Falemos novamente do bombardeio israelense do Líbano

Líbano tem um milhão de bombas sem explodir, diz ONU

Mais de um milhão de pequenas bombas de fragmentação lançadas por Israel em seu conflito com o Hezbollah permanecem no sul do Líbano sem explodir, segundo a ONU.

O Centro de Coordenação de Ação Antiminas da ONU afirmou que cerca de 40% das bombas de fragmentação disparadas ou lançadas por Israel não foram detonadas. Este número equivale ao triplo da estimativa inicial da ONU.

A agência afirma que o problema poderá atrasar em até dois anos a volta para a casa de cerca de 200 mil pessoas que tiveram que abandonar seus lares por causa da guerra encerrada mês passado.

Os dispositivos mataram 14 pessoas no sul do Líbano desde que o cessar-fogo foi anunciado.

O chefe da equipe de retirada de minas da ONU no sul do país, Chris Clark, disse que Israel não conseguiu fornecer informações mais úteis a respeito de seus ataques com bombas de fragmentação. Estas informações poderiam ajudar na operação da retirada dos dispositivos.

Em agosto o coordenador das operações humanitárias da Organização das Nações Unidas (ONU), Jan Egeland, acusou Israel de usar de forma “completamente imoral” bombas de fragmentação no Líbano.

Israel afirma que todas as suas armas e munições, bem como o uso deste arsenal, obedecem as leis internacionais.

“Ameaça”

Clark disse que Israel disparou cerca de seis mil bombas, foguetes e bombas de artilharia a cada dia contra o Líbano, durante os 34 dias do conflito.

Ele afirmou também que a informação fornecida por Israel para ajudar na retirada das bombas foi “inútil”. “Pedimos referências da rede de ataques (com bombas de fragmentação). Até o momento ainda não recebemos.”

A agência de refugiados da ONU afirmou que o perigo representado por bombas de fragmentação que não explodiram significa que cerca de 200 mil pessoas que fugiram de suas casas devido ao conflito não poderão voltar por até dois anos – a previsão inicial era de apenas um ano.

“Esta é, claramente, a maior ameaça a vida de civis”, disse Arjun Jain, do Alto Comissariado da ONU para refugiados.

O uso de bombas de fragmentação não é proibido pelas leis internacionais.

Mais de mil civis libaneses e um número desconhecido de milicianos do Hezbollah foram mortos no conflito.

Israel perdeu 116 soldados nos confrontos, e 43 civis israelenses foram mortos por ataques de mísseis do Hezbollah contra o norte do país.

A Resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU, que entrou em vigor no dia 14 de agosto, estabeleceu um cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah após 34 dias de confrontos.

Fonte: BBC Brasil: 26 de setembro, 2006

O que interessa aos americanos, aos europeus, a mim, a você? O Oriente Médio

Está nas bancas uma edição especial de Caros Amigos sobre o Oriente Médio.

Não deixe de ver o retrato da região e de acompanhar o relato dramático do repórter Fernando Evangelista na Guerra do Líbano.

Hoje eu li metade da revista nas três horas de viagem de Campinas para Brodowski. E fiquei muito impressionado!

Sumário

  • As lições que ninguém aprende: história do Oriente Médio – Renato Pompeu
  • O Oriente Médio hoje – Renato Pompeu
  • Quem controla o petróleo? – José Arbex Jr.
  • Tariq Ali: “A religião não é o problema” – Entrevista a Guilherme Manechini e Marília Neustein
  • Uma guerra preparada mais de um ano antes do primeiro tiro – Renato Pompeu
  • Mil perguntas no inferno – Enviados Especiais à Guerra do Líbano: Fernando Evangelista e Matt Corner
  • Efeito Colateral. A morte de civis em massa é “legitimada” por “eliminar um mal maior” – Sérgio Kalili
  • Líbano: as brechas abertas no muro da desinformação – José Arbex Jr.
  • “Política dos EUA e Israel é ingênua e estúpida” – Sérgio Kalili entrevista Stephen M. Walt
  • Miniara, minha aldeia – Georges Bourdoukan
  • Questão de identidade. O que é ser árabe? O que é ser judeu? Dois expoentes das comunidades árabe e judaica no Brasil enfrentam essas perguntas que não admitem respostas fáceis nem neutras – Marina Amaral
  • Guerra pela paz – Sílvio Tendler
  • Os legionários do Oriente Médio. Vemos os palestinos na mira do fuzil e os palestinos nos vêem como soldados nas barreiras – Gershon Knispel
  • Em São Paulo, língua do trabalho une filhos de Abraão – Marcos Zibordi; fotos: Victor Costales
  • As raízes comuns das artes judaicas e árabes

National Intelligence Estimate: the invasion of Iraq has spawned a new generation of radicalism that has spread across the globe

BBC Brasil: 24 de setembro, 2006 – 04h48 GMT

Guerra no Iraque ‘fez crescer ameaça do terrorismo’

Um relatório elaborado por agências de inteligência americanas concluiu que a guerra no Iraque fez crescer a ameaça do terrorismo em todo o mundo, de acordo com informações do jornal The New York Times. O diário americano publica na edição deste domingo uma reportagem sobre as conclusões que teriam sido incluídas no relatório confidencial Estimativa da Inteligência Nacional [National Intelligence Estimate]. O documento é produzido pelo Conselho Nacional de Inteligência dos Estados Unidos, órgão que reúne 16 diferentes agências de espionagem americanas. Segundo a reportagem, o relatório avalia que a guerra no Iraque foi a principal razão para a disseminação global da ideologia da jihad. Por isso, diz o jornal, as agências de inteligência estimam que o conflito ajudou a estimular uma nova geração de radicalismo islâmico, que cresce com extrema rapidez. Outro trecho do relatório diz, segundo o New York Times, que a organização Al-Qaeda se expandiu, com novas células agora inspiradas pelo movimento islâmico radical, mas sem conexão direta com Osama Bin Laden. O documento é a primeira avaliação completa sobre o terrorismo elaborado pelas agências de inteligência dos Estados Unidos desde a Guerra no Iraque (cont.)



Se preferir, leia em inglês: US report says Iraq fuels terror

Israel admite que perdeu a guerra

Folha Online: 24/08/2006 – 15h06

Comando militar de Israel admite falhas no Líbano

Pela primeira vez desde o início dos mais recentes conflitos no Oriente Médio, o comando militar israelense admitiu nesta quinta-feira ter cometido falhas na condução de sua ofensiva no Líbano. Há dez dias em cessar-fogo, Israel e o grupo terrorista Hizbollah travaram uma batalha que durou 34 dias e deixou 1.183 mortos no Líbano e cerca de 160 em Israel, segundo relatório da ONU (Organização das Nações Unidas). A declaração foi feita por meio de uma carta, na qual o chefe do Estado-Maior de Israel, Dan Halutz, afirma aos soldados que os conflitos revelaram falhas na logística, nas operações e no comando militar. “Serão respondidas perguntas de forma profissional, todo mundo será investigado — a partir de mim para baixo, até o último soldado”, diz o texto liberado pelo Exército israelense nesta quinta-feira (…) Ataques aéreos israelenses deixaram cidades inteiras no Líbano sob escombros e forçaram quase 1 milhão a pessoas sair de suas casas. O Hizbollah, em ação sem precedente, também lançou cerca de 4.000 foguetes contra a região norte de Israel, fazendo com que aproximadamente 300 mil pessoas se deslocassem para abrigos antiaéros ou outras cidades. Enquanto Halutz admitia as falhas militares israelenses levadas a cabo no Líbano, o líder do Shin Bet (serviço de inteligência israelense), Yuval Diskin, chamou a ofensiva de “fiasco”, em sua primeira declaração pública desde o início dos combates. “O norte [de Israel] foi abandonado e o sistema de governo desmoronou”, disse. “Houve muitos fracassos, e a população vê e entende isso. Não é hora de calar, a verdade deve ser contada. Alguém tem de dar explicações e assumir a responsabilidade”, acrescentou Diskin (cont.)


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O que fez Israel no Líbano? Pode ter chegado a hora da verdade

Trégua põe uso da força em questão em Israel

Dois dias depois do início do cessar-fogo no conflito contra o grupo libanês Hezbollah, Israel começa a debater sobre o saldo da guerra.

Segundo pesquisas de opinião, a maioria dos israelenses acha que Israel não alcançou os objetivos estabelecidos pelo governo, quando decidiu iniciar uma ampla ofensiva no Libano após a captura de dois soldados israelenses pelo Hezbollah.

Analistas locais descrevem a guerra em termos como “derrota”, “fiasco”, ou no mínimo “uma série insuportável de falhas”.

Nem o primeiro-ministro Ehud Olmert usou a expressão “vitória” quando fez um balanço da guerra perante o Parlamento. Ele se limitou a falar de “ganhos significativos” para Israel com a resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU.

O sentimento de “fracasso” decorre principalmente do fato de que, apesar de toda a força que Israel aplicou contra o Hezbollah, o grupo ter mantido sua capacidade militar. Até o último dia da guerra, a militância xiita continuou lançando foguetes e mísseis contra o norte do país.

As promessas da liderança israelense de “desarmar o Hezbollah” e “eliminar a capacidade do grupo de ameaçar Israel” não se concretizaram.

Unilateralismo

Para vários analistas, os resultados desta guerra vão levar os israelenses a se confrontar com os limites da força e questionar o unilateralismo adotado por Ariel Sharon e seguido por seu sucessor, Ehud Olmert.

“Tento pensar quando foi a última vez que vi líderes israelenses conversando com líderes árabes sobre paz e tenho dificuldades de lembrar”, escreve o jornalista Daniel Ben Simon, em artigo no jornal Haaretz.

“Será que esta guerra desgraçada no Líbano e a matança sem fim em Gaza são conseqüência da falta de disposição para falar com nossos vizinhos? Quando foi a última vez que tentamos falar com os palestinos sobre seu futuro e o nosso? Quando tentamos averiguar com os libaneses a possibilidade de um acordo de paz assinado? Quando tentamos retomar as negociações interrompidas com a Síria?”, pergunta Ben Simon.

De acordo com Gideon Levy, também no jornal Haaretz, “o fracasso pode ter resultados positivos”.

“Se entendermos que aquilo que não funciona com força também não vai funcionar com mais força, esta guerra poderá nos levar à mesa de negociações.”

“Talvez mais israelenses se perguntem para que matamos e morremos e talvez entendam que tudo isso, novamente, foi em vão.”

“Mais força”

A frustração com o fracasso militar, porém, juntamente com uma insatisfação crescente de caráter social, também podem resultar no fortalecimento da direita e da concepção do uso de “mais força”.

Líderes de partidos de direita e pensadores conservadores afirmam que Israel não deveria ter concordado com o cessar-fogo antes de “uma vitória esmagadora”.

Em um artigo no jornal Maariv, o historiador Alexandre Blei, diretor do departamento de história de Israel da Universidade Judéia e Samaria, no assentamento de Ariel (Cisjordânia), pediu a renúncia do governo.

“O Estado de Israel, depois do duro golpe que recebeu de uma organização terrorista, espera por um líder de verdade”, disse Blei.

“Hoje o primeiro-ministro e o ministro da Defesa poderão contribuir para o bem do Estado se renunciarem imediatamente e depositarem a preparação do Exército e do Estado para a próxima guerra nas mãos de líderes melhores.”

O saldo do conflito com o Hezbollah levou Alexandre Blei a também criticar as retiradas do Líbano, em 2000, e da Faixa de Gaza, em 2005.

“O primeiro-ministro e o ministro da Defesa devem admitir, com coragem e honestidade, que a administração da guerra, a saída do Líbano e a retirada da Faixa de Gaza estavam erradas.”

O líder do partido de direita Likud, o ex-primeiro-ministro Binyamin Netaniahu, em discurso no Parlamento, defendeu o uso da força contra inimigos de Israel na região.

“Israel se confronta com a ameaça iraniana, que é uma grande ameaça existencial. Nessas circunstâncias, necessitamos de aliados, e o principal deles é os Estados Unidos”, disse.

“A aliança com os Estados Unidos é baseada em três elementos: valores conjuntos, interesses comuns, e o terceiro elemento importante é a força. A ampliação da força deve ser a primeira de nossas prioridades, a força militar, política e espiritual.”

Fonte: Guila Flint, de Tel Aviv – BBC Brasil: 16/08/2006

Danos ambientais e arqueológicos provocados pelo confronto Israel-Hezbollah

No PaleoJudaica.com, Jim Davila reporta que há um interessante artigo, publicado ontem no Bloomberg.com, sintetizando os danos arqueológicos e ambientais provocados pelo confronto entre Israel e o Hezbollah tanto no Líbano quanto em Israel.

Baalbek, Beirute, Sidon, Arqa, Tel Dan, Meguido, por exemplo, são sítios atingidos ou ameaçados. Derramamento de milhares de toneladas de óleo no Mediterrâneo, florestas em chamas…

Vale a pena dar uma olhada em Israel-Hezbollah War Endangers Archaeological Sites, Ecosystems. Lendo o artigo, creio que o levantamento nem seja completo, pois o desastre parece ter sido pior, especialmente do lado libanês. Mas serve para dar uma idéia de como o Patrimônio Cultural da Humanidade acaba sendo, invariavelmente, ao lado do patrimônio humano, mais uma fatal vítima das guerras do Oriente Médio. A gente até (quase) se acostuma. Veja o caso do Iraque. Quem ainda está denunciando o que se faz por lá?

Apoio dos libaneses ao Hezbollah passou de 29% em fevereiro para 87% hoje

CartaCapital: 16 de agosto de 2006 – ano XII – número 406

O Hezbollah Cresce

Em fevereiro passado, 29% dos libaneses o apoiavam. Hoje são 87%, explica Riad Younes, que acaba de fugir da guerra.

Por Mino Carta

Nascido no Líbano, no Brasil há 30 anos, desde os 15 anos de idade, Riad Younes não pode ser apresentado apenas como médico. Doutor, professor universitário, cientista. Editor de nove livros médicos e um para leigos (O Câncer). Autor de 91 trabalhos publicados em revistas nacionais e estrangeiras, já recebeu oito prêmios de excelência científica. Criador de procedimento em caso de acidente, aplicado em todo mundo. Com a família, visitava o Líbano em julho passado, quando foi surpreendido pelo ataque israelense. CartaCapital publicou o candente depoimento de sua fuga para a Jordânia na edição 403.


Ouça trechos da entrevista de Riad Younes.

ONU consegue aprovar o pedido de cessar-fogo porque Israel duvida da vitória militar

BBC Brasil: 11 de agosto, 2006 – 20h23

Militares de Israel agem sob a sombra do Iraque

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ONU aprova resolução pedindo fim dos combates no Líbano
Veja os principais pontos da resolução sobre o Oriente Médio

Atualizando: 12.08.2006 – 10h19
Apesar da aprovação da resolução, os combates continuam. Israel leva a cabo uma ampliação de sua ofensiva no sul do Líbano – segundo o chefe do Estado-maior israelense, general Dan Halutz, Israel triplicou o número de seus militares em ação… Leia mais.

Escritores israelenses pedem a seu governo um cessar-fogo no Líbano, antes que a situação termine num abismo

Escritores israelenses pedem cessar-fogo no Líbano

Três escritores israelenses fizeram um pedido ao governo do país para um cessar-fogo no Líbano antes que a situação “termine num abismo”.

Os escritores israelenses Amos Oz, Avraham B. Yehoshua e David Grossman pediram ao governo israelense para responder de maneira positiva às propostas do primeiro-ministro libanês, Fouad Siniora, para um cessar-fogo.

“É um chamado extremo, antes que a situação termine num abismo”, disse David Grossman (cont.)

Fonte: Ansa, em Tel-Aviv – Folha Online: 10/08/2006