Pois é, leia você mesmo e avalie:
EUA criticam Iraque e Afeganistão por ferirem direitos humanos (Folha Online: 06/03/2007 – 18h40)
politica
Grita geral bloqueia reajuste absurdo dos ganhos dos parlamentares
Por enquanto!
Será que é preciso dizer alguma coisa? Só se for citando os profetas, como Amós, Oseias, Isaías, Jeremias, Ezequiel…
No distante século VI a.C., já dizia Ezequiel: “Ai dos pastores (…) que se apascentam a si mesmos! Não devem os pastores apascentar o seu rebanho?” (Ez 34,2), referindo-se aos líderes de Judá que, por seu criminoso governo, fizeram com que o povo perdesse tudo e fosse levado ao exílio babilônico.
Ou Guimarães Rosa, mais próximo, na década de 50 do século XX, em Grande Sertão: Veredas: “Chefe não era para arrecadar vantagens, mas para emendar o defeituoso“, falando do ofício de liderar jagunços nos Gerais de Minas.
Pois é: o salário de R$ 24,5 mil equivale a 70 mínimos, sendo o maior desde a implantação do Plano Real em 1994.
Leonardo Boff escreveu no dia 16.12.2006, em artigo indicado abaixo: “O Parlamento não é apenas instância delegada do poder popular, nem gerenciamento técnico das questões do bem comum. Ele é principalmente instância ética. Representa valores da cidadania, da transparência no cuidado da coisa pública. Nós cidadãos temos o direito de esperar que nossos representantes vivam esses valores e não os neguem por suas práticas sem ‘vergonha'”.
E, por incrível que pareça, veja o que diz a Folha Online no dia 17.12.2006, na reportagem Em 90, salários dos congressistas eram de quase R$ 61 mil, apontada em link abaixo:
“O salário de R$ 24,5 mil fixado na semana passada pelos atuais deputados e senadores não é o maior valor pago desde a redemocratização. Em março de 1990, logo após a aprovação da Constituição, os congressistas chegaram a ganhar R$ 60,8 mil, em valores já atualizados – 148% a mais do que será pago a partir de fevereiro de 2007. O menor contracheque de deputados e senadores é de setembro de 1987, quando eles receberam R$ 3.237 (sempre em valores atualizados) – ou o equivalente a 13,1 salários mínimos da época -, e que representa apenas 13% do valor aprovado pela atual Legislatura. Todos os valores foram corrigidos pelo IPCA.A comparação com os reajustes desde a redemocratização, em 1985, mostra que de 1988 a 1990 os congressistas receberam os mais altos salários. Em outubro de 1988, mês da promulgação da Constituição, foi registrado o primeiro grande salto – os vencimentos passaram de R$ 4.637 para R$ 33.509. Em março de 1990, os salários chegaram a R$ 60.849, o valor mais alto até hoje”.
Por isso, deixo anotados aqui alguns links que poderão se mostrar úteis nestas e em futuras circunstâncias. Aproveite e guarde, porque algo me diz que teremos logo, logo, de “esgoelar” novamente, pois legislar em causa própria é, como um deputado disse, defendendo o incrível reajuste, apenas uma “tradição” que não pode ser interrompida.
Câmara e Senado fecham acordo para elevar salários para R$ 24.500 – Folha Online: 14/12/2006 – 14h26
Alguém aprendeu algo com a crise política? – Marco Aurélio Weissheimer – Agência Carta Maior: 14/12/2006
Reajuste salarial de 91% no Congresso revolta o país; veja e-mails de leitores – Folha Online: 15/12/2006 – 14h59
Em 90, salários dos congressistas eram de quase R$ 61 mil – Folha Online: 17/12/2006 – 09h29
Parlamentares recorrem à Justiça contra reajuste de 91% nos salários – Folha Online: 18/12/2006 – 13h18
Apesar da pressão, Aldo diz que decisão sobre salários será mantida – Folha Online: 18/12/2006 – 17h22
Obrigado, senhores parlamentares – Gilberto Dimenstein – Folha Online: 19/12/2006
STF derruba reajuste de 91% a parlamentares – Folha Online: 19/12/2006 – 11h35
Em segundo julgamento, STF confirma suspensão de reajuste a parlamentares – Folha Online: 19/12/2006 – 13h20
Lula: o melhor Presidente do Brasil
Pesquisa aponta Lula como melhor presidente do país
Fernando Canzian – Folha Online: 17/12/2006
Às vésperas da transição entre o primeiro e o segundo mandato, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) surge como o presidente mais bem avaliado da história do Brasil e cercado de uma forte expectativa positiva entre a maioria dos brasileiros: 59% esperam um segundo mandato ótimo/bom.
O principal legado do primeiro mandato, segundo nova pesquisa nacional do Datafolha, é uma diminuição na percepção de problemas relacionados à miséria e ao desemprego e um aumento relativo de dificuldades em outras áreas, como saúde, educação e corrupção.
Lula, que venceu a eleição com mais de 20 milhões de votos de diferença em relação ao ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) após uma campanha dominada por denúncias contra seu governo, é apontado espontaneamente por 35% dos entrevistados como o melhor mandatário que o Brasil já teve.
O percentual equivale a praticamente o dobro da preferência obtida pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) no final de 2002 (18%), quando o tucano encerrou seu segundo mandato.
Na pesquisa atual, enquanto Lula tem 35%, FHC caiu para 12%. Os próximos mais bem avaliados são Juscelino Kubitscheck (11%), Getúlio Vargas (8%; 21% entre os com mais de 60 anos) e José Sarney (5%).
Lula também encerra o primeiro mandato com 52% dos brasileiros considerando seu governo ótimo/bom, o maior patamar entre quatro presidentes avaliados pelo Datafolha desde a redemocratização. O melhor índice até aqui (53%) pertence ao próprio Lula, obtido às vésperas do 2º turno eleitoral de 2006.
Esperança menor
A expectativa para o segundo mandato de Lula, que começa em 1º de janeiro, é mais positiva que a sua atual avaliação: 59% esperam que ele faça um governo ótimo/bom. Nesse ponto, porém, há uma diminuição das esperanças depositadas em Lula. Antes da posse em 2003, 76% aguardavam um governo ótimo/bom –um recorde.
No caso de FHC, apenas 41% esperavam um governo ótimo/bom dias antes da transição do primeiro para o segundo mandato, no final de 1998. Na época, enquanto o país mergulhava em uma crise que levou a uma forte desvalorização do real em 99, apenas 35% avaliavam FHC como ótimo/bom.
A pesquisa Datafolha, feita no dia 13 de dezembro entre 2.178 brasileiros em 111 municípios de 23 Estados e do Distrito Federal, tem margem de erro de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
A exemplo dos resultados dos levantamentos pré-eleitorais, destaca-se o fato de que quanto mais pobre e menos escolarizado for o entrevistado, maior será seu apoio e satisfação com Lula. Regionalmente, os moradores do Sul e do Sudeste também continuam como os maiores críticos.
No final de 1998, a aprovação de 35% do governo FHC era mais homogênea: 40% dos que tinham renda até dois salários mínimos o aprovavam; 33% dos com renda de cinco a dez salários; e 36% dos que ganhavam mais de dez mínimos.
Desemprego
Embora a falta de trabalho permaneça no topo das preocupações, caiu de 31% no início de 2003 para 27% agora o total dos que afirmam espontaneamente ser o desemprego o principal problema. O índice chegou a 49% em março de 2004.
Criados 5 milhões de novos empregos com carteira assinada e obtida uma melhor distribuição de renda entre 2003 e 2006, os brasileiros apontam agora para outros problemas.
Eles são relacionados à qualidade da saúde (6% apontavam como problema em 2003, contra 17% agora), da educação (subiu de 4% para 9%) e à existência de corrupção no governo (2% para 6%, o maior percentual do primeiro mandato).
Também de forma espontânea, a saúde é avaliada como a área de pior desempenho no primeiro mandato de Lula. Subiu de 4% para 18% o total dos que avaliam mal a área entre 2003 e 2006.
Já o combate à corrupção teve o pior desempenho para 8% dos entrevistados na pesquisa da semana passada. No início do governo, era 1%.
Segurança
A avaliação do desempenho do governo Lula em outras áreas de grande interesse da população, como trabalho e segurança, ficou praticamente estável entre 2003 e agora.
Para Luiz Felipe de Alencastro, professor de história do Brasil na Universidade de Paris-Sorbonne, a forte expectativa positiva em relação a Lula vem de uma “reiteração da legitimidade” do presidente.
“Depois de toda a crise política e da existência de um segundo turno, que foi apontado como uma derrota, Lula venceu com 20 milhões de votos, o que restabeleceu uma perspectiva de unanimidade”, afirma.
Pinochet e os anos de chumbo
A morte de Pinochet e a luta pela memória e pela história
Marco Aurélio Weissheimer – Carta Maior – 10/12/2006
A ditadura Pinochet não foi uma aberração isolada, “típica de uma república sul-americana”, como querem alguns. Os aliados que teve em vida, nomes como Henry Kissinger, Ronald Reagan, Margaret Thatcher e Milton Friedman, indicam em que contexto sua figura e seus atos foram possíveis.
No dia 11 de setembro de 1973, o compositor e cantor Victor Jara foi preso na universidade onde trabalhava, juntamente com cerca de 600 estudantes, e levado para o Estádio Nacional do Chile, em Santiago. Neste mesmo dia, é torturado e assassinado por militares que o retiraram de uma fila de prisioneiros que iam ser transferidos. Dias depois, seu corpo fuzilado, com as mãos amputadas, é identificado em um necrotério por sua esposa, a bailarina inglesa Joan Jara. Essa é uma das histórias que compõem o currículo do general Augusto Pinochet, que comandou uma das ditaduras mais sangrentas da América Latina. O ex-ditador morreu neste domingo, aos 91 anos, no Hospital Militar de Santiago. Sob seu regime, mais de 3 mil pessoas foram assassinadas. Adotou a tortura e o extermínio como método sistemático para se livrar de opositores; e a limpeza étnica, como método para “se livrar” da pobreza extrema no país. Pesam contra ele acusações de assassinatos, torturas, seqüestros, enriquecimento ilícito e tráfico de drogas.
Entre os milhares de crimes cometidos sob a ditadura Pinochet, um deles tem significado especial. No dia 11 de setembro de 1973, o general comandou um golpe de Estado que derrubou o governo socialista de Salvador Allende. O Palácio La Moneda foi atacado por terra e bombardeado por aviões da Força Aérea chilena. Allende morreu dentro do palácio tentando resistir ao golpe de Pinochet, apoiado diretamente pelo governo dos Estados Unidos. Pinochet também é apontado como responsável direto pela morte de ministros e oficiais do governo Allende. Em setembro de 1976, Orlando Letelier, ex-embaixador chileno nos Estados Unidos e ex-ministro de Allende, foi assassinado em Washington, através de uma bomba deixada em seu carro. Dois anos antes, em 1974, o general Carlos Prats, comandante do Exército durante o governo Allende, foi assassinado em circunstâncias similares, em Buenos Aires. Tudo isso sob o olhar complacente dos EUA.
A tristeza de Thatcher
Durante os anos 70, Pinochet foi um dos principais articuladores da Operação Condor, movimento de repressão, tortura e extermínio de militantes de esquerda, que reuniu seis ditaduras sul-americanas, incluindo a brasileira, com o apoio político e logístico dos EUA, especialmente através da atuação da Escola das Américas. No auge da Guerra Fria, essa escola, criada pelo governo norte-americano, recebia militares latino-americanos para cursos de formação, que incluíam técnicas de tortura e assassinato. Entre seus principais aliados e apoiadores, aparecem nomes como o do ex-secretário de Estado dos EUA, Henry Kissinger, do ex-presidente Ronald Reagan, do economista Milton Friedman e da ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher. Ao receber a notícia da morte do ditador, na tarde deste domingo, Thatcher disse, através de seu porta-voz, que estava “profundamente triste” e transmitiu condolências à família. Em 1982, Pinochet apoiou a Inglaterra contra a Argentina, na Guerra das Malvinas.
A manifestação de Thatcher ilustra o que representou a ditadura de Pinochet. Com o apoio dos economistas da Escola de Chicago, que teve em Milton Friedman um de seus principais expoentes, o governo militar chileno foi o seguidor mais ortodoxo do ideário neoliberal que se tornou hegemônico no mundo a partir dos governos de Ronald Reagan, nos EUA, e de Thatcher, na Inglaterra. Os governos destes dois países, entre outros, não hesitaram em apoiar a ditadura chilena e em fechar os olhos para os crimes de Pinochet sob o pretexto de garantir a “vitória do mundo livre” na região. Vitoriosa “a liberdade”, o próximo passo foi implementar um radical processo de privatizações no país e apontá-lo como modelo que deveria ser seguido pelos demais países da região. Pinochet foi a expressão mais clara do cinismo e da hipocrisia de um modelo que falava em liberdade, durante o dia, e apoiava torturas e assassinatos à noite.
O enterro de Pinochet
No final da vida, Pinochet conseguiu se livrar da cadeia. Na lista dos inúmeros processos movidos contra o ditador no Chile e na Europa estão 3.197 casos de assassinatos, mortes que permanecem vivas na memória do povo chileno. A atual presidente do Chile, Michelle Bachelet, foi detida junto com a mãe durante a ditadura, enquanto seu pai, um oficial da Força Aérea, morreu torturado pelos militares. Os crimes do general Pinochet não se limitam ao campo político. Investigadores internacionais descobriram contas abertas em seu nome no exterior, com pelo menos 27 milhões de dólares em depósitos, sem origem determinada. Agora, em 2006, o general Manuel Contreras, que chefiou a Dina, polícia secreta chilena, durante a ditadura militar, acusou Pinochet e o filho deste, Marco Antonio, de envolvimento na produção clandestina de armas químicas e biológicas e no tráfico de cocaína. Segundo Contreras, boa parte da fortuna de Pinochet veio daí.
A morte de Pinochet representa um problema político para o governo de Michelle Bachelet. Entre outras questões, ela terá de resolver como será o enterro do ex-ditador. Segundo uma pesquisa divulgada neste domingo pelo jornal La Tercera, a maioria da população chilena (55%) rejeita que o enterro seja acompanhado por honras de Estado. Apenas 27% dos consultados manifestaram-se favoráveis a honras de Estado para o general. Por outro lado, 51% dos chilenos aprovaram a idéia de que Pinochet recebesse honras como ex-comandante do Exército, contra 32% que rejeitaram a proposta. Também foi perguntado aos chilenos se eles aprovavam ou não a declaração de luto oficial de três dias após a morte de Pinochet. 72% responderam não, contra apenas 18% que se manifestaram a favor do luto oficial. Já a família do ditador disse preferir um funeral privado. As feridas da ditadura permanecem abertas no Chile. O tratamento que será dado à morte de Pinochet indicará como anda seu processo de cicatrização.
A luta dos mortos
Em Madri, ao tomar conhecimento da morte de Pinochet, a deputada Isabel Allende, filha de Salvador Allende, defendeu que os julgamentos devem continuar mesmo com a morte do ditador. Ela disse que dói o fato de nunca terem concluído nenhum julgamento contra Pinochet. “Os julgamentos têm que continuar. Com sua morte, não se fecha nenhum capítulo, nem o da verdade, nem o da justiça, nem o da responsabilidade”, declarou a jornalistas. Isabel Allende também rejeitou qualquer tipo de homenagem de Estado a Pinochet, observando que ele foi “a pessoa que liderou a pior ditadura na história do Chile”. A história do que aconteceu no Chile ainda está para ser contada. A ditadura Pinochet não foi uma aberração isolada, típica de uma república sul-americana como querem alguns. Os aliados que teve em vida, nomes como Kissinger, Reagan, Thatcher e Milton Friedman, indicam em que contexto sua figura e seus atos foram possíveis.
Quando Isabel Allende diz que a morte de Pinochet não fecha nenhum capítulo, indica que há contas que ainda estão em aberto, contas relativas à história e à memória do povo chileno. Suas palavras lembram uma das Teses Sobre o Conceito de História, de Walter Benjamin, escritas em 1940. Na tese VI Benjamin afirma: “O dom de atear ao passado a centelha da esperança pertence somente àquele historiador que está perpassado pela convicção de que também os mortos não estarão seguros diante do inimigo, se ele for vitorioso. E esse inimigo não tem cessado de vencer”.
1915-2006: Pinochet, uma marca sangrenta na história do Chile
Agência Ansa – 10/12/2006
Morto aos 91 depois de enfartar no Hospital Militar de Santiago, o general Augusto Pinochet enfrentava quatro processos por violação dos direitos humanos e outros dois por enriquecimento ilícito. Problemas de saúde retardaram andamento dos autos, impedindo julgamento do ditador.
Augusto Pinochet, que morreu neste domingo (10) aos 91 anos, esteve à frente de uma ditadura sangrenta e marcou a história política chilena das últimas três décadas, depois da sua irrupção com o golpe militar de 11 de setembro de 1973, que depôs o governo socialista de Salvador Allende.
Pelos fatos que ocorreram nos 17 anos que se seguiram, nos quais liderou uma ditadura sangrenta, Pinochet prestou contas à história somente em seus últimos anos de vida, quando viveu sob prisão domiciliar e foi processado pelo simbólico caso da Caravana da Morte, a missão militar que percorreu o país e deixou 75 mortos.
Seus processos judiciais, no entanto, não se limitaram às violações dos direitos humanos. Ele também foi investigado por uma suposta fortuna depositada em contas secretas no exterior.
Nascido em Valparaíso (140 quilômetros a oeste de Santiago) em 25 de novembro de 1915, Pinochet entrou aos 18 anos na Escola Militar. Galgou postos na corporação e em 23 de agosto de 1973 foi nomeado comandante em chefe do Exército pelo presidente Allende, por recomendação de seu antecessor, o general Carlos Prats.
Dezenove dias mais tarde se levantou contra Allende e, um ano mais tarde, Prats morreu em um atentado a bomba em Buenos Aires, onde vivia exilado, em uma ação planejada pela Direção de Inteligência Nacional (Dina), a temida polícia da ditadura.
Pinochet exerceu o poder com mão-de-ferro: fechou o Parlamento e os meios de comunicação que comungavam ideologicamente com o governo de Allende; declarou ilegais os partidos políticos e as organizações sindicais; e converteu o Estádio Nacional de futebol em um gigantesco campo de concentração de prisioneiros políticos.
O seu regime acumulou 16 condenações das Nações Unidas (ONU) por violações aos direitos humanos e em 1991 a Comissão Rettig, conformada para investigar internamente tais violações, constatou que entre 1973 e 1990 houve 1.197 presos desaparecidos e 1.888 executados sem julgamento prévio. O posterior Relatório Valech recebeu as denúncias de 35 mil sobreviventes das prisões secretas, além de um milhão de exilados, impedidos de voltarem ao país.
Em 1978 decretou uma Lei de Auto-anistia para proteger os membros dos temidos aparatos de segurança, a Dina, que mais tarde se tornou a Central Nacional de Informações (CNI), integrada por militares e civis que mantiveram o país sob um estado de terror.
Em 1980, ordenou uma nova Constituição que concentrava todos os poderes na sua pessoa e prolongou o seu mandato presidencial por oito anos. Em 7 de setembro de 1986, saiu ileso do único atentado perpetrado contra ele. Foi um ato da pró-comunista da Frente Patriótica Manuel Rodríguez, que atacou a sua comitiva quando voltava de sua residência de descanso, a 30 quilômetros de Santiago.
Em agosto de 1988 foi designado pela Junta Militar (que durante toda a ditadura exerceu uma espécie de função de poder legislativo) candidato único à presidência de 5 de outubro, quando 55,2% dos chilenos responderam “não” ao plebiscito sobre a continuidade do governo de Pinochet por mais oito anos. Então, teve que convocar eleições para dezembro de 1989.
Pinochet entregou o cargo em 11 de março de 1990 no novo Congresso Nacional situado em Valparaíso, mas continuou a exercer o poder através do Comando em Chefe do Exército, que reteve constitucionalmente por oito anos e por onde defendeu os enclaves autoritários da Constituição, garantiu a impunidade aos militares e civis comprometidos nas violações aos direitos humanos e impediu uma transição de fato para a democracia, favorecendo ações que marcaram o início de uma fraca transição à democracia.
Em 16 de outubro de 1998, foi preso em uma clínica em Londres por ordem do juiz espanhol Baltazar Garzón, que pretendia processá-lo por violações aos direitos humanos. Permaneceu detido por 503 dias até que o ministro do Interior britânico, Jack Straw, autorizou o seu retorno ao Chile por motivos de saúde.
No Chile, se apresentaram mais de 300 acusações por familiares das vítimas da ditadura, e o juiz Juan Guzmán conseguiu interrogá-lo, processá-lo e prendê-lo pelos crimes da Caravana da Morte. No entanto, a Corte Suprema acatou os motivos de saúde apresentados pela defesa e determinou o perdão provisório em julho de 2002.
No dia seguinte, Pinochet renunciou ao seu cargo vitalício no Senado, com o que parecia encerrar a sua história política, pois os partidos de direita (nos quais participavam colaboradores de seu governo) se afastaram dele.
Em junho de 2004, uma investigação do Senado norte-americano descobriu que Pinochet mantinha contas secretas milionárias no Banco Riggs, levantando suspeitas de que a origem desse dinheiro podia vir do comércio ilegal de armas, do narcotráfico ou do desvio de fundos do Fisco chileno.
Pinochet enfrentou a reabertura dos processos por violações aos direitos humanos, a perda de sua imunidade como ex-presidente e estava sendo julgado em quatro destes processos, além de outros dois por enriquecimento ilícito. O ex-ditador morreu hoje às 14h15, horário chileno, ao enfartar no Hospital Militar de Santiago.
Floresce no Brasil uma imprensa de origem oligárquica
Floresce no Brasil uma imprensa de origem oligárquica agindo em defesa de uma elite internacionalizada contra os que não possuem poder social
Mídia ultrapassou todos os limites nessas eleições
Em momentos eleitorais, a essência de uma atuação democrática da mídia é garantir o debate plural de idéias e atuar como mediadora deste processo. Algo que estaria muito longe da realidade dessas eleições presidenciais, na avaliação dos participantes do debate “Mídia e eleições”, realizado pela Carta Maior na noite desta quinta-feira (26), em São Paulo. Participaram do evento os jornalistas Luis Nassif, da TV Cultura, Raimundo Pereira, colaborador da revista Carta Capital, e Bernardo Kucinski, editor associado da Carta Maior. Eles foram unânimes ao afirmar que, apesar do conservadorismo da imprensa brasileira não ser novidade, a recente cobertura dos grandes veículos ultrapassou todos os limites já vistos no país. Ao analisar o acompanhamento do caso da compra do dossiê contra o PSDB e a divulgação das fotos do dinheiro apreendido pela Polícia Federal às vésperas do primeiro turno, ficou clara a opção da imprensa em favorecer uma das candidaturas (…) Na opinião de Bernardo Kucinski, desde a crise do mensalão houve uma mudança qualitativa de padrão na mídia. Apesar de sempre ter sido crítica e de revelar traços de discriminação e preconceito em relação a Lula e ao governo PT, no ano passado a grande imprensa teria aprofundado este processo. “Os veículos se fecharam num processo de linchamento coletivo do PT e do governo, desde a chefia até os repórteres, sem nenhum constrangimento. Isso aconteceu com todos os veículos, com raras exceções. Confesso que fiquei assustado com este comportamento. É um fenômeno cultural importante, cuja profundidade só o futuro vai dizer”, acredita. São vários os fatores que podem ter desencadeado neste resultado. Há uma série de fatores internos ao jornalismo… (cont.)
Fonte: Carta Maior: 27/10/2006
Lula x Alckmin na Globo
Lula venceu o debate na opinião de 49%, diz Datafolha
“Pesquisa Datafolha realizada em parceria com a TV Globo mostra que na opinião de 49% dos eleitores que assistiram ao debate promovido ontem à noite pela TV Globo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceu o embate contra Geraldo Alckmin (PSDB). Para outros 35%, Alckmin se saiu melhor” (cont.)
Datafolha indica reeleição de Lula com 61% dos votos válidos
Pesquisa Ibope mostra vantagem de 22 pontos de Lula sobre Alckmin
Folha Online: 28/10/2006
Pesquisa Ibope III: Lula sobe, Alckmin desce
Lula abre 24 pontos de vantagem sobre Alckmin, diz Ibope
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva – candidato à reeleição do PT – está 23 pontos à frente do adversário Geraldo Alckmin (PSDB), segundo pesquisa Ibope divulgada no “Jornal Nacional” desta quinta-feira. Na pesquisa anterior, a diferença entre os dois candidatos era de 21 pontos. De acordo com a pesquisa divulgada hoje, a taxa de intenção de voto em Lula é de 58%. Na pesquisa anterior, ele tinha 57%. A taxa de intenção de voto em Alckmin foi de 35% – ele tinha 36% no levantamento anterior. Considerando apenas os votos válidos – que exclui brancos, nulos e indecisos -, o candidato do PT à reeleição tem 62% contra 38% do tucano – mesmo patamar da pesquisa anterior. Em votos válidos, a diferença entre os dois candidatos é de 24 pontos (cont.)
Folha Online: 26/10/2006
Pesquisa Vox Populi III: Lula sobe, Alckmin desce
Lula tem 22 pontos de vantagem sobre Alckmin, mostra Vox Populi
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que concorre à reeleição pelo PT, tem uma vantagem de 22 pontos percentuais em votos válidos sobre seu adversário do PSDB, Geraldo Alckmin, de acordo com a pesquisa Vox Populi, divulgada nesta quinta-feira pela revista “Carta Capital”. Segundo a enquete, Lula tem 61% dos votos válidos (que excluem brancos e nulos), enquanto o tucano aparece com 39%. Ainda segundo o instituto, a taxa de intenção de voto do petista é de 57%, contra 37% de Alckmin (cont.)
Folha Online: 26/10/2006
Pesquisa CNT/Sensus: Lula sobe, Alckmin desce
Lula abre vantagem de 24 pontos sobre Alckmin, diz CNT/Sensus
A três dias das eleições, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato à reeleição, tem uma vantagem de 24 pontos percentuais com relação ao seu adversário na disputa presidencial, o tucano Geraldo Alckmin. Pesquisa CNT/Sensus divulgada nesta quinta-feira indica que Lula tem 57,5% das intenções de votos, ante 33,5% de Alckmin. Descartados os votos brancos e nulos, Lula tem 63,2% dos votos válidos, contra 36,8% do tucano, o que revela uma distância de 26,4 pontos entre os dois candidatos. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) leva em conta os votos válidos para anunciar o resultado da eleição. Na pesquisa espontânea, Lula tem 53,9% dos votos e Alckmin, 31,4%. O diretor do instituto Sensus, Ricardo Guedes, observou que o fato de o resultado do levantamento espontâneo e estimulado serem próximos indica consolidação dos votos de Lula. Para Guedes, a eleição está definida. “Qualquer coisa que aconteça não mudará mais o resultado da eleição. As diferenças estão se alargando”, justificou (cont.)
Folha Online: 26/10/2006 – 11h55
Pesquisa Datafolha III: Lula sobe, Alckmin desce
Lula abre vantagem sobre Alckmin de 22 pontos, diz Datafolha
A vantagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o adversário Geraldo Alckmin oscilou de 19 pontos para 21 pontos, segundo pesquisa Datafolha divulgada na noite desta terça-feira pelo “Jornal Nacional”. A pesquisa foi encomendada pela Folha e pela TV Globo. A taxa de intenção de voto em Lula oscilou de 57% para 58%. Já a taxa de intenção de voto em Alckmin oscilou de 38% para 37%. Considerando apenas os votos válidos – excluindo brancos, nulos e indecisos -, o candidato do PT à reeleição tem 61% contra 39% do ex-governador de São Paulo. Na pesquisa anterior, Lula tinha 60% dos votos válidos e Alckmin, 40%. Com isso, a vantagem de Lula sobre Alckmin subiu/oscilou de 20 pontos para 22 pontos nos votos válidos (cont.)
Folha Online: 24/10/2006