A história dos quatro papas que renunciaram

Quer conhecer a história dos quatro papas que renunciaram antes de Bento XVI?*

Leia o artigo de Frei Betto: Papas também renunciam, publicado na Brasil de Fato em 12/02/2013.

“O papa não adoece, até que morra”, diz um provérbio romano. João Paulo II, homem midiático, não temeu expor–se enfermo aos olhos do mundo. Agora, Bento XVI dá um testemunho de humildade e, admitindo as limitações de seu precário estado de saúde, anuncia que renunciará no último dia de fevereiro.

Na história da Igreja quatro papas renunciaram ao ministério petrino: Bento IX (1º de maio de 1045), Gregório VI (20 de dezembro de 1046), Celestino V (13 de dezembro de 1294) e Gregório XII (4 de Julho de 1415). Bento XVI será o quinto, a partir de 28 de fevereiro.

Sagrado papa aos 20 anos, em 1032, Bento IX não primava pela ética e muito menos pela moral. Sua vida era um escândalo para a Igreja. O povo romano expulsou-o da cidade em 1044. No ano seguinte, voltou a ocupar o trono de Pedro e, meses depois, renunciou. Retornou ao papado em 1047, do qual foi deposto definitivamente no mesmo ano.

João Graciano, padrinho de Bento IX, pagou considerável quantia de dinheiro para que o afilhado lhe cedesse o lugar. Eleito papa em maio de 1045, adotou o nome de Gregório VI e governou a Igreja até dezembro de 1046, quando o afilhado o derrubou sob acusação de simonia.

Morto Nicolau IV, em 1292, cardeais italianos e franceses fizeram do consistório arena de disputas pelo poder, movidos mais por interesses políticos que pelas luzes do Espírito Santo. Após dois anos e três meses de impasse na eleição do novo papa, Pedro Morrone, eremita italiano, de sua caverna nas montanhas enviou carta ao consistório, instigando-o a não abusar da paciência divina.

Os cardeais viram na carta um sinal de Deus e decidiram fazer do monge o novo chefe da Igreja. Pedro Morrone relutou, não queria abandonar sua vida de pobreza e silêncio, mas os prelados o convenceram de que o consenso em torno de seu nome tiraria a Igreja do impasse.

Com o nome de Celestino V, tornou-se papa em agosto de 1294. Menos de quatro meses depois, a politicagem vaticana o levou ao limite de sua resistência. Em consulta a seus eleitores, levantou a pergunta-tabu: pode o papa renunciar?

O colégio cardinalício não se opôs e, numa bula histórica, Morrone justificou-se, alegando deixar o trono de Pedro para salvar sua saúde física e espiritual. A 13 de dezembro do mesmo ano retornou à solidão contemplativa nas montanhas. Vinte anos depois foi canonizado, exaltado como exemplo de santidade. A 19 de maio a Igreja celebra a festa de São Pedro Celestino.

Também o papa Gregório XII renunciou, no início do século XV – período em que três papas reivindicavam legitimidade – para evitar que o cisma na Igreja se aprofundasse.

Joseph Ratzinger, atual Bento XVI, é sobretudo um teólogo. Enquanto papa, não deixou de escrever, tanto que lançou uma trilogia sobre Jesus. São raros os papas-autores, sem considerarmos os documentos pontifícios, como encíclicas, bulas e alocuções, quase sempre redigidos por assessores.

Em geral, intelectuais não se dão bem com funções de poder. As questões administrativas parecem enfadonhas diante de tantos livros por ler e escrever. O político quer administrar; o intelectual, criar. Ratzinger talvez tenha decidido reservar o que lhe resta de tempo de vida para recolher-se à oração e à produção teológica.

Inicia-se agora a mais sutil campanha eleitoral: a da eleição do sucessor de Bento XVI. Entre os atuais 209 cardeais da Igreja Católica, 118 têm direito a voto, pois ainda não completaram 80 anos.

Entre os eleitores figuram cinco brasileiros: Geraldo Magella, arcebispo emérito de Salvador (79); Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo (78); Raymundo Damasceno, cardeal-arcebispo de Aparecida (76); João Braz Avis, ex-arcebispo de Brasília, atualmente em Roma como Prefeito da Congregação para a Vida Consagrada (64); e Odilo Scherer, cardeal-arcebispo de São Paulo (63).

Com certeza o novo papa fará sua primeira viagem pontifícia ao Rio de Janeiro, em julho, para a Jornada Mundial da Juventude.

* Há divergências entre os historiadores sobre quantos e quais papas renunciaram. Veja outras versões aqui, aqui e aqui.

A renúncia de Bento XVI: artigos e análises

Artigos e análises, alguns úteis, outros nem tanto, para a compreensão do que significa a renúncia de Bento XVI, podem ser vistos aqui,colocando na busca do site “a renúncia de bento xvi”

Leia Mais:
Dimissioni del Papa – Google em italiano
O fim de um pontificado de transição: de onde saiu e para onde nos leva? –  Sérgio Ricardo Coutinho

Papa Bento XVI anuncia renúncia

O Papa Bento XVI anunciou nesta segunda-feira, dia 11, que renunciará ao pontificado no dia 28 de fevereiro de 2013, às 20h00, horário de Roma.

Eis o texto integral do anúncio:

Caríssimos Irmãos, convoquei-vos para este Consistório não só por causa das três canonizações, mas também para vos comunicar uma decisão de grande importância para a vida da Igreja. Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idôneas para exercer adequadamente o ministério petrino.

Estou bem consciente de que este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando. Todavia, no mundo de hoje, sujeito a rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor quer do corpo quer de ânimo; vigor este, que, nos últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado. Por isso, bem consciente da gravidade deste ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro, que me foi confiado pela mão dos Cardeais em 19 de Abril de 2005, pelo que, a partir de 28 de Fevereiro de 2013, às 20,00 horas, a sede de Roma, a sede de São Pedro, ficará vacante e deverá ser convocado, por aqueles a quem tal compete, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice.

Caríssimos Irmãos, verdadeiramente de coração vos agradeço por todo o amor e a fadiga com que carregastes comigo o peso do meu ministério, e peço perdão por todos os meus defeitos. Agora confiemos a Santa Igreja à solicitude do seu Pastor Supremo, Nosso Senhor Jesus Cristo, e peçamos a Maria, sua Mãe Santíssima, que assista, com a sua bondade materna, os Padres Cardeais na eleição do novo Sumo Pontífice. Pelo que me diz respeito, nomeadamente no futuro, quero servir de todo o coração, com uma vida consagrada à oração, a Santa Igreja de Deus.

Vaticano, 10 de Fevereiro de 2013.

BENEDICTUS PP XVI

O anúncio foi feito em latim. Veja abaixo.

Fratres carissimi

Non solum propter tres canonizationes ad hoc Consistorium vos convocavi, sed etiam ut vobis decisionem magni momenti pro Ecclesiae vitae communicem. Conscientia mea iterum atque iterum coram Deo explorata ad cognitionem certam perveni vires meas ingravescente aetate non iam aptas esse ad munus Petrinum aeque administrandum.

Bene conscius sum hoc munus secundum suam essentiam spiritualem non solum agendo et loquendo exsequi debere, sed non minus patiendo et orando. Attamen in mundo nostri temporis rapidis mutationibus subiecto et quaestionibus magni ponderis pro vita fidei perturbato ad navem Sancti Petri gubernandam et ad annuntiandum Evangelium etiam vigor quidam corporis et animae necessarius est, qui ultimis mensibus in me modo tali minuitur, ut incapacitatem meam ad ministerium mihi commissum bene administrandum agnoscere debeam. Quapropter bene conscius ponderis huius actus plena libertate declaro me ministerio Episcopi Romae, Successoris Sancti Petri, mihi per manus Cardinalium die 19 aprilis MMV commissum renuntiare ita ut a die 28 februarii MMXIII, hora 29, sedes Romae, sedes Sancti Petri vacet et Conclave ad eligendum novum Summum Pontificem ab his quibus competit convocandum esse.

Fratres carissimi, ex toto corde gratias ago vobis pro omni amore et labore, quo mecum pondus ministerii mei portastis et veniam peto pro omnibus defectibus meis. Nunc autem Sanctam Dei Ecclesiam curae Summi eius Pastoris, Domini nostri Iesu Christi confidimus sanctamque eius Matrem Mariam imploramus, ut patribus Cardinalibus in eligendo novo Summo Pontifice materna sua bonitate assistat. Quod ad me attinet etiam in futuro vita orationi dedicata Sanctae Ecclesiae Dei toto ex corde servire velim.

Ex Aedibus Vaticanis, die 10 mensis februarii MMXIII

BENEDICTUS PP XVI

É necessário ter a história como horizonte de pensamento

A Igreja na encruzilhada e o temor da irrelevância social

“Sem ter o mundo e a história como horizonte de vida e pensamento cai-se na mediocridade. E então vestes e horários ficam mais importantes que as alegrias e dores do povo de Deus”.

“Na atual conjuntura eclesial parece em curso um processo de mediocrização crescente: imposição acrítica da doutrina, a falta de uma hermenêutica séria na pregação da Palavra, valorização do espetáculo e pompas rituais, as grandes concentrações e a decadência de uma educação teológica de caráter sapiencial e reflexivo ilustram o quadro”.

Leia a entrevista de Luiz Roberto Benedetti em Notícias: IHU On-Line – 25/01/2013

Quem é Luiz Roberto Benedetti?

 

Aí o mineiro perguntou: como se faz um bispo, sô?

Entre o templo e os escribas, fico com os profetas (Jaime Pinksy)

VITAL, J. D. Como se faz um bispo: segundo o alto e o baixo clero. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012, 364 p. – ISBN 9788520010891.

Acabei de ler os 24 capítulos do livro de J. D. Vital, Como se faz um bispo, segundo o alto e o baixo clero.  O livro é, em boa parte, uma mistura de saborosas estórias eclesiásticas embrulhadas no jeito mineiro de contar causos. Mas, de vez em quando, faz reflexões sérias. Muito sérias, como o último capítulo, A conversão dos bispos (p. 333-356).

Um livro que faz pensar.

Pelo menos para quem, como eu, que vive desde 1962 neste meio, tendo morado em lugares repetidamente citados pelo autor. Além de Patos de Minas, minha terra, nos seminários de Diamantina e Mariana. E em Roma, onde morei 6 anos no Pio Brasileiro, enquanto estudava na Gregoriana e no Bíblico. E foi em Roma, de 1970 a 1976, que convivi com boa parte das pessoas citadas e entrevistadas. Outras, conheci em Minas Gerais. Do alto e do baixo clero brasileiro.

Figuras que são grandes em vida e continuam grandes após a morte na memória dos bons, saem engrandecidas neste livro, e isto me alegra. Como Alberto Antoniazzi, José Comblin, João Batista Libânio, Leonardo Boff, Hans Küng, Frei Rosário Joffily, Carlo Maria Martini, dom Helder Câmara, dom Paulo Evaristo Arns, dom Luciano Mendes de Almeida, dom Oscar Romero, dom José Maria Pires, dom Sérgio da Rocha, dom Aloísio Lorscheider, dom Ivo Lorscheiter, dom Angélico Sândalo Bernardino, dom Demétrio Valentini, dom Moacir Grecchi, dom Mauro Morelli, dom Pedro Casaldáliga, dom Tomás Balduíno e tantos outros.

Eles fazem parte de um grupo maior de teólogos “que pensam” e de cardeais, arcebispos e bispos com “luz própria”, como insiste o autor. Assino embaixo.

Por outro lado, para um biblista como eu, estudioso e admirador dos profetas, fica uma certa sensação de desalento: séculos de história construíram enorme distância entre o projeto evangélico – tal como aparece, por exemplo, nos 4 evangelhos canônicos – e a luta pelo poder que se vê em certos meios eclesiásticos, fazendo persistir, entre outros desafios para a Igreja, como teimosa tiririca, a invidia clericalis

O autor parece que contou, com honestidade e empenho de jornalista sério, o que conseguiu escavar.

Se em alguns casos, a coisa possa ter sido mais complicada do que está no livro, talvez seja porque o autor não conheça todo o imbróglio acontecido, ou, mais provavelmente, não tenha considerado conveniente acender lamparina em cômodos tão escuros desta complexa casa.

Percebo também que, em outras situações, preferiu-se uma versão mais “mineira”, quer dizer, mais moderada, dos causos, isto porque gente de juízo não cava tão fundo em cova recente!

Estas são apenas anotações escritas a lápis no final do livro, na sexta-feira, dia 11.01.2013, quando terminei a leitura.

Recomendo uma boa resenha, feita por João Batista Libânio, que pode ser lida aqui. E outra, de Fernando Altemeyer Junior, que pode ser lida aqui.

O livro certamente será lido com proveito por quem vive no meio eclesiástico ou não.

E a peleja continua

A guinada conservadora católica, o acelerado declínio numérico da filial brasileira da Santa Sé e a avalanche pentecostal acirraram a competição entre católicos e evangélicos a partir de 1980. Essa peleja deflagrou uma disputa religiosa pelo espaço público e uma desenfreada ocupação religiosa da mídia e da política partidária. Desde então tele-evangelistas, padres-celebridades e cantores gospel tornaram-se onipresentes na mídia eletrônica, emissoras de TV pentecostais e católicas brotaram como cogumelos, rebanhos religiosos viram-se tratados como currais eleitorais, igrejas passaram a formar bancadas parlamentares, a expandir seu poder nos legislativos e a controlar partidos, discursos moralistas reacionários de inspiração bíblica tomaram de assalto as eleições. A ocupação religiosa do espaço público, sobretudo nas capitais e regiões metropolitanas, tornou-se ainda mais monumental, mais espetacular e mais triunfalista. Tudo para causar o maior impacto evangelístico, gerar a maior visibilidade pública e revestir seus líderes e suas organizações religiosas de maior poder, status e legitimidade. Foi por isso que católicos, liderados por carismáticos e suas comunidades, e neopentecostais, turbinados pela famigerada teologia da prosperidade, trataram de investir pesado em megaeventos, megasshows, megamarchas e megamissas e torrar fortunas na construção de imponentes santuários e catedrais.

Leia o texto completo de Ricardo Mariano: Padre Marcelo busca catolicismo de massas, mas menos atento às questões sociais – Folha.com: 03/11/2012 – 04h30

Entrevista com Dom Pedro Casaldáliga

Dom Pedro Casaldáliga – “O problema é ter medo do medo”

A entrevista foi feita por Ana Helena Tavares e publicada por Quem tem medo da democracia? em 21.10.2012.

O QTMD? foi ver e ouvir de perto um pouco da história de Dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito de São Félix do Araguaia, que optou por viver “descalço sobre a terra vermelha”. Descalço, quer dizer sem consumismo. Sobre a terra vermelha, uma terra ensopada de suor e de sangue.

Para ele, todos os partidos e governos têm três dividas com o povo: a da reforma agrária, a da causa indígena e a dos pequenos projetos.

Leia a entrevista.

 

Entidades divulgam nota de solidariedade a dom Pedro Casaldáliga

Ao se aproximar a desintrusão da Terra Indígena Marãiwatsèdè, após mais de 20 anos de invasão, quando os não indígenas estão para ser retirados desta área, multiplicam-se as manifestações de fazendeiros, políticos e dos próprios meios de comunicação contra a ação da justiça.


Neste momento de desespero, uma das pessoas mais visadas pelos invasores e pelos que os defendem é Dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito de São Félix do Araguaia, a quem estão querendo, irresponsável e inescrupulosamente, imputar a responsabilidade pela demarcação da área Xavante nas terras do Posto da Mata.


As entidades que assinam esta nota querem externar sua mais irrestrita solidariedade a Dom Pedro. Desde o momento em que pisou este chão do Araguaia e mais precisamente, desde a hora em que foi sagrado bispo da Prelazia de São Félix do Araguaia, sua ação sempre se pautou na defesa dos interesses dos mais pobres, os povos indígenas, os posseiros e os peões. Todos sabem que Dom Pedro e a Prelazia sempre deram apoio a todas as ocupações de terra pelos posseiros e sem terra e como estas ocupações foram o suporte que possibilitou a criação da maior parte dos municípios da região…

Leia a nota completa.

Notícias dão conta de que Dom Pedro Casaldáliga, ameaçado de morte pelos invasores, foi retirado da região e está sob proteção da Polícia Federal em local não divulgado.

Leia Mais:
Dom Pedro Casaldáliga recebe ameaças

Igreja, Cultura e Sociedade na IHU On-Line

Igreja, Cultura e Sociedade é o tema de capa da revista IHU On-Line, n. 403, de 24.09.2012

De 2 a 5 de outubro, o Instituto Humanitas Unisinos – IHU promove o XIII Simpósio Internacional IHU: Igreja, cultura e sociedade. A semântica do Mistério da Igreja no contexto das novas gramáticas da civilização tecnocientífica. No 50º aniversário do início do Concílio Vaticano II, a Unisinos debate as várias formas e possibilidades de interlocução da Igreja com a sociedade e a cultura contemporânea. A revista IHU On-Line desta semana subsidia a discussão do tema central do evento com a participação de pesquisadores/as de várias áreas do conhecimento.

As entrevistas:

  • Paul Valadier: “A Igreja Católica só terá credibilidade se admitir em seu seio o pluralismo”
  • George Coyne: O ocaso de um Deus newtoniano
  • Marcelo Gleiser: O perigo do obscurantismo e da prepotência
  • Peter C. Phan: “Ser religioso é ser inter-religioso”
  • Mário de França Miranda: “A Igreja muda para poder continuar sendo Igreja”
  • Roger Haight: “A Igreja institucional permanece escandalosamente inalterada”
  • Mary Ann Hinsdale: Mulheres teólogas: líderes em quase todas as áreas atuais da teologia
  • Manuel Hurtado: “Narrar o Jesus dos evangelhos é narrar como Deus acontece no meio de nós”
  • Yara Caznok: Beethoven: modernidade e ousadia nas semânticas do Mistério na música
  • Massimo Pampaloni: O cinema como lugar de possibilidade de expressão do Mistério
  • Joe Marçal: As semânticas do mistério no cinema
  • Antonio Spadaro: A compatibilidade da fé à luz da lógica da rede
  • Getúlio Antônio Bertelli: O silêncio de Deus e o seu sofrimento junto dos inocentes
  • Lúcia Pedrosa de Pádua: Teresa de Ávila, mulher “eminentemente humana e toda de Deus”
  • Luiz Carlos Susin: A semântica do sacrifício na obra da salvação

Mobilidade religiosa no Brasil

Um livro que merece atenção:

DE OLIVEIRA, P. A. R. ; DE MORI, G. (orgs.) Mobilidade religiosa: linguagens, juventude, política. São Paulo: Paulinas/Soter, 2012, 296 p. – ISBN 9788535632286.

Diante da recente divulgação do Novo Mapa Religioso Oficial do Brasil – Censo IBGE 2010, afloram novas questões que desafiam as Ciências da Religião e a Teologia a desenvolver chaves teóricas de leitura do processo de reconfiguração dos sistemas religiosos e do trânsito religioso que o acompanha: o que revelam esses dados? Como interpretar as linguagens daí decorrentes, bem como as novas formas de organização da pertença religiosa, seu maior ou menor grau de institucionalização, seu aporte à transformação social? Que influência essa massiva presença do religioso tem na formação de valores éticos e que relações estabelece com a política? Como os jovens se situam dentro desse processo de redesenho do panorama religioso nacional?

Interpretar a atual distribuição de afiliação religiosa do Brasil é um desafio, seja do ponto de vista da constatação quantitativa, seja de sua compreensão de fundo, um desafio a que se propôs um grupo de especialistas no livro Mobilidade religiosa – linguagens, juventude, política. Suas ideias são apresentadas não como pontos de chegada, mas, antes, como estímulo a que teólogos e cientistas da religião levem em conta ao pensar o impacto da articulação entre teologia e ciências da religião em nosso País. O resultado do Censo do IBGE revela que temos sob os olhos notáveis processos de recomposição e de inovações religiosas, como a Teologia da Libertação, a renovação carismática e o pentecostalismo, que põem em cheque a pertinência para a realidade brasileira atual de teorias elaboradas no contexto europeu do pós-guerra.

O título da obra, organizada por Pedro A. Ribeiro de Oliveira e Geraldo De Mori, foi tema do 25º Congresso da SOTER (Sociedade de Teologia e Ciências da Religião). Ao escolhê-lo como eixo para 2012, a assembleia da SOTER apontou três tópicos em que ele ganha grande relevância na atualidade: as relações entre religião, política e cotidiano; a linguagem religiosa e espiritual, e sua hermenêutica; e o lugar da religião e da espiritualidade nas juventudes, tema que desperta cada vez maior atenção.

Política e Religião: barafunda paulistana 2012

Para acompanhar a barafunda entre política, religião e (interesses da) mídia, que está acontecendo, nestes dias, nas eleições municipais de São Paulo em 2012, uns bons links – para análise – podem ser encontrados aqui (é apenas uma busca em Notícias: IHU).

Quem achar “barafunda” termo inadequado, pode escolher outro aqui.