Fundamentalismo: um desafio permanente

O fundamentalismo continua a ser um desafio permanente para a leitura da Bíblia. Eu arriscaria até a dizer que ele tem crescido em extensão e ferocidade. A linguagem, pelo menos, é, sem dúvida, violenta.

No artigo Fundamentalismo e modernidade, publicado na revista Concilium, v. 241, n. 3, Petrópolis, 1992, o conhecido teólogo J. Moltmann escreve nas p. 142-143:
Os fundamentalistas não reagem às crises do mundo moderno, mas às crises que o mundo moderno provoca em sua comunidade de fé e em suas convicções básicas. A convição de fé se baseia na segurança da autoridade divina. Nas assim chamadas Religiões do Livro, é a autoridade divina do documento da revelação: a palavra de Deus é, como o próprio Deus, sem erro e infalível (…) As ciências históricas e empíricas do mundo moderno são reconhecidas enquanto concordarem com [o documento divino da revelação], mas são rejeitadas se questionarem esta autoridade intemporal (…) O documento divino da revelação não pode estar sujeito à interpretação humana mas, ao contrário, a interpretação humana deve estar sujeita ao documento divino da revelação. O fundamentalismo exclui todo juízo racional sobre a condicionalidade histórica de sua origem e sobre a diferença hermenêutica em relação às condições mudadas do presente. O conteúdo de verdade do documento da revelação é intemporal e não precisa ser constantemente explicado ou atualizado, mas apenas conservado intocável. O fundamentalismo baseado na revelação não argumenta, apenas afirma. Não pede compreensão, mas sujeição. Não se trata absolutamente de um problema hermenêutico mas de uma luta pelo poder: ou a palavra de Deus ou o ‘espírito da época’. O fundamentalismo também não é um fenômeno de retirada ou de defesa, mas de avanço sobre o mundo moderno para dominá-lo. Faz parte das várias estratégias teo-políticas atuais…

Exemplifico o que Moltmann diz acima com frases fundamentalistas retiradas dos comentários feitos hoje a Moisés pode não ter existido, sugere pesquisa arqueológica – Reinaldo José Lopes – G1: 20/04/2008.

 

O artigo

Moisés pode não ter existido, sugere pesquisa arqueológica

Escavações e inscrições mostram que povo de Israel se originou dentro da Palestina. História sobre libertação do Egito teria influência de interesses políticos posteriores.

A saga de Moisés, o profeta que teria arrancado seu povo da escravidão no Egito e fundado a nação de Israel, tem bases muito tênues na realidade, segundo as pesquisas arqueológicas mais recentes. É praticamente certo que, em sua maioria, os israelitas tenham se originado dentro da própria Palestina, e não fugido do Egito. O próprio Moisés tem chances de ser um personagem fictício, ou tão alterado pelas lendas que se acumularam ao redor de seu nome que hoje é quase impossível saber qual foi seu papel histórico original.

É verdade que as opiniões dos pesquisadores divergem sobre os detalhes específicos do Êxodo (o livro bíblico que relata a libertação dos israelitas do Egito) que podem ter tido uma origem em acontecimentos reais. Para quase todos, no entanto, a narrativa bíblica, mesmo quando reflete fatos históricos, exagera um bocado, apresentando um cenário grandioso para ressaltar seus objetivos teológicos e políticos.

Airton José da Silva, professor de Antigo Testamento do Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto (SP), resume a situação: “O Moisés da Bíblia é
claramente ‘construído’. Pode até ter existido um Moisés lá no passado que inspirou o dos textos, mas nada sabemos dele com segurança. Nas minhas aulas de história de Israel, começo com geografia e passo para as origens de Israel em Canaã [antigo nome da Palestina], não trato mais de patriarcas e nem do Êxodo”.

Data-limite

Os pesquisadores dispõem há muitos anos do que parece ser a data-limite para o fim do Êxodo. Trata-se de uma estela (uma espécie de coluna de pedra) erigida pelo faraó Merneptah pouco antes do ano 1200 a.C. A chamada estela de Merneptah registra uma série de supostas vitórias do soberano egípcio sobre territórios vizinhos, entre eles os de Canaã. E o povo de Moisés é mencionado laconicamente: “Israel está destruído, sua semente não existe mais”. Não se diz quem liderava Israel nem que regiões eram abrangidas por seu território. Trata-se da mais antiga menção aos ancestrais dos judeus fora da Bíblia.

Se a saída dos israelitas do Egito ocorreu, ela precisaria ter acontecido antes disso. A Bíblia relata que, cerca de 400 anos antes de Moisés, os ancestrais do povo de Israel, liderados pelo patriarca Jacó, deixaram seu lar na Palestina e se estabeleceram no norte do Egito, junto à parte leste da foz do rio Nilo. Os egípcios teriam permitido esse assentamento porque, na época, o mais importante funcionário do faraó era José, filho de Jacó. Décadas mais tarde, um novo faraó teria ficado insatisfeito com o crescimento populacional dos descendentes do patriarca e os transformado em escravos.

Por algum tempo, arqueólogos e historiadores acharam que haviam identificado evidências em favor dos elementos básicos dessa trama. É que, por volta do ano 1700 a.C., a região da foz do Nilo foi dominada pelos chamados hicsos, uma dinastia de soberanos originários de Canaã e de etnia semita, tal como os israelitas. (O nome “Jacó”, muito comum na época, está até registrado entre nobres hicsos.)

Pouco mais de um século mais tarde, os egípcios expulsaram a dinastia estrangeira de suas terras. Isso mataria dois coelhos com uma cajadada só. Explicaria a ascensão meteórica de José na burocracia egípcia, graças à proximidade étnica com os hicsos, e também por que seus descendentes foram escravizados — eles teriam sido associados à ocupação estrangeira no Egito.

O problema com a ideia, no entanto, é que não há nenhuma menção aos israelitas ou a José e sua família em documentos egípcios ou de outros reinos do Oriente Médio nessa época. Pior ainda, até hoje não foi encontrado nenhum sítio arqueológico no Sinai que pudesse ser associado aos 40 anos que os israelitas teriam passado no deserto depois de deixar o Egito.

Os textos egípcios também não falam em nenhum momento da fuga liderada por Moisés, se é que ela ocorreu. “Isso é um problema grave. O argumento de que os egípcios não registravam derrotas é falso: a saída de um pequeno grupo nem era um revés, e eles relatavam derrotas sim, mesmo quando diziam que tinha sido um empate”, afirma Airton José da Silva.

Apiru = hebreus?

Para Milton Schwantes, professor da Faculdade de Filosofia e Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo, outro problema com a ligação entre os israelitas e os hicsos é dar ao Êxodo uma dimensão muito mais grandiosa do que seria razoável esperar do evento. “É uma cena de pequeno porte — estamos falando de grupos minoritários, de 150 pessoas fugindo pelo deserto. Em vez do exército egípcio inteiro perseguindo essa meia dúzia de pobres e sendo engolido pelo mar, o que houve foram uns três cavalos afundando na lama”, brinca Schwantes.

Ele é menos pessimista em relação aos possíveis elementos de verdade histórica na narrativa do Êxodo. Os israelitas são freqüentemente chamados de “hebreus” nesse livro da Bíblia, uma mistura de nomenclaturas que deixou os estudiosos com a pulga atrás da orelha. Documentos do Oriente Médio datados (grosso modo) entre 2000 a.C. e 1200 a.C., porém, falam dos habiru ou apiru — grupos que parecem ter vivido às margens da sociedade, atuando como trabalhadores migrantes, escravos, mercenários ou guerrilheiros.

“Ou seja, os hebreus talvez não fossem um grupo étnico, mas uma categoria social, de pessoas que muitas vezes eram forçadas a participar de grandes construções no Egito, sem receber o necessário para o seu sustento”, afirma Schwantes. Ele também vê sinais de memórias históricas antigas nos nomes de algumas cidades egípcias mencionadas na narrativa do Êxodo — lugares que foram ocupados por um período relativamente curto de tempo, por volta de 1200 a.C.

“O próprio nome de Moisés é um nome egípcio que os israelitas não entenderam”, diz Schwantes. Parece ser a terminação “-mses” presente em nomes de faraós como Ramsés e quer dizer “nascido de” algum deus — no caso de Ramsés, “nascido do deus Rá”. No caso do líder dos israelitas, falta a parte do nome referente ao deus.

Mar: Vermelho ou de Caniços?

O momento mais famoso da saída dos israelitas do Egito é o confronto entre Moisés e o exército egípcio no Mar Vermelho, quando, por ordem de Deus, o profeta abre as águas para seu povo passar e as fecha para engolir os homens do faraó. No entanto, é possível que a história original tenha se referido não a águas oceânicas, mas a um pântano.

Explica-se: o sentido original do hebraico Yam Suph, normalmente traduzido como “Mar Vermelho”, parece ser “Mar de Caniços”, ou seja, uma área cheia dessas plantas típicas de regiões lacustres. Assim, nas versões originais da lenda, afirmam estudiosos do texto bíblico, os “carros e cavaleiros” do Egito teriam ficado presos na lama de um grande pântano, enquanto os fugitivos conseguiam escapar. Conforme a tradição oral sobre o evento se expandia, os acontecimentos milagrosos envolvendo a abertura de um mar de verdade foram sendo adicionados à história.

O dado mais importante sobre a dimensão real do Êxodo, no entanto, talvez venha da Palestina. Israel Finkelstein, arqueólogo da Universidade de Tel-Aviv, em Israel, conta que uma série de novos assentamentos associados às antigas cidades israelitas aparecem na Palestina por volta da mesma época em que a estela de Merneptah foi erigida. Acontece que a cultura material — o tipo de construções, utensílios de cerâmica etc. — desses “israelitas” é idêntica à que já existia em Canaã antes de esses assentamentos surgirem. Tudo indica, portanto, que eles seriam colonos nativos da região, e não vindos de fora.

Para Finkelstein, isso significa que a história do Êxodo foi redigida bem mais tarde, por volta do século 7 a.C. O confronto com o Egito teria sido usado como forma de marcar a independência dos israelitas em relação aos vizinhos, que estavam tentando restabelecer seu domínio na Palestina. A figura de Moisés, talvez um herói quase mítico já nessa época, teria sido incorporada a essa versão da origem da nação.

Fonte: Reinaldo José Lopes – G1: 20/04/2008

 

Os comentários

Os muitos erros de português dos textos foram preservados como estão nos comentários, pois indicam, a meu ver, com bastante clareza, a qualidade do pensamento expresso. Lembro, entretanto, que é necessário ir à página do artigo para ver as centenas de comentários, que devem ser lidos completos e em seu contexto, com todos os seus matizes e contradições, provas e contraprovas. Estes pequenos trechos são usados aqui apenas como ilustração viva e candente do raciocínio teológico de J. Moltmann.

. Tentar combater a bíblia, palavra viva de Deus com a ciência, estudos de homens, é uma aberração
. Atacando a fé do povo com uma idiotice sem fatos
. Irmãos, irmãs, povos e nacões… deixemos a ciencia e continuemos olhando pra Cristo, autor e consumador da nossa fé
. Abaixo os Ateus e Cientistas
. Um dia todos…inclusive esses historiadores…vão perceber que Ele existe sim!!!… Porém…será tarde….Ele está voltando…
. Esses cientistas não cre em Deus e nem na biblia por isso falam essas aberrações
. Devemos orar e pedir a Deus em nome de Jesus Cristo que nos revele a verdade atravès da fé. Não nos cabe questionar um passado tão distante que NINGUEM pode dizer com 100% de acerto o que de fato aconteceu
. Quem afirma tal coisa, não passa de um débil mental e um grande idiota. Sou capaz de apostar que é um ateu e nem em DEUS o idiota deve crer. Besta
. Sabendo que a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem, se torna um absurdo os ateus (atoas) questionarem a Bíblia. Creio piamente na Bíblia escrita, fala e inspirada por Deus! As coisas espirituais se discernem espiritualmente seus atoas!
. Se eles querem realmente provar algo concreto, que vão pesquisar o fundo do mar vermelho ao invés de propor supostamente
. Esses cientistas deviam deixar a fé das pessoas em paz, pois é só isso que nos resta
. Isso é inaceitável, a bilbia a palavra de Deus, esta acima do que qualquer coisa, ela é verdade absoluta e ponto final, isso explica o seu valor de geração em geração, não é uma simples expeculação absurda, com este assunto que vai torna-la mentirosa
. Estao se preocupando demais com coisas que nao irao mudar. Sao fatos! E fatos nao se mudam ou alteram. Se querem uma resposta para tudo que aconteceu; deveriam procurar conhecer mais esse Deus maravilhoso que temos. Certamente, se calariam
. Que se explodam esses malucos que ficam perdendo tempo em desmentir a Bíblia, se a Bíblia não é verdadeira pq, se perde tanto tempo tentando desvendá-la? Eu continuo acreditando nela. Eles só sabem jogar teses e teses no ar, mas provar que é verdade? Não vi nada até agora
. A Biblia é bem clara quando diz que quando Jesus estiver as portas de sua volta, varios lidres e estudiosos tentarão distorcer o que dis a verdadeira palavra de Deus, e lendo essa reportagem so posso alertar a todos que Jesus esta realmente as portas e esta reportagem é mais um sinal dessa tese!
. Para o crente não importa o que os ´sábios´ dizem da Bíblia, mas o que a Bíblia diz dos ´sábios´: (loucos que serão julgados pelo o Autor, O SENHOR DEUS)
. Esses cientistas, estão todos malucos, querem acabar com a palavra de DEUS atravéz da internet, mas o povo que acredita realmente na palavra de DEUS jamais deixará se levar por essas balelas
. O q voceis estão tentando fazer desmentindo as coisas do SENHOR estão escrita na palavra faz tempo, cuidado a criatura é inferior ao CRIADOR, está chegando o grande dia, nós da igreja sabemos o q temos VISTO e ouvido nas manifestações do ESPIRITO SANTO.Tomem cuidado, todos ficaremos fente a frente
. Todos esse cientistas vao para o inferno quando eles fizerem apassagem desta vida para a outra eles vao tomar um susto eles pensam que DEUS nao esta tomando conhecimento de tudo ai ja e tarde aguardem seus ateus.
. Abomino todos os teólogos que insistem em diminuir ou negar acontecimentos bíblicos. De Adão e Eva ao fim dos tempos
. Lamentavelmente, desde o início, a ciência procura anular completamente os relatos bíblicos. O interessante é que, em TODOS os casos, principalmente os mais polêmicos, os cientistas acabam por reconhecer que a Bíblia tinha razão
. O que representa a biblía para estes pesquisadores arqueológicos? Eu acho que eles devem dobrar o Joelho e pedir a DEUS que de sabedorias a eles, pois parece falta muito a eles
. Esse cientista e apenas um pequeno cumedo de feijão que ñ sabe de nada
. O diabo continua querendo engar o povo atravès da ciência dizendo que a Bìblia è mentira!
. Por mais que tentem desmiter os fatos biblicos nunca conseguiram enganar a todos com esses estudos, a ciencia não é nada diante do poder de DEUS
. Po…sobrou até pra moisés… mais eu continuo com a biblia…ela é infalível!
. O que vejo é homens tentando apagar e esquecer a existência de um Deus ´Jeová´, poderoso em Glória e Autoridade… Coitado dos Cientistas
. Pesquisadores todos idotas e tolos
. Realmente estes estudiosos da biblia sao homens de pequena fe! Como se pode dizer que fatos como o exodus eh ficcao, eh a mesma coisa dizer que Jesus nao existiu
. Eu ach que esses pesquisadores tem um pacto com o demonio, em tudo querem ahcar erros, ipocritas
. Todos nós que somos cristaos, sabemos que esse professor idiota, esta sendo usado para deturpar a palavra de DEUS, pois a SANTA BIBLIA fois escrita por maos de homens inspirado pelo ESPIRITO SANTO DE DEUS, ninguem sabe onde foi enterrado MOISES,senao o PAI que estas nos CEUS portanto sai de RÈ satanas
. Cientistas da ´nova era´ se preocupam em desmoralizar, desmentir a Biblia , distorcer os fatos,d a verdadeira realidade espiritual. De repente Jesus Cristo não existiu ou se existiu casou com Maria Madalena e DÚS nunca existiu ou se existe se trata de uma energia. Paciencia, os iniquos acreditam neles.
. Como diria Jô Soares: ´Cientistas desocupados´
. A ciencia tenta despistar mais sempre comprova o q esta escrito na biblia
. Infelizmente, temos esses artigos, escrito e somente gostaria de saber, se esses estudiosos, não tem nada mais importante, para estudar, e deixar a Bíblia, quietinha com seus ensinamentos
. O inimigo de Deus usa pessoas como essas que querem manchar a verdade Biblica
. Porque estes cientistas não dão uma chegadinha na parte do deserto onde estão as inscrições antigas sobre a travessia do mar vermelho, em pedras, é na parte onde os turistas não vão
. Penso que o povo de Deus tem que ficar bastante atento com resultados dessas pesquisas que tem sido feitas, na minha opinião essas afirmações vai aumentar cada vez mais, qual o objetivo é fazer que muitos cristão comece a duvidar de tudo , que esta por traz disso tudo nos sabemos é o inimigo.
. Tudo o que está escrito na Bíblia é verdade, sem tirar e nem acrescentar uma vírgula sequer. Estes cientistas mentirosos e herejes deveriam sim, é dedicar suas pesquisas em algo útil, como a cura de doenças como o câncer, ou quem sabe, achar solução para o aquecimento global
. A ciência ainda tá fria, muito fria, ela acredita que o homem foi a lua e que planetas existem, e que ha matéria no espaço, o homem ainda nem se conhece, não conhece a Terra, imagine conhecer o NADA (luz). Moises existiu sim.
. Existem inúmeros livros que trabalham a infabilidade e inerrância das Escrituras Sagradas. Por que a mídia nunca procura esses autores?
. Penso que não devemos discutir algo tão grandioso como Deus e sua palavra
. Bem que hoje estava sentindo um CHEIRINHO de ENXÔFRE, era o HÁLITO dos ATEUS!
. Os cientistas buscam, a toda força diga-se de passagem, descaracterizar, ou ainda pior, pormenorizar os fatos bíblicos que contam a história não só dos hebreus, como de toda humanidade. Nunca vão conseguir.CREMOS NA BIBLIA SIM. O QUE NÃO CREMOS É QUE VIEMOS DO MACACO.NUNCA VI MACACO VIRAR GENTE!!
. ATEUS!!! ELE pedirá: Dá conta da sua ADMINISTRAÇÃO!!!
. Pessoal… essa matéria não tem outro objetivo a não ser levantar `polêmica` e chamar a atenção p/ alguns cientistas desocupados… vão pesquisar a cura para doenças que estão matando as pessoas… vão pesquisar meios de acabar com a fome… a ciência sequer conseguiu provar que existiu a evolução…
. Os que creêm em Deus devem saber que a verdade divina não pode ser abalada nem mesmo pela maior prova humana. Para mim, creio em uma ciência que comprova a verdade de Deus. Firmem-se vocês tb.
. O que estou vendo nestes estudos, é, mais uma tentativa de desacreditar os textos sagrados da bíblia, que é a palavra de DEUS, e isto é próprio de quem sabe que esta derrotado e tenta de todas as maneras desviar a mente das pessoas. A bíblia não precisa de defensor ela é palavra de DEUS.
. Até hoje a ciencia sempre pos em prova a veracidade da Biblia. Até agora nao tem conseguido provar sequer um erro em seus fatos e dados historicos. Admiro muito um sacerdote que se diz professor de AT duvidar dos relatos Biblicos, apenas pelo metodo da induçao filosofica. Tenho duvida de sua fé.
. Essas pesquizas são financiadas por Satanás afim de confundir as pessoas e enfraquecer a crença em Deus. Esse tipo de matéria deveria ser censurado. Afinal de quem seria o interesse em desmistificar a Bíblia?
. “Ai daquele que acrecentar um til nas escrituras sagradas”. diz a ‘biblia’ a palavra de Deus

Nos dias 20 e 21 foram publicados 497 comentários de leitores sobre o artigo… Já tive a honra de ser esculhambado por vários fundamentalistas! Aliás, a tônica fundamentalista predomina. É um reverbério fascinante! E trágico, constato mais uma vez.

Bíblia: teoria e prática – Leituras de Rute

Vem aí o número 98 da revista Estudos Bíblicos, o segundo de 2008. Este número foi elaborado pelos Biblistas Mineiros e, como de praxe, será publicado pela Editora Vozes, de Petrópolis.
O título: Bíblia: teoria e prática – Leituras de Rute
Editorial: Telmo José A. de Figueiredo

PARTE I

  • Agenda para o estudo de um texto bíblico – Johan Konings e Súsie Helena Ribeiro
  • Aprenda a enxergar com o cego Bartimeu, ou… Por que é necessário um método para ler a Bíblia? – Cássio Murilo Dias da Silva
  • Bíblia: Mito? Realidade? – Telmo José A. de Figueiredo
  • Como ler os apócrifos do Segundo Testamento – Jacir de Freitas Faria

PARTE II

  • Releituras rabínicas do livro de Rute – Leonardo Alanati
  • Rute à luz do método histórico-crítico – José Luiz Gonzaga do Prado
  • A narratividade do livro de Rute – Jaldemir Vitório
  • Leitura socioantropológica do livro de Rute – Airton José da Silva
  • O protagonismo de uma sogra: a história de Noemi e Rute – Uma abordagem feminina sob o olhar da psicologia – Maria Aparecida Duque e Rosana Pulga

Fundamentalismo em debate

De uns dias para cá, um inflamado debate sobre o que é o fundamentalismo tomou conta de alguns biblioblogs. Um post de Jim West no dia 13 passado – What Is A Fundamentalist? – causou uma reação em cadeia.

Hoje li o post de Michael Pahl, What is a “fundamentalist”?, no The Stuff of Earth, que me agradou muitíssimo. Sem entrar na polêmica em curso, ele procura definir o fundamentalismo a partir de uma perspectiva epistemológica e histórica. Recomendo a leitura deste texto.

Em 7 de janeiro de 2006 escrevi sobre o assunto em Fundamentalismo: um desafio ecumênico. E no dia 3 de fevereiro de 2007 voltei a escrever sobre o tema em Fundamentalismo: um modo de estar no mundo. Quase dois anos depois do primeiro post, o desafio parece mais atual do que nunca.

Ontem vi a indicação de um livro sobre o tema, e que pode ser interessante: HARRIS, H. A. Fundamentalism and the Bible. London: Equinox Publishing, 2010, 256 p. – ISBN 9781845531522.

Blogar sobre Biblia: perda de tempo?

Já que mencionei o assunto da leitura da Bíblia no post anterior, acabei me lembrando: partindo de outra questão, John Hobbins, em Ancient Hebrew Poetry, aborda o mesmo tema, de outra perspectiva, no post Is Blogging about the Bible a Waste of Time? [Blogar sobre a Bíblia é perda de tempo?].

E, claro, trata da questão dos biblioblogs, como diz o título do post.

Leia o texto.

Martini: a leitura da Bíblia e o Sínodo de 2008

Em 28 de abril de 2007 anotei no blog: Bíblia: tema a ser debatido pelos bispos em 2008, onde dizia:

Foram divulgados os Lineamenta da XII Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que será realizada de 5 a 26 de outubro de 2008. O tema: A Palavra de Deus na Vida e na Missão da Igreja. Além do português, o texto está disponível, no site do Vaticano, também em alemão, espanhol, francês, inglês, italiano, latim e polonês.

Hoje, 4 de dezembro de 2007, vejo uma entrevista do Cardeal Martini à Rádio Vaticano sobre os Lineamenta e sua proposta de leitura da Bíblia.

Leia: Intervista con il cardinale Martini sul Sinodo convocato dal Papa sul tema della Parola di Dio.

Texto em italiano.

Fundamentalismo e fanatismo podem matar

Mulher obriga família a jejuar e morre

Cristã fervorosa, a missionária Cláudia Simião da Silva, 35, levou sua fé ao extremo ao jejuar por cerca de um mês – esperando um “enviado divino” – e obrigar duas sobrinhas, a irmã e a sogra a acompanharem o retiro. Ela foi encontrada morta, segundo a polícia, por inanição dentro da própria casa, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense (RJ). As cinco pessoas ficaram confinadas por quase dois meses em casa. As irmãs Adrielle, 9, e Grazielle Souza Santos Simião, 11, foram internadas na sexta-feira apresentando quadro de desnutrição e de confusão mental e devem ficar hospitalizadas por quase um mês. Na mesma situação estão Cátia Simião da Silva (irmã), 31, e Lúcia Maria Simião da Silva (sogra). Cláudia teria obrigado a família a permanecer dentro de casa. Em depoimento à polícia, o pai das duas garotas, o desenhista técnico Uendes Simião da Silva, 33, afirmou que Grazielle lhe contou que “Cláudia havia dito que o jejum duraria até que recebessem uma resposta de Deus no sentido de enviar uma pessoa que os tirassem daquela vida e os levassem para uma casa na zona sul [área nobre do Rio de Janeiro]”. Não se sabe a qual denominação religiosa Cláudia pertencia. Ela freqüentava a Igreja Batista de um bairro próximo, mas havia abandonado os cultos cerca de dez anos atrás. Depois disso, viajou para Argentina, Uruguai e Angola. Segundo Uendes, ela era formada em teologia e cursava direito (…) Durante todo o tempo, as crianças tiveram “cursos bíblicos”, [sublinhado meu] segundo a conselheira tutelar Elaine Galvão, que ouviu Grazielle no Hospital Estadual Carlos Chagas.


Leia o texto completo.

Fonte: Folha Online: 15/11/2007 – 09h50. Por Ítalo Nogueira, da Folha de S. Paulo

A notícia, se correta, faz pensar:
. Formada em Teologia? Que teologia seria essa?
. Cursos bíblicos? Que tipo de cursos? Que leitura da Bíblia seria essa?
. Esta é uma temática da área bíblica ou da área psiquiátrica?

Leitura popular da Bíblia no Brasil

Já faz tempo que o artigo foi escrito, uns dois anos.

Mas, para quem não tem acesso aos livros do Mesters, vale a pena ler, está online no site do CEBI: uma explicação do que é a leitura popular da Bíblia no Brasil. Faz um histórico, explica o método… Tudo muito fácil.

Também pode ser lido meu artigo: Ler a Bíblia no Brasil hoje.

 

Sobre a Leitura Popular da Bíblia no Brasil

Neste artigo abordamos a leitura popular da Bíblia que se faz nas Comunidades Eclesiais da Base da América Latina. É bom lembrar que elas são apenas uma minoria. O impacto e a irradiação da leitura feita nas Comunidades Eclesiais de Base são grandes e significativos para a vida das igrejas e para a caminhada do movimento popular.

Este artigo é como uma fotografia. Uma vez feita, ela não muda mais. Mas a pessoa fotografada continua mudando. Depois de alguns anos, ela talvez não se reconheça mais nesta fotografia que aqui apresentamos com muito respeito e carinho. O artigo reflete a nossa prática no CEBI e nas Comunidades Eclesiais da Base (CEBs). Abordamos a leitura popular feita nas comunidades. Apesar de elas serem uma minoria, é significativa a sua irradiação na vida das igrejas.

 

1a Parte

Dez Características da leitura popular

Como entrada no nosso assunto apresentamos aqui dez pontos que, de certo modo, oferecem uma visão global da leitura popular e são um resumo de tudo que vamos dizer.

1. A Bíblia é reconhecida e acolhida pelo povo como Palavra de Deus. Esta fé já existia antes da chegada do que se convencionou chamar leitura popular. É nesta raiz antiga que se enxerta todo o nosso trabalho com a Bíblia junto do povo. Sem esta fé, todo o método teria de ser diferente. “Não es tu que sustentas a raiz, mas a raiz sustenta a ti” (Rm 11,18).

2. Ao ler a Bíblia, o povo das Comunidades traz consigo a sua própria história e tem nos olhos os problemas que vêm da realidade dura da sua vida. A Bíblia aparece como um espelho, “sím-bolo” (Hb 9,9; 11,19), daquilo que ele mesmo vive. Estabelece-se uma ligação profunda entre Bíblia e vida que, às vezes, pode dar a impressão de um concordismo superficial. Na realidade, é uma leitura de fé muito semelhante à que faziam as primeiras comunidades (cf. At 1,16-20; 2,29-35; 4,24-31) e os Santos Padres.

3. A partir desta ligação entre Bíblia e vida, os pobres fazem a descoberta, a maior de todas: “Se Deus esteve com aquele povo no passado, então Ele está também conosco nesta luta que fazemos para nos libertar. Ele escuta também o nosso clamor!” (cf. Ex 2,24;3,7). Nasce assim, imperceptivelmente, uma nova experiência de Deus e da vida que se torna o critério mais determinante da leitura popular e que menos aparece nas suas explicitações e interpretações. Pois o olhar não se enxerga a si mesmo.

4. Antes deste contato mais vivido com a Palavra de Deus, a Bíblia ficava longe da vida do povo. Era o livro dos “padres”, dos “pastores”, do clero. Mas agora ela chegou perto! O que era misterioso e inacessível, começou a fazer parte da vida quotidiana de crianças, mulheres e homens empobrecidos. E junto com a sua Palavra, o próprio Deus chegou perto! “Vocês que antes estavam longe foram trazidos para perto!” (Ef 2,13) Difícil para um de nós avaliar a experiência de novidade e de gratuidade que isto representa para as pessoas empobrecidas.

5. Assim, aos poucos, foi surgindo uma nova maneira de se olhar a Bíblia e a sua interpretação. Ela já não é vista como um livro estranho que pertence ao clero, mas sim como o nosso livro, “escrito para nós que tocamos o fim dos tempos” (1Cor 10,11). Às vezes, ela chega a ser o primeiro instrumento de uma análise mais crítica da realidade. Por exemplo, a respeito de uma empresa que oprime e explora o povo, o pessoal da comunidade dizia: “É o Golias que temos que enfrentar!”

6. Pouco a pouco, cresce a descoberta de que a Palavra de Deus não está só na Bíblia, mas também na vida, e de que o objetivo principal da leitura da Bíblia não é interpretar a Bíblia, mas sim interpretar a vida com a ajuda da Bíblia. A Bíblia ajuda a descobrir que a Palavra de Deus, antes de ser lida na Bíblia, já existia na vida. As comunidades descobrem que a sua caminhada é bíblica. “Na verdade, o Senhor está neste lugar, e eu não o sabia” (Gn 28,16)!

7. A Bíblia entra na vida do povo não pela porta da imposição autoritária, mas sim pela porta da experiência pessoal e comunitária. Ela se faz presente não como um livro que impõe uma doutrina de cima para baixo, mas como uma Boa Nova que revela a presença libertadora de Deus na vida e na luta do povo. As pessoas que participam dos grupos bíblicos, elas mesmos se encarregam de divulgar esta Boa Notícia e atraem outras para participar. “Vinde ver um homem que me contou toda a minha vida!” (Jo 4,29).

8. Para que se produza esta ligação profunda entre Bíblia e vida, é importante: a) Ter nos olhos as perguntas reais que vêm da realidade, e não perguntas artificiais que nada têm a ver com a vida do povo. Aqui aparece como é importante o/a intérprete ter convivência e experiência pastoral inserida no meio do povo. b) Descobrir que se pisa o mesmo chão, ontem e hoje. Aqui aparece a importância do uso da ciência e do bom senso, tanto na análise crítica da realidade de hoje como no estudo do texto e do seu contexto social. c) Ter uma visão global da Bíblia que envolva os próprios leitores e leitoras, e que esteja ligada com a situação concreta das suas vidas hoje.

9. A interpretação que o povo faz da Bíblia é uma atividade envolvente que compreende não só a contribuição intelectual do/a exegeta, mas também todo o processo de participação da Comunidade: trabalho e estudo de grupo, leitura pessoal e comunitária, teatro, celebrações, orações, recreios, “enfim, tudo que é verdadeiro, nobre, justo, puro, amável, honroso, virtuoso ou que de qualquer maneira merece louvor” (Fl 4,8). Aqui aparecem a riqueza da criatividade popular e a amplidão das intuições que vão nascendo.

10. Para uma boa interpretação, é muito importante o ambiente de fé e de fraternidade, através de cantos, orações e celebrações. Sem este contexto do Espírito, não se chega a descobrir o sentido que o texto tem para nós hoje. Pois o sentido da Bíblia não é só uma idéia ou uma mensagem que se capta com a razão e se objetiva através de raciocínios; é também um sentir, um conforto que é sentido com o coração, “para que, pela perseverança e pela consolação que nos proporcionam as Escrituras, tenhamos esperança” (Rm 15,4).

 

2ª Parte

Um pouco de história

Tudo isso que hoje está acontecendo nas Comunidades Eclesiais de Base tem uma história vinda de longe. Muitos fatores contribuíram para que se chegasse a esse tipo de leitura da Bíblia. Destacaremos três fatores que não podem ser ignorados para se entender a atual conjuntura. Há um quarto fator que não pode ser avaliado nem verificado. Em seguida, veremos as três etapas que marcaram e continuam marcando este processo histórico da leitura popular da Bíblia.

Três etapas, três aspectos

No decorrer desses anos todos, foram aparecendo três aspectos da interpretação popular, aspectos simultâneos, misturados entre si. Ao longo dos anos, cada um deles foi tendo o seu momento privilegiado. São como que três etapas. Trata-se dos três aspectos da mesma atitude interpretativa do povo frente à Bíblia. Eles indicam os três objetivos distintos, que estão presentes e misturados, às vezes conflitantes, no uso popular da Bíblia.
Conhecer a Bíblia – Instruir

O processo de conhecer melhor a Bíblia começou já no século XIX com o trabalho renovador dos exegetas da Europa, tanto evangélicos como católicos. As novas descobertas trouxeram novos conhecimentos, abriam uma nova janela sobre o texto bíblico e sobre o contexto da sua origem.

A vontade de conhecer a Bíblia estimulou muita gente a uma leitura mais freqüente. Na igreja católica, a renovação da exegese, as encíclicas de Leão XIII, Bento XV e Pio XII, as novas traduções da Bíblia e o trabalho de divulgação dos exegetas levaram a Bíblia para mais perto do povo. Além disso, no Brasil, como já mencionamos, o que ajudou a provocar nos católicos um interesse maior pela Bíblia foi o vigor missionário das igrejas evangélicas de missão.

Foram surgindo, em todo canto, as semanas bíblicas, cursos bíblicos, escolas e escolinhas bíblicas, gincanas e maratonas bíblicas, e tantos outros movimentos e iniciativas para divulgar a Bíblia e estimular a sua leitura como, por exemplo, o assim chamado Mês da Bíblia, que foi celebrado durante mais de 25 anos e continua até hoje em muitos lugares, ou o Movimento da Boa Nova (MOBON). Este surgiu, inicialmente, como um movimento mais apologético de defesa do catolicismo contra a influência crescente das igrejas evangélicas. Atualmente, é um dos movimentos de evangelização libertadora mais difundidos que anima mais de 15.000 grupos em vários Estados do Brasil. Difícil de lembrar e enumerar todas as iniciativas que a criatividade popular inventou para divulgar a leitura e o conhecimento da Bíblia.
Criar Comunidade – Celebrar

Na medida em que a Palavra começava a ser conhecida, ela produzia os seus frutos. O primeiro fruto foi aglutinar as pessoas e criar comunidade. Semanas bíblicas populares, difusão da Bíblia em língua vernácula, cursos, encontros, treinamentos, inúmeros grupos e círculos bíblicos, mês da Bíblia, movimento da Boa Nova: tudo isto produziu um fervilhar comunitário muito grande em torno da Palavra de Deus. O movimento da renovação litúrgica fez com que se multiplicassem e se intensificassem as celebrações da Palavra.

Foram surgindo e crescendo as Comunidades Eclesiais de Base que por sua vez suscitavam, em todo canto, os círculos bíblicos, grupos de reflexão, grupos de evangelho, grupos de oração. No começo dos anos 70, temos a iniciativa dos Encontros Intereclesiais das Comunidades de Base, que foram acontecendo periodicamente e que no ano 2000 celebraram o décimo Intereclesial em Porto Seguro, Bahia, por ocasião da comemoração dos 500 anos da vinda dos europeus para o Continente Latino Americano. A dimensão comunitária chegou a renovar várias paróquias que passaram a se organizar como uma comunidade de comunidades.

Aqui convém chamar mencionar o fenômeno intrigante da evasão em massa dos fiéis das igrejas tradicionais para as igrejas pentecostais, que tem a ver com a mudança socioeconômica havida nos últimos 50 anos. Na metade do século XX, em torno de 75% da população brasileira vivia no campo, área rural. A industrialização e o êxodo rural produziu um mudança radical. No censo de 2001, 82% da população vive na cidade e somente 18% no campo. Ora, o que antes parecia impossível, hoje tornou-se um fato normal: antes, a autoridade moral maior que, no Brasil, norteava as consciências era a Igreja Católica. Nas pequenas cidades do interior, o vigário exercia um poder sagrado muito forte. Dificilmente, o povo tinha coragem de enfrentar ou de romper com este sistema secular. Hoje, em nome de uma experiência comunitária nos grupos pentecostais das periferias das grandes cidades, milhões de brasileiros rompem com aquela que antes era a maior autoridade moral. Por mais contraditório e ambivalente que possa parecer este fato, ele não deixa de ter um aspecto positivo: em nome da Palavra de Deus e de um encontro com Jesus, o povo tem coragem de romper e de entrar por caminhos novos que talvez não sejam novos, mas que são diferentes e têm uma dimensão comunitária muito profunda.
Servir ao povo – Transformar

Sobretudo a partir de 1968, foi dado um passo a mais. O conhecimento da Bíblia e a preocupação comunitária encontraram o seu objetivo que é o serviço ao povo. Não tendo dinheiro nem tempo para ler os livros sobre a Bíblia, os pobres nas suas comunidades e nos círculos bíblicos começaram a ler a Bíblia a partir do único critério de que dispunham, a saber, a sua vida de fé, vivida em comunidade, e a sua vida sofrida de povo oprimido. Lendo assim a Bíblia, descobriam o óbvio que não conheciam: uma história de opressão igual à que eles mesmos sofriam, uma história de luta pelos mesmos valores que eles perseguem até hoje: terra, justiça, partilha, fraternidade, vida de gente. O resultado desta prática libertadora foi explicitado na Teologia da Libertação que tenta sistematizar a vivência nova que está ocorrendo nas comunidades.

É o período em que começa a ser acentuada a dimensão política da fé. Na Igreja Católica, desde o Concílio Vaticano II e sobretudo desde a conferência episcopal de Medellin (1968), ocorreu uma evolução importante. Diante da situação dramática dos índios, criou-se o CIMI (Conselho Indigenista Missionário). Diante da situação cada vez pior dos agricultores, criou-se a CPT (Comissão Pastoral da Terra). Diante da situação dos operários, criou-se a CPO (Comissão Pastoral dos Operários). Diante da situação dos pescadores, criou-se a CPP (Comissão Pastoral dos Pescadores).

São instrumentos novos de pastoral que ajudam estas classes e grupos de pessoas a defenderem melhor sua vida, sua terra, seus direitos, sua identidade. Eles têm em comum o seguinte: surgiram por causa da fé renovada em Jesus e, como Jesus, defendem a vida, são ecumênicos, incomodam a sociedade estabelecida, provocam polêmica. Tudo isto revela a evolução que está ocorrendo na consciência que as igrejas têm de si mesmas e da sua missão: lutar pela defesa da vida ameaçada do povo. É neste mesmo período dos anos 70 que surge o CEBI, o Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos para a Pastoral Popular que tem como objetivo articular, explicitar, aprofundar, divulgar e legitimar a leitura da Bíblia que o povo vinha fazendo nas suas comunidades.

Aqui devem ser lembrados os mártires, os testemunhos da fé, essa “nuvem de testemunhas ao nosso redor” (Hb 12,1), que deram a sua vida pela causa da liberdade, da justiça e da fraternidade. Assim como o autor da carta aos hebreus faz a memória dos testemunhos da fé (Hb 11,1-40), a Agenda Latino Americana, cada ano de novo, faz a memória dos milhares e milhares de mártires latino-americanos, homens e mulheres, leigos e religiosos, conhecidos e anônimos, que imitaram a Jesus que disse:

“Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância”(Jo 10,10).

Fonte: CEBI – Carlos Mesters e Francisco Orofino.

O velho se foi e o novo acabou de chegar

Book Review: The Nature of Biblical Criticism

BARTON, J. The Nature of Biblical Criticism. Louisville/London: Westminster John Knox, 2007, 206 p.

In this volume John Barton seeks to defend the purpose and practice of biblical criticism at a time when post-critical approaches like theological exegesis and postmodern interpretations abound. Barton aims to show that biblical criticism is neither rationalistic, nor positivistic, nor anti-faith. John Barton stands in the tradition of the late James Barr (to whom the book is dedicated) and Barton wants to show that Biblical criticism ushers forth out of a desire to read the biblical texts faithfully. He sets forth ten theses about biblical criticism that the book explicates which I summarize below (pp. 5-7 of chapter 1):

1. Biblical criticism is a literary operation that focuses on the semantics of texts.
2. Biblical criticism is concerned with questions related to the Einleitung or Introduction and involves the task of historical reconstruction with the aim of understanding a text’s historical origins.
3. Biblical criticism is said to be a product of the Enlightenment whereas in fact biblical criticism it is motivated by the Renaissance and Reformation catch cry of ad fontes that includes the freedom to read Scripture apart from ecclesiastical tradition and this has roots in Christian scholarship from Calvin to Origen.
4. Biblical criticism is not reductive or skeptical in essence even if some practitioners have been.
5. Biblical criticism is not a scientific study of the Bible as much as it shares with other areas of the humanities a concern for evidence and reason.
6. Biblical criticism requires that the reader does not foreclose the question of the truth of a text before reading it, but only seeks to uncover its semantic possibilities before the question of truth or falsehood are engaged.
7. Biblical criticism is not the only worthwhile way of reading biblical texts and readings with a devotional or liturgical slant are not ruled out.
8. Biblical criticism is ‘liberal’ insofar as it recognizes the validity of secular reasoning, but it is not committed to ‘theological liberalism’. A ‘critical faith’ (cf Gerd Theissen, Argument für einen kritischen Glaube [1978]) is not necessarily a liberal faith.
9. Biblical criticism tried to be objective insofar as it attends to what the text actually says and without importing foreign readings into the study of the text. While no biblical critic can be thoroughly objective it does not mean that the whole enterprise is compromised.
10. Biblical criticism is concerned with the ‘plain’ sense of texts which is not the same as the ‘original’ sense of texts. Rather, biblical critics are equally concerned with what the text meant as well as what it means (following Krister Stendahl).

In chapter one, Barton defines biblical criticism using the OED definition and explains the objective of the book as to nuance what biblical criticism really is (at a time of misconception and caricature by its critics) and to argue for the validity of pursuing the plain meaning of biblical texts. In chapter two, Barton discusses the approach that sees the purpose of biblical criticism as to deal rationally with difficulties that arise in a text. He finds that insufficient because the observation of difficulties is not itself evidence of a critical approach. It depends entirely on how those difficulties are dealt with. On top of that the observation of textual difficulties is not the sufficient or necessary condition of a critical approach to the Bible. Instead, biblical criticism is ‘an inquiry into the biblical text that takes its starting point from the attempt to understand, a desire to read the text in its coherence and to grasp its drift’ (p. 30). In chapter three, Barton discusses the approach that maintains that biblical criticism is concerned principally with the quest for historical truth. He rejects the supposition that biblical criticism is purely a historical enterprise or a methodology, instead it is concerned with ‘a series of explanatory hypotheses’ geared towards texts and textual meaning (p. 67-68). In chapter four, Barton defends the quest for the plain sense of meaning by linking it to semantics and the study of linguistic operations. He distinguishes this from the original sense, the intended sense, the historical sense, and the literal sense. The plain sense is only indirectly interested in these other senses. In chapter five, Barton pursues the historical origins of biblical criticism beyond the Enlightenment and he detects antecedents in the Renaissance, Reformation, classical sources, and in patristic literature. He thinks it profitable to see biblical criticism as less about historical-critical approaches and more about the meaning of words and the genre of texts and in that light biblical criticism has an ancient and honourable pedigree. In chapter six, Barton argues that biblical criticism does not dismiss the task of application but honours the givenness of the text as a precondition to its contemporary appropriation. While many may think that the Bible has become the mainstay of secular and skeptical approaches, Barton identifies with a strand of scholarship that maintains that the Bible is still in the grip of ecclesial authorities.

Barton’s task is a noble one and that is to secure the validity of critical study of the biblical texts at a time when it is regarded as passé or antiquated. If one wanted to defend this critical discipline from reproach then this is the book for doing so. Barton shows that biblical criticism is more robust and potentially more useful than what many of its critics realize. I still get the feeling though that Barton is trying to dress up a Dinosaur in a modern garb. Alas, the bridge to Modernity along with its strategies and aims for reading texts has been burned – and with some good reasons too – and the post-critical methods might be the way to overcome the defects and failures of biblical criticism. The days of Baur, Wellhausen, de Wette, Dibelius, Bultmann, and Barr are finished and are no more. It is now the age of Foucault, Derrida, Rorty, Fish, and Eco. In biblical interpretation, the old has gone and behold, the new has come. That said, readers of biblical texts need not wholly embrace the postmodern/post-critical turn nor attempt to reconstruct the shaken foundations of old school biblical criticism. What is needed is a realistic epistemology of how we know things from texts, a literary theory explaining how texts do things to readers, a hermeneutical explanation for how authors communicate through the signs/symbols of language, and a definition of history and historiography. The approaches that I have found the most fruitful in that regard are those of Anthony Thiselton, N.T. Wright, Kevin Vanhoozer, and especially Scot McKnight. I should also acknowledge the works of Markus Bockmuehl and Francis Watson who have shown the advantages of maintaining an ecclesial reading of Scripture in tandem with historical-critical investigation. For those of us who have no interest in or see no purpose for undertaking a Eco-Eskimo-Evangelical reading of Codex Vaticanus, biblical criticism will always have an important place, and Barton’s nuancing and defence of the discipline is welcomed. However, it will take much more than that for biblical criticism to survive the postmodernist onslaught and further modification is required if the discipline is to take serious the postmodernist objections. What is more, while Barton certainly takes the Bible seriously as an ancient text, I remain unsure whether he does justice to it as Scripture or as the principle artifact of the church’s testimony about God. In order to do so, scholars like Barton need to raise the Barr to a whole new level!

Fonte: Michael F. Bird – Euangelion: September 30, 2007

Simpósio da ABIB sobre Bíblia e Ciências Humanas

ABIB: Associação Brasileira de Pesquisa Bíblica – Regional São Paulo

I Simpósio Regional Bíblia e Ciências Humanas

Data: 25 de agosto de 2007
Local: Seminário Teológico da Igreja Presbiteriana Independente
Rua Genebra, 180 – Bela Vista – São Paulo
(próximo à Câmara Municipal e às estações Anhangabaú e Sé do Metrô)

:: Apresentação
A Associação Brasileira de Pesquisa Bíblica – ABIB, recentemente instituída, tem o objetivo de congregar pesquisadores e pesquisadoras em Bíblia nos mais diversos campos e ambientes, com vistas a favorecer a identidade acadêmica. Para tanto, vem realizando congressos em âmbito nacional – o próximo deverá ocorrer em 2008 – e também eventos de alcance regional.

:: Simpósio Regional São Paulo
Em 25 de agosto de 2007, será realizado o I Simpósio Regional São Paulo, com o tema Bíblia e Ciências Humanas, que espera reunir biblistas do Estado, seja para acompanhar a programação e interferir no debate, seja para contribuir com a apresentação de uma comunicação acadêmica.

:: Programação
8h Abertura
8h30 Mesa-redonda: Bíblia e Ciências Humanas
Conferencistas:
. Prof. Dr. Archibald Mulford Woodruff (UMESP, Seminário da IPI)
. Prof. Dr. André Chevitarese (UFRJ)
11h Intervalo
11h30 ABIB: apresentação e notícias
12h30 Almoço
14h Comunicações acadêmicas
16h Intervalo
16h30 Conferência: Bíblia e Ciências Humanas – Perspectivas
Conferencista:
. Prof. Dr. Milton Schwantes (UMESP, EDT)
18h Encerramento

:: Inscrições
Para efetuar a inscrição no I Simpósio Regional Bíblia e Ciências Humanas, favor preencher os dados abaixo e enviar para o endereço eletrônico abib.sp@bol.com.br. Caso haja interesse em apresentar uma comunicação, pedimos que os dados sejam enviados até dia 10/08.
A taxa de inscrição, a ser paga no momento da abertura dos trabalhos, é de:
R$ 20,00 (sócios da ABIB)
R$ 30,00 (não-sócios)

:: Ficha de Inscrição:
Nome:
Endereço:
Telefone:
E-mail:
Instituição e atividade que exerce em ligação com a Bíblia:
Título da comunicação (caso queira fazê-la):
Resumo da comunicação (10 a 15 linhas):

> No dia do evento será possível afiliar-se à ABIB, caso haja interesse.