Inscrições da Palestina de 500 a.C. a 640 d.C.

Inscriptions of Israel / Palestine

The Inscriptions of Israel/Palestine project seeks to collect and make accessible over the Web all of the previously published inscriptions (and their English translations) of Israel/Palestine from the Persian period through the Islamic conquest (ca. 500 BCE – 640 CE).

There are about 15,000 of these inscriptions, written primarily in Hebrew, Aramaic, Greek and Latin, by Jews, Christians, Greeks, and Romans.

They range from imperial declarations on monumental architecture to notices of donations in synagogues to humble names scratched on ossuaries, and include everything in between.

Inscriptions of Israel/Palestine is an ongoing project at Brown University, Providence, RI, USA.

Sítios arqueológicos do ANE no Google Earth

Veja ANE Placemarks for Google Earth.

ANE.kmz funciona com o Google Earth, que deve ser baixado. Quando aberto dentro do Google Earth, o ANE.kmz apresenta, à esquerda, uma lista alfabética de sítios antigos e, à direita, na foto de satélite os mesmos sítios assinalados. No momento, existem cerca de 2.500 sites com nomes modernos; entre eles, cerca de 400 têm nomes antigos. Adições de mais sites estão planejadas.

ANE.kmz works with Google Earth, which has to be downloaded. When opened inside Google Earth, ANE.kmz gives, to the left, an alphabetic list of ancient sites and, to the right, on the satellite photo the same sites marked. For the moment, there are some 2500 sites with modern names; among them some 400 have ancient names. Additions of more sites are planned.

Israel Finkelstein fala sobre as origens de Israel

Demorei para ver, mas quando Israel Finkelstein esteve no Brasil, em outubro de 2015, ele deu uma entrevista para Reinaldo José Lopes, que a publicou na Folha de S. Paulo em 19/10/2015.

Leia:

Mudanças ambientais podem explicar o surgimento do povo israelita

Amostras de pólen obtidas no leito do mar da Galileia e do mar Morto podem ser a pista que faltava para explicar como surgiu o povo israelita, cuja religião deu origem aoIsrael Finkelstein judaísmo e ao cristianismo.

Segundo pesquisadores israelenses, os dados sugerem que, a partir de 1250 a.C., várias ondas prolongadas de seca devastaram a Terra Santa ao longo de um século e meio, fazendo com que bandos de refugiados fundassem novas comunidades na zona montanhosa da região. Esses novos vilarejos acabariam levando à formação dos antigos reinos de Israel e Judá.

Um dos que propõem essa tese é o arqueólogo Israel Finkelstein, da Universidade de Tel Aviv. O trabalho dele tem ajudado a repensar a relação entre os relatos da Bíblia, de um lado, e os dados históricos e arqueológicos, de outro.

Finkelstein conversou com a Folha durante sua visita ao Brasil na primeira semana de outubro, quando participou de conferências organizadas pela Universidade Metodista de São Paulo e pela Associação Brasileira de Pesquisa Bíblica.

 

Resolução

“O grande diferencial desse nosso novo trabalho é a resolução”, explica o arqueólogo. “Normalmente as amostras possuem uma resolução de uns 200 anos por camada. Nós conseguimos obter dados detalhados que se referem apenas à transição entre a Idade do Bronze e a Idade do Ferro [grosso modo, entre 1300 a.C. e 1000 a.C.], com resolução de 25 anos a 40 anos.”

São dados, portanto, que funcionam como uma espécie de cápsula do tempo. Conforme o pólen ia sendo depositado no fundo do mar da Galileia e do mar Morto, numa ordem que vai do mais antigo ao mais recente, ele passou a formar um registro das mudanças ambientais pelas quais o Oriente Médio estava passando ao longo das décadas.

A análise do pólen permite determinar tanto o tipo quanto a quantidade de vegetação que existia no entorno desses corpos d’água (apesar do apelido de “mar”, eles não passam de grandes lagos). E foi assim que Finkelstein e seus colegas arqueobotânicos (que estudam as plantas do passado) acharam indícios de secas prolongadas numa região que já não é célebre pela abundância de água. Uma palavra resume as consequências das ondas de secura: caos.

Como os arqueólogos já sabiam, entre 1250 a.C. e 1100 a.C. os grandes impérios do Mediterrâneo na Idade do Bronze entram em colapso. Deixam de existir o Império Hitita, na atual Turquia, os reinos micênicos, na atual Grécia, e até o poderoso Egito mal consegue escapar.

Antes da catástrofe, os faraós dominavam todo o atual território israelense, palestino e libanês, além de vastas áreas da Síria e da Jordânia modernas.

Tudo indica que as alterações climáticas geraram tanto rebeliões internas (muito provavelmente ligadas às colheitas que não estavam vingando) quanto estimularam o ataque de tribos bárbaras (e famintas) às cidades do Oriente Médio.

“A ideia é que isso desestabilizou totalmente tanto as populações que viviam em áreas de estepe, a leste do rio Jordão, quanto muitos dos moradores das cidades-Estado do litoral”, conta Finkelstein. De quebra, algumas dessas cidades estavam sendo atacadas e destruídas por invasores, como os filisteus.

A região montanhosa no centro da Terra Santa, hoje correspondente, grosso modo, à Cisjordânia, era o lugar ideal para fugir do caos e da fome porque era uma área pouco povoada na época, além de relativamente fértil e não tão seca quanto outras áreas da vizinhança.

De fato, nas fases finais do colapso dos impérios da Idade do Bronze, é ali que começam a pipocar centenas de vilarejos rurais, com localizações associadas ao que seria, segundo a Bíblia, o território original das tribos israelitas.

Segundo esse cenário, hoje aceito pela maioria dos arqueólogos, o povo de Israel teria surgido dentro da própria Terra Santa (ou Canaã, como era conhecida na Antiguidade), como uma espécie de dissidência dos moradores originais da região, os cananeus.

Argumentos em favor dessa ideia são o fato de que os artefatos dos primeiros vilarejos da região montanhosa são quase idênticos aos dos cananeus que viveram antes ali, além do detalhe de que o hebraico é um dialeto cananeu, muito próximo do fenício (que era falado no atual Líbano).

Ou seja, tanto o êxodo liderado por Moisés quanto a conquista de Canaã liderada por Josué seriam quase totalmente lendários.

 

Cadê o Salomão?

Finkelstein também defendeu outra de suas ideias polêmicas que tem ganhado cada vez mais aceitação entre os pesquisadores: a de que as narrativas sobre um glorioso “Reino Unido” israelita, governado inicialmente por David e depois por seu filho Salomão, também é lendária.

O arqueólogo diz que David e Salomão provavelmente são personagens reais, mas que seus feitos foram muito exagerados por seus descendentes como forma de fortalecer os interesses políticos da monarquia de Jerusalém.

“Certamente havia um pequeno núcleo urbano em Jerusalém na época deles [entre 1000 a.C. e 930 a.C.], mas os dois não passavam de chefes militares tribais”, argumenta o pesquisador.

Os críticos do trabalho do pesquisador afirmam que ele ignora dados que indicariam a presença de um Estado centralizado na antiga capital de Judá durante a era salomônica.

“O problema de Jerusalém, na minha opinião, é que o núcleo mais antigo da cidade não está na chamada Cidade de David, onde as pessoas conseguem escavar hoje, mas na região do Templo, hoje ocupada pelo Domo da Rocha”, diz Finkelstein.

Como se trata de uma das áreas mais sagradas do islamismo, é improvável que os arqueólogos recebam permissão para escavar lá algum dia, afirma ele.

Leia Mais:
Israel Finkelstein: uso três importantes chapéus

Israel Finkelstein: uso três importantes chapéus

A revista semestral de Teologia, Espaços, do ITESP – Instituto São Paulo de Estudos Superiores -, de São Paulo, traz em seu número 23/1, de 2015, interessante entrevista de professores e estudantes brasileiros com o arqueólogo Israel Finkelstein. A Entrevista com Israel Finkelstein, realizada na manhã de nove de dezembro [de 2014], está nas páginas 57-66 da revista e é assinada por Antonio Carlos Frizzo, Professor de Teologia Bíblica no ITESP.

Li a entrevista com meus alunos do Primeiro Ano de Teologia do CEARP e conversamos sobre alguns de seus aspectos. Afinal, Finkelstein é um dos autores indicados e estudados no meu curso de História de Israel e virá ao Brasil agora em outubro de 2015.

Transcrevo alguns trechos.

“Esta entrevista é resultado de um planejado encontro. Em meados de 2013, professores e estudantes na esfera bíblica, ligados ao Centro Bíblico Verbo, resolveram realizar uma viagem de estudo por sítios arqueológicos em Israel. Os locais a serem visitados foram previamente estudados (…) No segundo dia de viagem, nosso grupo é calorosamente recebido pelo professor Finkelstein. Nesta entrevista busca-se percorrer a visão singular e inquietante desse arqueólogo que optou em se aproximar da Bíblia e de sua história”.

Israel Finkelstein - born March 29, 1949Logo no começo da entrevista diz Israel Finkelstein: “Sou um professor de arqueologia com especialização na época do bronze, ensino história bíblica e outras coisas. Atuo principalmente em três grandes projetos. Penso ser mais atraente afirmar que uso três importantes chapéus”.

Meu primeiro chapéu é a escavação. Tenho em Meguido meu importante projeto. A cada dois anos, saímos para a pesquisa de campo. Recentemente estivemos dois meses no local, com um grupo de 140 estudantes e mais uma equipe de apoio formada por 30 pessoas que colaboraram diretamente na infraestrutura. Não apenas escavamos como  também ensinamos os alunos. Iniciávamos os trabalhos bem cedo. Das 5h da manhã até as 13h as equipes estavam em campo. Na parte da tarde, ensinávamos, juntamente com todos da expedição, arqueologia e seus métodos, história de Meguido, datações, análises dos ossos, das porcelanas, os metais encontrados e outros temas relacionados ao universo da arqueologia. Este tipo de trabalho acontece a cada dois anos e começamos com este ritmo há 20 anos. Nele se envolve uma grande equipe formada por especialistas nas áreas da metalurgia, geologia, arqueologia, zoologia, biologia e botânica”.

E o custo de tudo isto? “O custo de uma expedição como as que realizamos, num período de sete semanas no campo, sem contar fotografias, materiais de restaurações, tudo isso fica na casa de US$350 mil, aproximadamente. Depois dessa primeira etapa, temos ainda todo o processo de catalogar e especificar os materiais recolhidos com uma grande equipe formada por estudantes e especialistas. Eis aí um dos meus chapéus”, diz Israel Finkelstein ao grupo.

E continua: “Um segundo chapéu, este sim, intensificado nos últimos cinco ou sete anos, é uma área de pesquisa que acontece com o apoio da União Europeia na esfera da Ciência da Vida e do Universo da geo-arqueologia. Olhando moléculas, detalhes moleculares que podem mudar o entendimento da história. Eis um projeto que me estimula muito. Percebo que estamos descobrindo elementos novos que podem nos ajudar a reconstruir o conhecimento da história humana. Este projeto já gerou mais de 60 artigos em diferentes revistas especializadas. Recentemente estudando algumas moléculas descobrimos partículas de canela datando do ano 1000 a.C., da época dos fenícios, e como canela é algo que não existe nesta região, somos convidados a pensar que o comércio entre os povos desta região com os povos da Índia era muito mais frequente do que podemos imaginar”.

“Outro exemplo: eu pessoalmente acredito que o futuro da pesquisa está baseado na análise da população e no estudo do clima. Por exemplo, um trabalho realizado na região do Mar Morto, em análises do pólen e do carvão encontrados naquela região. As análises dos materiais acenaram que, entre os anos de 1250 e 1100 a.C., a região passou por uma forte crise climática (…) Por favor, não pensem que estou só ou que eu seja o líder nessa área de estudo. Formamos uma grande equipe com a participação de dois botânicos – um da Alemanha e outro de Israel; dois geólogos, e, na esfera da arqueologia molecular, contamos com a participação de um grupo de químicos”.

E Finkelstein vai para o terceiro chapéu: “Meu terceiro chapéu, e penso que isso vos interessa, é a história bíblica. Meu interesse pela Bíblia veio por meio dos meus estudos na esfera da arqueologia. Sobretudo, na ânsia de reconstruir a história bíblica. A arqueologia me levou para o universo bíblico. Estou indo cada vez mais fundo neste universo. Em parceria com outros pesquisadores temos já publicados alguns trabalhos na Suíça, Alemanha e França. Os estudos bíblicos são muitos significativos na Alemanha, onde me identifico”.

Perguntado sobre reações fundamentalistas na interpretação dos textos bíblicos, Israel Finkelstein explica: “É oportuno afirmar que eu não sou contra esta ou aquela corrente hermenêutica. O que sei é que não sou um ingênuo, um fundamentalista. Faço a minha pesquisa com os rigores impostos pelos métodos exegéticos. Busco compreender os rigores dos métodos que não são novos no universo da leitura e estudo bíblico. Estou numa linha pautada por Baruch Espinosa* que estabeleceu as bases do método filosófico e teológico e que séculos mais tarde possibilitou o método histórico-crítico que conhecemos hoje. Claro que, por ser israelita e judeu, a Bíblia tem um significado, um valor quase que carnal para meu universo cultural. O texto é muito importante para mim. Não estou indo somente para o lado do criticismo. Não me deixo influenciar por nenhum aspecto político. Me situo do ponto de vista da pesquisa e isso me é muito caro. Algo gratificante. Os textos bíblicos fazem parte do meu DNA. Estou convencido de que ler as páginas bíblicas de modo ingênuo, descontextualizado é reproduzir o desrespeito para com seus autores (…) que foram verdadeiros gênios da humanidade”.

Perguntado sobre como vê a relação Bíblia-Arqueologia, diz Finkelstein: “O texto bíblico é uma redação tardia. Ele foi escrito séculos depois de um determinado fato (…) Já a arqueologia, que também é uma ciência, conta os fatos em tempo real (…) Todas as vezes que tenho à minha frente um determinado texto bíblico eu me pergunto: ‘O que está acontecendo aqui? Por que estou vindo com uma ferramenta muito poderosa que é a arqueologia?’ Por meio dos fragmentos arqueológicos podemos reconstruir um determinado momento histórico. Tal contexto histórico pode ser comprovado em todo o seu rigor e eu não preciso justificá-lo com os textos bíblicos. Aqui está um ponto fundamental nesta relação Bíblia e Arqueologia. A arqueologia se impõe por si mesma”.

E explicita ainda: “Estou convencido de que os dois ambientes – Bíblia e Arqueologia – devem continuar mantendo um estreito diálogo. Outro ponto que destaco está em saber que existem duas formas de se olhar a história de um texto bíblico: um é o aspecto conservador ou fundamentalista; outro é o ponto de vista minimalista. Eu não me alinho a nenhuma dessas duas correntes. Opto por uma linha teórica, na qual não estou sozinho, que se encontra entre estas duas tendências hermenêuticas”.

Finkelstein ainda conversou com o grupo de brasileiros sobre vários temas: sobre como suas publicações são recebidas em Israel, a estela de Merneptah, o reino de Davi e Salomão, a época de Josias, o reino de Israel do norte…

E, para terminar, um conselho para um jovem que deseja estudar arqueologia.

Diz Finkelstein: “A carreira é difícil por não haver muito espaço de trabalho e por haver muitas pessoas talentosas desejosas por ocupar o mesmo espaço (…) Eu estou feliz por encontrar, cada vez mais, pessoas desejosas de estudar arqueologia. Mas o caminho profissional não é fácil. É bom levar em conta que é preciso, em média, quinze anos de estudo para preencher suas inquietações acadêmicas e conseguir algum resultado profissional”.

* Sobre Baruch Espinosa, leia: Espinosa, um dos pais da moderna crítica bíblica

O EI e a destruição do patrimônio arqueológico na Síria e no Iraque

Os lugares antigos danificados e destruídos pelo Isis

A chocante destruição da cidade síria de Palmira faz parte da campanha do grupo contra a arqueologia.

Por Andrew Curry – National Geographic: 1 de setembro de 2015

O Estado Islâmico continua a guerra contra a herança cultural da região do Iraque e da Síria, atacando sítios arqueológicos com escavadeiras e explosivos.A antiga cidade de Palmira, na Síria.

O Isis divulgou um vídeo que chocou o mundo no mês passado ao mostrar a impetuosa destruição do Templo de Baalshamin, uma das ruínas melhor preservadas em Palmira, na Síria. No final de semana passado, explosões foram registradas em outro templo de Palmira, dedicado ao antigo deus Baal; uma agência da ONU diz que imagens de satélite mostram que o templo maior foi em grande parte destruído.

A destruição é parte da campanha de propaganda que inclui vídeos de militantes e a colocação de explosivos em santuários cristãos e muçulmanos de séculos de idade.

O Isis controla grandes extensões da Síria, junto com o norte e o oeste do Iraque. Há pouco que impeça seus militantes de saquear e destruir lugares sob seu controle em uma região conhecida como o berço da civilização.

O grupo militante é apenas mais uma de muitas facções lutando pelo controle da Síria, onde uma guerra civil deixou mais de 230.000 mortos e milhões de desabrigados.

O grupo alega que a destruição de locais antigos tem motivação religiosa; os alvos dos militantes são lugares antigos conhecidos e túmulos modernos e santuários pertencentes a outras seitas muçulmanas, citando o culto de ídolos para justificar suas ações. Ao mesmo tempo, o Isis tem usado o dinheiro roubado como fonte de renda para financiar suas operações militares.

“É tão propagandista quanto sincero”, afirma Christopher Jones, historiador da Universidade de Columbia, que relatou os danos em seu blog. “Eles se veem recapitulando a história antiga do Islã.”

Um guia dos locais culturais que o ISIS danificou até agora:

 

SÍRIA

Palmira
Palmira prosperou durante séculos no deserto ao leste de Damasco, como um oásis e ponto de parada para caravanas na Rota da Seda. Parte do Império Romano, era uma próspera e rica metrópole. A cidade-estado atingiu o ápice no final do século III, quando foi governada pela Rainha Zenóbia e se rebelou brevemente contra Roma.

Zenóbia falhou, e Palmira foi reconquistada e destruída pelos exércitos romanos em 273 d.C. As avenidas colunadas e templos impressionantes foram preservados pelo clima do deserto e no século 20 a cidade se tornou um dos maiores destinos turísticos da Síria.

O Isis conquistou a Palmira moderna e as antigas ruínas em maio de 2015. Inicialmente, os militantes prometeram deixar as colunas e templos intocados. Mas as promessas foram em vão: em agosto, eles publicamente executaram Khaled al-Asaad, um arqueólogo sírio que supervisionou escavações no local por décadas, e penduraram seu corpo decapitado em uma coluna.

E no mês passado o grupo divulgou fotos de militantes destruindo o Templo de Baal Shamin, de 1,9 mil anos, com explosivos. Um dos edifícios melhor preservados de Palmira, foi originalmente dedicado a um deus fenício das tempestades. Agora não resta nada além de escombros.

Mosteiro de Mar Elian
O mosteiro cristão foi tomado em agosto, quando militantes do Isis capturaram a cidade síria de Al-Qaryatain, perto de Palmira. Dedicado a um santo do século IV, o templo era um importante local de peregrinação e abrigou centenas de sírios cristãos. Testemunhas dizem que tratores foram usados para derrubar as paredes. O Isis publicou fotos da destruição no Twitter.

Apameia
Uma rica cidade comercial da era romana, Apameia foi saqueada desde o começo da guerra civil na Síria, antes mesmo do Isis aparecer. Imagens de satélite mostram dezenas de covas feitas no local; mosaicos romanos desconhecidos até então foram escavados e removidos para venda. Acredita-se que o Isis recolha uma parcela do valor das vendas de antigos artefatos, faturando milhões de dólares para financiar suas operações.

Dura-Europos
Assentamento grego no rio Eufrates, não muito longe da fronteira da Síria com o Iraque, Dura-Europos mais tarde se tornou um dos postos mais orientais de Roma. Abrigava a igreja cristã mais antiga do mundo, uma sinagoga belamente decorada e muitos outros templos e construções da era romana. Imagens de satélite mostram uma paisagem de crateras entre os muros de lama e tijolos da cidade, prova do aumento da destruição dos saqueadores.

Mari
Mari floresceu na Idade do Bronze, entre 3.000 e 1.600 a.C. Arqueólogos descobriram palácios, templos e extensos arquivos escritos em argila que trouxeram nova luz para os primeiros dias da civilização na região. De acordo com relatos de locais e imagens de satélite, o lugar, especialmente o palácio real, está sendo saqueado sistematicamente.

 

IRAQUE

Hatra
Construída no terceiro século a.C., Hatra era a capital de um reino independente à margem do Império Romano. A combinação de arquitetura influenciada pelos gregos e pelos romanos, com características do ocidente, são provas da sua proeminência como importante centro comercial da Rota da Seda. Hatra foi nomeada Patrimônio Mundial da Unesco em 1985.

Em 2014, Hatra foi tomada pelo Isis e supostamente usada como depósito de munição e campo de treinamento. Um vídeo divulgado pelo grupo em abril de 2015 mostra combatentes usando marretas e armas automáticas para destruir esculturas em várias construções do local. “A destruição de Hatra marca um momento crítico na terrível estratégia de limpeza cultural em curso no Iraque”, afirmou na época Irina Bokova, diretora geral da Unesco.

Nínive
A antiga Assíria foi um dos primeiros verdadeiros impérios, expandindo-se agressivamente por todo o Oriente Médio e controlando uma vasta área do mundo antigo entre 900 e 600 a.C. Os reis assírios governavam a partir de uma série de capitais onde hoje é o norte do Iraque. Nínive era uma delas, florescendo sob o comando do imperador assírio Sennacherib por volta do ano 700 a.C. Em um certo momento, Nínive foi a maior cidade do mundo.

Localizada no entorno de Mossul – parte da cidade moderna foi construída sobre as ruínas de Nínive – colocou o local na mira do Isis quando o grupo tomou a cidade em 2014. Muitas das esculturas foram abrigadas no Museu de Mossul (veja no próximo tópico) e algumas foram danificadas durante o tumulto no museu, documentado em vídeo. Os homens também foram mostrados esmagando estátuas de guardiões que são metade humanos e metade animais, chamados lamassus, no antigo Nirgal Gate de Nínive. “Eu não tenho certeza se ainda há muito para ser destruído em Mossul”, diz Jones, da Universidade de Columbia.

Museu e bibliotecas de Mossul
Relatos de roubos a bibliotecas e universidades de Mossul começaram a surgir assim que o Isis ocupou a cidade. Manuscritos de centenas de anos foram roubados e milhares de livros desapareceram no sombrio mercado internacional de arte. A biblioteca da Universidade de Mossul foi incendiada em dezembro de 2014. No final de fevereiro de 2015, a campanha do Isis cresceu: a biblioteca pública central de Mossul, um marco construído em 1921, foi destruída por explosivos junto com milhares de manuscritos e instrumentos utilizados por cientistas árabes.

O incêndio dos livros coincidiu com a divulgação do vídeo mostrando combatentes do Isis em um alvoroço no Museu de Mossul, derrubando estátuas e destruindo outras com martelos. O museu era o segundo maior do país, atrás apenas do Museu do Iraque em Bagdá. As estátuas incluíam obras-primas de Hatra e Nínive.

Margarete van Ess, chefe do escritório no Iraque do Instituto Arqueológico Alemão, afirma que um olho treinado é capaz de dizer que pelo menos metade dos artefatos destruídos no vídeo são cópias; muitos dos originais estão no Museu do Iraque.

Nimrud
Nimrud foi a primeira capital assíria, fundada há 3.200 anos. Sua rica decoração refletia o poder e a riqueza do império. O local foi escavado no começo dos anos 1840 por arqueólogos britânicos, que mandaram dezenas de suas gigantescas esculturas de pedra para museus de todo o mundo, incluindo o Metropolitan Museum of Art em Nova Iorque e o British Museum em Londres. Muitos originais permaneceram no Iraque.

O local em si é gigante: uma muralha de terra envolve uma área de 360 hectares. O Ministério de Turismo e Antiguidades do Iraque diz que o Isis destruiu partes do local, mas a extensão dos danos ainda não está clara. Parte da cidade nunca foi descoberta e permanece debaixo da terra – protegida, é de se esperar.

Khorsabad
Khorsabad é outra antiga capital da Assíria, a poucos quilômetros de Mossul. Seu palácio foi construído entre 717 e 706 a.C pelo Rei Sargão II da Assíria. Suas esculturas em relevo e estátuas estavam notavelmente bem preservadas, com traços da tinta original ainda decorando as representações das vitórias assírias e das procissões reais.

A maior parte das esculturas e muitas das estátuas foram removidas durante escavações francesas no meio dos anos 1800 e por equipes do Instituto Oriental de Chicago nas décadas de 1920 e 1930. Agora estão no Museu do Iraque de Bagdá, em Chicago e no Louvre, em Paris. Não está muito claro qual parte do local era alvo do Isis.

“Nós não temos fotografias mostrando até onde os danos podem chegar”, afirma van Ess. “A única informação agora vem de pessoas locais e do Ministério de Antiguidades do Iraque.”

Mosteiro dos Mártires São Behnam e sua irmã Sarah
Estabelecido no século IV, o mosteiro era dedicado a um antigo santo cristão. O local sagrado, mantido desde o final dos anos 1800 pelos monges sírios católicos, sobreviveu às hordas mongóis nos anos 1200 mas caiu nas mãos do Isis em março. Os extremistas usaram explosivos para destruir o túmulo do santo e suas elaboradas esculturas e decorações.

Mesquita do Profeta Jonas
A Mesquita do Profeta Jonas de Mossul era dedicada à figura bíblica, considerado um profeta por muitos muçulmanos. Mas o Isis é adepto de uma interpretação extrema do Islã que enxerga a veneração de profetas como Jonas como algo proibido. Em 24 de julho de 2015, combatentes do ISIS evacuaram a mesquita e a demoliram com explosivos.

Como muitos lugares do Iraque, a mesquita era uma camada da história, construída em cima de uma igreja cristã que, por sua vez, foi construída em cima de dois montes que compunham a cidade assíria de Nínive.

O Mausoléu de Imam Dur
O Mausoléu de Imam Dur, não muito longe da cidade de Samarra, era um exemplo magnífico de decoração e arquitetura medieval islâmica. Foi explodido em outubro.

 

Here Are the Ancient Sites ISIS Has Damaged and Destroyed – By Andrew Curry – National Geographic: September 1, 2015

Shocking destruction in the Syrian city of Palmyra is part of the militant group’s ongoing campaign against archaeology.

Islamist militants in Iraq and Syria continue their war on the region’s cultural heritage, attacking archaeological sites with bulldozers and explosives.

The so-called Islamic State (ISIS) released a video that shocked the world last month by showing the fiery destruction of the Temple of Baalshamin, one of the best-preserved ruins at the Syrian site of Palmyra. Last weekend, explosions were reported at another Palmyra temple, dedicated to the ancient god Baal; a United Nation agency says satellite images show that larger temple has largely been destroyed.

The destruction is part of a propaganda campaign that includes videos of militants rampaging through Iraq’s Mosul Museum with pickaxes and sledgehammers, and the dynamiting of centuries-old Christian and Muslim shrines.

ISIS controls large stretches of Syria, along with northern and western Iraq. There’s little to stop its militants from plundering and destroying sites under their control in a region known as the cradle of civilization.

The militant group is just one of many factions fighting for control of Syria, where a civil war has left more than 230,000 dead and millions more homeless.

The group claims the destruction of ancient sites is religiously motivated; Its militants have targeted well-known ancient sites along with more modern graves and shrines belonging to other Muslim sects, citing idol worship to justify their actions. At the same time, ISIS has used looting as a moneymaking venture to finance military operations.

“It’s both propagandistic and sincere,” says Columbia University historian Christopher Jones, who has chronicled the damage on his blog. “They see themselves as recapitulating the early history of Islam.”

A guide to cultural sites that ISIS has damaged or destroyed so far: (continue)

 

Síria vive nova escalada do conflito com Isil recuperando força – Nações Unidas: 27 Março 2024

O conflito, que se prolonga por mais de 13 anos, se transformou em uma “guerra por procuração” envolvendo várias potências estrangeiras e apesar de raramente chegar às manchetes, continua tendo um efeito terrível sobre a população civil.

No início de março, a Comissão de Inquérito das Nações Unidas sobre a Síria divulgou um relatório que detalha uma escalada nos combates, ataques a civis e infraestruturas que poderiam constituir crimes de guerra.

O vice-diretor e membro sênior do Centro de Cooperação Internacional da Universidade de Nova Iorque, Hanny Megally, é membro da Comissão desde 2017. Ele disse à ONU News que, embora já tenham se passado cinco anos desde a última vez que o Isil ocupou territórios na Síria, o grupo continua ganhando força.

Segundo ele, o país está “desmoronando” e alguns grupos que pareciam derrotados estão voltando, sem que nenhuma das “causas profundas” do conflito tenham sido tratadas. A Comissão aponta que o Isil vem aumentando sua força na Síria e, só este ano, já cometeu mais de 35 ataques.

Mudanças em Meguido

Acabei de ler no blog de Jim West e cito aqui porque pode interessar a alguns colegas.

Changes in the Megiddo Expedition’s Directorship

About a month ago our friend Eric Cline, co-director of the Expedition, wrote to me to announce his wish to retire from the Megiddo operation. Eric is busy with many duties as co-director at Kabri, now editor of BASOR, teacher, researcher, author and above all, family man, and all this has become a bit too much for him. I answered my friend Eric with warm words – to thank him for his over 20 years contribution to the success of the Megiddo Expedition and for his friendship.

As a result of Eric’s decision, we had to take decisions regarding the future management of the Expedition. Margaret, Sivan, Matt, Mario and I met today and decided as follows:
1. Starting in the season of 2016 (well, effectively as of today), the Expedition is directed by Israel Finkelstein, Matthew Adams and Mario Martin.
2. This means that Matt takes over the management of the Megiddo consortium.

For me personally it is with great satisfaction that I see two of my Megiddo students (one of them joined at the age of 18!) become co-directors.

Again, I am sure that I am speaking on behalf of all of us to thank Eric for his many years with us and wish him the best in the coming years; as I told him earlier today, he will remain a prominent member of the House of Lords of Megiddo/Armageddon…

Israel Finkelstein

Fonte: The Meggiddo Expedition – Posted Aug 10, 2015, 12:32 AM by Assaf Kleiman

Israel Finkelstein é muito citado em minha página, mas Eric Cline também vale a pena ser lido. Confira aqui.

A cidade de Ur e as descobertas de Woolley

Sir Leonard Woolley and Ur of the Chaldees – By Harriet Crawford: The Bible and Interpretation – July 2015

The most prominent feature of the site of Ur in 1922 was the high mound which covered the remains of the great ziggurat or staged tower dedicated to the Moon God Sin. It was here that much of Woolley’s work was to be focussed. He was able to trace the history of the ziggurat over more than five thousand years and to uncover evidence for the temples, defensive walls and other buildings which surrounded it.

Leia o artigo.

 

Sobre o livro:

CRAWFORD, H. Ur: The City of the Moon God. London: Bloomsbury T & T Clark, 2015, 160 p. – ISBN 9781472524195. Para Kindle aqui.

Diz a editora:
The ancient Mesoptamian city of Ur was a Sumerian city state which flourished as a centre of trade and civilisation between 2800-2000 BCE. However, in the recent past it suffered from the disastrous Gulf war and from neglect. It still remains a potent symbol for people of all faiths and will have an important role to play in the future.

This account of Ur’s past looks at both the ancient city and its evolution over centuries, and its archaeological interpretation in more recent times. From the 19th century explorers and their identification of the site of Mukayyar as the Biblical city of Ur, the study proceeds to look in detail at the archaeologist Leonard Woolley and his key discoveries during the 1920s and 30s. Using the findings as a framework and utilising the latest evidence from environmental, historical and archaeological studies, the volume explores the site’s past in chronological order from the Ubaid period in the 5th millennium to the death of Alexander. It looks in detail at the architectural remains: the sacred buildings, royal graves and also the private housing which provides a unique record of life 4000 years ago. The volume also describes the part played by Ur in the Gulf war and discusses the problems raised for archaeologists in the war’s aftermath.

Quem é a autora?
Harriet Crawford is Senior Fellow at the McDonald Institute for Archaeological Research, University of Cambridge, and Reader Emerita at the Institute of Archaeology, University College London, UK. Her published works include Sumer and the Sumerians (2004), Dilmun and its Gulf Neighbours (1998) and The Sumerian World (2012). She has excavated in Iraq, Bahrain, Kuwait and Syria.

Israel Finkelstein no Brasil em outubro de 2015

Leio no portal da Universidade Metodista de São Paulo:

Arqueólogo Israel Finkelstein é um dos convidados da Semana de Estudos da Religião  – 02/03/2015

A Semana de Estudos da Religião, promovida pelo programa de Pós-graduação em Ciências da Religião (PPGCR), já tem um convidado de destaque confirmado. Entre os dias 07 e 10 de outubro [de 2015], o evento receberá a visita do arqueólogo, pesquisador e escritor Israel Finkelstein.

Finkelstein é docente no Departamento de Arqueologia e Civilizações do Antigo Oriente Próximo da Universidade de Tel Aviv, Israel, e diretor da Expedição Megiddo. Entre os livros de sua autoria estão: “A Bíblia não tinha razão [The Bible Unearthed], “David and Solomon” e “The Forgotten Kingdom”.

Além da participação na Semana de Estudos da Religião, o professor terá um encontro com o Grupo de Pesquisa do PPGCR “Arqueologia do Antigo Oriente Próximo”.

Veja a programação com a participação do professor Israel Finkelstein:

07/10 – Primeira conferência – Aberto ao público
08/10 – Segunda conferência – Aberto ao público
09/10 – Seminário com o Grupo de Pesquisa “Arqueologia do antigo oriente próximo” e convidados
10/10 – Seminário ABIB-SP – Aberto ao público

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Israel Finkelstein