A direita tem um rosto: Marina

Se ganhar a eleição – e hoje é franca favorita -, a ideia da Política como contraponto ao Mercado  – foi esse contraponto que garantiu todos os direitos sociais e políticos para os pobres e para os trabalhadores ao longo do século XX – terá sido derrotada nas urnas. A própria ideia de que o espaço público deve estar governado pelo primado da razão sairá derrotada por uma candidata que pratica a “roleta bíblica” antes de tomar decisões políticas, e que no último debate no SBT atacou a política feita de modo “cartesiano” – ou seja, sob o domínio da razão.

Marina Silva: o que ela representa? Rodrigo Vianna: Escrevinhador 03/09/2014

Marina Silva, em crescimento vertiginoso segundo todas as pesquisas(bobagem achar que estejam todas erradas), não é um raio em céu azul. Não é um acidente de percurso.Ela representa a restauração conservadora. Ela oferece um rosto para a “não-política” que explodiu em junho de 2013. Mas que vem de longe…

Como já escrevi aqui, Marina tem uma trajetória respeitável e em muitos momentos lutou contra as injustiças no Brasil. Mas quem conhece meia dúzia de livros de História sabe que os indivíduos nunca são aquilo que gostariam ou que afirmam ser. Muitas vezes, no meio do turbilhão da história, acabam por cumprir um papel em tudo diverso do que haviam reservado para si mesmos.

Marina pode bater no peito e dizer: “sou o novo”. Não é. Infelizmente, ela cumpre nessa eleição, nesse momento histórico, um outro papel. “Marina, tu costeaste o alambrado”, diria o velho Brizola. Costeou o alambrado, passou para o outro lado. Assumiu o programa do desemprego tucano, virou um cruzamento “exótico” de FHC com o pastor Malafia.

Sequestrada pelos ultraliberais na economia (a Neca do Itaú e os tucanos de bico colorido vão mandar na economia num provável governo marineiro), e pelos ultraconservadores nos costumes, Marina significaria um passo atrás gigantesco na economia, na política, nos direitos humanos.

Lula também cedeu: negociou, fez a Carta aos Brasileiros. Mas tinha com ele um campo político, orgânico, robustecido por 30 anos de lutas. Marina é o bloco do “eu e os bons”. Risco também para a Democracia. Lula negociou para implantar (pelo menos em parte) um programa de centro-esquerda. Marina cedeu (e mudou de lado) para ser ela própria a comandante do bloco conservador. Há uma diferença considerável.

A essa altura, Marina coloca-se mesmo à direita de Aécio Neves. Patrocinada pelo Itáu, ela apóia a autonomia completa do Banco Central (nem os tucanos com Armínio Fraga ousam ir tão longe), para atender aos interesses dos banqueiros e investidores. Aliada a lideranças do submundo religioso, rechaça os direitos de homossexuais e abandona a defesa do mundo LGBT. Parceira dos que pretendem enterrar o Mercosul e a Celac, ataca o que chama de “bolivarianismo” e rende-se aos interesses dos Estados Unidos – propondo que se paralise o projeto do Pré-sal.

Por tudo isso, Marina é hoje a adversária mais perigosa dos trabalhadores e de quem aposta na redução das desigualdades e injustiças. Não só na eleição, mas a médio e longo prazos. Marina não é só uma candidatura, mas um projeto que precisa ser enfrentado e derrotado: agora, nas urnas; ou depois, se ela eventualmente chegar ao poder.

Quem acredita que o voto em Marina significa a “nova” política precisa olhar o mapa eleitoral nos estados. Nova política vai levar Garotinho ao poder no Rio e Alckmin em São Paulo? Não. Marina é o velho escondido sob o manto do novo.

É curioso notar: ao contrário de 1989, quando os adeptos de Collor estavam nas ruas usando seus adesivos e bandeiras, Marina avança quase em silêncio. Parece um voto de protesto. Mas suponho que seja mais que isso.

Na entrevista de Lula aos blogueiros, em abril, perguntei se o PT não havia falhado, ao abrir mão do combate simbólico. E Lula: “mas você quer mais simbolismo do que eleger um operário e uma mulher para a presidência?”. Sim, Lula, foi pouco. Enquanto o PT operava mudanças importantes (mas parciais, insuficientes), o discurso conservador avançava pelas profundezas. Na guerra dos símbolos, a esquerda perdeu feio. Só que na hora da decisão, não há um tucano ou um demo, mas uma ex-petista travestida de “novo”, pronta para realizar o serviço.

O PT teve sua imagem arrasada num combate permanente. Claro, cometeu também muitos erros. Mas nenhum outro partido foi tão atacado. Não é à toa: o PT era um símbolo a ser destruído. Dilma (apesar da firmeza para enfrentar o mercado financeiro e os EUA) parece fraca para reagir sozinha: isolou-se, centralizou decisões, absteve-se da política. Sobrou Lula, que a partir de 2015 terá sua cabeça colocada a prêmio.

A direita fatiou Lula/Dilma/PT em três pedaços, e fez o combate separadamente. Até agora, vem dando resultado. A derrota de Dilma seria a derrota do projeto lulista, mas seria mais que isso.

O historiador Fernand Braudel tem uma metáfora bonita para falar desses movimentos quase invisíveis nas sociedades: enquanto na superfície do mar observamos a espuma, é nas profundezas que as grandes correntes desenham movimentos de “longa duração”.

Marina representa um somatório de movimentos desse tipo. Se ganhar a eleição (e hoje é franca favorita), a ideia da Política como contraponto ao Mercado (foi esse contraponto que garantiu todos os direitos sociais e políticos para os pobres e para os trabalhadores ao longo do século XX) terá sido derrotada nas urnas. A própria ideia de que o espaço público deve estar governado pelo primado da razão sairá derrotada por uma candidata que pratica a “roleta bíblica” antes de tomar decisões políticas, e que no último debate no SBT atacou a política feita de modo “cartesiano” (ou seja, sob o domínio da razão).

Movimentos irracionalistas, anti-razão, já deram as caras na história do Ocidente mais de uma vez. E isso sempre acabou mal.

Se Marina vencer, o pensamento progressista (e não só o PT) terá sido derrotado de forma ampla. O “velho” vai mostrar as garras. Algumas ideias centrais do campo progressista serão derrotadas pela candidata da “nova” política. Vejamos…

1) A ideia de que os menos favorecidos podem (e devem) se organizar em sindicatos, partidos e movimentos para obter conquistas coletivas terá sido derrotada pelo discurso do “fora partidos” e do “viva a nova política”.

A campanha midiática antipolítica vem de longe, e explodiu nas ruas em junho de 2013. Mas vejam que a longa campanha tem um endereço claro: enfraquecer, ou liquidar se assim fosse possível, qualquer organização popular (ou de esquerda). A criminalização da política é uma criminalização da esquerda (e isso eu vi a rua, na avenida Paulista em 2013, quando hordas de extrema-direita tentavam agredir jovens com camisa do PSOL e do PSTU, dizendo que eram “petralhas”, “comunas de merda”). Marina aproveita-se desse discurso, insufla, incentiva e colhe os resultados desse discurso.

2) A ideia de que há interesses divergentes na sociedade e que nem sempre é possível acolher a todos terá sido derrotada. Luciana Genro (PSOL) disse isso a Marina num debate: “de que lado você está, Marina?”. A história de governar com “os bons” de todos os partidos é autoritária (quem escolhe os “bons”?) e mascara os conflitos. Num governo Marina, movimentos sociais serão ainda mais criminalizados como aqueles que não enxergam a “nova política” em que “Neca Setubal e Chico Mendes são elite do mesmo jeito” (frase de Marina, a revelar – num lapso quase freudiano – o que ela representa de fato).

3) O conservadorismo nos costumes terá avançado mais. Marina recusa-se a defender lei contra a homofobia porque é preciso resguardar o “direito individual” de quem pensa diferente. Parece o Partido Republicano dos EUA. Mas não é só isso. O mesmo conservadorismo que domina a TV aberta com programas policialescos no fim de tarde – e que leva milhares de cidadãos (inclusive os mais pobres e mais vulneráveis) a defenderem a polícia que “prende e arrebenta” – de certa forma ganha a batalha das ideias.

O PT e boa parte dos tucanos históricos (hoje o PSDB, que já foi de Montoro e Covas, abriga em seus quadros policiais matadores, num claro giro à direita) representam uma espécie de anteparo a esse discurso da barbárie. Marina acaba (em parte) caudatória do eleitorado que nos grandes centros urbanos apóia esse discurso.

Marina, como disse lá na abertura, é parte de um processo de restauração conservadora. Da mesma forma que o cerco a Vargas em 54 e a eleição de Janio em 1960 eram parte do mesmo processo que terminaria com o golpe de 1964.

Só que Marina transforma esse processo em algo fluido, difícil de ser detectado pela massa de eleitores suscetível ao discurso da antipolítica.

A direita tem um rosto. É o rosto de Marina. Lamento, mas foi o papel que ela escolheu representar.

Vai ganhar? Hoje, é o mais provável. Os argumentos que expus acima poderiam levar a derrotá-la. Mas temo que não haja tempo. Dez anos de anti-política e conservadorismo subterrâneos não se combatem em um mês ou dois.

De toda forma, a batalha agora é necessária. Quem acha que o conservadorismo precisa ser enfrentado de frente deve se contrapor a essa onda marineira: para ganhar ou perder. Depois das urnas, a vida segue, e o combate será ainda mais duro.

Marina: orgia de passado a entrevar nosso futuro

Há um problema neste quadro de festividades para a direita e de funeral para o futuro do país: falta combinar este programa com o próprio país que pretende governar. O Brasil tornou-se complexo demais para uma tal visão simplista da sua realidade.

Marina e os desastres do passado – Flávio Aguiar: Rede Brasil Atual 03/09/2014

Não, cara leitora, caro leitor: não é o passado de Marina que é o desastre. Pelo contrário, Marina Silva tem um passado louvável de luta ambientalista. Além disso, tem o direito de se candidatar ao que quiser e como quiser. Mas há um “outro passado” que está se grudando nela, e este “outro passado” é que é o desastre. Pior: é um desastre que aponta para o futuro.

Marina diz que vai governar “para além das alianças”, ou algo assim. Ninguém sabe o que isto quer dizer exatamente – exceto que isto é uma retórica impossível de ser cumprida, a menos que ela queira passar por cima das instituições da República, o que, sinceramente, duvido. Fatalmente haverá alianças.
(…)
O que se projeta para o futuro de um possível governo Marina contém uma razoável dose de esperança – por quem defenda este tipo de política – de retorno sim ao passado e de muitos de seus espectros: orgia do mundo do mercado financeiro no tal do “Banco Central Independente”, contenção do salário mínimo e do poder aquisitivo da maioria da população (inclusive de parte considerável da classe média que apoia hoje Marina ou Aécio), desarticulação ou redução (até a inércia) da política de transferência de renda para os mais pobres, desossamento de políticas como a do Prouni ou do Ciência sem Fronteiras, talvez também do Mais Médicos, cortes nos subsídios a setores fragilizados da economia, ao custo da energia, reserva do pré-sal para tempos futuros quando a Petrobras já esteja privatizada e transformada em Petrobrax, e ainda de quebra o reatrelamento preferencial da política externa brasileira aos interesses recessivos e depressivos dos Estados Unidos, da União Europeia e do Japão. Em suma, uma orgia de passado a entrevar nosso futuro.

Há um problema neste quadro de festividades para a direita e de funeral para o futuro do país: falta combinar este programa – realmente previsto para ser executado pela direita que hoje absorve a figura de Marina, a ponto de transformar-lhe o gestuário e a mudar propostas, como no caso do casamento gay – com o próprio país que pretende governar. É claro que este receituário da direita segue a norma neoliberal de que o propósito de um governo deve ser o de semear o caos e a catástrofe, garantindo privilégios e administrando a contenção de direitos da cidadania, para depois administrar este caos e esta catástrofe…

Leia o texto completo.

Resenhas na RBL: 28.08.2014

As seguintes resenhas foram recentemente publicadas pela Review of Biblical Literature:

Scott A. Ashmon
Birth Annunciations in the Hebrew Bible and Ancient Near East: A Literary Analysis of the Forms and Functions of the Heavenly Foretelling of the Destiny of a Special Child
Reviewed by Paola Mollo

Matthew W. Bates
The Hermeneutics of the Apostolic Proclamation: The Center of Paul’s Method of Scriptural Interpretation
Reviewed by Robert B. Foster

Gareth Lee Cockerill
The Epistle to the Hebrews
Reviewed by Gabriella Gelardini
Reviewed by Kevin B. McCruden

Dean B. Deppe
All Roads Lead to the Text: Eight Methods of Inquiry into the Bible
Reviewed by Nijay Gupta

Timo Nisula
Augustine and the Functions of Concupiscence
Reviewed by Anthony Dupont

Dennis Pardee
The Ugaritic Texts and the Origins of West-Semitic Literary Composition: The Schweich Lectures of the British Academy 2007
Reviewed by Jeremy M. Hutton

Ryan S. Schellenberg
Rethinking Paul’s Rhetorical Education: Comparative Rhetoric and 2 Corinthians 10-13
Reviewed by Fredrick J. Long
Reviewed by Duane F. Watson

Samuel Vollenweider and Eva Ebel, eds.
Wahrheit und Geschichte: Exegetische und hermeneutische Studien zu einer dialektischen Konstellation
Reviewed by Mark W. Elliott

>> Visite: Review of Biblical Literature Blog

Messianismo, fundamentalismo e mercado

O maior risco que o Brasil pode correr é a chegada, algum dia, de um fundamentalista ao Palácio do Planalto. Disse alguém, em incerto dia.

Leia o artigo abaixo. É muito lúcido.

Messianismo, fundamentalismo religioso e poder para o mercado financeiro

Acreditava que no Brasil não havia o risco de um novo salvador. Afinal, o momento em que Collor apareceu como candidato da nova política parece distante.

Flávia Biroli – Carta Maior: 02/09/2014

A candidata do PSB, Marina Silva, se apresenta como a representante da “nova política”.

A política não seria feita de acordos e disputas entre partidos políticos e grupos na sociedade, mas de uma reunião das pessoas “de bem”. Quem define quem faz parte da “nova política” é a própria candidata, com uma sabedoria que, ao que parece, viria da pureza de quem está fora da política e imbuída de uma missão.

Acreditava que no Brasil de hoje não havia o risco de um novo salvador. Afinal, o momento em que Collor apareceu como candidato da “nova política”, contra a política dos marajás, parece não apenas distante, mas de algum modo aquém do patamar em que as disputas se colocaram desde então.

Estava enganada. Temos hoje novamente uma candidata que se apresenta como a representante da “nova política”.  A recusa da dinâmica política aparece como a solução, os partidos e as instituições são vistos como entraves, mas sua candidatura só foi possível porque seguiu a rota mais convencional do casuísmo, tomando carona em um partido que nada tem a ver com a agenda que parecia ser a sua. E tudo para garantir que não ficaria de fora da disputa eleitoral, mesmo não acreditando nos caminhos desta política.

Marina Silva também se apoia em concepções da economia que nada têm de novas, que são defendidas há décadas pelos banqueiros e pelos economistas que estão com ela – eles tiveram, aliás, lugares bem pagos e de prestígio em consultorias, bancos e em governos anteriores.

Maior controle do mercado sobre o Banco Central (a independência do BC), ajustes na economia para restabelecer a “confiança” dos investidores, é assim o “novo” de Marina Silva. Ela é “nova” financiada pelo Itaú, fazendo acordos com o agronegócio e com uma agenda econômica produzida por André Lara Resende (quem não se lembra dele, pode lançar no Google confisco da poupança no governo Collor, grampo do BNDES, banco Matrix, privatização da Telebras etc.) e Eduardo Gianetti (que repete a fórmula dos “ajustes duros” e da autonomia do Banco Central, além de elogios à política econômica de Fernando Henrique Cardoso).

O fundamentalismo religioso a coloca numa posição em que a crença supera os direitos individuais. Já falou a favor do criacionismo, recusando o conhecimento científico. É contrária aos direitos dos homossexuais e prefere diluir os problemas em noções vagas de diferença a enfrentar o fato de que sua posição colabora para a recusa da cidadania e para a violência contra tantas pessoas. É mulher na política, mas retirou a palavra “sexismo” do seu programa de governo. Afinal, conflitos são coisa do passado.

O que ela teria de distinto, sua identidade de ambientalista, vai rapidamente pelo ralo. Afinal, é preciso garantir a “confiança”. E como não há conflitos na sociedade dos discursos de Marina Silva, as dúvidas sobre os transgênicos se resolvem definindo áreas de plantio para transgênicos e não-transgênicos: um caminho para a paz entre o agronegócio e os ambientalistas, afinal! E o etanol se transforma em aliado do ambientalismo, garantindo um lugar para os usineiros no pacote da “nova política”.

O messianismo garante que Marina Silva seja “líder nata” sem propostas e com a entrada mais tradicional no jogo político. Ela está acima das disputas e dos conflitos. E os acordos… bem, os acordos são feitos à velha moda, nos bastidores, enquanto ela repete “nova política”, “nova política”, “nova política”.

Sabemos, no entanto, que os conflitos sociais não desaparecem e os apoios de banqueiros, investidores e empresários são cobrados depois. Sabemos também que por mais complicado que seja governar com instituições democráticas, sem elas nós todos nos tornamos reféns do que nos reservam as boas intenções ou a vontade de uma “iluminada”.

Flávia Biroli é professora do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília.

Marina e a leitura fundamentalista da Bíblia

Marina passou para um cristianismo pietista e fundamentalista que tira o vigor do engajamento e se basta com orações e leituras literalistas da Bíblia (Leonardo Boff).

:: Bispo de SP: Marina traz risco de ‘fundamentalismo’ – Brasil 24/7 — 03/09/2014
O bispo de Jales (SP), dom Demétrio Valentini vê com temor a possível vitória na eleição presidencial da ex-ministra Marina Silva (PSB), uma evangélica da Assembleia de Deus. “Agora, a gente tem medo do fundamentalismo que ela pode proporcionar. Existe na Marina uma tendência ao radicalismo, pela convicção exagerada ao defender seus valores e suas motivações, que pode derivar para o fundamentalismo”, disse ele em entrevista ao Valor. Para o bispo, Marina traz o risco de fazer da religiosidade um instrumento de ação política. Ele vê sua ascensão nas pesquisas como uma situação “irreversível”. A não ser que haja uma reviravolta em que comecem a pesar as fragilidades de Marina, que não estão no fato de ela não ser católica. Estão em ela ter pouca articulação política e portanto existirem dúvidas sobre como ela vai governar. Dom Demétrio ainda lamentou o fato de a presidente Dilma Rousseff não ter estabelecido “muitas pontes” com a Igreja. “A Dilma tem um estilo mais autoritário, ela pouco nos convocou. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva o fazia com muita frequência”, disse.

:: Leonardo Boff ao 247: “Dilma é a melhor opção” – Brasil 24/7 — 02/09/2014
Questionado a avaliar a mudança de Marina Silva desde que a conheceu, no Acre, até 2014, quando se candidata à Presidência da República pelo PSB, Boff observa, como primeiro ponto, a mudança de religião. “De um cristianismo de libertação, ligado aos povos da floresta e aos pobres, passou para um cristianismo pietista e fundamentalista que tira o vigor do engajamento e se basta com orações e leituras literalistas da Bíblia”. Para Boff, a candidatura da ex-senadora “representa uma volta ao velho e ao atrasado da política, ligada aos bancos e ao sistema financeiro. Seu discurso de sustentabilidade se tornou apenas retórico”. Em sua visão, Marina não possui a habilidade de articulação. “Se vencer, oxalá não tenha o mesmo destino político que teve Collor de Mello”, prevê. Na entrevista, ele comenta ainda sobre o pessimismo generalizado no País – “grande parte induzido por aqueles que querem a todo custo e por todos os meios tirar o PT do poder” – e dá sua opinião sobre a mídia: “hoje, com a oposição fraca, eles se constituíram a grande oposição ao governo do PT”. Entrevista concedida ao jornalista Paulo Moreira Leite.