Blogueiros entrevistaram Dilma

Veja o vídeo da entrevista concedida pela Presidenta Dilma Rousseff a um grupo de blogueiros no dia 26/09/2014:

Entrevista de Dilma aos blogueir@s – Blog do Miro 27/09/2014

Dilma recebeu os blogueiros Altamiro Borges (Blog do Miro), Conceição Oliveira (Blog da Maria Frô), Eduardo Guimarães (Blog da Cidadania), Conceição Lemes (Viomundo), Miguel do Rosário (Cafezinho), Paulo Moreira Leite (247), Kiko Nogueira (Diário do Centro do Mundo) e Renato Rovai (Revista Forum).

Links para estes (e outros) blogs aqui.

Amazon lançou novos modelos de Kindle

Novo modelo do Kindle básico com tela touch e 4GB, Kindle Paperwhite passa também de 2GB para 4GB, o novo Kindle Voyage, o mais avançado…

Amazon lança novos modelos de Kindle e Kindle Fire – Cris Ferreira: Vida Sem Papel 18/09/2014

De uma tacada só, a Amazon lança nos Estados Unidos cinco (!) novos modelos da família Kindle, sendo dois novos e-readers e três novos tablets Kindle Fire. Vamos conhecer melhor cada um deles… Foram lançados dois novos e-readers, um que substitui o Kindle básico, e um novo modelo, o Kindle Voyage, que passa a ser o top de linha da família de e-readers. Da família antiga, ficou o Kindle Paperwhite. Vale mencionar que no anúncio oficial, a Amazon finalmente admitiu o aumento de memória do Kindle Paperwhite, que agora passa a ter 4GB (…) O e-reader chamado apenas de Kindle, que muitos chamam de Kindle básico para não confundir, ganhou novidades. Agora ele tem tela touch (finalmente!) e, segundo a Amazon, um processador 20% mais rápido. Ele também passa a ter o dobro de espaço para armazenamento de ebooks, contando agora com 4GB (…) O Kindle Voyage é o novo membro da família, e já chega com o slogan de “o e-reader mais avançado da Amazon”. Ele também é o mais fino, com dimensões de 16,2 x 11,5 x 0,76 cm e pesando apenas 180 gramas. Ele tem a tela e-Ink com a tecnologia do Paperwhite, mas com maior resolução, de 300 PPI (a do Kindle Paperwhite é 212 PPI). Como o tamanho da tela em si permanece o mesmo, isso dá um efeito visual de maior definição na imagem. Além disso, a Amazon explica que…

Leia o texto completo.

Quando será que os novos modelos chegarão ao Brasil?

De Moniz Bandeira para Roberto Amaral sobre Marina

Em carta a Roberto Amaral, o historiador Moniz Bandeira critica as posições assumidas por Marina Silva e diz que elas enxovalham a história do PSB

Moniz Bandeira: Posições de Marina Silva enxovalham a história do PSB

Estimado colega, Prof. Dr. Roberto Amaral

Presidente do PSB,

A Sra. Marina Silva tinha um percentual de intenções de voto bem maior do que o do governador Eduardo Campos, mas não conseguiu registrar seu partido – Rede Sustentabilidade – e sair com sua própria candidatura à presidência da República.

O governador Eduardo Campos permitiu que ela entrasse no PSB e se tornasse candidata a vice na sua chapa. Imaginou que seu percentual de intenções de voto lhe seria transferido.

Nada lhe transferiu e ele não saiu de um percentual entre 8% e 10%. Trágico equívoco.

Para mim era evidente que Sra. Marina Silva não entrou no PSB, com maior percentual de intenções de voto que o candidato à presidência, para ser apenas vice.

A cabeça de chapa teria de ser ela própria. Era certamente seu objetivo e dos interesses que representa, como o demonstram as declarações que fez, contrárias às diretrizes ideológicas do PSB e às linhas da soberana política exterior do Brasil.

Agourei que algum revés poderia ocorrer e levá-la à cabeça da chapa, como candidata do PSB à Presidência.

Antes de que ela fosse admitida no PSB e se tornasse a candidata a vice, comentei essa premonição com grande advogado Durval de Noronha Goyos, meu querido amigo, e ele transmitiu ao governador Eduardo Campos minha advertência.

Seria um perigo se a Sra. Marina Silva, com percentual de intenções de voto bem maior do que o dele, fosse candidata a vice. Ela jamais se conformaria, nem os interesses que a produziram e lhe promoveram o nome, através da mídia, com uma posição subalterna, secundária, na chapa de um candidato com menor peso nas pesquisas.

O governador Eduardo Campos não acreditou. Mas infelizmente minha premonição se realizou, sob a forma de um desastre de avião. Pode, por favor, confirmar o que escrevo com o Dr. Durval de Noronha Goyos, que era amigo do governador Eduardo Campos.

Uma vez que há muitos anos estou a pesquisar sobre as shadow wars e seus métodos e técnicas de regime change, de nada duvido. E o fato foi que conveio um acidente e apagou a vida do governador Eduardo Campos. E assim se abriu o caminho para a Sra. Marina Silva tornar-se a candidata à presidência do Brasil.

Afigura-me bastante estranho que ela se recuse a revelar, como noticiou a Folha de São Paulo, o nome das entidades que pagaram conferências, num total (que foi, declarado) de R$1,6 milhão (um milhão e seiscentos mil reais), desde 2011, durante três anos em que não trabalhou. Alegou a exigência de confidencialidade. Por que a confidencialidade? É compreensível porque talvez sejam fontes escusas. O segredo pode significar confirmação.

Fui membro do PSB, antes de 1964, ao tempo do notável jurista João Mangabeira. Porém, agora, é triste assistir que a Sra. Marina Silva joga e afunda na lixeira a tradicional sigla, cuja história escrevi tanto em um prólogo à 8a. edição do meu livro O Governo João Goulart, publicado pela Editora UNESP, quanto em O Ano Vermelho, a ser reeditado (4a edição), pela Civilização Brasileira, no próximo ano.

As declarações da Sra. Marina Silva contra o Mercosul, a favor do subordinação e alinhamento com os Estados Unidos, contra o direito de Cuba à autodeterminação, e outras, feitas em vários lugares e na entrevista ao Latin Post, de 18 de setembro, enxovalham ainda mais a sigla do PSB, um respeitado partido que foi, mas do qual, desastrosamente, agora ela é candidata à presidência do Brasil.

Lamento muitíssimo expressar-lhe, aberta e francamente, o que sinto e penso a respeito da posição do PSB, ao aceitar e manter a Sra. Marina Silva como candidata à Presidência do Brasil.

Aos 78 anos, não estou filiado ao PSB nem a qualquer outro partido. Sou apenas cientista político e historiador, um livre pensador, independente. Mas por ser o senhor um homem digno e honrado, e em função do respeito que lhe tenho, permita-me recomendar-lhe que renuncie à presidência do PSB, antes da reunião da Executiva, convocada para sexta-feira, 27 de setembro. Se não o fizer – mais uma vez, por favor, me perdoe dizer-lhe – estará imolando seu próprio nome juntamente com a sigla.

As declarações da Sra. Marina Silva são radicalmente incompatíveis com as linhas tradicionais do PSB. Revelam, desde já, que ela pretende voltar aos tempos da ditadura do general Humberto Castelo Branco e proclamar a dependência do Brasil, como o general Juracy Magalhães, embaixador em Washington, que declarou: “O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil.”

Cordialmente,

Prof. Dr. Dres. h.c. Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira

Quem é Moniz Bandeira? Confira aqui e aqui.

Principal nascente do Rio São Francisco secou

Isso não é comum, é preocupante. Não há dúvida de que algo em grande escala está mudando em nosso ecossistema. Dura constatação no primeiro dia da primavera!

Diretor de parque diz que principal nascente do Rio São Francisco secou

Essa nascente é a principal de toda a extensão do rio, que tem cerca de 2.700 km. O São Francisco é o maior rio totalmente brasileiro, e sua bacia hidrográfica abrange 504 municípios de sete unidades da federação. Ele nasce na Serra da Canastra, em Minas, e desemboca no Oceano Atlântico na divisa entre Alagoas e Sergipe (…)  A água dos principais afluentes está chegando ao nível zero, e a biodiversidade do rio está comprometida, além de a qualidade do rio estar se deteriorando (…) As represas de Três Marias e de Sobradinho estão com níveis baixíssimos e os impactos são catastróficos. No Baixo São Francisco o oceano está invadindo o rio e salinizando a água doce…

Leia o texto, veja as fotos e confira mais notícias aqui.

Fonte: Caroline Aleixo e Carolina Portilho: G1 – 23/09/2014 19h51

 

Água brota da nascente histórica do Rio São Francisco após chuvas – Anna Lúcia Silva: G1 29/11/2014
Após dois meses seca, a nascente histórica do Rio São Francisco brotou novamente. Segundo o diretor do Parque Nacional da Serra da Canastra, Luiz Arthur Castanheira, o fato foi oficializado no Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) nesta sexta-feira (28), mas ainda não se sabe o dia exato em que ocorreu o fenômeno. Até o momento foram registrados mais de  370 milímetros de chuvas na região. “O volume foi o suficiente para alimentar o lençol freático e brotar de novo a água da nascente”, afirmou o diretor do parque.

Leia Mais:
Pesquisadores anunciam a ‘extinção inexorável’ do Rio São Francisco

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O mundo conspira contra Marina

Discurso do medo, uma ova! – De Saul Leblon: Carta Maior 18/09/2014

O mundo conspira contra Marina, mas ninguém diz.

Para Marina não há conflito entre o fastígio dos banqueiros e os interesses populares. O conflito que existe na sua leitura do Brasil é entre corruptos e elites

Marina precisa esconder a questão principal em jogo nestas eleições. Por isso é crucial expô-la, como Dilma começou a fazer no debate da CNBB, nesta 3ª feira:

‘A principal lição da crise de 2008 é a necessidade de impor uma regulação ao sistema financeiro, não o contrário, não o hiperliberalismo’, resumiu a Presidenta, fuzilando o projeto do BC independente , do voto e da democracia, encampado pela candidata do PSB.

Não é um assunto palatável. Mas é traduzível. Prova-o a tentativa do PSB de interditá-lo no horário eleitoral.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, encampou o pedido de Marina de suspender a propaganda petista, na qual se relaciona o impacto dessa proposta num lar assalariado.

Se agiu honestamente, Janot subestima o poder de fogo do arsenal que hoje mantem 100 milhões de desempregados no mundo.

A Europa é uma advertência em carne viva.

Outrora referencia do Estado do Bem Estar Social, o continente não resistiu ao moedor da supremacia financeira. Paga em libras de carne humana a purga da desordem neoliberal, sob o comando dos bancos que a causaram.

O saldo da reciclagem até o momento sugere que a propaganda de Dilma é até cautelosa.

São mais de 20 milhões de desempregados na zona do euro; 119,6 milhões de pessoas (24,2% da população) transitam no limiar da pobreza em toda a Europa; US$ 1,3 trilhão foram entregues aos bancos europeus para salvá-los deles mesmos, enquanto as filas da Cáritas fornecem mais de um milhão de pratos de comida só na Espanha .

A contradição que a propaganda de Dilma condensa metaforicamente pode ser constatada de outra forma e ao vivo aqui mesmo.

Quando Marina Silva sobe nas pesquisas, as bolsas disparam; as consultorias exultam; as ações de bancos escalam píncaros de valorização. Manchetes faíscam sulfurosas.

Quando a ONU informa que no ciclo de governos do PT o Brasil reduziu a miséria em 75% e praticamente erradicou a fome (restrita a 1,7% da população), qual é a receptividade do glorioso jornalismo de economia?

Modesta, para sermos generosos.

A saúde dos mercados e a deriva da sociedade, como se vê em diferentes latitudes do planeta, não são contraditórias com essa concepção de eficiência econômica excludente. A mesma encampada agora pelo PSB que um dia foi de Arraes, hoje é o cavalo onde floresce o enxerto do hiperliberalismo denunciado por Dilma.

A confusão semântica entre um partido socialista tomado pela ideologia rentista e uma ex-seringueira que a isso empresta sua biografia não é involuntária.

Sem um lubrificante à altura do estupro, seria muito difícil vender ao eleitor agenda de um neoliberalismo desmoralizado.

O mundo conspira contra Marina, mas ninguém diz.

O jornal Valor desta 4ª feira (17/09) informa-nos em rodapé discretíssimo: ‘Os Estados Unidos sofreram mais um ano de estagnação da renda, uma vez que a recuperação da economia não consegue se traduzir em aumento da prosperidade para a média das famílias (…) cuja renda real aumentou apenas 0,3% em 2013…’.

Significa dizer que a renda média na principal economia capitalista do planeta encontra-se abaixo daquela de 25 anos atrás.

Mas os níveis de desigualdade regrediram ao padrão da Europa no início do século XX. Informa o livro de Thomas Piketty (‘O capital’), estranhamente ausente do debate eleitoral brasileiro.

Não é uma tragédia sem causa.

O lucro combinado dos seis maiores bancos americanos- JPMorgan Chase, Goldman Sachs, Citigroup, Wells Fargo, Morgan Stanley e Bank of America – saltou em 2013 para o seu maior patamar desde 2006: um aumento de ganho líquido de 21% ; ou US$ 74,1 bilhões em moeda sonante , segundo informou a Bloomberg.

A dificuldade da recuperação norte-americana, a mais lenta de todas, que fez o Fed, nesta 4ª feira, sinalizar a manutenção das taxas de juros baixas por ‘tempo indeterminado’ –para decepção do rentismo local e global– , não tem têm origem, porém, na crise de 2008.

O fio que interliga a persistente disseminação da pobreza nos EUA antes, durante e depois do colapso de 2008, é a hipertrofia do poder financeiro –que Marina quer vitaminar no Brasil.

É esse o elo entre a rastejante recuperação atual sob a batuta de Obama, a etapa aguda da crise que a antecedeu — capitaneada por Bush Jr– e, antes ainda, o período de apogeu que originou o desmonte regulatório do sistema financeiro legado por Roosevelt. Obra demolidora iniciada por Reagan (1981-1989), seguida da consolidação da hegemonia rentista sob a batuta do democrata Bill Clinton (1993-2001).

Radiografar essa espiral e traduzi-la para o idioma político destas eleições não é recorrer ao discurso do medo, como querem alguns.

São fatos que a retrospectiva norte-americana ilustra exaustivamente. Por exemplo:

1. Os salários da força de trabalho nos EUA estão em queda ou estagnados desde os anos 90;

2. Para 60% dos trabalhadores americanos , o valor da hora/trabalho estagnou ou caiu;

3. Em 1996 a renda média familiar já era inferior a de 1986 (uma corrosão que persiste);

4. O emprego estável esfarelou; a fatia dos trabalhadores com cerca de 10 anos no mesmo emprego caiu de 41% em 1979 para 35,4% em 1996 ( e embicou nos anos mais recentes);

5. A desigualdade se acentuou: a renda de uma família padrão de classe média encolheu, apesar do borbulhante fastígio rentista; apenas 10% dos lares abocanharam 85% dos ganhos propiciados pela farra financeira dos anos 80/90;

6. O trabalho se degradou: ao conquistar uma nova vaga, um desempregado ganha, em média, 13% menos que no trabalho anterior; em 1997, 30% dos empregos já operavam em tempo parcial, evidenciando uma economia que simultaneamente abdicou da indústria em troca dos ‘custos chineses’;

7. Nessa mutação estrutural , enquanto a fatia da renda apropriada pelos lares mais ricos (o 1% dos aplicadores em ativos) cresceu de 37,4% para 39%, o universo de lares sem ingressos ou com rendimento negativos saltou de 15,5% para 18,5%; na população negra, 31% dos lares tinham renda zero ou negativa em 1995.

Repita-se: tudo isso antes do colapso da subprime.

Esse paradoxo feito de desmonte industrial e exploração extrema, de um lado, e bonança rentista, do outro, só não explodiu antes graças à válvula de escape do endividamento maciço das famílias, que atingiu seu limite no estouro da bolha imobiliária, em 2008.

Os antecedentes mostram que a advertência feita pela propaganda de Dilma não é descabida.

É crucial para um projeto de desenvolvimento equitativo recompor e aprofundar a regulação do sistema financeiro, incluindo-se aí o controle sobre a mobilidade de capitais.

Foi isso que Dilma começou a dizer na CNBB. E Precisa continuar a dize-lo, de forma cada vez mais clara.

É isso que faz a propaganda vetada pelo procurador Janot.

Sem desmontar a supremacia financeira –e isso significa dar ao governo, ao Estado e à democracia os instrumentos de comando sobre o capital– será impossível consolidar um novo ciclo de investimento e alterar a redistribuição do excedente econômico no país.

Esse é um dos maiores desafios do desenvolvimento no século XXI

Mas para Marina o nome da crise é PT, não capitalismo destrambelhado.

Para Marina não existe conflito entre o fastígio dos banqueiros, e dos mercados financeiros, e os interesses populares.

O conflito que existe na sua constrangedora leitura da história é entre bons e maus; entre corruptos e elites bacanas; entre dilmas gerentonas e necas solícitas; entre o PT degenerado

–que “colocou um diretor para assaltar os cofres da Petrobrás”– e a virtuosa turma de novos amigos dos mercados.

É nessa toada que Marina, Aécio e seus apêndices pretendem levar a flauta da campanha até o fim.

As candidaturas progressistas não podem sancionar essa anestesia do discernimento popular.

Discurso do medo, uma ova, é preciso dizer, mimetizando a sagaz Luciana Genro.

A crise evidenciou que na ausência de regulação estatal da finança, a genética autodestrutiva do sistema passa a operar em condições de baixa demanda efetiva, elevado desemprego e especulação suicida.

A superação do impasse só virá se e quando o Estado detiver maior poder de comando para exercer seu papel indutor do crédito e do investimento produtivo.

Contra isso se insurge o conservadorismo. E ao seu desfrute se oferece Marina Silva e o seu tripé: BC independente; desregulação do pré-sal e desmonte da CLT.

Discurso do medo? Uma ova.

Artigo publicado originalmente em http://www.cartamaior.com.br/?/Editorial/Discurso-do-medo-uma-ova-/31823

Simpósio Bíblico na PUCRS em 2014

Cássio Murilo Dias da Silva, professor na PUCRS, dá notícia do Simpósio Bíblico Internacional a ser realizado naquela Universidade de 30 de setembro a 3 de outubro de 2014, sempre das 19h30 às 22h30, sobre as Novas Perspectivas no Estudo do Novo Testamento.

:: Apresentação
A descoberta de novos manuscritos, novas propostas das ciências humanas e sociais, novas tecnologias e novas descobertas arqueológicas obrigou a pesquisa acerca da Bíblia a se inovar e a abrir novos horizontes interpretativos. A inovação da pesquisa bíblica instiga a teologia e a própria prática religiosa a questionar a si mesmas e a buscar igualmente uma inovação. Para ter bons fundamentos, qualquer afirmação no âmbito religioso deve se apoiar em um corpo de textos sagrados que legitimam a própria religião e suas consequências éticas e práticas. Grande parte das afirmações feitas a respeito do Novo Testamento baseia-se em informações consolidadas ao longo de séculos e que, apesar de muitas vezes não condizerem com a realidade, tornaram-se inquestionáveis. O estudo científico do texto bíblico e do ambiente em que ele surgiu pôs em xeque muitas dessas “verdades” e abriu novas possibilidades de interpretação e compreensão, não só do texto em si mesmo, mas de suas propostas teológicas, éticas e sociais.

:: Objetivos
Expor de modo sucinto e sistemático as consequências da aplicação de novas tecnologias, descobertas e abordagens para a inovação do estudo do Novo Testamento. Por meio de questões centrais escolhidas, o Simpósio apresenta o ponto a que chegaram as mais recentes discussões e pesquisas acerca do Novo Testamento como um todo e dos escritos paulinos em particular.

:: Público-alvo
Alunos de graduação, pós-graduação e extensão, alunos de Humanismo e Cultura Religiosa, líderes de comunidades, agentes de pastoral das paróquias e demais interessados.

:: Programação

:. Dia 30/09/2014: Novas perspectivas no estudo do ambiente religioso do Novo Testamento

O Império Romano: religiões do Império: religião doméstica, religião civil, religiões mistéricas; Paz Romana

Palestrante convidado: Prof. Dr. Flávio Schmitt (Escola Superior de Teologia – São Leopoldo)

Debatedor: Prof. Dr. Luiz Carlos Susin

:. Dia 01/10/2014: Novas perspectivas no estudo do texto do Novo Testamento

A transmissão do texto e tradições textuais: principais manuscritos e novas descobertas; estudo comparativo de manuscritos

Método genealógico baseado na coerência: edições críticas do NT; método genealógico (o que é?)

Palestrantes da PUCRS: Prof. Dr. Irineu J. Rabuske e Prof. Dr. Cássio Murilo Dias da Silva

Debatedor: Prof. Dr. Romano Dellazari

:. Dia 02/10/2014: Novas perspectivas no estudo do ambiente social do Novo Testamento

Origens cristãs: inserção no Império Romano; mundo urbano e mundo rural; realidades e confrontos

Palestrante convidado: Prof. Dr. Eduardo de la Serna (Profesorado “Espiritu Santo” – Quilmes – Argentina; Profesorado “Don Bosco” – Buenos Aires – Argentina; Pontifica Universidad Javeriana – Bogotá – Colômbia)

Debatedor: Prof. Dr. Cássio Murilo Dias da Silva

:. Dia 03/10/2014: Novas perspectivas no estudo da teologia do Novo Testamento

Paulo e sua teologia: biografia e cronologia; epistolário e teologia

Palestrante convidado: Prof. Dr. Eduardo de la Serna

Debatedor: Prof. Dr. Irineu J. Rabuske

:: Data e Local
Data: 30/09 a 03/10/2014
Horário: das 19h30min às 22h30min
Local: auditório do prédio 7 – PUCRS

:: Informações e Inscrições
De 01 a 30 de setembro de 2014
Valor da inscrição: R$ 20,00 (com certificado)
https://www.pucrs.br/eventos/simposiobiblico

:: Organizadores
Prof. Dr. Cássio Murilo D. Silva (PUCRS)
Prof. Dr. Irineu J. Rabuske (PUCRS)
Prof. Dr. José Romaldo Klering (PUCRS)

:: Organização
Faculdade de Teologia
Departamento de Cultura Religiosa
Programa de Pós-Graduação FATEO

Resenhas na RBL: 11.09.2014

As seguintes resenhas foram recentemente publicadas pela Review of Biblical Literature:

C. Clifton Black
The Rhetoric of the Gospel: Theological Artistry in the Gospels and Acts
Reviewed by Geert Van Oyen

Wally V. Cirafesi
Verbal Aspect in Synoptic Parallels: On the Method and Meaning of Divergent Tense-Form Usage in the Synoptic Passion Narratives
Reviewed by Steven E. Runge

David J. A. Clines
Job 38-42
Reviewed by Norman Habel

Katharine J. Dell
Job: Where Shall Wisdom Be Found?
Reviewed by Martin A. Shields

Craig A. Evans
Matthew
Reviewed by Robert H. Gundry

Camilla Hélena von Heijne
The Messenger of the Lord in Early Jewish Interpretations of Genesis
Reviewed by Koog P. Hong

Daniel Keating
First and Second Peter, Jude
Reviewed by Abson Joseph

Steven T. Mann
Run, David, Run! An Investigation of the Theological Speech Acts of David’s Departure and Return (2 Samuel 14–20)
Reviewed by David G. Firth

James M. Robinson
The Story of the Bodmer Papyri: From the First Monastery’s Library in Upper Egypt to Geneva and Dublin
Reviewed by Tommy Wasserman

Christopher W. Skinner and Kelly R. Iverson, eds.
Unity and Diversity in the Gospels and Paul: Essays in Honor of Frank J. Matera
Reviewed by James D. G. Dunn

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Resenhas na RBL: 02.09.2014

As seguintes resenhas foram recentemente publicadas pela Review of Biblical Literature:

James K. Aitken, Jeremy M. S. Clines, and Christl M. Maier, eds.
Interested Readers: Essays on the Hebrew Bible in Honor of David J. A. Clines
Reviewed by Bob Becking
Reviewed by Richard S. Briggs

Mary Ann Beavis and Michael J. Gilmour, eds.
Dictionary of the Bible and Western Culture
Reviewed by Matthias Millard

Rachel M. Billings
“Israel Served the Lord”: The Book of Joshua as Paradoxical Portrait of Faithful Israel
Reviewed by Thomas B. Dozeman

Susanne Gillmayr-Bucher
Erzählte Welten im Richterbuch: Narratologische Aspekte eines polyfonen Diskurses
Reviewed by Klaas Spronk

Mark Larrimore
The Book of Job: A Biography
Reviewed by Michael S. Moore
Reviewed by Agnethe Siquans

Reinhard Neudecker
Moses Interpreted by the Pharisees and Jesus: Matthew’s Antitheses in the Light of Early Rabbinic Literature
Reviewed by Abson Joseph

Stanley E. Porter and Eckhard J. Schnabel, eds.
On the Writing of New Testament Commentaries: Festschrift for Grant R. Osborne on the Occasion of His Seventieth Birthday
Reviewed by Edward W. Klink III

Daniel R. Schwartz
Reading the First Century: On Reading Josephus and Studying Jewish History of the First Century
Reviewed by Jonathan Klawans



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Poderia Marina dizer a que veio?

Se Marina hoje não pode nos dizer a verdade, é preciso que sejamos capazes de dizer a verdade a Marina.

Por que Marina não pode dizer a verdade? – Juarez Guimarães: Carta Maior 13/09/2014

O primeiro alerta partiu do deputado federal Jean Wyllys, do PSOL, em carta aberta dirigida à Marina Silva no dia 30 de agosto: “Bastaram quatro tuites do pastor Malafaia para que, em apenas 24 horas, a candidata se esquecesse dos compromissos de ontem anunciados em um ato público transmitido por televisão e desmentisse seu próprio programa de governo, impresso em cores e divulgado pelas redes. É com essa autoridade de quem agiu de boa fé, que agora digo: Marina, você não merece a confiança do povo brasileiro. Você mentiu a todos nós e brincou com a esperança de milhões de pessoas”. A explicação dada pela campanha de Marina foi totalmente inconvincente: teria sido um erro de edição, de quem formatou o programa!

Agora, vem o juízo do respeitado colunista Jânio de Freitas, documentando inverdades ditas várias vezes por Marina sobre três questões importantes: o pré-sal, os transgênicos e a relação entre suas opiniões políticas e religiosas. “Há uma lenda de que sou contra os transgênicos. Mas isto não é verdade”, disse Marina em entrevista a William Bonner e Patrícia Poeta. Jânio de Freitas registra que apenas uma pesquisa entre os anos 1998 e 2002 revelou que Marina não só fez seis discursos contra os transgênicos como apresentou um projeto de lei proibindo-os inicialmente por cinco anos. Argumentava com base “em cinco referências bíblicas”, “tendo em vista o lado espiritual”.

Da mesma forma, Jânio documentou várias declarações públicas recentíssimas da candidata contra o pré-sal. E, ao final de seu breve juízo, afirmava que Marina parece confirmar a fórmula de que se “deveria esquecer tudo o que antes havia dito”.

Agora, no dia 11 de setembro, vem a repórter Letícia Fernandes, de O Globo, documentar que Marina mentiu na sabatina feita pelo jornal. Marina afirmou que havia dado, quando era senadora, um parecer contrário ao projeto do deputado Filipe Pereira (PSC-RJ) que exigia “a obrigatoriedade da manutenção de exemplares da Bíblia Sagrada nos acervos das bibliotecas públicas “. “Me deram um relatório de um projeto que obrigava a colocar bíblias em todas as bibliotecas. Eu dei parecer contrário”, afirmou a O Globo. A pesquisa da repórter comprovou que Marina não deu o parecer contrário.

Não é razoável também pedir a alguém que acredite, como Marina repetiu várias vezes, que a sua relação com uma das principais herdeiras do Banco Itau, que coordenou o seu programa de governo e que a teria convencido da necessidade de defender a autonomia do Banco Central, seja por afinidades eletivas apenas como educadoras. Essa relação desinteressada tornou-se completamente inverossímil depois que se revelou que a amiga bancou 83 % das verbas, um milhão de reais, em 2013 do Instituto que Marina dirige e que lhe garante a sobrevivência.

Aliás, Marina não parece ter dito a verdade quando respondeu aos repórteres que não podia revelar os clientes nem quanto lhe pagaram por proferir palestras nos últimos anos porque estes clientes lhe exigiam cláusulas de confidencialidade. Uma pesquisa feita pelo jornal O Estado de São Paulo revelou quem eram estes clientes: grandes bancos, empresas e seguradoras como o Santander, o Banco Crédit Suisse, a multinacional Unilever, a Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e Capitalização, faculdades neoliberais. E, ao contrário do que Marina afirmou, confidenciou ao repórter um banqueiro: quem pedia cláusula de confidencialidade era a própria Marina !

O antigo tesoureiro da campanha do PSB, Márcio França, candidato a vice-governador na chapa de Alckmin, não parece ser também um representante da “nova política”. Ele certamente não disse a verdade quando declarou à imprensa que os documentos do avião em que viajava Eduardo Campos e seus companheiros não podiam ser apresentados porque estavam dentro dele e teriam sido provavelmente destruídos na queda. Como se documentou fartamente depois, na verdade, o avião havia sido comprado com notas frias e laranjas por empresas fraudulentas.

E muito menos o novo tesoureiro da campanha de Marina, agora diretamente indicado por ela, Álvaro de Souza, parece indicar novos rumos na política. Ele é ex-presidente do…City Bank no Brasil! Haja “nova política”!

Marina parece querer ocultar a verdade de seus eleitores quando declarou que não subirá aos palanques nem de Alckmin em São Paulo nem de Lindhenberg no Rio. É uma forma de não querer misturar sua imagem à “velha política” e mostrar eqüidistância em relação ao PT e ao PSDB. Mas ela combinou, então, com o deputado Beto Albuquerque, seu vice, para ir ao primeiro programa de TV Alckmin no horário eleitoral gratuito manifestar o seu apoio ao governador do PSDB? Ou ele agiu contra a sua opinião no principal colégio eleitoral do país? Aliás, Marina sabe, já que foi inclusive noticiado na imprensa, que este deputado federal pelo PSB do Rio Grande do Sul teve a sua candidatura financiada pela empresa Monsanto, principal interessada na aprovação dos transgênicos, e até por fabricantes de armas! É ele, então, um representante da “nova política”?

Marina não diz a verdade nem quando acusa o PT, partido no qual se formou e militou durante 27 anos: Paulo Roberto teria sido indicado pelo PT “para assaltar os cofres da Petrobrás’. Ora, este indivíduo ocupou cargo de direção na Petrobrás desde 1995, durante o primeiro governo FHC, e foi demitido no dia 19 de abril de 2012 por Graça Foster, indicado por Dilma para a presidência da Petrobrás.

O que não pode mais ser escondido

Ricardo Noblat, certamente um dos jornalistas com informações mais confiáveis sobre o que se passa na cúpula do PSDB, noticiou que a firme opinião de Fernando Henrique Cardoso era de que Aécio não deveria criticar Marina, deveria, ao contrário, renunciar à sua candidatura à presidência e apoiar já Marina no primeiro turno. Aécio resistiria a esta decisão por ter esperanças de ainda poder salvar de uma derrota arrasadora o candidato do PSDB ao governo Ora, como se documentou fartamente em artigo publicado em Carta Maior, “A “nova’ Marina é criatura de FHC”, o paradigma de programa, os economistas mandatados, a nova direção política de sua campanha, os financiadores e tesoureiros, seus argumentos e sua linguagem estão diretamente inseridas no campo político e intelectual organizado por FHC. Mas Marina não pode reconhecer esta ligação tão orgânica porque viria abaixo a sua identidade de ser a protagonista de uma “nova política” que visa superar a polarização PSDB e PT. Daí que esta relação íntima tenha de ser permanentemente escondida ou negada aos eleitores.

Mas uma contradição ainda mais explosiva tem de ser o tempo todo administrada por Marina. De um lado, ela afirma compromissos em aumentar os recursos do governo federal para a educação, para a saúde, para o Minha Casa Minha Vida, para o Bolsa Família, o valor do salário-mínimo , o emprego etc. Do outro, cada vez que falam os economistas mandatados por ela, Eduardo Gianetti e André Lara Resende, dois economistas neoliberais cujo radicalismo cheira à barbárie, é o inverso o que dizem. É como se Marina dissesse ao mesmo tempo: “odeio futebol mas não perco um jogo do Flamengo!”. Ou melhor: meu compromisso é com os pobres .. mas só gostar de andar atualmente com grandes banqueiros!.

Marina leu o que disse Eduardo Gianetti na entrevista publicada na capa do jornal Valor Econômico, de 6 de setembro, quando este afirmou com todas as letras “que os compromissos na área social assumidas pela candidata do PSB serão cumpridos à medida que as condições fiscais permitirem ? ” E que “ esses compromissos se distribuem no tempo. É um erro grave imaginar que o que está colocado no programa vá se materializar no primeiro orçamento”?

Marina ouviu a palestra pública proferida por André Lara Resende que uma “boa economia não pode ser feita com bons sentimentos” e que, ao invés de se ajudar os pobres do Nordeste, é preferível investir na educação? Será que ela leu que em seu programa está escrito que a legislação trabalhista que protege os direitos dos trabalhadores brasileiros deve ser superada ou contornada, como estão denunciando os principais representantes da tradição jurídica do Direito do Trabalho no Brasil?

De novo: Marina não pode fugir da contradição porque ela é, a sua própria candidatura, a contradição. Tem que documentar que ela é confiável e, como se diz em linguagem neoliberal, “amiga do mercado financeiro”, mas, ao mesmo tempo, tem de cultivar a adesão dos que querem direitos sociais mais universalistas e de melhor qualidade. Isto é, está impedida de dizer a verdade.

Violência e ilusão

A violência, todo o sentido anti-democrático e anti-popular, da principal proposta de Marina Silva para a economia – a chamada “autonomia” do Banco Central – é revelada quando se documenta que o Brasil já teve um Banco Central autônomo. Este era um sonho antigo dos econômistas liberais ortodoxos brasileiros como Eugênio Gudim, Octávio Gouveia de Bulhões e Roberto Campos desde os anos quarenta do século passado, que travaram desde sempre uma luta de vida ou morte contra Celso Furtado e as tradições desenvolvimentistas brasileiras.

Eles conseguiram realizar este sonho exatamente com o golpe militar de 1964: a reforma bancária logo anunciada pelos golpistas transformava a antiga Superintendência da Moeda e do Crédito ( Sumoc) em Banco Central e concedia autonomia para as autoridades monetárias. A diretoria do Banco central era composta por quatro membros, escolhidos dentre seis membros do Conselho Monetário Nacional, com mandatos fixos de seis anos.

Denio Nogueira, o primeiro presidente do Banco Central, era consultor do Sindicato dos Bancos do Rio de Janeiro e da ALALC ( Associação Latino Americana para Livre Comércio) e desde os primeiros anos da década de sessenta passou a fazer parte do IBAD ( Instituto Brasileiro de Ação Democrática) e do IPES ( Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais). Enquanto o IPES era o órgão que disseminava propaganda para justificar o golpe militar, o IBAD era encarregado de manipular os recursos para financiar e corromper candidatos comprometidos com o golpe na democracia. Depois de cumprido o seu mandato interrompido pelos generais – promoveu uma forte desvalorização cambial, que lhe provocou forte desgaste, tendo sido chamado junto com Roberto Campos e Octávio Gouveia de Bulhões de “trindade maldita” – Denio Nogueira foi representante no Brasil do grupo Rotschild and Sons, indicado por Eugênio Gudin, mostrando que desde o início houve forte intimidade entre diretores do BC e os grandes grupos financeiros internacionais.

É claro, a candidata Marina nada sabe disso. Faz parte do ator político transformista devorar o passado, inclusive o próprio, e inscrever-se em um tempo messiânico que promete o novo. Isto é para ele uma necessidade já que não pode explicar a razão de sua mudança, as rupturas que teve que fazer e os novos compromissos que teve de assumir.

Toda a violência da ação transformista de Marina está inscrita nesta passagem da política de opiniões fundamentalistas sobre temas da moral – por definição, o fundamentalista é aquele que defende verdades para além dos séculos e das circunstâncias – para a política pragmática, que, por definição, é aquela que ajusta a sua política à necessidade de vencer a todo custo.

Uma política carismática deve oferecer ao seu público as provas de sua autenticidade. Se a autenticidade lhe é desmentida, o carisma vem abaixo. Mas a verdade – uma relação clara e nítida com os seus eleitores – é, como procuramos demonstrar, o que Marina não pode mais representar.

Na política, assim como na vida, há momentos em que é preciso defender as pessoas que já amamos e cujo passado admiramos do que elas vieram a ser e fazer contra a dignidade da sua própria memória. Se Marina hoje não nos pode dizer a verdade, é preciso – é absolutamente necessário – que sejamos capazes, democraticamente e de modo sereno, dizer a verdade à Marina.

Juarez Guimarães é cientista político.