Preste atenção nestas datas: 1878 > 1883 > 1974 > 1975 > 1976 > 1977
A teoria clássica das fontes JEDP do Pentateuco, elaborada no século XIX por Hupfeld, Kuenen, Reuss, Graf e, especialmente, Julius Wellhausen (1844-1918), vem sofrendo sérios abalos, de forma que hoje os pesquisadores consideram impossível assumir, sem mais, este modelo como ponto de partida. O consenso wellhauseniano sobre o Pentateuco foi rompido. Lembro que o primeiro livro de Julius Wellhausen sobre o tema foi publicado em 1878 (Geschichte Israels) e o mais importante em 1883 (Prolegomena zur Geschichte Israels).
Thomas L. Thompson (1939) chegou à conclusão de que as narrativas patriarcais estavam refletindo muito mais o primeiro do que o segundo milênio, e a datação tradicional dos patriarcas e sua historicidade caíram por terra. Seu livro foi publicado em 1974.
John Van Seters (1935) concluiu que o J deveria ser visto como um autor pós-D, e que a ‘Hipótese Documentária’ deveria ser totalmente revista. Van Seters publicou sua pesquisa em 1975.
Em 1976 e em 1977 apareceram os livros de Hans Heinrich Schmid (1937-2014) e de Rolf Rendtorff (1925-2014) sobre o mesmo assunto. H. H. Schmid chegou à conclusão de que o Pentateuco era o produto do movimento profético, assim como o era o livro do Deuteronômio, e de que o J deveria ser visto em estreita associação com a escola deuteronômica nos últimos anos da monarquia ou na época do exílio. Rolf Rendtorff não vê nenhuma conexão original entre Gênesis e Êxodo-Números, mas sim uma posterior costura deuteronomista ligando estas tradições. Donde se conclui que a ideia de fontes, tal como a J, deve ser abandonada, e que a formação do Pentateuco a partir de temas independentes é que deve ser pesquisada.
A crise do Pentateuco explodiu, então, em plena luz do dia e ninguém mais podia escapar da constatação de que a teoria clássica das fontes do Pentateuco, pelo menos em sua forma mais rígida, era insustentável.
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