Roma e os anglicanos

Quem quiser ler sobre o assunto, recomendo os muitos artigos publicados por diversas fontes e reunidos pelo site da Unisinos em IHU.

Há de tudo… prós, contras e… acho que até o famoso “muito antes pelo contrário”!

 

Novas comunidades católicas

Novas comunidades católicas: a busca de um espaço. Este é o tema de capa da edição 307 da revista IHU On-Line, publicada em 08/09/2009

Diz o editorial:
“Na busca por um espaço no plural universo religioso brasileiro, as novas comunidades católicas têm ganhado destaque no cenário de oferta em que protestantes e neopentecostais também buscam seu lugar no coração dos fiéis. Seria uma renovação da Igreja Católica, na tentativa de se adaptar às novas características da sociedade contemporânea, pós-moderna? Ou será um convite à reafirmação dos valores católicos pregados há vinte séculos pela Igreja? Na tentativa de compreender o crescimento destas novas comunidades, que em sua maioria derivam da já conhecida Renovação Carismática Católica – RCC, a IHU On-Line desta semana entrevistou diversos especialistas no assunto.

Um panorama geral é o que nos oferecem Luiz Roberto Benedetti, filósofo e professor na PUC-Campinas, Brenda Carranza, teóloga e professora na mesma instituição, Cecília Mariz, professora na UERJ, e José Rogério Lopes, professor na Unisinos. Por sua vez, Rodrigo Portella fala sobre o movimento Toca de Assis. Emerson José Sena da Silveira, professor na Faculdade Machado Sobrinho – FMS, e no Instituto Sudeste Mineiro – Faculdade do Sudeste Mineiro – ISMEC / FACSUM, descreve o que seria o catolicismo new age e o Tarô dos Santos. Os Grupos de Oração Universitários (GOUs) são o tema de Carlos Eduardo Procópio e Eduardo Gabriel analisa o envio de missionários brasileiros para o mundo por intermédio da RCC e da Canção Nova”.

As entrevistas:
:: Luiz Roberto Benedetti: Novas comunidades católicas: “tradução” mais visível da influência das mudanças sociais sobre a religião
:: Brenda Carranza: Uma novidade na estrutura de vida consagrada na Igreja
:: Cecília Mariz: “O ideário das novas comunidades é o ideário comunitário do cristianismo primitivo”
:: Rodrigo Portella: Toca de Assis: viver uma vida pautada na diferença
:: Emerson José Sena da Silveira: O catolicismo new age e o Tarô dos Santos
:: José Rogério Lopes: Uma reflexividade comunitária e laica
:: Carlos Eduardo Procópio: A transformação da universidade num campo de missão a partir do conhecimento
:: Eduardo Gabriel: RCC, Canção Nova e o envio de missionários brasileiros ao mundo

Sobre a Toca de Assis: Pe. Roberto, seu idealizador, foi meu aluno na FTCR da PUC-Campinas. Ah, mas antes que concluam algo, lembrem-se de que Brenda Carranza também foi minha aluna!

Como costumamos dizer em nosso meio, Roberto foi um daqueles estudantes que “passam” pela Teologia, não “fazem” Teologia.

Claro que não foi o primeiro e nem será o último. Há um grupo, embora minoritário, que é realmente “imune” à Teologia, que faz o curso apenas porque é exigência da Igreja.

Já debatemos isto em várias reuniões. São muitas as razões do fenômeno. E varia de pessoa para pessoa, de situação para situação. Bem, a avaliação do resultado, neste caso, fica por conta do leitor.

A propósito, destaco na análise de Rodrigo Portella, o seguinte trecho, pois diz respeito também ã Bíblia:

IHU On-Line – Por que há uma certa “desconfiança” em relação ao conhecimento acadêmico e ao estudo de um tipo particular de teologia dentro dessa comunidade [Toca de Assis]?

Rodrigo Portella – A Toca de Assis, ainda que extraoficialmente, tem a tendência em proibir estudos formais aos seus membros. Alega-se, entre outras coisas, que, por ser uma fraternidade não clerical (apenas de irmãos e irmãs) o estudo seria desnecessário; que o estudo tiraria tempo para a vivência integral do carisma da organização, isto é, servir à população em situação de rua e a adoração perpétua aos elementos eucarísticos; que os estudos poderiam criar diferenças entre os irmãos e fomentar vaidades. Deve-se ressaltar, ainda, que os toqueiros, intentando viver completamente da divina providência, considerariam o estudo formal algo dentro das estruturas racionais, contradizendo, assim, uma vida de absoluta dependência do providencial. Quanto à teologia, em particular, não a desconsideram. Porém, têm uma grande suspeita em relação à teologia acadêmica, principalmente aquela mais influenciada por elementos conceituais das ciências humanas e sociais. Entendem que a teologia mais acadêmica estaria em contradição com a doutrina que consideram tradicional na Igreja, vendo uma influência maléfica dos estudos acadêmicos na própria vida do clero, que teria cada vez mais uma visão crítica da Bíblia, das doutrinas católicas e da Igreja [destaque meu]. A Toca de Assis não é contra a teologia, mas desconfia de certa instrumentalização nociva que teólogos e teólogas estariam realizando no seio da Igreja. E isto por influência do Diabo.

Sem o Vaticano II a Igreja poderia ter desaparecido

Na realidade, o que acontece é que tudo o que houve durante e depois do Concílio preparou a Igreja, até certo ponto, para enfrentar as mudanças que se aceleravam cada vez mais. Independentemente de se aceitar ou não a pós-modernidade como etapa ou crítica da modernidade, o fato é que esta atinge todas as esferas da vida social. Literalmente põe em questão a forma de estar no mundo por parte das igrejas, não apenas a católica. Todas. Mesmo as oriundas historicamente da Reforma – que pode ser vista como a primeira “etapa” da Revolução Burguesa – não escapam ao desafio de recolocar-se no mundo atual. Sem o Concílio não estaríamos minimamente preparados para enfrentar os desafios éticos que as mudanças sociais colocam ao pensamento e ação dos cristãos. O clima de liberdade nos tempos de João XXIII e Paulo VI “prepararam”, até certo ponto, a Igreja Católica para enfrentar os desafios da realidade atual. Há muito de ingenuidade e, sobretudo, de má fé atribuir a eles os problemas vividos pela Igreja. Agora, não sei se é possível falar de renovação….”

Leia a entrevista feita pela IHU On-Line com Luiz Roberto Benedetti, sociólogo da religião, Doutor pela USP, Professor da PUC-Campinas, meu colega durante 27 anos na FTCR. Grande pesquisador. Meu amigo.

As religiões da profecia

As religiões da profecia: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo: este é o tema de capa da revista IHU On-Line, edição 302, de 3 de agosto de 2009. Veja:

. Michel Cuypers: Corão e Bíblia: similaridades?
. Paulo Gabriel Hilu da Rocha Pinto: O Islã: representações de uma Religião Universal
. Carlos Frederico Barboza de Souza: Sufismo: uma mística que busca o equilíbrio
. Guershon Kwasniewski: Chegamos ao topo da babel. É preciso retornar
. Ruben Najmanovich: Deus faz parte do desenvolvimento humano
. Pedro Rubens: “O papel social da religião mudou”
. Claude Geffré: O diálogo inter-religioso e a consciência humana universal
. Karl-Josef Kuschel: O papel contemporâneo da religião
. Joe Marçal: Diálogo inter-religioso: uma questão de saúde pública e planetária
. Marcel Gauchet: As religiões não são mais determinantes para a vida coletiva
. Michael Löwy: O retorno do religioso

Uma amostra:
IHU On-Line – A Teologia da Libertação pode se apresentar como uma “releitura do Cristianismo”?

Michael Löwy – O Cristianismo da Libertação – vasto movimento social que encontrou na Teologia da Libertação sua expressão mais sistemática – é uma releitura do Cristianismo à luz da situação dos pobres na América Latina e nos países do Sul, referindo-se em particular ao paradigma do Êxodo, aos profetas bíblicos e a práticas das primeiras comunidades cristãs. O Cristianismo da Libertação utiliza alguns conceitos essenciais do marxismo, ao mesmo tempo para entender as causas da pobreza – o capitalismo – e para imaginar uma utopia social, uma sociedade sem classes, livre e igualitária.

Não há conversão, só negociação

Neopaganismo evangélico

Teologia pentecostal se afasta da tradição judaico-cristã ao atribuir ao mal uma potência independente de Deus e dos homens, afirma José Arthur Giannotti, professor emérito da USP e pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento – CEBRAP, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 02.08.2009.

 

Estava passeando pela TV quando dei com um culto da Igreja Mundial do Poder de Deus. Teria rapidamente mudado de canal se não tivesse acabado de ler o interessante livro de Ronaldo de Almeida, “A Igreja Universal e seus Demônios – Um Estudo Etnográfico” [ed. Terceiro Nome, 152 págs., R$ 28], que me abriu os olhos para o lado especificamente religioso dos movimentos pentecostais. Até então, via neles sobretudo superstição, ignorando o sentido transcendente dessas práticas religiosas.

No culto da TV, o pastor simplesmente anunciou que, dado o aumento das despesas da igreja, no próximo mês, o dízimo subia de 10% para 20%. Em seguida, começou a interpelar os crentes para ver quem iria doar R$ 1.000, R$ 500 e assim foi descendo até chegar a R$ 1.

Notável é que o dízimo não era pensado como doação, mas simplesmente como devolução: já que Deus neste mês dera-lhe tanto, cabia ao fiel devolver uma parte para que a igreja continuasse no seu trabalho mediador. Em suma, doar era uma questão de justiça entre o fiel e Deus.

Em vez de o salário ser considerado como retribuição ao trabalho, o é tão só como dádiva divina, troca fora do mercado, como se operasse numa sociedade sem classes. Isso marca uma diferença com os antigos movimentos protestantes, em particular o calvinismo, para os quais o trabalho é dever e a riqueza, manifestação benfazeja do bom cumprimento da norma moral.

Se o salário é dádiva, precisa ser recompensado. Não segundo a máxima franciscana “é dando que se recebe”, pois não se processa como ato de amor pelo outro. No fundo vale o princípio: “Recebes porque doastes”. E como esse investimento nem sempre dá bons resultados, parece-me natural que o crente mude de igreja, como nós procuramos um banco mais rentável para nossos investimentos.

O crente doa apostando na fidelidade de Deus. Os dísticos gravados nos carros, “Deus é fiel”, não o confirmam? Mas Dele espera-se reciprocidade, graças à mediação da igreja, cada vez mais eficaz conforme se torna mais rica. Deus é pensado à imagem e semelhança da igreja, cujo capital lança uma ponte entre Ele e o fiador.

Anticalvinismo

Além de negar a tradicional concepção calvinista e protestante do trabalho, esse novo crente não mantém com a igreja e seus pares uma relação amorosa, não faz do amor o peso de sua existência.

Sua adesão não implica conversão, total transformação do sentido de seu ser; apenas assina um contrato integral que lhe traz paz de espírito e confiança no futuro. Em vez da conversão, mera negociação. Essa religião não parece se coadunar, então, com as necessidades de uma massa trabalhadora, cujos empregos são aleatórios e precários?

Outro momento importante do livro é a crítica da Igreja Universal ao candomblé, tomado como fonte do mal. Essa crítica não possui apenas dimensões política e econômica, assume função religiosa, pois dá sentido ao pecado praticado pelo crente. O pecado nasce porque o fiel se afasta de Deus e, aproximando-se de uma divindade afro-brasileira, foge do circuito da dádiva. Configura fraqueza pessoal, infidelidade a Deus e à igreja.

Nada mais tem a ver com a ideia judaico-cristã do pecado original. Não se resolve naquela mácula, naquela ofensa, que somente poderia ser lavada pela graça de Deus e pela morte de Jesus, mas sempre requerendo a anuência do pecador.

Se resulta de uma fraqueza, desaparece quando o crente se fortalece, graças ao trabalho de purificação exercido pelo sacerdote. O fiel fraquejou na sua fidelidade, cedeu ao Diabo cheio de artimanhas e precisa de um mediador que, em nome de Deus, combata o Demônio. O exorcismo é descarrego, batalha entre duas potências que termina com a vitória do bem e a purificação do fiel.

Paganismo

Compreende-se, então, a função social do combate ao candomblé: traduz um antigo ritual cristão numa linguagem pagã. Os pastores dão pouca importância ao conhecimento das Escrituras, servem-se delas como relicário de exemplos. Importa-lhes mostrar que o Diabo, embora tenha sido criado por Deus, depois de sua queda se levanta como potência contra Deus e, para cumprir essa missão, trata de fazer o mal aos seres humanos.

O mal nasce do mal, ao contrário do ensinamento judeu-cristão que o localiza nas fissuras do livre-arbítrio. Adão e Eva são expulsos do Paraíso porque comeram o fruto da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal e assim se tornam pecadores, porque agora são capazes de discriminar os termos dessa bipolaridade moral.

Essa teologia pentecostal se aproxima, então, do maniqueísmo. Como sabemos, o sacerdote persa Mani (também conhecido por Maniqueu), ativo no século 3º, pregava a existência de duas divindades igualmente poderosas, a benigna e a maligna. Isso porque o mal somente poderia ter origem no mal. A nova teologia pentecostal empresta o mesmo valor aos dois princípios e, assim, ressuscita a heresia maniqueísta, misturando o cristianismo com a teologia pagã.

Fonte: Notícias – IHU On-Line: 02/08/2009

12º Intereclesial das CEBs: Ecologia e Missão

O 12º Intereclesial das CEBs será realizado em Porto Velho – Rondônia, de 21 a 25 de julho de 2009.

O tema é “CEBs: Ecologia e Missão” e o lema “Do Ventre da Terra, o grito que vem da Amazônia”.

Iniciado em 1975, os Intereclesiais mostram a caminhada das CEBs e cada edição apresenta um tema diferente, relacionado à realidade de vida do povo.

Segundo Luiz Ceppi, membro da coordenação do 12° Intereclesial, até agora já foram preenchidas mais de 2800 fichas de inscrições. Além disso, são previstos mais de 300 assessores e convidados e mais de 60 bispos do Brasil e de outros países da América Latina e do Caribe. Haverá também momentos abertos a todas as comunidades locais. Estima-se que 3100 pessoas compareçam ao encontro. Dados fornecidos por Luiz Ceppi na entrevista à IHU On-Line, que pode ser lida a seguir.

 

Ecologia e Missão. 12º Encontro Intereclesial das CEB’s. Entrevista especial com Luiz Ceppi

18 de julho de 2009

IHU On-Line

Começa nesta terça-feira, dia 21 de julho, o 12º Encontro Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base. A cidade que recebe esta edição do evento será Porto Velho, capital de Rondônia, uma vez que o tema é “CEB’s – Ecologia e Missão”. Conforme um dos organizadores, Luiz Ceppi, o encontro servirá para refletir sobre a atual conjuntura social e política da região amazônica. “Espalharemos as três mil pessoas para que possam conhecer a complexidade da Amazônia e, sobretudo, da nossa terra. Assim, elas visitarão as aldeias indígenas, os bairros da periferia, as prisões e hospitais, para terem um contato corpo a corpo com o trabalho da missão”, explicou, durante a entrevista que concedeu por telefone à IHU On-Line. Ceppi falou sobre as atividades planejadas para o evento e antecipou que, na semana seguinte ao encontro, haverá uma reunião entre articuladores e assessores de vários países da América Latina, dando continuidade aos temas abordados em Porto Velho.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Como está a preparação para este Encontro Intereclesial das CEB’s?

Luiz Ceppi – Estamos, neste momento, fazendo os ajustes finais, organizando as funções das equipes, recebendo as inscrições e nos preparando para a acolhida. Já faz alguns anos que estamos trabalhando neste encontro e, por isso, buscamos descentralizar nossas equipes. Nesse sentido, temos que dizer que as 16 paróquias de Porto Velho/Rondônia estão trabalhando de maneira muito forte. Ainda que este encontro tenha alguns momentos centralizados, boa parte dele será descentralizado para as paróquias e escolas.

Fizemos uma celebração no dia 27-06-2009, onde estavam presentes mais de dois mil voluntários deste grande encontro. Isso porque recebemos o mandato de ser uma igreja que serve e que trabalha. Claro que podem ocorrer falhas, mas o pessoal está bem animado e, sobretudo, está bem organizado nas equipes que criamos para acolher e viver este momento.

IHU On-Line – Quando o encontro vai acontecer?

Luiz Ceppi – No dia 20 de julho receberemos mais de 2.600 delegados e 300 outros convidados de assessorias. Já na terça-feira, dia 21, ocorrerá a abertura oficial, às 19h, na Praça Madeira Mamoré, onde teremos a celebração de acolhida, marcando nosso 12º encontro, cujo tema é “CEB’s – Ecologia e Missão” e o lema é “Do ventre da terra, o grito que vem da Amazônia”. Depois, no dia 22, teremos três grandes momentos. O primeiro é a celebração dos nossos irmãos indígenas que nos acolhem, já que moravam nestas terras há mais de 12 mil anos. Assim, eles vão nos abençoar e nos dar uma proteção para que respeitemos a terra e, também, a diversidade de origens e de culturas. O segundo momento está ligado aos rios, porque a Amazônia antigamente usava o rio como transporte e como forma de comunicação. Ali, abordaremos a história de resistência ativa para que, então, possamos tornar a terra novamente uma mãe e conviver com todos os povos, sem nos tornarmos escravos de uma única “civilização” que nos reduz a mercadorias. Na parte final, teremos a chamada “celebração da reconciliação”. Este evento será realizado na primeira usina que está sendo construída no Rio Madeira e aí vamos perceber melhor qual o impacto ambiental e social devido a este processo que chamam de “modernização”. Então, nos reconciliaremos com Deus, mas também com toda a humanidade e com a mãe natureza que, às vezes, é dilacerada em função de interesses econômicos e de grandes projetos.

No dia 23, teremos uma celebração do envio, um momento de análise de conjuntura e, depois, espalharemos os participantes para que possam conhecer a complexidade da Amazônia. Assim, eles vão visitar as aldeias indígenas, os bairros da periferia, as prisões e hospitais, e terão um contato “corpo a corpo” com o trabalho da missão. E, na sexta-feira, teremos a apresentação do que é a nossa realidade, ou seja, do que é a Amazônia e como é a presença da Igreja nesta região. Na parte da tarde, teremos o testemunho de três pessoas: Dom José Maria Pires, Dom Pedro Casaldáliga e Marina Silva. Depois, teremos uma noite cultural, com apresentação de cantores locais. No dia seguinte, teremos uma celebração inter-religiosa com a participação de budistas, muçulmanos, religiões judaico-cristãs, além de representantes dos índios e da comunidade negra. Esta atividade será realizada para sentirmos que, em nome da paz, podemos unir todas as religiões. À tarde, haverá uma caminhada e o encerramento será num estádio, às 17h, com a celebração eucarística. Tomara que nossas equipes possam acolher esse projeto e, sobretudo, mostrar pelo menos duas coisas: 1) que a terra não pode ser tratada como mercadoria ou uma propriedade privada, pois ela é um dom de Deus para toda a humanidade; e, 2) mostrar que missão não é integralismo, mas sim ajuda a descobrir no outro a nossa capacidade de agir.

IHU On-Line – Quantas pessoas são esperadas para participar do encontro?

Luiz Ceppi – Até agora já recebemos mais de 2.800 fichas de inscrições. É possível que não venham todos, pois enfrentamos alguns problemas, como os alagamentos que ocorreram no Nordeste. Além destas pessoas, virão mais de 300 assessores e convidados e mais de 60 bispos do Brasil e outros países da América Latina e do Caribe, que estão partilhando conosco este momento. Teremos, ainda, momentos abertos a todas as comunidades locais. Estimamos que 3.100 pessoas compareçam ao encontro.

IHU On-Line – Onde as pessoas devem ficar hospedadas?

Luiz Ceppi – As pessoas serão hospedadas nas 16 paróquias que compõem o município de Porto Velho.

IHU On-Line – De onde vem a maior delegação?

Luiz Ceppi – A maior delegação que temos vem de São Paulo, que está com mais de 350 representantes. Do Rio Grande do Sul vêm cerca de 150 pessoas.

IHU On-Line – Como será a abertura do evento?

Luiz Ceppi – Na abertura, chamaremos as pessoas e, então, teremos as flautas dos indígenas. Depois, teremos a apresentação das populações da Amazônia, com a entrada dos indígenas, das populações negras e caboclas, dos chamados extrativistas, entre outros. Em seguida, haverá a apresentação dos regionais através do painel da religiosidade cultural. Cada regional produziu um painel que vai ser utilizado para apresentar a pluralidade de culturas e de jeitos diferentes que existem no Brasil, sem que qualquer um diga que é mais civilizado do que o outro. Feito isso, também relembraremos os encontros passados, faremos a leitura da palavra de Deus e, num ato simbólico, partilharemos as nossas riquezas naturais através de comidas locais. Será um momento de lembrar a riqueza pluralista cultural da nossa região amazônica.

IHU On-Line – Terá participação de CEB’s latino-americanas?

Luiz Ceppi – Convidamos cinco representantes de cada região da América Latina e do Caribe. A previsão é que cerca de 60 pessoas venham dessas regiões. Depois desse grande encontro, entre os dias 27 e 31, teremos ainda a reunião de articuladores e assessores intercontinentais para dar continuidade ao que vamos discutir no Encontro Intereclesial.

IHU On-Line – O senhor pode nos explicar a opção por este tema central do encontro?

Luiz Ceppi – É porque temos que começar a refletir sobre as CEB’s, sobretudo, em duas problemáticas. A primeira é porque a maioria delas, hoje, está nas cidades. Quando elas começaram a ser organizadas, a maioria se encontrava nas cidades do interior, nas matas, nas roças ou nos rios. Temos que redescobrir uma comunidade que tenha um rosto próximo ao da realidade onde nasce e vive.

O segundo ponto é o tema ecológico, uma problemática que está alterando o mundo todo. Temos que refletir sobre qual é o nosso jeito de trabalhar para não entrarmos, como a maioria entra, no sistema de consumo, ferindo a mãe terra, só para possuir um pouco mais. Se, pelo menos, as pessoas que participarem voltarem às suas regiões dizendo que a terra é uma mãe que precisa ser cuidada, o resultado já será ótimo.

IHU On-Line – Para quem não puder ir a Rondônia, como poderá acompanhar o encontro?

Luiz Ceppi – Se der tudo certo, a Rede Vida vai transmitir algumas atividades e fazer alguns flashes durante sua programação. Além disso, teremos representantes do jornal Mundo Jovem, algumas rádios e outras TVs, como a TV Aparecida. Atualizaremos também as notícias no nosso site. Porém, tem outra coisa que acho muito interessante: acompanhar com a oração. Não é aquela oração feita de palavras, mas aquele pensamento que busca trazer algo de novo e só vem acrescentar na nossa missão.

PUC-Rio lança site em homenagem a Dom Helder

Ano Dom Helder Câmara – 1909-2009

(…) O site é uma das realizações da Comissão do ano de dom Helder Câmara na PUC-Rio, que tem como coordenador o professor Paulo Fernando Carneiro de Andrade, com a participação de colaboradores e professores de diversos cursos e de diversas áreas de estudos…

Fonte: CNBB –  24/06/2009 10:26:47

Luteranos incentivam diálogo inter-religioso

Luteranos incentivam diálogo inter-religioso

A Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil (IECLB) estimula a criação de grupos de diálogo inter-religioso, com o objetivo de se conhecerem mutuamente, quebrar barreiras de preconceito e medo, buscando um clima de respeito e confiança mútuos e de solidariedade.

A recomendação consta em documento assinado pela presidência da IECLB, pastor Walter Altmann, sobre “Diretrizes teológico-pastorais para atos e diálogos inter-religiosos”.

O documento incentiva tal participação ainda mais quando tais eventos forem expressão de um objetivo comum – pela paz, justiça, reconciliação, integridade da Criação, o bem estar da res pública.

Celebrações desse caráter, diz o documento da IECLB, não deveriam ser um evento isolado, mas fruto de um processo de preparação e de diálogo continuado, no qual se trabalham medos, desconfianças e preconceitos e se facilita o conhecimento mútuo.

Elaborado pelo Grupo Assessor para Ecumenismo, o documento destaca que a IECLB é, com reza sua constituição, de “natureza ecumênica”. O Brasil é um país multireligioso e um diálogo inter-religioso deve levar em consideração, em primeiro lugar, as religiões afro-brasileiras e indígenas. Mas também o diálogo com o islã, o hinduísmo e formas religiosas esotéricas.

A IECLB reconhece que há membros de igrejas, também no meio evangélico-luterano, que têm uma prática religiosa dupla. Daí que, ao tratar de um diálogo inter-religioso também se deverá focar um diálogo intra-religioso, “isto é, do diálogo de várias linhas religiosas dentro de uma mesma pessoa”.

Assim, “o diálogo inter-religioso, que exige certo grau de clareza sobre a própria posição, poderia contribuir significativamente para o esclarecimento de identidades pouco definidas e múltiplas. Portanto, esse diálogo não apenas desafia a nossa identidade religiosa, mas nos ajuda a percebê-la melhor e, de certa forma, a fortalecê-la”, define o documento da IECLB.

Outro olhar para dentro de seus muros descortina que há membros, na IECLB, que vêem no pluralismo interno, na convivência de diferentes tendências, como tradicionais, progressitas, evangelicais e carismáticos, como o desafio ecumênico por excelência.

Outros pensam no diálogo e na cooperação com igrejas protestantes e terceiros vêem na Igreja Católica Romana a principal parceira ecumênica. Para além dessas modalidades, é um desafio para a IECLB “arriscar ir para além das igrejas cristãs, passando para o diálogo e a cooperação com outras religiões”.

Esse passo não descarta a tensão entre exclusividade e universalidade da ação do Reino. Essa tensão se encontra também em passagens do Novo Testamento, que romperam as barreiras do exclusivismo.

São reis magos do Oriente que vêm adorar o menino recém-nascido, deitado em manjedoura. Jesus cura a filha de uma Cananéia, elogia a atitude de um samaritano, cura o filho de um centurião romano, e afirma que Deus ouve a oração de um publicano.

Para a IECLB, o Novo Testamento não deixa dúvida quanto à salvação em e através de Jesus Cristo. “No entanto, caberá ao próprio Cristo, e não aos cristãos, julgar todos os povos”, frisa o documento luterano, que frisa:

“Olhando a prática de Jesus e dos apóstolos num contexto pluricultural e multireligioso, é imperioso concluir que somos desafiados a buscar o diálogo e a cooperação com outras religiões”.

A base principal do diálogo é a confiança em Deus. “Nossa confiança é baseada na boa nova da justificação por graça e fé, sendo que a ‘salvação pertence a Deus’”, destaca a IECLB.

Fonte: ALC – 14/04/2009

Dom Helder. Por Luiz Alberto Gómez de Souza

D. Hélder, irmãos dos pobres. Um testemunho no ano de seu centenário

Os meios de comunicação do Brasil, pelos anos da censura e da repressão, baniram sua imagem. Prescrição vinda por decreto, único argumento do arbítrio. Foi censurado em sua própria rádio diocesana. Durante a ditadura seu nome era proibido de ser mencionado. Era como se não existisse. Mas sempre esteve presente entre o povo simples e na opinião pública mundial, onde foi se tornando quase um mito. Um dia, aqui no país, tiveram que levantar o embargo. O artigo é de Luiz Alberto Gómez de Souza, sociólogo, antigo dirigente da Ação Católica, ex-funcionário das Nações Unidas (CEPAL e FAO), assessor de movimentos sociais e pastorais e Diretor do Programa de Estudos Avançados em Ciência e Religião da Universidade Cândido Mendes.


Leia o artigo.


Fonte: Notícias – IHU On-Line: 22/03/2009 – Reproduzido em Carta Maior.