Gripe Suína e as Igrejas: Medidas Preventivas

Arquidioceses do país tomam medidas preventivas contra a Gripe A

Seguindo recomendação do ministro da saúde, José Gomes Temporão quando afirma não ser prudente permanecer em meio a aglomerado de pessoas, algumas arquidioceses do Brasil estão tomando medidas preventivas contra a Gripe A (Influenza A ou Gripe Suína). Por iniciativa dos bispos diocesanos, as medidas tomadas entre as arquidioceses são quase sempre as mesmas, ou seja: adiamento de Ordenações Sacerdotais; cancelamento de Romarias; cancelamento de Encontro; cancelamento de Peregrinações; a proibição da recepção da comunhão na boca e sim nas mãos; evitar o abraço da paz e dar as mãos à oração do Pai-Nosso; retirar a água benta da entrada das igrejas; e nas celebrações eucarísticas dominicais e novenas, as igrejas devem ficar o mais ventilada possível, entre outras. Em muitas regiões do país, onde a pandemia da Gripe A está mais contundente, algumas dioceses, como as de Ponta Grossa e de Criciúma (ambas no Paraná) pedem aos fiéis que estão gripados que permaneçam em casa, em recuperação. Já as arquidioceses de Belo Horizonte, de Florianópolis, da Paraíba e do Rio de Janeiro orientaram as paróquias a seguirem todas as medidas que informam o Ministério da Saúde. Mais informações ou dúvidas sobre a Gripe A, acesse o site Resposta a gripe suína.

Fonte: CNBB: 12/08/2009 10:18:58

Leia Mais:
Folha Online Especial – 2009: Gripe Suína

Abordando Yehud

Interessante a leitura do capítulo inicial da obra mencionada em post anterior, O paradigma bíblico exílio-restauração caducou? Escrito pelo organizador do livro, Jon L. Berquist, Approaching YehudAbordando Yehud [ou para quem não concorda com o galicismo “abordar”, pode ser “Olhando Yehud mais de perto” “Examinando Yehud”, ou algo do gênero] -, nas p. 1-5, faz uma boa síntese do que eram os estudos sobre a época persa desde o final do século XIX e que rumo tomaram nos últimos vinte e poucos anos. Lembro ao leitor que Yehud é o nome aramaico do Judá pós-monárquico.

Berquist começa seu texto lembrando que no final do século XIX e começo do século XX foram feitos interessantes estudos sobre a época persa. Ele cita três autores: Johann N. Strassmaier e seus dois volumes sobre as Inscrições de Ciro e Cambises [Inschriften von Cyrus; Inschriften von Cambyses. Leipzig, 1890]; Herbert Cushing Tolman, Ancient Persian Lexicon. New York, 1908; Arthur E. Cowley, Aramaic Papyri ot the Fifth Century B.C. Oxford, 1923.

E acrescenta que nos primeiros anos do século XX os estudiosos reconheciam a influência do Império Persa na organização social e política da Jerusalém dos séculos quinto e quarto a. C. e especulavam sobre as conexões possíveis entre o zoroastrismo e os nascentes judaísmo e cristianismo.

Entretanto, diz ele, estes estudos não exerceram grande influência sobre a corrente dominante dos estudos bíblicos, que refletiam muito mais a visão wellhauseniana [Julius Wellhausen: 1844-1918] de que o período mais importante da história de Israel fora a monarquia, sendo o época pós-exílica uma era menor, herança decadente daquela, e, além do mais, legalista, marca que acabou firmemente colada ao judaísmo nos meios acadêmicos.

Quando se chegou à metade do século XX, com raras exceções, a época persa em Yehud estava caracterizada como aquela da qual pouco podíamos saber e/ou dizer, sem nenhum fato histórico relevante, com escassa documentação extrabíblica ou arqueológica, sem nenhuma criação literária de peso e por aí afora. Este panorama estava ancorado no sólido conhecimento que pensávamos ter da época monárquica. Hoje, este “sólido conhecimento” anda meio perrengue!

Entre 1960 e 1980 os estudos bíblicos tinham construído um sólido consenso sobre o exílio e a restauração de Israel. Suas principais teses:
:: a deportação babilônica de 587/6 a.C. deixou praticamente vazia a terra de Israel
:: a comunidade deportada para a Babilônia era a herdeira legítima das antigas tradições israelitas
:: o período exílico foi fundamental na escrita e padronização da maior parte das antigas tradições literárias e teológicas
:: os exilados estavam unidos em seu projeto de reconstrução do Templo de Jerusalém como centro de sua experiência religiosa
:: este projeto se traduzia em algumas expectativas messiânicas
:: a ascensão do persa Ciro ao poder em 539 a. C. levou ao retorno em massa dos exilados judaítas na Babilônia
:: estas pessoas tornaram-se os líderes da comunidade de Jerusalém reestruturada como comunidade do Templo em seu desejo de restauração do Primeiro Templo

Enquanto isso, estudos sobre a história dos Aquemênidas – os governantes persas – avançavam. Especialmente a partir da década de 80 do século XX, como as pesquisas de Muhammad Dandamayev (1984; 1989), Pierre Briant (1992; 2002), o grupo de trabalho de Groningen que começou em 1983, os estudos socioantropológicos de grupos de estudo da SBL, proporcionando às novas gerações uma mudança de perspectiva.

Que talvez possa ser traduzida, em sua melhor forma, na mudança de paradigma do conceito de exílio e restauração para o de império e colônia [referia-me, especialmente a isto no post anterior sobre este livro]. Esta mudança levou a uma nova compreensão da realidade de Jerusalém e arredores na época persa. e produziu um número considerável de estudos sobre Yehud como colônia do Império Persa.

Estas novas perspectivas influenciaram muitos comentários, como os de David L. Petersen, Haggai and Zechariah 1-8. Philadephia, 1985; Carol L. Meyers & Eric M. Meyers, Haggai, Zechariah 1-8. New York, 1987; Joseph Blenkinsopp, Ezra-Nehemiah. Philadelphia, 1988. Ou monografias, como as de Daniel L. Smith-Christopher, The Religion of the Landless: The Social Context of the Babylonian Exile. Bloomington, 1989; Kenneth Hoglund, Achaemenid Imperial Administration in Syria-Palestine and the Missions of Ezra and Nehemiah. Atlanta, 1992; Jon L. Berquist, Judaism in Persia’s Shadow: A Social and Historical Approach. Minneapolis, 1995.

Os estudos da Escola de Copenhague – os chamados “minimalistas” – chamaram a atenção para as épocas persa e helenística como cruciais na construção da literatura que chamamos de Bíblia Hebraica. Como os estudos de Niels Peter Lemche e de Philip R. Davies, entre outros. Ou os que questionaram o mito da terra vazia durante o exílio, como Hans M. Barstad e Robert P. Carrol.

Todo este processo levou a época persa a reconquistar sua identidade, abandonando seu papel de transição entre a monarquia e o judaísmo e/ou cristianismo.

E embora um novo consenso não tenha sido construído em torno da época persa, há um significativo número de hipóteses de trabalho que são partilhadas pelos pesquisadores quando tratam do assunto, como:
:: as invasões babilônicas no começo do século VI a. C. removeram apenas uma minoria da população da região de Judá
:: apenas uma minoria de exilados judaítas na Babilônia migrou para Yehud a partir de 539 a. C. e este foi um lento processo, de décadas
:: a população de Jerusalém e arredores durante a época persa era muito menor do que se imaginava, caindo de dezenas de milhares para poucos milhares
:: o tempo do exílio produziu pouca literatura, mas muito daquilo que viria a se constituir como Bíblia Hebraica foi produzido a partir do século V a. C.
:: nunca houve unidade entre os habitantes do Yehud, sendo o conflito social uma marca constante deste período, inclusive em questões relativas à construção e funcionamento do Segundo Templo
:: a cultura de Yehud foi fortemente marcada pela política imperial persa e sua interferência social e ideológica na região pode ser percebida nos escritos da Bíblia Hebraica produzidos nesta época
:: conhecer a estrutura econômica de Yehud como colônia persa é fundamental para a compreensão da sociedade e da literatura da época
:: Yehud foi palco de conflitos e definições étnicas, sendo, por isso, seu estudo importante para entender o que acontece nos séculos seguintes.

A partir deste ponto, Jon L. Berquist vai apresentar brevemente os 11 ensaios e as 2 réplicas que constituem o livro. E que prefiro transcrever aqui a partir do sumário:

Ensaios:
:: Melody D. Knowles, Pilgrimage to Jerusalem in the Persian Period
:: Richard Bautch, Intertextuality in the Persian Period
:: Donald C. Polaski, What Mean These Stones? Inscriptions, Textuality and Power in Persia and Yehud
:: David Janzen, Scholars, Witches, Ideologues, and What the Text Said: Ezra 9–10 and Its Interpretation
:: Christine Mitchell, “How Lonely Sits the City”: Identity and the Creation of History
:: Brent A. Strawn, “A World Under Control”: Isaiah 60 and the Apadana Reliefs from Persepolis
:: Jean-Pierre Ruiz, An Exile’s Baggage: Toward a Postcolonial Reading of Ezekiel
:: John Kessler, Diaspora and Homeland in the Early Achaemenid Period: Community, Geography and Demography in Zechariah 1–8
:: Herbert R. Marbury, The Strange Woman in Persian Yehud: A Reading of Proverbs 7
:: Jennifer L. Koosed, Qoheleth in Love and Trouble
:: Jon L. Berquist, Psalms, Postcolonialism, and the Construction of the Self

Réplicas:
:: Alice W. Hunt, In the Beginning-Again
:: Julia M. O’Brien, From Exile to Empire: A Response

Jon L. Berquist faz ainda uma série de considerações sobre os temas tratados e os métodos utilizados pelos autores que produziram este texto.

Lembro também que há uma extensa bibliografia no final do livro, ocupando as páginas 215-246.

Resenhas na RBL – 06.08.2009

As seguintes resenhas foram recentemente publicadas pela Review of Biblical Literature:

Mieke Bal
Loving Yusuf: Conceptual Travels from Present to Past
Reviewed by Rebecca Raphael

Roland Boer
Last Stop Before Antarctica: The Bible and Postcolonialism in Australia
Reviewed by Steed Vernyl Davidson

Cilliers Breytenbach and Jörg Frey, eds.
Aufgabe und Durchführung einer Theologie des Neuen Testaments
Reviewed by Willard M. Swartley

Timothy Clack and Marcus Brittain, eds.
Archaeology and the Media
Reviewed by Yuval Gadot

Gudrun Holtz
Damit Gott sei alles in allem: Studien zum paulinischen und frühjüdischen Universalismus
Reviewed by Lars Kierspel

Joseph F. Kelly
The Birth of Jesus according to the Gospels
Reviewed by J. Samuel Subramanian

Andreas J. Kostenberger and Scott R. Swain, eds
Father, Son and Spirit: The Trinity and John’s Gospel
Reviewed by Martijn Steegen

Tom Thatcher, ed.
Jesus, the Voice, and the Text: Beyond The Oral and the Written Gospel
Reviewed by Stephan Witetschek

C. Adrian Thomas
A Case For Mixed-Audience with Reference to the Warning Passages in the Book of Hebrews
Reviewed by Gert J. Steyn

Felipe Blanco Wißmann
“Er tat das Rechte”: Beurteilungskriterien und Deuteronomismus in 1Kön 12-2Kön 25
Reviewed by Ernst Axel Knauf

Leslie S. Wilson
The Book of Job: Judaism in the Second Century BCE: An Intertextual Reading
Reviewed by F. Rachel Magdalene


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Era uma vez…

Tucanos e democratas avaliaram que a manutenção do clima de guerra no plenário do Senado não os beneficiava mais, pois estava jogando a imagem de todos na lata de lixo…

Fonte: Folha Online: Acordo pode dar absolvição definitiva a Sarney e Virgílio – 12/08/2009 – 08h33

Lições para 2010: depois de usar o PSOL, Suplicy, Marina, Mercadante e Cristovam para atacar Sarney, a bancada demotucano faz acordo para salvar a própria pele. E deixa os ex-aliados segurando a broxa…

Fonte: Carta Maior e o lugar das boas intenções nas disputas históricas – 12.08.2009