Biblical Studies Carnival XXIX

Seleção dos melhores posts de abril de 2008. Feita, com muita competência e abrangência, por Jim West, em seu biblioblog.

Devo lembrar, entretanto, que há pequeno equívoco na menção de meu post de 20 de abril, O Êxodo do Egito: da Bíblia à arqueologia, provavelmente provocado pela estranheza da língua portuguesa nos meios acadêmicos fora do Brasil.

Diz Jim: “Airton Jose da Silva points to an interesting assertion- that archaeology proves that Moses didn’t exist. Enjoy, if you dare. But be forewarned, archaeology cannot prove a negative”.

Jim alerta que a arqueologia não pode provar uma negativa. Perfeito. Só que o artigo é do Reinaldo José Lopes, do G1, canal de notícias do sistema Globo, e tem por título Moisés pode não ter existido, sugere pesquisa arqueológica. Que não deve ser entendido, obviamente, como archaeology proves that Moses didn’t exist [arqueologia prova que Moisés não existiu], mas archaeology suggests that Moses didn’t exist [arqueologia sugere que Moisés não existiu].

O que estou fazendo lá? O articulista apenas consultou dois biblistas que lidam com o assunto em seus estudos: Milton Schwantes e eu. Contribuímos com três ou quatro parágrafos do texto, se tanto.

Além do que, a temática do ensaio nem é propriamente a figura de Moisés, mas a questão das origens de Israel, em perfeita sintonia com as conclusões de Israel FINKELSTEIN & Neil Asher SILBERMAN, The Bible Unearthed. Archaeology’s New Vision of Ancient Israel and the Origin of Its Sacred Texts. Livro que o Reinaldo, editor de ciências do G1, me assegurou ter lido no original inglês, embora exista tradução brasileira, mas que apresenta falhas tanto na precisão [da tradução] quanto na escolha do título, A Bíblia não tinha razão.

Mais interessante, Jim, é observar as furiosas reações dos fundamentalistas nas centenas de comentários feitos ao ensaio. Conto ali até às 16h02 do dia 01/05/2008, 703 comentários! E proveitoso é comparar estes comentários com os desafios que o fundamentalismo propõe ao biblista e à academia, como analisado aqui e aqui. O que me levou a escrever outro post, com o título de Fundamentalismo: um desafio permanente.