Charges de Maomé levam à demissão de editor de jornal

Folha Online – BBC Brasil: 02/02/2006 – 07h50

O editor de um jornal francês que publicou uma charge com o profeta Maomé (ou Mohammed) usando um turbante em formato de bomba na primeira página foi demitido por “ofender os muçulmanos”. Jacques Lefranc foi demitido pelo dono do France Soir, após seu jornal ter sido envolvido em uma crescente polêmica entre os muçulmanos e a imprensa européia. Países islâmicos impuseram sanções contra a Dinamarca após um jornal dinamarquês ter sido o primeiro a publicar charges com a imagem de Maomé. Outros jornais europeus republicaram as imagens para mostrar apoio ao direito de livre expressão. Publicações na Alemanha, Itália, Holanda e Espanha republicaram as charges dinamarquesas. O France Soir publicou uma nova charge em sua primeira página mostrando figuras sagradas budistas, judaicas, muçulmanas e cristãs sentadas em uma nuvem, com a legenda: “Não se preocupe, Maomé, nós todos já viramos caricaturas aqui”. Porém o dono do jornal, Raymond Lakah, disse em um comunicado à agência France Presse que decidiu “demitir Jacques Lefranc como diretor-geral da publicação como um poderoso sinal de respeito pelas crenças e convicções pessoais de todos os indivíduos”. “Expressamos nossas desculpas à comunidade muçulmana e a todas as pessoas que ficaram chocadas com a publicação”, disse ele. A tradição islâmica proíbe representações de Maomé ou de Alá (Deus). As charges do jornal dinamarquês Jyllands-Posten incluíam, além do desenho de Maomé usando o turbante com o formato de uma bomba, uma que mostrava o profeta dizendo que o paraíso estava ficando sem virgens para os homens-bomba (cont.)



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Crossan e Wright conversam sobre a ressurreição de Jesus

Mark Goodacre assinala no seu Mark Goodacre’s NT Blog este livro que merece ser melhor verificado. A obra é o resultado de um debate entre John Dominic Crossan e N. T. Wright que aconteceu no ano passado no New Orleans Baptist Theological Seminary.

STEWART, Robert B. (ed.) The Resurrection of Jesus: John Dominic Crossan and N. T. Wright in Dialogue. Minneapolis: Fortress Press, 2005, 240 p.
A descrição da editora diz:

Two of today’s most important and popular New Testament scholars, John Dominic Crossan and N. T. Wright, here air their very different understandings of the historical reality and theological meaning of Jesus’ Resurrection. The book highlights points of agreement and disagreement between them and explores the many attendant issues. This book brings two leading lights in Jesus studies together for a long-overdue conversation with one another and with significant scholars from other disciplines. The contributors include: John Dominic Crossan, N. T. Wright, Robert Stewart, William Lane Craig, Craig Evans, R. Douglas Geivett, Gary Habermas, Ted Peters, Charles Quarles, Alan Segal.

Arqueólogos encontram estátuas milenares no Egito

Folha Online: 01/02/2006 – 10h26

da Efe, no Cairo

Arqueólogos alemães encontraram duas estátuas de Sekhmet, deusa faraônica da guerra, e outra de uma rainha núbia, de 3.400 anos, na cidade de Luxor, cerca de 760 quilômetros ao sul do Cairo. As três relíquias foram encontradas nas proximidades do templo do faraó Amenhotep III, em Luxor, à margem oeste do rio Nilo, informou o Conselho Supremo de Antiguidades em comunicado divulgado ontem pela imprensa local (cont.)

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Egyptology News

Sobre a leitura socioantropológica da Bíblia

Graças a Jim Davila no seu blog PaleoJudaica.com, tomei conhecimento deste livro que me parece, à primeira vista, muito interessante:

ESLER, Philip F. (ed.) Ancient Israel: The Old Testament In It’s Social Context. Minneapolis: Fortress, 2005, 438 p.

O livro traz os ensaios de uma conferência realizada em St. Andrews, Escócia, em 2004, conforme relata o mesmo Jim Davila.

The Pennsylvania Sumerian Dictionary

O Pennsylvania Sumerian Dictionary está preparando um dicionário de sumério para ser usado tanto por sumeriólogos como por leigos no assunto. Outros instrumentos para trabalhar com a língua suméria também estão sendo preparados. O projeto é desenvolvido pela seção babilônica do Museu de Antropologia e Arqueologia da Universidade da Pensilvânia, USA.

The PSD is preparing an exhaustive dictionary of the Sumerian language which aims to be useful to non-specialists as well as Sumerologists. In addition, we are developing tools and datasets for working with the Sumerian language and its text-corpora. All materials will be made freely available on this website.

 

Agradeço a Charles Halton do blog awilum.org pela indicação feita.

Antigo Testamento/Primeiro Testamento/Bíblia Hebraica/Tanak… que rótulo usar?

Vale a pena ler o post de hoje de Tyler F. Williams em Codex Blogspot: Old Testament/First Testament/Hebrew Bible/Tanak: What’s in a Name? Quite a Bit Actually! [Obs.: link quebrado – 21.03.2008 – 11h25]

Para além de reconhecer a conveniência de usar um ou outro rótulo conforme a audiência, ele mostra como todos estes nomes são apenas rótulos externos à coleção de livros bíblicos, sem tanta importância. A própria tradição bíblica não se autodenomina assim…


Essa questão afeta igualmente o Novo Testamento… ou seria Segundo Testamento?

Proveitoso também é ler o histórico que Tyler F. Williams faz destes rótulos: quem os criou, quando surgiram, porque foram criados… Que razões ideológicas ou, em direção oposta, que tentativas de convivência fraterna estão na origem destes conceitos?


E termina com a questão: E você, que rótulo usa e por que o usa?

Tratamento insuficiente de um tema interessante da História de Israel?

O assunto é da maior importância: a reconstrução da sociedade israelita anterior ao século X a.C. Mas o livro de

MILLER II, Robert D. Chieftains of the Highland Clans: A History of Israel in the Twelfth and Eleventh Centuries B.C. Grand Rapids: Eerdmans, 2012, xix + 186 p.

gerou controvérsias pelo modo como o tema foi tratado e as conclusões a que o autor chegou. Robert D. Miller II é professor de Sagrada Escritura no Mount St. Mary’s Seminary, Emmitsburg, Maryland, USA.

Na página da editora Eerdmans se lê a seguinte apresentação da obra:

An illuminating social history of ancient Israel, Chieftains of the Highland Clans offers an unusually thorough and original reconstruction of Israelite society prior to the rise of the monarchy around 1000 B.C. Using the latest archaeological research and anthropological theories, Robert Miller presents an intriguing picture of what life was like in early Israel. Ethnographic evidence from diverse cultures suggests the “complex chiefdom” model as the most appropriate for the archaeology of twelfth-and eleventh-century highland Palestine. This model details the economic and political realities of prestate societies with ascribed rank and hierarchical political control. As he applies and fine-tunes the complex chiefdom model, Miller illustrates areas of potential correspondence and contradiction between his reconstruction and the biblical text. Students of archaeology, Palestine, and the Hebrew Bible will not want to miss Miller’s fresh and fascinating conclusions about the sociopolitical nature of early Israel.

Entretanto, duas resenhas publicadas agora em janeiro pela RBL são bem menos otimistas, reticentes até.

Veja o que conclui Diana Edelman, da Universidade de Sheffield, Sheffield, Reino Unido:

The main thesis is that ethnographic evidence from diverse cultures shows a probability that complex chiefdoms immediately preceded state formation and that this is likely to have been the case in the highlands of Palestine in the twelfth-eleventh centuries before the emergence of the state in the tenth-century BCE (…) This volume demonstrates for me how severely limited our knowledge of the central highlands in the Iron I period is; of 453 sites, less than twenty seem to have beenexcavated, and the exposure is extremely limited at some sites, such as Beitin and Tell el-Ful, or the site was problematically dug, such as el-Jib. As a result, I think it is still premature to attempt to establish the political configurations that existed at this time in this region, in the wake of the devolution of the Late Bronze city-states, not to mention the ethnic affiliation(s) of the locals. I have reservations about using sociopolitical models to fill in the many gaps in our data and knowledge, particularly when the archaeological correlates being used are not unique to a single type of political control. It is always useful to consider possibilities, but it is also necessary, under the present circumstances where so little information exists, to consider a range of possibilities and not lock ourselves into a single model.

Também Pekka Pitkänen, Universidade de Gloucestershire, Cheltenham, Reino Unido, vai dizer que:

I am personally unconvinced of the validity of the chieftain model in all its aspects, based on the presentation (…) As Miller himself acknowledges, the archaeological data is not plentiful enough to make clear conclusions about various aspects of the model(s) used. Having said this and the criticisms above, I found interesting the ideas that/how bigger sites would/could dominate smaller sites, the possible hierarchical layers of power that can be identified, and possible social and societal interactions. I also think that building the model as Miller has done has been a worthwhile effort, even if the question of whether and to what extent the model is representative of ancient reality is not all that certain. This is altogether a worthwhile book in opening a discussion for reconstructing societal structures based on settlement patterns in the Israelite highlands in interaction with theories that try to estimate societal structures and interactions through a complex chiefdom model.

O autor usa, entre outros recursos teóricos, o Gravity Model which estimates how goods move between the differing social strata of a complex chiefdom… 

Big Brother is watching you

Sempre fui fanático por ficção científica. De Júlio Verne a Arthur Clarke… Ficção que vai se tornando realidade. Recentemente vi a notícia de que um “planeta-irmão” da Terra foi descoberto, usando um técnica prevista por Einstein em 1912.

Mas Arthur Clarke, mapeando, em 2005, os próximos 95 anos, prevê, entre outras coisas, que, por volta de 2010, apesar de protestos a favor da privacidade, o monitoramento de toda a vida na Terra torna-se lei, criando uma espécie de Big Brother que elimina todas as formas de violência. A referência está em Ficção das origens: Arthur Clarke, na coleção Exploradores do Futuro, da Scientific American Brasil, São Paulo: Duetto Editorial, 2005, p. 11.

Será que ele acertou a última parte, o fim de todas as formas de violência? Abaixo, reuni 5 trechos de reportagens que sairam entre 16 de dezembro de 2005 e 26 de janeiro de 2006.


Google enfrenta críticas por se autocensurar na China

Folha Online – 26/01/2006 – 11h39

A decisão do Google de censurar o conteúdo oferecido aos internautas chineses foi duramente criticada. Segundo especialistas ouvidos pela agência de notícias Associated Press, a ação representa a vitória do governo chinês, que monitora informações na internet e pune aqueles que expõem opiniões oposicionistas – diversos blogueiros já foram presos por este motivo (…) Apesar de todas as críticas, afirma a Associated Press, o Google não tem muito com o que se preocupar. Protestos parecidos já foram realizados quando Yahoo! e Microsoft concordaram em colaborar com o governo chinês, e nenhuma delas sofreu processos ou boicotes por isso. O serviço de blogs da Microsoft na China, por exemplo, barra termos como “democracia” e “direitos humanos”. Além disso, alguns especialistas que estudam a internet na China afirmam que a censura não pode conter a força da internet. Apesar de a vigilância ser constante e muito rigorosa, é impossível controlar todo o conteúdo que será acessado pelos internautas locais – isso significa que, mesmo com mais dificuldades, eles lerão as informações da rede.



Google se nega a divulgar aos EUA dados sobre buscas

Folha Online – 20/01/2006 – 11h25

O gigante das buscas Google se recusou a cumprir uma intimação do governo norte-americano que vai contra a política de privacidade da companhia – a administração Bush gostaria de saber o que milhões de pessoas estão procurando na internet com a ajuda da popular ferramenta. Segundo a empresa, o governo quer uma lista com todos os termos digitados na caixa de buscas durante uma semana específica – caso elaborado, este documento teria milhões de palavras. Além disso, o Google deveria fornecer cerca de 1 milhão de endereços virtuais contidos em seu banco de dados e selecionados a esmo. A intimação, afirma a agência de notícias Associated Press, mostra como os sites de busca podem ser úteis para os governos, quando eles querem controlar a população. Para justificar o pedido, representantes dos EUA falam que estas informações são “vitais” para o cumprimento de leis que protegem crianças contra a pedofilia. Com a recusa do Google – a intimação chegou à empresa em meados do ano passado -, o advogado Alberto Gonzales, que representa os EUA, pediu nesta semana que um juiz de San José interviesse no caso e fizesse outra requisição oficial para a entrega das informações. Ontem, o Yahoo! confirmou à Associated Press ter recebido uma intimação parecida. “Não revelamos qualquer informação pessoal de nossos usuários”, afirmou a empresa. A Microsoft – dona da ferramenta de buscas MSN – se recusou a dizer se recebeu um pedido oficial deste tipo. Para especialistas, este caso preocupa por ir contra as políticas de privacidade das empresas de busca (…) Este tipo de preocupação em relação ao direito à privacidade aumentou ainda mais quando se soube que, depois dos ataques de 11 de setembro, os EUA tiveram acesso à comunicação de civis sem autorização oficial para fazê-lo.



EUA mantêm desde 2001 megaoperação secreta de espionagem

Folha Online – 30/12/2005 – 21h29

Os Estados Unidos mantêm, desde os ataques de 11 de setembro de 2001, o maior programa secreto de espionagem e prisões de estrangeiros desde o fim da Guerra Fria, informa nesta sexta-feira o jornal americano “The Washington Post”. Isso inclui permissões da CIA [agência de inteligência americana] de prender suspeitos terroristas vinculados à rede Al Qaeda em qualquer país do mundo, e usar técnicas de tortura condenadas como violações aos direitos humanos. O programa, batizado pela sigla GST, também permitiria à agência americana estabelecer uma rede de inteligência com serviços secretos de vários países, manter prisões clandestinas fora dos Estados Unidos, e mover prisioneiros para qualquer lugar do globo. Nos últimos dois anos, vários aspectos dessa operação secreta vieram a público, e provocaram vários protestos de civis contra a ação do governo Bush e também em países que colaboram com os EUA. Apesar disso, todos os programas continuam a operar, de acordo com membros do governo ouvidos pelo jornal americano.



EUA monitoram civis sem autorização legal, diz jornal

Folha Online – 16/12/2005 – 11h05

À procura de evidências de terrorismo, e sob recomendação do presidente George W. Bush, a Agência de Segurança Nacional americana monitora secretamente ligações e e-mails de civis residentes nos EUA que se comunicavam com pessoas no exterior, segundo texto publicado no site do jornal “The New York Times” desta sexta-feira. O monitoramento, que passou a ser feito meses após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, não teve autorização da Justiça americana, geralmente necessária para realizar esse tipo de espionagem, informa o jornal. De acordo com o “New York Times”, sob uma ordem presidencial, assinada em 2002, a agência de inteligência americana começou a monitorar todos as ligações telefônicas internacionais e mensagens vindas de provedores de internet de outros países de milhares de pessoas que moram nos Estados Unidos, em um esforço de descobrir se a rede terrorista Al Qaeda “está infiltrada no país”. Muitos detalhes do programa são mantidos em sigilo, mas fontes consultadas pelo jornal disseram que a agência americana “vigia sem direitos mais de 500 pessoas simultaneamente nos Estados Unidos, a qualquer momento. A lista de pessoas vigiadas muda de tempos e tempos (…) e, sendo assim, o número de pessoas monitoradas no país pode chegar a milhares. No exterior, entre 5.000 e 7.000 pessoas, suspeitas de atividades terroristas, são vigiadas simultaneamente”, diz o “New York Times”.



Casa Branca inicia campanha para defender espionagem nos EUA

Folha Online – 20/01/2006 – 17h55

A Casa Branca defenderá o programa para espionar residentes nos EUA sem permissão judicial, em uma campanha de relações públicas anunciada hoje que pretende enfraquecer os que afirmam que as escutas violam a Constituição. Como parte da campanha, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, visitará na quarta-feira (25) a Agência Nacional de Segurança (NSA), órgão que vem fazendo interceptações de telefonemas e e-mails sem autorização prévia de um juiz desde 2002. Na segunda-feira (23), Michael Hayden, ex-chefe da NSA, falará a favor do programa em um discurso no Clube Nacional da Imprensa, e na terça-feira (24) será a vez do promotor-geral dos EUA, Alberto Gonzales, informaram fontes governamentais. Os discursos acontecerão antes da realização de audiências no Congresso sobre o programa, cuja existência, revelada pelo jornal “The New York Times” no mês passado, causou grande polêmica nos EUA. A primeira audiência acontecerá em 6 de fevereiro no Comitê Judicial do Senado e terá a participação de Gonzales. Uma coalizão de associações não-governamentais, na qual se incluem o Centro de Direitos Constitucionais e a União de Liberdades Civis dos EUA, processou o governo para interromper a interceptação das comunicações sem supervisão judicial.