito do capitalismo, um dos estudos fundadores da moderna sociologia.

O que os atuais protestantes valorizam, segundo Borges Pereira, é “o trabalho como meio de acumulação de prestígio, através do consumo”. Para ele, o atual protestante busca “bênçãos”, o que na opinião desses religiosos pode se dar através de objetos tão cobiçados. Sendo assim, o trabalho ganha um sentido diferente, afirma.

Negrão lembra que a ética do protestante histórico buscava uma rotinização do comportamento, tendo como consequência o enriquecimento. “O objetivo era buscar a santificação da vida. Para os protestantes atuais, em que predomina a chamada teologia da prosperidade, a igreja se torna um instrumento mágico de consecução de bens e fins materiais. Novamente, há vertentes distintas. Uma é a puritana, em que o progresso material é consequência da rotinização da vida. A outra é uma tendência mágica de instrumentalização religiosa para conseguir bens materiais”, afirma o sociólogo.

Ascensão social

Para o professor Borges Pereira, “não é possível explicar o crescimento do protestantismo no Brasil sem que isso seja associado a uma ascensão da classe E. Foi nessa faixa que ocorreu o maior aumento das vertentes pentecostais”, afirma.

O mesmo movimento social explicaria a queda expressiva dos adeptos das religiões afros, diz Borges Pereira. “O número de adeptos do candomblé e outras seitas afros caiu verticalmente. Esse fenômeno pode estar relacionado à ascensão da classe E, preocupada em escapar de estereótipos de que só pobre frequenta seitas afros. As igrejas evangélicas, então, lhes ofereceria a possibilidade de subir de classe”, analisa.

O uso da mídia entre as religiões é um fenômeno que insere a religião no contexto de mercadoria, ou seja, a religião e a fé tornaram-se parte da sociedade de consumo, diz Borges Pereira. “O indivíduo vive de símbolos e não só de essência e a religião seria então um simbolismo expressivo de classe. Sendo assim, as pessoas mudam comportamento como mudam vestuário.”

O que ainda precisa ser mais bem estudado, segundo o antropólogo, é a dinâmica refletida nos números do IBGE. “Atualmente, a infidelidade religiosa é maior que a fidelidade religiosa. É grande o número dos que se declaram sem religião. Por outro lado, já é considerada normal a movimentação dos pentecostais entre as igrejas dessa linha. Isso reflete uma dinâmica de busca pessoal que ainda precisa ser mais bem estudada”, afirma.

“Não é coincidência o fato de o maior número de adeptos do pentecostalismo estar entre as classes mais pobres e menos escolarizadas. O evangélico aprendeu que ele também tem direito de consumir e, nesse sentido, seu comportamento está mais parecido com o brasileiro comum. É uma ética que há 20 anos não se via nessa religião”, finaliza Prandi.

Morreu o pensador alemão Robert Kurz

Robert Kurz, filósofo alemão, crítico radical e contundente do “moderno sistema produtor de mercadorias”, morreu, aos 68 anos, no dia 18 de julho de 2012. Foi cofundador e redator da revista teórica EXIT! — Kritik und Krise der WarengesellschaftEXIT! — Crítica e Crise da Sociedade da Mercadoria.

De seus livros publicados em português, além de O colapso da modernização: Da derrocada do socialismo de caserna à crise da economia mundial. São Paulo: Paz e Terra, 1992, 244 p., no qual, no dia 21 de janeiro de 1994, ao final da leitura, anotei: “Estimulante!”, conheço também Os últimos combates. Petrópolis: Vozes, 1997, 394 p. – ISBN 8532618995.

Leia mais em Robert Kurz, crítico radical e inovador do marxismo, morreu (Notícias: IHU – 21/07/2012).

Resenhas na RBL: 11.07.2012

As seguintes resenhas foram recentemente publicadas pela Review of Biblical Literature:

Stephen J. Bennett
Ecclesiastes/Lamentations: A Commentary in the Wesleyan Tradition
Reviewed by Russell L. Meek

Michael F. Bird and Joseph R. Dodson, eds.
Paul and the Second Century
Reviewed by Joseph B. Tyson

Gary Alan Chamberlain
The Greek of the Septuagint: A Supplemental Lexicon
Reviewed by Peter Burton

Christian A. Eberhart, ed.
Ritual and Metaphor: Sacrifice in the Bible
Reviewed by Greg Carey
Reviewed by John Dunnill

Bruce W. Longenecker
Remember the Poor: Paul, Poverty, and the Greco-Roman World
Reviewed by Kathy Ehrensperger
Reviewed by L. L. Welborn

Alicia Suskin Ostriker
For the Love of God: The Bible as an Open Book
Reviewed by Barbara Green

Charles B. Puskas and C. Michael Robbins
An Introduction to the New Testament
Reviewed by J. Samuel Subramanian

Ben Zion Rosenfeld
Torah Centers and Rabbinic Activity in Palestine 70-400 C.E.: History and Geographic Distribution
Reviewed by Joshua Schwartz

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As armadilhas da teologia da prosperidade

Bispo pentecostal sugere “desintoxicação” em igrejas históricas

“Desligue-se da televisão evangélica” é a admoestação do bispo Walter McAlister, da Igreja Cristã Nova Vida, de linha pentecostal, sugerindo que fiéis façam uma “desintoxicação” dos hábitos neopentecostais frequentando templos de igrejas históricas.

Ele propõe que para a desintoxicação o crente busque uma igreja tradicional, como batistas, presbiterianos, metodistas e congregacionais, que são, na sua grande maioria, mais dedicados ao estudo das Escrituras.

“Ache uma”, recomenda em seu site. “Digo isso não porque seja necessariamente a igreja que você vai frequentar pelo resto da vida. Mas encare isso como parte de sua ‘desintoxicação'”.

Um dos pecados de igrejas neopentecostais é “o abuso ou o abandono das Sagradas Letras”, aponta o bispo. “Usam frases feitas, adesivos, chavões e uma cultura interna massacrante de autoajuda e pensamento positivo”, assinala.

Ou seja, não fazem teologia. O argumento de que não precisam de teologia, só de Jesus, “é um apelo à ignorância e não acrescenta nada à nossa vida espiritual”. Teologia, define McAlister, é a linguagem da Igreja, é a formação de conceitos corretos e bíblicos. “É a maneira pela qual os pensadores organizaram o conhecimento bíblico e o traduziram à prática e ao culto cristão”.

O bispo explica, no site, porque não indica a sua própria igreja para a “desintoxicação”: quando nesse processo, é preciso “se afastar de tudo o que pode te levar de volta ao vício. Toda e qualquer igreja pentecostal, inclusive a nossa, usa termos, jargões e conceitos que trazem ligeira semelhança com os do neopentecostalismo, mesmo que não sejamos neopentecostais”.

Na França, o Conselho Nacional dos Evangélicos (CNEF) publicou documento em que classifica a teologia da prosperidade, proclamada por igrejas neopentecostais, como uma distorção da mensagem cristã, informa o jornal “La Croix”.

A teologia da prosperidade, diz o documento, “instrumentaliza” Deus, colocando-o a serviço da prosperidade do fiel”. Entrevistado pelo jornal, o pastor batista Thierry Huser frisou que essa teologia ignora “toda a pedagogia de Deus na nossa vida, que às vezes quer nos dar ensinamentos a partir de situações difíceis”.

Fonte: IHU On-Line: 13 Julho 2012.

 

Les évangéliques se démarquent de la théologie de la prospérité

Dans un document officiel, conçu comme un outil destiné aux Églises évangéliques et adopté fin mai, le Conseil national des évangéliques de France a pris ses distances avec cette théologie issue des courants pentecôtistes américains, qui met sur le même plan salut chrétien et richesse matérielle.

Pour la télévangéliste américaine Gloria Copeland, l’équation évangélique est sans équivoque : « Donnez 10 dollars et vous en recevrez 1 000. Donnez 1 000 dollars et vous en recevrez 100 000… En résumé, affirme-t-elle dans God’s Will is Prosperity (« Dieu veut la prospérité »), Marc 10,30 (NDLR : où le Christ affirme que celui qui donne recevra au centuple) est une très bonne affaire. » Tout aussi péremptoire dans God’s Laws of Success (« Les Lois divines du succès »), un autre télévangéliste américain, Robert Tilton, assure que « le succès est disponible ici et maintenant… Il dépend de vous de le recevoir. Si vous ne réussissez pas, c’est votre faute et non celle de Dieu. »

Ces deux prédications sont emblématiques de la « théologie de la prospérité » qui fait florès depuis cinquante ans dans les milieux pentecôtistes aux États-Unis. En France aussi, elle séduit non seulement certaines Églises issues de l’immigration, mais on en trouve des accents distillés ici ou là dans les sermons.

Le Conseil national des évangéliques de France, qui se veut une instance de régulation doctrinale au sein du monde évangélique français, a estimé nécessaire de s’en démarquer officiellement et de donner des repères à ses membres. Le 22 mai, une étude de 30 pages, élaborée par un comité de théologiens, a été adoptée à l’unanimité par l’ensemble des courants qu’il représente : piétistes orthodoxes, baptistes, mais aussi pentecôtistes et charismatiques pentecôtistes. Tous s’accordent pour dire que la théologie de la prospérité présente une conception « erronée » de la foi, qui « détourne » le message évangélique en absolutisant certaines promesses de bénédictions de la Bible et présente, dès lors, de réels dangers.

« On ne laisse pas à Dieu la liberté de nous répondre autrement »

Première erreur : la théologie de la prospérité met sur le même plan le salut, la prospérité physique (santé) et matérielle (richesse), alors que le salut chrétien, qui fait le cœur de l’Évangile, « concerne avant tout la relation à Dieu et la réconciliation avec lui par le Christ », analyse Thierry Huser, pasteur de l’Église baptiste, l’une des chevilles ouvrières du texte.

Bien plus, elle « instrumentalise » Dieu, en le mettant au service de la prospérité du croyant : en effet, selon ses partisans, le fidèle doit croire que tout, y compris la richesse, lui a été déjà acquis par le Christ. Il lui suffit donc de manifester sa foi dans la promesse de l’Évangile en donnant de l’argent pour qu’il en obtienne la récompense… Mais, dans une telle logique, « l’accent unilatéral sur la parole de foi, dont l’efficacité réside en sa propre force d’affirmation, peut conduire à avoir “foi en la foi” plutôt que d’avoir “foi en Dieu” », estime le document qui dénonce une vision du monde « proche de la pensée magique ».

« On ne laisse pas à Dieu la liberté de nous répondre autrement, complète Thierry Huser. On laisse de côté toute la pédagogie de Dieu dans notre vie, qui parfois veut nous enseigner à partir de situations difficiles. »

Ce « système à sens unique » met en avant « de fausses promesses »

En ce sens, si les théologiens de la prospérité rejoignent « des aspirations profondes » de « populations dont la réalité quotidienne est la souffrance et la misère », ils sont en revanche « marqués par l’hédonisme de notre société, qui refuse les limites et la souffrance, ajoute Thierry Huser. Dans nos Églises, nous croyons en un Dieu qui intervient dans notre vie et peut donner des signes miraculeux de son action, mais il ne faut pas les systématiser. »

Particulièrement dangereux, ce « système à sens unique » est ainsi « source de profonde désillusion », parce qu’il met en avant « de fausses promesses ». Pire, il est très culpabilisant pour le chrétien : s’il n’est pas exaucé, on lui rétorque que c’est parce que sa foi n’était pas assez forte… « Les prophètes de la prospérité se mettent ainsi à l’abri de toute remise en cause de leurs promesses. Par contre, tout le poids de l’échec éventuel de ces promesses repose sur le croyant qui a espéré, prié, donné », déplore le texte du Cnef.

Enfin, dernière erreur et non des moindres, les avocats de la prospérité occultent les mises en garde récurrentes, dans la bouche de Jésus, « contre l’amour de l’argent et contre l’idolâtrie de la réussite matérielle ».

« La théologie de la prospérité rejoint des aspirations profondes »

Ce document n’est pas le premier du genre : il intervient après la déclaration de Lausanne III adoptée en 2010 par 4 200 responsables évangéliques du monde entier, dont un paragraphe épinglait déjà la théologie de la prospérité. L’engagement de Lausanne avait été lui-même préparé par un texte du groupe de travail théologique de Lausanne de 2008-2009.

Ce texte, encore plus ferme et plus clair, déplorait que l’Évangile de la prospérité, « en amplifiant les diverses causes spirituelles et démoniaques de la pauvreté », passe quasiment sous silence ses causes économiques et sociales. Ce que ne fait pas le document des évangéliques français, qui reste « sur le même registre individuel et personnel » que les théologiens de la prospérité : « Cette étude du Cnef est très importante, car la théologie de la prospérité rejoint des aspirations profondes, relève le P. Michel Mallèvre, directeur du centre œcuménique Istina, mais en contrepoint, elle ne propose pas de réponse sociale, n’invite pas à combattre la pauvreté, au nom même de l’avancée du Royaume de Dieu. »

Une telle invitation aurait été d’autant plus légitime, à ses yeux, que depuis plusieurs années les évangéliques se sont lancés, avec le Défi Michée, dans une campagne internationale de lutte contre la pauvreté.

Fonte:La Croix – 29/06/2012

Hinkelammert: o mercado é pura vontade de poder

Os banqueiros e os políticos hoje sabem muito bem as catástrofes sociais que estão produzindo, mas não veem a mínima razão para limitar o negócio que estão fazendo com a miséria das populações e da natureza.

Excelente artigo de Franz Hinkelammert, teólogo e economista alemão que vive na América Latina, reproduzido por Notícias: IHU de 12/07/2012, no qual ele mostra queFranz Hinkelammert (1931-2023) vivemos numa economia que depende do crescimento, porém cada vez está mais evidente que o crescimento está chegando aos seus limites.

O título: A rebelião dos limites, a crise da dívida e o esvaziamento da democracia.

Franz Hinkelammert é autor, além de muitos outros, de um livro que considero extraordinário, publicado na década de 80 e hoje esgotado: As armas ideológicas da morte. São Paulo: Paulus, 1983, 346 p. – ISBN 8505000102. Mas como as obras de Hinkelammert foram digitalizadas e disponibilizadas para download gratuito, o livro pode ser encontrado em português e em espanhol aqui.

Utilizei este livro na última parte de meu artigo sobre o decálogo, publicado na revista Estudos Bíblicos em 1986. O artigo está disponível online na Ayrton’s Biblical Page. Confira Leis de vida e leis de morte: os dez mandamentos e seu contexto social.

 

Destaco dois trechos da análise de Hinkelammert:

HINKELAMMERT, F. As armas ideológicas da morte. São Paulo: Paulus, 1983, 346 p. - ISBN  9788505000107.:: Estamos enfrentando três grandes ameaças globais concretas: a exclusão da população, a subversão das relações sociais e a ameaça à natureza. Entretanto, a maior delas é outra: é a inflexibilidade absoluta da estratégia de globalização. É, de fato, a verdadeira ameaça, porque esta ameaça torna impossível enfrentar as outras ameaças mencionadas. Trata-se de uma ameaça que, de maneira alguma, é um produto necessário de um mundo tornado global. Na realidade, a estratégia da globalização é completamente incompatível com o fato de que o mundo chegou a ser um mundo global. Esse é o verdadeiro problema. A estratégia de globalização destrói um modelo tornado global e é incompatível com a existência deste mundo. O mercado não é um sistema autorregulado. As chamadas forças de autorregulação do mercado não existem. O que existe é uma determinada autorregulação de mercados particulares, não do mercado em seu conjunto. O mercado como conjunto não possui a mínima tendência ao equilíbrio, mas tende sempre de novo e sistematicamente a desequilíbrios. O mercado é pura vontade de poder. As mencionadas ameaças globais concretas são desequilíbrios do mercado. Em benefício de certos equilíbrios financeiros estas ameaças globais são sistematicamente alargadas. Contudo, a política do crescimento econômico mostra outro lado: quanto mais se insiste numa cega política de crescimento, maiores são as ameaças globais e, consequentemente, sacrifica-se qualquer política que tente enfrentá-las. Essa é a lógica da estratégia de globalização. A estratégia de globalização apresenta a si mesma como política de crescimento, porém não é simplesmente isso. É preciso lembrar apenas as características desta estratégia para mostrar o que ela é. É a comercialização de todas as relações sociais, é a privatização como política, que obedece somente a princípios sem maior consideração com a própria realidade. Por isso, nem questiona em que lugar a privatização seria uma solução mais adequada e precisamente onde a propriedade pública representaria uma solução melhor.

:: O que não se pode perceber é a contradição fundamental da nossa atual sociedade: a contradição entre um mundo tornado global e a universalização desta estratégia de globalização. Esta política de maximização do crescimento, hoje, tocou seus limites. O que o relatório do Clube de Roma, em 1972, anunciava com o título “Os limites do crescimento”, hoje é real. A crise de 2008 não é simplesmente uma crise do sistema financeiro, mas o começo de uma crise produzida pelos limites do crescimento, constantemente notável e sem remédio. O que se dá é a rebelião dos limites.

Leia o artigo completo.

Franz Hinkelammert morreu em 16 de julho de 2023, aos 92 anos de idade. Suas obras podem ser acessadas aqui.

Leia Mais:
Hugo Assmann

Jesus é visto pelos pesquisadores a partir da ótica neoliberal

Li a resenha que Jim West fez do recente livro de James Crossley, Professor da Universidade de Sheffield, Reino Unido, Jesus em uma Era de Neoliberalismo: Questões, saber e ideologia.

CROSSLEY, J. G. Jesus in an Age of Neoliberalism: Quests, Scholarship and Ideology. London: Equinox Publishing, 2012, 256 p. – ISBN 9781908049

O livro de Crossley é, segundo alguns biblistas que já o leram, uma brilhante crítica ideológica da pesquisa exegética. O autor mostra como a pesquisa atual sobre o Jesus histórico é moldada pela pós-modernidade e pelo neoliberalismo norte-americanos fortemente influenciados pelo consumismo. E ele não apenas analisa o que este tipo de discurso defende abertamente, mas, principalmente, o que ele esconde. Há um forte conservadorismo na pesquisa, inclusive onde ela aparece camuflada como ruptura com o status quo.

Jim West, por exemplo, conclui sua resenha com a seguinte observação:
Crossley’s work doesn’t simply need to be read, it needs to be digested and the implications of his research discussed and debated. Academic research itself is at stake and the future of academia under a shadow so long as academics are serfs of the status quo.

Em tradução livre:
A obra de Crossley não pode ser simplesmente lida, ela precisa ser digerida e as implicações de sua pesquisa discutidas e debatidas. É a pesquisa acadêmica em si que está em jogo e o futuro da academia ensombrecido, pois os acadêmicos são servos do status quo.

A editora diz do livro:
Jesus in an Age of Neoliberalism analyses the ideology underpinning scholarly and popular quests for the historical Jesus in a neoliberal age. The book focus is cultural and political concerns, notably postmodernism, multiculturalism and liberal masking of power. The study explores a range of issues: the dubious periodisation of the quest for the historical Jesus; “biblioblogging”; Jesus the “Great Man” and western individualism; image-conscious Jesus scholarship; the “Jewishness” of Jesus and the multicultural Other; evangelical and “mythical” Jesuses; and the contradictions between personal beliefs and dominant ideological trends in the construction of historical Jesuses.

Sumário do livro:

Preface
Chapter 1: Introduction: Jesus Quests and Contexts

PART I: From Mont Pelerin to Eternity? Contextualising an Age of Neoliberalism
Chapter 2: Neoliberalism and Postmodernity
Chapter 3: Biblioblogging: Connected Scholarship
Chapter 4: ‘Not Made by Great Men’? The Quest for the Individual Christ
Chapter 5: ‘Never Trust a Hippy’: Finding a Liberal Jesus Where You Might Not Think

PART II: Jesus in an Age of Neoliberalism
Chapter 6: A ‘fundamentally unreliable adoration’: ‘Jewishness’ and the Multicultural Jesus
Chapter 7: The Jesus Who Wasn’t There? Conservative Christianity, Atheism and Other Religious Influences

PART III: Contradictions
Chapter 8: ‘Forgive them; for they do not know what they are doing!’ Other Problems, Extremes and the Social World of Jesus
Chapter 9: Red Tory Christ

Chapter 10: Conclusion

Este livro pode ser lido com proveito ao lado de outra obra importante de James Crossley: Jesus in an Age of Terror: Scholarly Projects for a New American Century. London: Equinox Publishing, 2008, 256 p. – ISBN 9781845534295 (Hardcover) 9781845534301 (Paperback).

Saiba mais sobre James Crossley e o livro aqui e aqui.

Resenhas na RBL: 05.07.2012

As seguintes resenhas foram recentemente publicadas pela Review of Biblical Literature:

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The Days of Our Years: A Lexical Semantic Study of the Life Cycle in Biblical Israel
Reviewed by Paul Korchin

John Fitzgerald, Fika J. van Rensburg, and Herrie van Rooy, eds.
Animosity, the Bible, and Us: Some European, North American, and South African Perspectives
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John Horman
A Common Written Greek Source for Mark and Thomas
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The Letter to the Galatians
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Kristen H. Lindbeck
Elijah and the Rabbis: Story and Theology
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Mikeal C. Parsons, Martin M. Culy, and Joshua J. Stigall
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Hayim Tadmor; ed. Mordechai Cogan
“With My Many Chariots I Have Gone Up the Heights of the Mountains”: Historical and Literary Studies on Ancient Mesopotamia and Israel
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Leigh M. Trevaskis
Holiness, Ethics and Ritual in Leviticus
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Leslie W. Walck
The Son of Man in the Parables of Enoch and in Matthew
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