O mundo precisa abrir os olhos para o drama de milhões de pessoas vítimas das guerras

Dom Luciano Mendes de Almeida, arcebispo de Mariana, MG, está desde o dia 17 de julho internado no Hospital das Clínicas de São Paulo lutando contra um tumor no fígado. No dia 8 de agosto de 2006, terça-feira passada, a página da CNBB publicou seu artigo Quero agradecer, no qual apela, de maneira comovente, em favor das vítimas da guerra no Líbano e dos que sofrem na África. Transcrevo pequeno trecho:

Estou nas mãos de Deus. Deus nos criou por amor e Ele sabe o que é melhor para nós. Coloco minha vida nas suas mãos. Estou sendo muito bem tratado (…) Mas não penso só em mim; lembro-me também das muitas vítimas de Beirute, que, infelizmente, vêm aumentando dia a dia, por falta de uma solução que possa dar fim a essa situação. São tantos os sofredores que precisam de cuidados médicos e outros muitos que morreram em consequência dos ataques em Israel. Lembro-me ainda dos milhares que sofrem na África. Temos que fazer algo por eles. Uno-me ao Santo Padre pedindo paz. O mundo requer paz. A violência deve cessar. Será que o mundo não pode abrir os olhos para o drama de milhões de pessoas? Temos que mudar de mentalidade. Somos irmãos e irmãs, feitos por Deus para a felicidade; que o sofrimento de tantas pessoas contribua para o cessar-fogo e a descoberta de um relacionamento humano verdadeiramente amigo (cont.)

Israel ataca o maior campo de refugiados palestinos no Líbano

Israel ataca campo de refugiados; Hizbollah lança cem foguetes

Aviões de Israel bombardearam na madrugada desta quarta-feira a região de Sidon, onde fica Ein Helue, o maior campo de refugiados palestinos localizado no Líbano.

Uma pessoa morreu e ao menos oito ficaram feridas.

Nesta quarta-feira, o grupo terrorista Hizbollah lançou cerca de cem foguetes contra o norte de Israel, sem deixar vítimas.

Esta é a primeira vez que Israel ataca um campo de refugiados controlado pela ONU (Organização das Nações Unidas) em território libanês, desde o início do conflito, há quase um mês.

Cerca de 350 mil palestinos vivem em campos de refugiados em todo o Líbano (cont.)

Fonte: Folha Online: 09/08/2006

O que pensam os norte-americanos sobre a ofensiva israelense no Líbano

Pesquisa mostra EUA divididos sobre conflito no Oriente Médio

O público americano, tradicionalmente pró-Israel, está dividido em relação ao conflito do Estado israelense com o grupo terrorista libanês Hizbollah, informou uma pesquisa realizada por uma emissora de TV e um jornal.

Cerca de 46% dos entrevistados culparam igualmente Israel e o Hizbollah pelo conflito, enquanto que 39% culpam apenas o movimento xiita, revelou a pesquisa, publicada nesta segunda-feira, pela rede ABC e pelo “Washington Post” (…)

A pesquisa também revelou que a opinião americana está dividida quase em partes iguais sobre se é justificada ou não a ofensiva israelense contra objetivos libaneses.

Cerca de 47% disseram que o bombardeio israelense é justificado, enquanto que 48% pensam o contrário. Sobre o cessar-fogo imediato, cerca de 55% dos entrevistados disseram que Israel deveria parar seus ataques apenas se o Hizbollah depuser as armas primeiro, enquanto que 35% opinaram que Israel deveria aceitar um cessar-fogo imediato e incondicional.

A respeito da estratégia militar israelense, que foi muito criticada por causa do alto número de civis entre as vítimas, 35% dos entrevistados afirmaram que Israel está usando a força necessária, 32% asseguraram que está usando muita força e 22% opinaram que não emprega força suficiente no conflito. Apesar disso, 54% dos entrevistados disseram que Israel deveria se esforçar mais para evitar vítimas civis em seus ataques (cont.)

Fonte: France Presse, em Washington – Folha Online: 08/08/2006

Ibrahim Saleh, brasileiro, morre lutando pelo Hizbollah no Líbano

Brasileiro morre no Líbano lutando pelo Hizbollah

O Hizbollah ganhou nesta semana um “mártir” brasileiro. Ibrahim Saleh, 17, morreu na última terça-feira quando lutava nas fileiras do grupo terrorista contra Israel na cidade de Maroun er Ras, no sul do Líbano.

Filho de mãe brasileira e pai libanês, Ibrahim foi morto quando um míssil israelense atingiu o carro em que estava, com outros três combatentes do Hizbollah. Um irmão de Ibrahim, de 23 anos, também brasileiro, continua na região dos combates defendendo o Hizbollah.

Segundo a família, Ibrahim foi atraído muito cedo pela ideologia do grupo xiita, e seu sonho sempre foi morrer lutando contra Israel. “Ele dizia que não queria ter uma morte qualquer, como em um acidente de carro. Queria ser “shahid” [mártir], morrer na guerra”, conta a tia de Ibrahim Zeina Kourani, paulista de Itapevi que vive na cidade de Tiro, uma das mais bombardeadas na atual ofensiva. “Disseram-nos que ele tinha um sorriso nos lábios quando foi encontrado morto.”

Shakibah, a mãe de Ibrahim, diz não ter ficado triste com a morte do filho, ocorrida exatamente da forma como ele queria. Deu um depoimento à Folha, mas preferiu deixar as explicações para a irmã. Orgulhosa porque ele caiu lutando pelo grupo xiita, Shakibah recebeu dezenas de telefonemas de vizinhos parabenizando-a pelo ato de Ibrahim. “Estão todos ligando e dizendo a ela que graças a Deus ele morreu assim”, afirma Zeina.

Educação para a guerra

Shakibah e Zeina são parte de uma família xiita de dez irmãos brasileiros de origem libanesa, seguidores dos preceitos do islamismo e adeptos da filosofia do Hizbollah. Dos dez, sete estão no Líbano. Os outros três moram ainda em Itapevi, inclusive um vereador local, Akdenis Mohamed Kourani, curiosamente eleito por um partido identificado com outra religião, o Partido Trabalhista Cristão.

Embora tivesse passaporte brasileiro, Ibrahim jamais foi ao país natal da mãe. Foi criado em Tiro, cidade dominada pelo Hizbollah –como todo o sul do Líbano. Nunca teve dúvidas do que queria. Segundo a família, ele não chegou nem a fazer planos para quando terminasse os estudos. Não pensava em faculdade ou profissão. Sua idéia fixa era juntar-se ao Hizbollah. Mais que isso: sonhava em morrer no campo de batalha. “Ele sabia que ia morrer assim, por isso nunca fez planos para quando crescesse”, diz a tia, com voz calma.

Inteiramente engajado na luta armada dos xiitas libaneses, Ibrahim mantinha pouco contato com o Brasil. A ligação com o seu segundo país limitava-se à relação com os primos brasileiros, quando eles vinham visitá-lo no Líbano.

Zeina conta que Ibrahim, como muitas crianças xiitas no sul do Líbano, começou muito cedo a ser treinado para lutar. Não fazia parte da rede de escolas do Hizbollah, estudava em uma instituição pública do Estado libanês, não-muçulmana. Paralelamente, de forma secreta, recebia um outro tipo de educação. “Eles levam os meninos para ensinar e ninguém sabe de nada, onde é ou como isso é feito. Nem mesmo os pais”, diz Zeina. Segundo ela, a convocação acontece quando os meninos xiitas têm “mais ou menos 13 anos”.

Ela calcula que haja cerca de 30 mil jovens no sul do Líbano prontos para entrar na luta, muito mais do que os que já estão na linha de frente. Pouquíssimos, porém, com tão pouca idade como Ibrahim. “Os menores são muito poucos. O Ibrahim foi voluntário”, afirma Zeina, segundo a qual o sobrinho já queria ir para a luta no ano passado quando ainda tinha apenas 16 anos.

Além de Ibrahim, Shakibah tem outro filho (cujo nome prefere não ver publicado, por motivos de segurança), que também está na linha de frente do Hizbollah, e duas filhas, de 24 e 16 anos. Desde o começo do conflito, a família desconhece o paradeiro do irmão de Ibrahim, que também tem passaporte brasileiro. “A gente sabe que ele está bem porque manda notícias, mas não sabe onde ele está”, diz Zeina.

Para um primo da mãe de Ibrahim, Abbas Kourani, que mora na cidade portuária de Sidon, as circunstâncias da morte do jovem ainda não estão claras. Ele acha difícil acreditar que o adolescente estivesse na zona de combate como parte da guerrilha xiita, apesar da vocação precoce conhecida por todos. “Sei que o irmão dele era o mais engajado, mas Ibrahim pode ter sido levado para lá e não ter conseguido sair. O que eu ouvi falar é que ele estava ajudando as pessoas desabrigadas”, conta Abbas.

Segundo a família, que ainda não viu o corpo, o enterro será providenciado pelo Hizbollah e deve acontecer em Tiro, mas só quando acabar o conflito.

Fonte: Folha Online: 05/08/2006

Israel caiu na armadilha da guerrilha e guerrilheiros quase nunca são derrotados

BBC Brasil: 04/08/2006 – 09h26

Leia repercussão internacional sobre o conflito no Líbano

Uma reportagem publicada nesta sexta-feira no diário britânico Financial Times enxerga o conflito no Líbano como sintoma de uma política equivocada dos Estados Unidos para o Oriente Médio. O artigo compara o cenário otimista de março de 2005 – quando milhares de libaneses saíram às ruas pedindo o fim da influência Síria no Líbano – com a imagem “radicalmente transformada” de julho de 2006 (…) Um ano depois, o conflito no Líbano, a chegada ao poder do Hamas nos territórios palestinos, a escalada da violência no Iraque e a reversão da tendência à democracia no Egito alimentam uma conclusão pessimista do jornal. “Há um ano, florescia a visão da Casa Branca de que a democracia estava se disseminando. Hoje tudo está morto.” (…) O pessimismo e a crítica à política externa da grande potência são compartilhados pelos diários The Independent, de Londres, e Libération, de Paris. O jornal londrino estampa em sua capa um jogo de liga-pontos, com fotos do Afeganistão, Iraque, territórios palestinos, Israel e Líbano, e ironiza uma frase do primeiro-ministro britânico Blair: “é hora de ligar os pontos corretamente ao redor do mundo”, disse o premiê. Com uma capa também forte, o jornal francês estampa um soldado israelense dentro de um tanque de guerra, e titula: “Terra queimada”. Em editorial, o “Libération” questiona a maneira como a diplomacia internacional vem conduzindo as negociações para a crise. “O fato de estas negociações ocorrerem enquanto os canhões ainda soam constitui um fracasso inicial do que ninguém mais se atreve a chamar de ‘comunidade internacional’.” Para o alemão Der Tagesspiegel, Israel “tinha de reagir”, mas “caiu numa armadilha de guerrilhas”. “A história nos ensina que guerrilheiros quase nunca são derrotados…” (…) O israelense Haaretz lamenta que o conflito no Líbano tenha tirado a atenção de Israel para a resolução sobre o Irã aprovada no Conselho de Segurança da ONU no início da semana (cont.)

A antiga cidade de Baalbek no Líbano tornou-se zona de guerra

Israeli Jets, Helicopters and Ground Forces Attack Baalbek, Hezbollah Hub in Bekaa Valley

It sounded like a storm, a cacophony of roaring jets and thudding helicopters moving ever closer to this ancient town in the Bekaa Valley on Tuesday night, warning that something very big was happening.

By 10:30 p.m., the Israeli attack on the city had started, with warplanes screaming in from every direction, said Mayor Muhsin al-Jammal of Baalbek.

“When we heard so many planes up there, I knew what was coming would be terrifying,” he said early Wednesday during a brief respite.

While the bombardment continued from the sky throughout the night and early morning, sparing few neighborhoods here, the offensive took on a second phase when Israeli soldiers began entering. One group came to an Iranian-financed hospital just outside of town, and a second group of soldiers came to Asaliya, an adjoining town, where they searched door to door and detained five people suspected of being Hezbollah members.

In peacetime, Baalbek is best known for its Roman ruins and its summer festivals. But in war, it is a prime target, a strategic center for Hezbollah in the Bekaa Valley.

Seven people, including two children, were killed when Israeli planes bombed a house in Jamaliye, a few miles outside Baalbek. In the house were about 50 members of an extended family who had fled the house when the jets were flying over. After the family returned, a rocket landed in the garden, one relative said.

“I saw the rocket, with its tail on fire, coming at us, and there was nothing I could do,” Ali Saeed, the relative, said. “The planes must have seen people moving around and assumed we were a target.”

In Baalbek, the main fighting started late Tuesday at the Dar el-Hekma hospital, run by the Imam Khomeini Islamic Charity Foundation, an Iranian foundation. Helicopters attacked the area, and then dropped about 20 Israeli soldiers. A fierce exchange broke out when a handful of Hezbollah fighters tried to keep the Israelis from entering the walled grounds.

“The helicopters came low and hit all around the hospital, and when they saw limited resistance they landed,” said a man at the scene who would only give his name as Ali.

The Israelis entered the hospital and were starting to leave when a larger force of Hezbollah fighters showed up and started a heavy firefight. Ali and his friends said that three fighters had been killed in the hospital battle, but a spokesman for the Israeli military said soldiers had killed at least 10 fighters there.

Ali was still sweaty and shaken on Wednesday as he talked about the fight. Though he dodged questions about his role, there were signs that he had been involved. His head was scratched and bruised, and several machine guns lay in the car he had pulled up in with two other young men. He walked around the hospital and grounds, working to clear traces of the battle. “They hit a civilian institution, and there was no one even inside it,” he insisted.

The men said cars belonging to Sheik Muhammad Yazbek, the personal representative of Iran’s supreme leader, Ayatollah Ali Khamenei, and a member of Hezbollah Council, had come in and out of the parking lot that evening, though the sheik himself did not come, the men said. They said they believed he was the ultimate target of the raid.

By midday Wednesday, traces of the damage outside the gates of the hospital remained despite efforts to conceal them. Two burned cars remained in the parking lot after the fires had been put out, and a Peugeot pickup truck riddled with bullets was parked nearby, but piles of glass and other debris scattered throughout the parking lot suggested that several other cars had also been damaged.

At the gate, a sign announcing the opening hours of the hospital appeared to have been hastily nailed up to hide pockmarks from the attack. Pins pulled from hand grenades and many pieces of shrapnel, bullet shells and even the tail of a rocket hinted at how heavy the firefight was the night before.

Inside, the hospital had been virtually ransacked. Broken glass covered the floors at the main entrance, and black spots marked where stun grenades had been set off, in some cases searing Hebrew lettering into the floor. Doors into every room had been kicked in or blown open.

In one room, a huge magnetic resonance imaging machine had been twisted, and furniture had been overturned in almost every room.

On the first floor, nearly all the rooms had cots, suggesting that men had been sleeping there. Computers were ripped apart, their hard drives missing.

Then, early Wednesday, Israeli helicopters landed in Asaliya, about eight miles away, where soldiers searched house to house, residents and Israeli officials said. The soldiers detained five men, including two members of the Bura family and a member of the Gauta family, Mr. Jammal, the mayor of Baalbek, said.

Capt. Jacob Dallal, a spokesman for the Israeli Defense Forces, said soldiers had searched five houses and taken specific suspects into custody. But Mr. Jammal said the soldiers had taken only civilians, including a 15-year-old boy who was released when soldiers detained his grandfather instead.

“It was clear, they hadn’t managed to win a victory in the south, so they had to come here thinking they could hit the tail of the lion,” Mr. Jammal said. “They’re trying to show that they are doing something and can actually hit Hezbollah in their home.”

Fonte: By Hassan M. Fattah – The New York Times: Aug. 3, 2006

Blogs libaneses: vozes que sussurram em meio aos estrondos da guerra

Na Folha Online de ontem, 01/08/2006 – 16h32, leio sobre os blogs libaneses que registram o dia-a-dia da guerra. Registram as percepções das mentes e corações alvos dos mísseis israelenses que podem atingi-los a qualquer momento.

Leia Libaneses registram relatos dos ataques em blogs e, em seguida, dê uma passada pelos blogs citados abaixo. Mesmo que, eventualmente, seu inglês ou francês possam ser insuficientes para a compreensão da totalidade dos textos, as fotos, os desenhos e as expressões vão lhe dizer algo diferente – muito diferente, eu lhe garanto – das “objetivas” notícias das tevês e jornais ocidentais.


Além disso, na lista de links de cada blog (blogroll) você encontrará dezenas de blogs do Líbano e de outros lugares do Oriente Médio… Veja:

Kerblog
Pamela Chrabieh Badine
The Lebanese Bloggers
Witnessing (again)

Os Estados Unidos deixaram claro que não iriam permitir a condenação de Israel

Conselho da ONU lamenta sem condenar ataque ao Líbano

Os 15 membros do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) negociaram na tarde deste domingo uma resposta ao bombardeio israelense da população libanesa de Qana, tendo praticamente descartado a opção de “condenar” a morte de pelo menos 56 civis, como havia pedido o secretário-geral Kofi Annan, por causa da oposição de Washington.

A presidência francesa do Conselho apresentou um texto de consenso no qual o Conselho “lamenta” o ataque “inaceitável” e envia “seus pêsames” às famílias das mais de 50 vítimas, “a maioria crianças”.

As divergências mais sérias estão na demanda de algum tipo de trégua aos combatentes. Durante as discussões chegou a notícia de que Israel decidiu suspender os ataques aéreos durante 48 horas para investigar a pior ação desde que lançou sua ofensiva contra a organização terrorista libanesa Hezbollah no Líbano.

Na reunião de emergência realizada pela manhã a pedido de Annan, o secretário-geral pediu ao Conselho uma condenação ao bombardeio de Qana e que atue de imediato para conseguir o fim das hostilidades. “Devemos condenar esta ação nos termos mais enérgicos e peço que vocês façam o mesmo”, disse Annan.

“Estou profundamente decepcionado porque meus pedidos para um imediato cessar das hostilidades não foram atendidos”, continuou. “Repito esse pedido agora”, acrescentou, “e peço para o Conselho fazer o mesmo”.

Durante a mesma reunião, o embaixador israelense, Dan Gillerman, disse que se trata de “um domingo horrível, triste e sangrento”. “Essa gente (de Qana) morreu pelo fogo israelense, mas são vítimas do Hizbollah, são vítimas do terrorismo. Se não houvesse Hizbollah, isto nunca teria ocorrido”, afirmou.

“Sentimos verdadeiramente pelas pessoas do Líbano e pelos que morreram”, disse. “Em contraste, nunca ouvimos o Hizbollah dizer que sente por um israelense morto.”

O representante libanês, Nouhad Mahmoud, pediu novamente ao Conselho que ordene um cessar-fogo, argumentando que “não há lugar neste triste dia para outra discussão”.

Vários diplomatas asseguraram que os Estados Unidos deixaram claro que não iriam permitir a condenação de Israel. O embaixador americano, John Bolton, revelou que estavam negociando “um comunicado de imprensa ou uma declaração presidencial que expresse nosso profundo pesar e os pêsames às famílias daqueles que morreram”.

Na linguagem do Conselho de Segurança, uma declaração presidencial é mais solene do que um comunicado de imprensa, porque é lida pelo presidente do Conselho para os membros permanentes, enquanto que o comunicado é lido apenas para a imprensa. Embora ambas as formas exijam o acordo dos 15 membros do Conselho, elas estão longe de uma resolução, que é de cumprimento obrigatório para os países nela citados.

Preocupado em “reagir ao drama de Qana”, nas palavras do embaixador francês Jean Marc de La Sabliere, o Conselho não estava preparado para começar a tratar neste domingo de um projeto de resolução de Paris que detalha as medidas para um cessar-fogo permanente.

Estas incluem o envio de uma força internacional, com a condição de que ela seja aprovada pelos governos israelense e libanês e de que exista um acordo de princípio entre eles sobre os principais elementos de um plano global para solucionar o conflito.

Fonte: Alfons Luna, da France Presse, em Nova York – Folha de S. Paulo – 30/07/2006