Teólogos em debate com Clodovis Boff sobre a TdL

Na REB n. 270, volume 68, de abril de 2008, nas p. 277-299, pode ser lido o artigo de Luiz Carlos Susin e Érico João Hammes, A Teologia da Libertação e a questão de seus fundamentos: em debate com Clodovis Boff.

Há uma nota de rodapé que diz: Colaboraram para este texto: Jung Mo Sung, Delir Brunelli, Márcio Fabri dos Anjos, Vera Bombonatto, Benedito Ferraro, Maria Clara Bingemer, Afonso Soares e Afonso Murad.

Diz a Síntese/Abstract do artigo, esta disponível online:
Este artigo debate com Clodovis Boff as suas afirmações de que a Teologia da Libertação acabou por inverter a relação entre Deus e o pobre, colocando o pobre no lugar de Cristo. Em réplica, aqui sustentamos que o pobre não é apenas uma decorrência cristológica, mas antes um “lugar teológico” privilegiado para compreender Cristo e Deus do ponto de vista da teologia cristã, inclusive seu teste de veracidade. O artigo debate também a metodologia de Clodovis, que segue uma lógica linear, de sabor escolástico, e não considera suficientemente a complexidade do círculo hermenêutico e a tradição bíblica que obriga a incorporar o paradoxo e o escândalo da quenose como categoria bíblica. Por fim, a categoria de quenose não pode se ater a uma memória textual, mas entra em círculo hermenêutico com a quenose atual dos pobres e de todos os que estão em situação de vulnerabilidade, aos quais é dado o Reino de Deus.

This article engages in a debate with Clodovis Boff with regard to his statements that the Theology of Liberation, by replacing Christ with the poor, ended by inverting the relationship between God and the poor. In refutation of this, we affirm here that the poor are not just a christological consequence but more a privileged “theological place” to understand Christ and God from the point of view of christian theology, and even to test their veracity. The article also disputes Clodovis’ methodology which, in our view, follows a linear logic of a somewhat scholastic flavour, and does not take into sufficient consideration the complexity of the hermeneutic circle and the biblical tradition that forces us to incorporate the paradox and the scandal of the kenosis as a biblical category. Finally the category of kenosis cannot be limited to a textual memory; it enters into a hermeneutic circle with the present kenosis of the poor and of all those who are still in a situation of vulnerability and to whom the Kingdom of God is given.

Lembro que é interessante ler a entrevista publicada pela IHU On-Line, em 08/06/2008, Teologia da Libertação após Aparecida volta ao fundamento? Entrevistas com Luiz Carlos Susin e Érico Hammes, da qual falei em minha postagem A postura de Clodovis Boff causa enorme espanto.

O texto de Clodovis Boff sobre a TdL e a pastoral

Teologia da Libertação: um olhar pastoral – Por Roberto Malvezzi (Gogó)
Esses tempos um texto de Clodovis Boff suscitou um intenso debate sobre a Teologia da Libertação. Suas afirmações, entretanto, também abrangem o campo pastoral, inclusive das Pastorais Sociais. Extremamente contundentes, não deixam de provocar pessoas – que como eu – há décadas trilham os caminhos das Comunidades Eclesiais de Base e Pastorais Sociais. Imagino que devem ter impactado muitos outros que também fazem esse percurso. Quero comentar apenas alguns aspectos que me parecem mais chaves, utilizando suas frases de forma aproximada, não exatamente literal.

Publicado no site da CPT em 07/07/2008 – 16:11

Manuscritos do Mar Morto e cultura contemporânea

Está acontecendo, nestes dias, em Jerusalém, uma interessante conferência sobre os Manuscritos do Mar Morto, com a participação de estudiosos de renome na área, de várias Universidades israelenses, norte-americanas e europeias. O tema é: Os Manuscritos do Mar Morto e a Cultura Contemporânea: Celebrando os 60 anos da descoberta.

 

The Dead Sea Scrolls and Contemporary Culture: Celebrating 60 Years of Discovery
International Conference at the Israel Museum
July 6–8, 2008

Diz o boletim do Orion Center:
Scholars from Israel and abroad convene to mark 60 years of Scrolls research, with presentations on issues in the interpretation of the Scrolls and Qumran archaeology. Sponsored by the Dorot Foundation and the Nussia and Andre Aisenstadt Foundation in collaboration with the Orion Center, The Hebrew University, Jerusalem.

As palestras são em inglês, a participação é restrita aos convidados, mas a conferência está sendo transmitida pela Internet.

O programa diz:

This conference follows up on the 1997 congress held in memory of Joy Gottesman Ungerleider, which commemorated the 50th anniversary of the scrolls’ discovery, but with a different emphasis. This time, our aim is to reflect on the progress made in the last ten years and to articulate our hopes for the future of Qumran studies. The conference program will update us on the most recent developments in scholarly opinion, as we seek to reconceptualize and recontextualize the scrolls in today’s world. We will then be ready to address such questions as: how does the public learn about the scrolls; how can we dispel myths and inaccuracies; and how might knowledge of the scrolls be incorporated in related academic research and in educational settings? How should Dead Sea Scroll scholars present their subject, which embraces the study of ancient civilizations, the phenomenology of religion, and the history of both Judaism and Christianity, and is of contemporary relevance and interest to schoolchildren, university students, and the public at large?

Observo nomes como:
Prof. Emanuel Tov, The Hebrew University of Jerusalem, Israel
Prof. Lawrence H. Schiffman, New York University, USA
Prof. Florentino García Martínez, K.U. Leuven University, Belgium
Dr. Charlotte Hempel, University of Birmingham, UK
Prof. James VanderKam, University of Notre Dame, Indiana, USA
Prof. Roni Reich, University of Haifa, Israel
Prof. Jodi Magness, University of North Carolina at Chapel Hill, USA
Prof. Hanan Eshel, Bar-Ilan University, Israel
Dr. Esther Chazon, The Hebrew University of Jerusalem, Israel
Prof. Eileen Schuller, McMaster University, Canada
Prof. Tal Ilan, Freie Universität Berlin, Germany
Prof. Yair Hoffman, Tel Aviv University, Israel
Dr. Stephen J. Pfann, University of the Holy Land, Jerusalem, Israel
Prof. Eugene Ulrich, University of Notre Dame, Indiana, USA
Prof. Peter W. Flint, Trinity Western University, Canada
Prof. Devorah Dimant, University of Haifa, Israel
Prof. John J. Collins, Yale University, USA
Prof. James Charlesworth, Princeton Theological Seminary, USA
Prof. Israel Knohl, The Hebrew University of Jerusalem, Israel
Prof. George Brooke, University of Manchester, UK
Prof. Armin Lange, University of Vienna, Austria
e tantos outros…

Morte e ressurreição do Messias no judaísmo

Este caso é bem capaz de criar muito frufru por causa da desinformação generalizada que existe sobre o assunto ou da eventual má-fé de algumas pessoas…

Mas, por via das dúvidas, leia sobre o caso em Texto em pedra fala de ressurreição do Messias décadas antes de Jesus, uma sucinta explicação em bom português, e vá em frente, lendo, em inglês, em The Aramaic Blog, Ancient Tablet Ignites Debate on Messiah and Resurrection e vendo o texto em hebraico em Gabriel’s Revelation – Full Transcript.

Em seguida, veja, para um balde de água fria sobre possíveis sensacionalismos, no blog Pisteoumen, de Michael Halcomb, o post The Messiah Tablet: Is It A Big Deal? e no post de Todd Bolen, de BiblePlaces Blog, Gabriel’s Vision (Messiah Stone).

Mais informações, desta vez em italiano, podem ser vistas, entre outras, no blog de Antonio Lombatti, nas seguintes postagens: Tavoletta in ebraico, il messia e la risurrezione e Dopo tre giorni, risorgi. Testo messianico del 20 a. C.

Paulo e os judeus: seminário em Leuven

Essa notícia vem da Bélgica. Da Faculdade de Teologia da Katholieke Universiteit Leuven. E deve ser colocada no contexto do Ano Paulino.

The conference is organised by the Faculty of Theology, K. U. Leuven, with the support of the Flemish Scientific Research Foundation (FWO Vlaanderen) and the University Research Council (Onderzoeksraad) of the K. U. Leuven

New Perspectives on Paul and the Jews
Interdisciplinary Academic Seminar
September 14-15, 2009

Diz a página do seminário:
The twenty-first century is proving to be a challenging time for Jewish-Christian relations. 2008-2009 is the bi-millennial anniversary of Paul’s birth, a figure not unproblematic for Jewish-Christian dialogue. On different levels initiatives are being taken to promote Paul and his legacy. Our Leuven interdisciplinary research project on the New Perspectives on Paul and the Jews is seeking to address the issue of Paul and his relationship to Judaism in an academic setting. An important feature of our project consists in the fact that the exegetical issues are being discussed in a larger hermeneutical, theological and dialogical framework. The academic seminar will allow for scholars from various disciplines to enter into dialogue with one another and exchange expertise on different aspects of Paul and their relevance for Jewish-Christian Dialogue. The goal of this seminar is to provide the opportunity for high-level academic discussion. The conference is organised around 8 topics…

Leia Mais:
The Paul Page. Dedicated to the New Perspective on Paul

Unicode: Grego e Copta

Isto pode interessar a estudiosos de línguas orientais antigas e de papirologia. Veja:

Nova Fonte Unicode para Grego e Copta:

NEW unicode Font: IFAO Greek & CopticWhat’s New in Papyrology: July 05, 2008 – Posted by G.W. Schwendner

Ifao N Copte : police complète du copte et de ses monogrammes et signes spéciaux. Cette fonte copte de 809 signes destinée à l’édition scientifique est compatible Unicode, Mac et PC, et est destinée à être distribuée par téléchargement à partir du site internet de l’IFAO ou par simple échange entre personnes, de façon totalement gratuite (…)

IFAOGrec Unicode : police grecque Unicode comportant des signes spéciaux d’édition papyrologique et épigraphique. Sucesseur des polices IFAOGrec2002 (A standard, B signes, C signes), IFAOGrec Unicode est une police avant tout de grec et de copte, qui comporte les principaux signes diacritiques, sigles et symboles utiles dans les éditions de textes papyrologiques ou épigraphiques ainsi que de textes grecs relevant de domaines spécialisés(…) Elle est gratuite et libre de droits…(IFAO: Institut français d’archéologie orientale – Le Caire).

Enquete no Blog do Emir: Que imprensa você lê?

No blog do Emir Sader há interessante enquete, criada hoje: Consulta Carta Maior: Que imprensa você lê?

Diz Emir: Apresentamos aqui uma nova consulta a nossos leitores e leitoras. Responda e sugira leituras alternativas à grande mídia mercantil.

Faça uma visita ao Blog do Emir, publicado no site de Carta Maior, e participe. Além do mais, é muito interessante ver o que as pessoas costumam ler!

Paulo de Tarso, segundo alguns filósofos atuais

Filósofos em diálogo com Paulo de Tarso

Uma reflexão fecunda sobre a natureza da identidade aberta desde os tempos messiânicos. Há uns dez anos os filósofos Alain Badiou, Giorgio Agamben e Slavoj Zizek fizeram seus questionamentos em confronto com os escritos de Paulo. A reportagem é de Élodie Maurot e publicada pelo jornal La Croix, 28-06-2008.

Paulo não é propriedade exclusiva dos teólogos. Está a demonstrá-lo o renovado interesse de numerosos filósofos pelos seus escritos. Nestes últimos anos, Paulo se tornou um importante interlocutor no debate sobre muitos questionamentos filosóficos: a questão da identidade, a relação com a história, a tensão entre o particular e o universal, o lugar da Lei, o enigma do surgimento do sujeito, o lugar do dom e da gratuidade… E não nos enganemos: são precisamente filósofos, e não teólogos disfarçados que interpelam aqui o apóstolo: Em Saint Paul. La fondation de l’universalisme (1), o filósofo francês Alain Badiou esclarece logo: “Paulo não é para mim um apóstolo ou um santo. Não me interessa a Boa Nova que ele anuncia ou o culto que lhe tem sido dedicado”.

Falta a especificação, pode começar o diálogo, “livremente”, “sem devoção nem repulsão”. E o pensamento de Paulo pode ser reconhecido em sua “contemporaneidade”. Badiou põe em seu confronto os seus questionamentos de hoje. Sua busca de uma “nova figura militante”, que possa superar os ângulos cegos do “universal abstrato do capital”, mas também o beco sem saída das oclusas identidades comunitárias, que são como o seu correlato, e são legitimadas pelo “relativismo cultural e histórico” contemporâneo. O filósofo convoca, então, Paulo para procurar deslindar o seu problema: “Quais são as condições para uma singularidade universal?”.

Ele encontra um eco ao seu questionamento no “gesto inaudito” de Paulo, consistindo em “subtrair a verdade à influência comunitária, quer se trate de um povo, de uma cidade, de um império, de um território ou de uma classe social”. Identifica em Paulo um modo de expressar o universal, em que o universal não é a simples negação da particularidade, mas “o avançar de uma distância com respeito à particularidade sempre subsistente”. Assim, já que toda particularidade é “um conformar-se”, um “conformismo”, trata-se de “sustentar uma não-conformidade com aquilo que sempre nos conforma”, no modo com que Paulo solicitava aos romanos: “Não vos conformeis com o século presente, mas sede transformados pela renovação do vosso pensamento” (Romanos 12, 2).

É também a questão do sujeito que atrai o filósofo italiano Giorgio Agamben em sua leitura da epístola aos Romanos (2), na qual o Apóstolo exorta: “Que aqueles que têm mulher façam como se não tivessem, e aqueles que choram como se não chorassem, e aqueles que se alegram como se não se alegrassem, e aqueles que compram como se não possuíssem, e aqueles que usam do mundo como se não usassem dele plenamente. Porque passa o cenário deste mundo…”.

Estudando a surpreendente estrutura deste texto – centrada na figura “como se não…” -, Agamben abre uma reflexão fecunda sobre a natureza da identidade aberta dos tempos messiânicos. O apelo messiânico, precisa Agamben, não tem nenhum conteúdo específico: não constitui uma identidade. É por isso que ele “pode ser aplicado a qualquer condição; mas, pela mesma razão, ele a revoga e a põe radicalmente em questão no próprio momento em que lhe é aplicado”. A reflexão de Agamben, a partir de Paulo, renova aqui profundamente a questão do sujeito, tornando impossível identificá-lo com suas propriedades e com suas pretensões identitárias.

É, ao invés, a questão da relação com a Lei que interessa ao psicanalista e filósofo esloveno Slavoz Zizek na leitura de são Paulo, que cruza com aquela de Lacan. Em La Marionette et le nain. Le christianisme entre perversion et subversion (3), Slavoj Zizek se interessa pelo paradoxo enunciado por Paulo, segundo o qual “a própria Lei faz nascer o desejo de violar a Lei”. Para Zizek, o gesto de Paulo, e o do cristianismo com ele, é de suspender a “face oculta, obscena, não escrita” da Lei, aquela que, enquanto enuncia a proibição, impele, por assim dizer, à sua transgressão. Com Paulo, o desafio cristão consiste em “desfazer o nó górdio”, “romper o círculo vicioso da Lei e de sua transgressão fundadora” (4).

(1) PUF, 119 p., 2007.
(2) Il tempo que resta. Um commento alla lettera ai Romani. Bollati Bloringhieri, 2000 (Le temps qui reste, Rivages poche, 287 p., 2004, 8,40 Euros).
(3) Seuil, 2006, 238 p.
(4) La fragilità dell’assoluto (ovvero perché vale la pena combattere per le nostre radici cristiane), Transeuropa (Massa), 2007(Fragile absolu. Pourquoi l’héritage chrétien vaut-il d’être défendu?, Flammarion, 2008, 238 p.)

Fonte: IHU – 04/07/2008

 

Des philosophes en dialogue avec une pensée stimulante

Depuis une dizaine d’années, les philosophes Alain Badiou, Giorgio Agamben et Slavoj Zizek ont confronté leurs interrogations aux écrits de Paul.

Paul n’est pas la propriété des seuls théologiens. L’intérêt renouvelé de nombreux philosophes pour ses écrits en témoigne. Ces dernières années, Paul est devenu un interlocuteur de choix pour débattre de nombreuses interrogations philosophiques : la question de l’identité, le rapport à l’histoire, la tension entre le particulier et l’universel, la place de la Loi, l’énigme du surgissement du sujet, la place du don et de la gratuité…

Qu’on ne se méprenne pas : ce sont bien des philosophes, et non des théologiens déguisés, qui interpellent ici l’apôtre. Dans Saint Paul. La fondation de l’universalisme (1), le philosophe français Alain Badiou précise d’emblée : « Paul n’est pas pour moi un apôtre ou un saint. Je n’ai que faire de la Nouvelle qu’il déclare, ou du culte qui lui fut voué. » Précision faite, le dialogue peut se déployer, « librement », « sans dévotion, ni répulsion ». Et la pensée de Paul peut être reconnue dans sa « contemporanéité ». Badiou y confronte ses interrogations présentes : sa recherche d’une « nouvelle figure militante », qui puisse traverser les impasses de l’« universel abstrait du capital », mais aussi le cul-de-sac des identités communautaires, fermées, qui en sont comme le pendant, et sont légitimées par le « relativisme culturel et historique » contemporain.

Le philosophe convoque alors Paul pour tenter de débroussailler sa question : « Quelles sont les conditions d’une singularité universelle ? » Il trouve un écho à son interrogation dans le « geste inouï » de Paul consistant à « soustraire la vérité à l’emprise communautaire, qu’il s’agisse d’un peuple, d’une cité, d’un empire, d’un territoire, ou d’une classe sociale ». Il identifie chez Paul une manière de parler l’universel, où l’universel n’est pas la simple négation de la particularité, mais « le cheminement d’une distance par rapport à la particularité toujours subsistante ». Ainsi, puisque toute particularité est « une conformation », un « conformisme », il s’agit de « soutenir une non-conformité à ce qui toujours nous conforme », à la manière dont Paul demandait aux Romains : « Ne vous conformez pas au présent siècle, mais soyez transformés par le renouvellement de votre pensée » (Romains 12, 2).

C’est aussi la question du sujet qui retient le philosophe italien Giorgio Agamben dans sa lecture de l’Épître aux Romains (2), où l’Apôtre exhorte : « Que ceux qui ont des femmes soient comme n’en ayant pas, et ceux qui pleurent comme non pleurants, et ceux qui ont de la joie comme n’en ayant pas, et ceux qui achètent comme non possédants, et ceux qui usent le monde, comme non abusants. Car elle passe la figure de ce monde… » Étudiant l’étonnante structure de ce texte, – centrée sur la figure « comme…, ne pas… » -, Agamben ouvre une réflexion féconde sur la nature de l’identité ouverte par les temps messianiques.

L’appel messianique, précise Agamben, n’a aucun contenu spécifique : il ne constitue pas une identité. C’est pourquoi il « peut s’appliquer à n’importe quelle condition ; mais, pour la même raison, il la révoque et la met radicalement en question au moment même où il s’y applique ». La réflexion d’Agamben à partir de Paul renouvelle ici profondément la question du sujet, en rendant impossible de l’identifier à ses propriétés et à ses prétentions identitaires.

C’est en revanche la question du rapport à la Loi qui intéresse le psychanalyste et philosophe slovène Slavoj Zizek dans une lecture de saint Paul, qu’il croise à celle de Lacan. Dans La Marionnette et le nain. Le christianisme entre perversion et subversion (3), Slavoj Zizek s’intéresse au paradoxe énoncé par Paul selon lequel « la Loi elle-même fait naître le désir de violer la Loi ». Pour Zizek, le geste de Paul, et celui du christianisme avec lui, est de suspendre la « face cachée, obscène, non écrite » de la Loi, celle qui, en même temps qu’elle énonce l’interdit, pousse pour ainsi dire à sa transgression. Avec Paul, le pari chrétien consiste alors à « trancher le nœud gordien », « rompre ce cercle vicieux de la Loi et de sa transgression fondatrice ». (4).

(1) PUF, 119 p., 2007, 10,50 €.(2) Le temps qui reste, Rivages poche, 287 p., 2004, 8,40 €.(3) Seuil, 2006, 238 p., 22 €.(4) Fragile absolu. Pourquoi l’héritage chrétien vaut-il d’être défendu ?, Flammarion, 2008, 238 p., 20 €.

Fonte: MAUROT Elodie – La Croix: 27/06/2008

Resenhas na RBL: 01.07.2008

As seguintes resenhas foram recentemente publicadas pela Review of Biblical Literature:

Paul N. Anderson, Felix Just, S.J., and Tom Thatcher, eds.
John, Jesus, and History: Volume 1, Critical Appraisals of Critical Views
Reviewed by Mark A. Matson

Carol Bakhos, ed.
Current Trends in the Study of Midrash
Reviewed by Siam Bhayro

David Catchpole
Jesus People: The Historical Jesus and the Beginnings of Community
Reviewed by Paul Foster

John Granger Cook
The Interpretation of the Old Testament in Greco-Roman Paganism
Reviewed by David Lincicum

Hubertus R. Drobner; Siegfried Schatzmann, trans.
The Fathers of the Church: A Comprehensive Introduction
Reviewed by Wilhelm Pratscher

Zev Garber, ed.
Mel Gibson’s Passion: The Film, the Controversy, and Its Implications
Reviewed by W. R. Telford

Brad E. Kelle
Ancient Israel at War 853-586 BC
Reviewed by T. M. Lemos

Thomas J. Kraus
Ad fontes: Original Manuscripts and Their Significance for Studying Early Christianity: Selected Essays
Reviewed by Christopher Tuckett

Amy-Jill Levine, ed., with Maria Mayo Robbins
A Feminist Companion to the New Testament Apocrypha
Reviewed by Heike Omerzu

Yuzuru Miura
David in Luke-Acts: His Portrayal in the Light of Early Judaism
Reviewed by Steven Cox

Stephen W. Need
The Gospels Today: Challenging Readings of John, Mark, Luke and Matthew
Reviewed by Peter J. Judge

Birger A. Pearson
Ancient Gnosticism: Traditions and Literature
Reviewed by Philip L. Tite

Richard D. Phillips
Hebrews
Reviewed by Knut Backhaus

Brant Pitre
Jesus, the Tribulation, and the End of the Exile: Restoration Eschatology and the Origin of the Atonement
Reviewed by John A. Dennis

Shmuel Safrai, Zeev Safrai, Joshua Schwartz, and Peter J. Tomson, eds.
The Literature of the Sages: Second Part: Midrash and Targum, Liturgy, Poetry, Mysticism, Contracts, Inscriptions, Ancient Science and the Languages of Rabbinic Literature
Reviewed by Marvin A. Sweeney

Rivka Ulmer, ed.
Discussing Cultural Influences: Text, Context, and Non-Text in Rabbinic Judaism
Reviewed by Joshua Schwartz

Laurence M. Vance
Guide to Prepositions in the Greek New Testament
Reviewed by Paul Elbert

Robby Waddell
The Spirit of the Book of Revelation
Reviewed by Jan A. du Rand

Mark Wilson
Charts on the Book of Revelation: Literary, Historical, and Theological Perspectives
Reviewed by Jan G. van der Watt

Magnus Zetterholm, ed.
The Messiah in Early Judaism and Christianity
Reviewed by James H. Charlesworth