“O Caderno” de Saramago nas páginas do The Times
Com o título “A infinita Internet de José Saramago”, “O Caderno” foi recenseado no suplemento literário do jornal “The Times”. Aqui deixamos o texto publicado a 14 de Abril de 2010: A infinita Internet de José Saramago. O infindável blogue do Prémio Nobel está cheio de entusiasmo, indignação e energia.
Destaco aqui dois trechos, nos quais leio uma avaliação das posições políticas, literárias e religiosas de Saramago expressas no blog:
Saramago (…) em anos recentes foi por duas vezes candidato ao Parlamento Europeu. Aqui, no entanto, o seu julgamento é muitas vezes atraído pela retórica dos gemidos lunáticos. Uma coisa é escrever sobre Nicolas Sarkozy que “Nunca esperei muito deste senhor”; outra completamente diferente é acusar George W. Bush de ter “expulsado a verdade do mundo”. Saramago não pode acreditar que Silvio Berlusconi venha do mesmo país que Verdi. É fácil escarnecer de Saramago na sua ira, mas duas coisas devem ser ditas em sua defesa. Primeira, há algo estimulante na sua “recusa em aceitar” o mundo como se apresenta na desigualdade. Segunda, isto é um blogue, e não um manifesto, e como tal é pessoal, fragmentado e reactivo.
Muito mais gratificantes são as suas meditações sobre literatura, linguagem, teologia. “Deus”, escreve, num eco dos Cadernos de Lanzarote (ainda inéditos em inglês), “é o silêncio do universo e o homem o grito que dá sentido a esse silêncio”. O acto de blogar inspirou certamente o lado aforístico de Saramago, e é particularmente memorável quando reflecte sobre os seus heróis literários. Aqui está uma sobre Fernando Pessoa: “Este Fernando Pessoa nunca chegou a ter verdadeiramente a certeza de quem era, mas por causa dessa dúvida é que nós vamos conseguindo saber um pouco mais quem somos.” Escreve um elegante tributo a Carlos Fuentes, que “tornou compatível a maior exigência crítica, o maior rigor ético, que são os seus, com uma gravata bem escolhida.” e introduz-nos ao brilhantismo de Javier Ortiz, que escreve o seu próprio obituário. O entusiasmo de Saramago é irresistível e os seus elogios agudos. Louva Kafka “por ter demonstrado que o homem é uma barata”, Montaigne “porque não precisou de Freud para saber quem era” e Gogol “porque contemplou a humanidade e descobriu-a triste”.
Fonte: Fundação José Saramago – 19/04/2010
Morre o escritor português José Saramago (1922-2010) – Ganhador do Nobel de Literatura, Saramago morreu nesta sexta-feira, dia 18.06.2010, em sua casa em Lanzarote, nas Ilhas Canárias, onde morava com sua mulher, a espanhola Pilar del Río.
Na página da Fundação José Saramago, leio:
Hoje, sexta-feira, 18 de Junho, José Saramago faleceu às 12.30 horas na sua residência de Lanzarote, aos 87 anos de idade, em consequência de uma múltipla falha orgânica, após uma prolongada doença. O escritor morreu estando acompanhado pela sua família, despedindo-se de uma forma serena e tranquila – Fundação José Saramago: 18 de Junho de 2010.
Hoy viernes 18 de Junio, José Saramago ha fallecido a las 12:30 horas en su domicilio de Lanzarote, a los 87 años de edad, a consecuencia de un fallo multiorgánico después de una larga enfermedad. El escritor murió acompañado de su familia, despidiéndose de una forma serena y plácida – Fundación José Saramago: 18 de junio de 2010.