Há 40 anos, o então jovem Estado de Israel, festejava o que, naquela época, parecia ser uma vitória fulminante contra os paises árabes. Porém, 40 anos depois, essa vitória pode se configurar como uma tragédia. Em seis dias, de 5 a 10 de junho de 1967, o Exército israelense venceu os exércitos do Egito, da Jordânia e da Síria e ocupou os territórios palestinos na Cisjordânia, em Jerusalém Oriental e na Faixa de Gaza, o deserto egípcio do Sinai e as colinas sírias do Golã. O governo israelense daquela época, liderado pelo Partido Trabalhista, anunciou que não tinha intenções de manter os territórios ocupados e que esses serviriam como “cartas para a negociação, com o objetivo de assinar um acordo de paz geral com o mundo árabe”. Quarenta anos depois, Israel continua ocupando grande parte das tais “cartas” – exceto o deserto do Sinai, que foi inteiramente devolvido ao Egito (…) Hoje mais de 450 mil cidadãos israelenses moram nos territórios ocupados por Israel em 1967 (…) [Hoje] tanto em Israel como nos territórios palestinos, se fortalecem as lideranças que se opõem a um acordo histórico entre os dois povos. Depois de 40 anos de ocupação, ainda não parece haver luz no fim do túnel, nem para os israelenses nem para os palestinos, diz Guila Flint, Ocupação israelense completa 40 anos sem solução, BBC Brasil: 04/06/2007 – 09h10).
Em outra reportagem Guila Flint mostra que o Oriente Médio dos próximos 40 anos poderá ser muito diferente do Oriente Médio dos últimos 40 anos. A incapacidade de Israel de conviver com os palestinos e sua relutância em desocupar seus territórios, o crescimento do fundamentalismo islâmico, o possível armamento nuclear do Irã e, em seguida, do Egito são alguns dos fatores fundamentais desta mudança. A única saída para Israel é chegar a um acordo com os palestinos.
Diz Guila Flint em Futuro de Israel e dos palestinos ainda é incerto, na BBC Brasil: 04/06/2007 – 09h12:
Mudanças significativas que estão ocorrendo no Oriente Médio indicam que os próximos 40 anos podem ser muito diferentes das quatro décadas anteriores, depois da ocupação dos territórios conquistados por Israel na guerra de 1967. É pouco provável que Israel possa manter a ocupação dos territórios a longo prazo, e o Oriente Médio de 2007 não é o mesmo que era em 1967. Novas forças políticas, econômicas e militares atuam nesta região. O fundamentalismo islâmico se fortaleceu, e o Irã, país que lidera essa corrente, pode vir a ter condições de fabricar armas nucleares. Se o Irã, um país xiita, tiver uma bomba atômica, o maior país do mundo árabe – o Egito, que é sunita – pode também decidir aderir à corrida nuclear rapidamente. Em vista do fortalecimento das correntes islâmicas radicais no Egito, em um futuro não muito longínquo, ainda existe o risco de o fundamentalismo ganhar espaço no país. O conflito com os palestinos não constitui uma ameaça existencial para Israel, mas países da região armados com armas nucleares podem vir a ser (…) A grande questão é se a liderança israelense terá coragem de encarar a realidade da região e evitar uma catástrofe e, antes que seja tarde demais, chegar a um acordo histórico com os palestinos que deverá ter um impacto positivo nas relações de Israel com todo o mundo árabe.