Grita geral bloqueia reajuste absurdo dos ganhos dos parlamentares

Por enquanto!

Será que é preciso dizer alguma coisa? Só se for citando os profetas, como Amós, Oseias, Isaías, Jeremias, Ezequiel…

No distante século VI a.C., já dizia Ezequiel: “Ai dos pastores (…) que se apascentam a si mesmos! Não devem os pastores apascentar o seu rebanho?” (Ez 34,2), referindo-se aos líderes de Judá que, por seu criminoso governo, fizeram com que o povo perdesse tudo e fosse levado ao exílio babilônico.

Ou Guimarães Rosa, mais próximo, na década de 50 do século XX, em Grande Sertão: Veredas: “Chefe não era para arrecadar vantagens, mas para emendar o defeituoso“, falando do ofício de liderar jagunços nos Gerais de Minas.

Pois é: o salário de R$ 24,5 mil equivale a 70 mínimos, sendo o maior desde a implantação do Plano Real em 1994.

Leonardo Boff escreveu no dia 16.12.2006, em artigo indicado abaixo: “O Parlamento não é apenas instância delegada do poder popular, nem gerenciamento técnico das questões do bem comum. Ele é principalmente instância ética. Representa valores da cidadania, da transparência no cuidado da coisa pública. Nós cidadãos temos o direito de esperar que nossos representantes vivam esses valores e não os neguem por suas práticas sem ‘vergonha'”.

E, por incrível que pareça, veja o que diz a Folha Online no dia 17.12.2006, na reportagem Em 90, salários dos congressistas eram de quase R$ 61 mil, apontada em link abaixo:
“O salário de R$ 24,5 mil fixado na semana passada pelos atuais deputados e senadores não é o maior valor pago desde a redemocratização. Em março de 1990, logo após a aprovação da Constituição, os congressistas chegaram a ganhar R$ 60,8 mil, em valores já atualizados – 148% a mais do que será pago a partir de fevereiro de 2007. O menor contracheque de deputados e senadores é de setembro de 1987, quando eles receberam R$ 3.237 (sempre em valores atualizados) – ou o equivalente a 13,1 salários mínimos da época -, e que representa apenas 13% do valor aprovado pela atual Legislatura. Todos os valores foram corrigidos pelo IPCA.A comparação com os reajustes desde a redemocratização, em 1985, mostra que de 1988 a 1990 os congressistas receberam os mais altos salários. Em outubro de 1988, mês da promulgação da Constituição, foi registrado o primeiro grande salto – os vencimentos passaram de R$ 4.637 para R$ 33.509. Em março de 1990, os salários chegaram a R$ 60.849, o valor mais alto até hoje”.

Por isso, deixo anotados aqui alguns links que poderão se mostrar úteis nestas e em futuras circunstâncias. Aproveite e guarde, porque algo me diz que teremos logo, logo, de “esgoelar” novamente, pois legislar em causa própria é, como um deputado disse, defendendo o incrível reajuste, apenas uma “tradição” que não pode ser interrompida.

Câmara e Senado fecham acordo para elevar salários para R$ 24.500 – Folha Online: 14/12/2006 – 14h26

Alguém aprendeu algo com a crise política? – Marco Aurélio Weissheimer – Agência Carta Maior: 14/12/2006

Reajuste salarial de 91% no Congresso revolta o país; veja e-mails de leitores – Folha Online: 15/12/2006 – 14h59

Em 90, salários dos congressistas eram de quase R$ 61 mil – Folha Online: 17/12/2006 – 09h29

Parlamentares recorrem à Justiça contra reajuste de 91% nos salários – Folha Online: 18/12/2006 – 13h18

Apesar da pressão, Aldo diz que decisão sobre salários será mantida – Folha Online: 18/12/2006 – 17h22

Obrigado, senhores parlamentares – Gilberto Dimenstein – Folha Online: 19/12/2006

STF derruba reajuste de 91% a parlamentares – Folha Online: 19/12/2006 – 11h35

Em segundo julgamento, STF confirma suspensão de reajuste a parlamentares – Folha Online: 19/12/2006 – 13h20

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