‘Excesso de zelo metodológico’
João Batista Libanio
Há marcante diferença entre certos ambientes acadêmicos de abertura e diálogo e a repercussão midiática de discussões aí travadas. Some-se a tal um traço da psicologia brasileira, pouco afeita ao debate sereno das ideias sem imiscuir aspectos pessoais, afetivos e emocionais. E quando o tema carrega por si mesmo explosivos ideológicos, o jogo soberano das ideias se faz ainda mais dificultado. Os dois artigos de Clodovis Boff e as críticas que lhes foram feitas por abalizados teólogos da libertação têm causado certa perplexidade num público pouco acostumado a tais confrontos. Até então a teologia da libertação parecia uma fortaleza na defesa dos pobres somente atacada por adversários situados no outro polo ideológico ou eclesial. E agora, alguém que tem um passado profundamente ligado á opção pelos pobres e não renuncia, de modo nenhum, a prosseguir aderindo a ela, traz reparos à maneira como teólogos da libertação têm procedido nesse campo. Santo Inácio aconselha aos orientadores dos Exercícios Espirituais respeitar a verdade do outro, ser acolhedor e mais disposto a salvar a proposição do próximo do que a condená-la (EE. EE. 22). Nesse espírito inaciano, com certa dose de mineirice, tentarei entrar no coração da afirmação dos contendentes, entendê-la e só depois oferecer observações…
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Fonte: Adital – 23/01/2009. O texto foi publicado, primeiro, pelo Jornal de Opinião – Belo Horizonte – edição 1025 – 26 de janeiro a 01 de fevereiro de 2009. Reproduzido também por Notícias – IHU On-Line: 24/01/2009.