O Batista e Jesus

DESTRO, A.; PESCE, M. O Batista e Jesus: Dois movimentos judaicos no tempo da crise. São Paulo: Loyola, 2023, 244 p. – ISBN 9786555042481.

Qual foi a relação entre Jesus e João Batista? O movimento de Jesus era afiliado ao de João ou foi uma iniciativa autônoma? Jesus foi simplesmente um discípulo do BatistaDESTRO, A.; PESCE, M. O Batista e Jesus: Dois movimentos judaicos no tempo da crise. São Paulo: Loyola, 2023, 244 p. ou soube interpretar solicitações e exigências que iam além do renascimento pela água do Jordão?

Jesus e João são duas figuras gigantescas que por dois milênios tiveram influência determinante sobre as culturas que se inspiraram no cristianismo. Não se pode compreender Jesus, sua ação e seu pensamento, sem antes entender João. Sua atividade, seu sucesso e muitas de suas ideias estão na base da história de Jesus.

Este livro analisa de modo profundo a relação entre Jesus e o Batista sem ter a intenção de escrever duas novas biografias ou de reconstruir completamente suas fisionomias religiosas. Desejou-se apenas apresentar a proximidade deles com as necessidades fundamentais da população judaica e as soluções que, segundo eles, poderiam ter resolvido a crise que ela atravessava. Essa abordagem permite que os leitores descubram traços muito significativos e pouco conhecidos da relação entre João Batista e Jesus.

Veja o sumário do livro em pdf.

O original em italiano é de 2021.

Adriana Destro foi docente de Antropologia Cultural na Universidade de Bolonha. Mauro Pesce, biblista e historiador, é professor titular de História do Cristianismo na Universidade de Bolonha, Itália.

Leia também:
Two Forthcoming Books: John of History, Baptist of Faith & Christmaker – March 25, 2023 By James F. McGrath

Mulheres e religião em Israel

ACKERMAN, S. Women and the Religion of Ancient Israel. New Haven, CT: Yale University Press, 2022, 576 p. – ISBN 9780300141788.

Ao longo da narrativa bíblica a vida religiosa israelita é dominada por atores masculinos. Quando as mulheres aparecem, muitas vezes são vistas apenas comoACKERMAN, S. Women and the Religion of Ancient Israel. New Haven, CT: Yale University Press, 2022, 576 p. participantes tangenciais, acidentais ou passivas. No entanto, apesar de sua ausência no registro escrito, muitas vezes elas estavam profundamente envolvidas na prática religiosa e na observância de rituais.

Neste estudo, Susan Ackerman apresenta um relato abrangente das experiências religiosas das mulheres israelitas antigas. Ela examina os vários locais de sua prática, incluindo santuários domésticos, santuários regionais e templos nacionais; o calendário de rituais religiosos que as mulheres observavam semanalmente, mensalmente e anualmente e seus papéis especiais em ambientes religiosos.

Baseando-se em textos, arqueologia e cultura material e documentando as distinções entre as experiências das mulheres israelitas e as de seus homólogos masculinos, Ackerman reconstrói uma imagem essencial da religião vivida pelas mulheres na cultura israelita antiga.

Susan Ackerman é professora de religião no Dartmouth College desde 1990. Clique aqui e veja as obras de Susan Ackerman.

 

Throughout the biblical narrative, ancient Israelite religious life is dominated by male actors. When women appear, they are often seen only on the periphery: as tangential, accidental, or passive participants. However, despite their absence from the written record, they were often deeply involved in religious practice and ritual observance.

In this new volume, Susan Ackerman presents a comprehensive account of ancient Israelite women’s religious lives and experiences. She examines the various sites of their practice, including household shrines, regional sanctuaries, and national temples; the calendar of religious rituals that women observed on a weekly, monthly, and yearly basis; and their special roles in religious settings.

Drawing on texts, archaeology, and material culture, and documenting the distinctions between Israelite women’s experiences and those of their male counterparts, Ackerman reconstructs an essential picture of women’s lived religion in ancient Israelite culture.

Susan Ackerman is the Preston H. Kelsey Professor of Religion at Dartmouth College, where she has taught since 1990.

Lemche faz um balanço do minimalismo

LEMCHE, N. P. Back to Reason: Minimalism in Biblical Studies. London: Equinox Publishing, 2022, 198 p. – ISBN 9781800501881.

Vinte anos atrás alguns biblistas da Universidade de Copenhague foram denunciados como niilistas e uma ameaça à civilização ocidental. Qual foi o crime deles? ElesLEMCHE, N. P. Back to Reason: Minimalism in Biblical Studies. London: Equinox Publishing, 2022, 198 p. expuseram as falácias da pesquisa bíblica histórico-crítica tradicional, que não era nem histórica nem crítica.

Embora a interpretação histórico-crítica da Bíblia tenha se desenvolvido ao longo de um período de mais de cem anos, ela acabou, com a ajuda de uma paráfrase racionalista das histórias do Antigo Testamento, criando uma sociedade fora deste mundo chamada de Israel bíblico. Israel não era como nenhuma outra sociedade no mundo antigo, e dificilmente uma sociedade histórica real. Foi estruturado como um castelo de cartas.

Portanto, quando alguns estudiosos começaram a questionar o conteúdo histórico da construção do antigo Israel, como era comumente chamado, o edifício desabou, primeiro aos poucos e depois totalmente.

Este estudo aborda o desenvolvimento do ‘minimalismo’ a partir de suas raízes no paradigma histórico-crítico e delineia uma teoria alternativa que expõe e explica a intenção por trás da falácia de usar uma história encontrada no Antigo Testamento para simplesmente inventar o conceito bíblico de Israel.

Leia uma resenha bastante favorável do livro, clicando aqui.

Quem é Niels Peter Lemche?

Niels Peter Lemche (nascido em 6 de setembro de 1945)Twenty years ago some biblical scholars at the University of Copenhagen were denounced as being nihilists and a threat to western civilization. What was their crime? They had exposed the fallacies of traditional historical-critical biblical scholarship, which was neither historical nor critical. Although the historical-critical interpretation of the Bible had developed over a period of more than a hundred years, it had ended up, with the help of a rationalistic paraphrase of the stories of the Old Testament, creating a society out of this world called biblical Israel. Israel was like no other society in the ancient world, and scarcely a real historic society at all. It was structured like a house of cards. Therefore, when some scholars began to question the historical content of the construction of ancient Israel, as it was usually called, the edifice broke down, first in bits and then totally. This study addresses the development of ‘Minimalism’ from its roots in the historical-critical paradigm and outlines an alternative theory which exposes and explains the intention behind the fallacy of using a story found in the Old Testament to simply invent the biblical concept of Israel.

Niels Peter Lemche has been publishing in the field of Old Testament studies for fifty years. He has been both Assistant Professor at Aarhus University, Denmark, from 1978 to 1986 and Professor of Theology at the University of Copenhagen from 1987 to 2013.

Francisco: 10 anos

Algumas leituras:

:. A Opção Francisco: uma lufada de ar e virada profética. 10 anos de pontificado – Por João Vitor Santos – IHU: 13 Março 2023Francisco: 10 anos

Em 13 de março de 2013, Mario Jorge Bergoglio foi eleito papa. Francisco chega como reformador. Dez anos depois, em meio a forte oposição, como o pontífice concebe saídas para as crises em nosso tempo?

:. 10 anos de pontificado de Francisco. Alguns olhares – Por João Vitor Santos – IHU: 13 Março 2023

Em 2013, Mario Bergoglio é eleito papa. Dez anos depois, analistas ouvidos pelo IHU destacam que o maior avanço é ver a Igreja em meio ao povo, mas o desafio reside justamente em vencer as resistências internas a esse estilo de Francisco.

:. 10 anos de pontificado de Francisco: alguns olhares (2) – Por João Vitor Santos – IHU: 14 Março 2023

Ainda para marcar uma década do “papa argentino”, o IHU publica outras análises sobre as marcas e transformações da Igreja no mundo.

 

Leia Mais:
Francisco no Observatório Bíblico

As origens de Israel

O item 2 da “História de Israel” sobre as origens de Israel foi totalmente reformulado. Confira.

2. As origens de Israel
2.1. Quatro propostas para explicar as origens de Israel
2.2. A crise da Idade do Bronze Recente e o fenômeno dos povos do mar
2.3. O caos da Palestina na época do surgimento de Israel
2.4. Uma sociedade baseada na solidariedade do parentesco
2.5. Apêndice sobre “As tribos de Iahweh” de Norman K. Gottwald
2.6. Apêndice sobre a teoria da evolução pacífica e gradual

O livro de Jonas na pesquisa atual

TILLEMA, A. The Book of Jonah in Recent Research. Currents in Biblical Research, Vol. 21(2), 2023, p. 145-177.

Neste artigo identifico onde os estudos contemporâneos sobre Jonas continuam a fazer perguntas comuns a qualquer texto bíblico, como datação, estrutura e mensagem. Também descrevo as abordagens contemporâneas do livro. Finalmente, sugiro alguns pontos de divergência entre os estudos no final do século 20 e início do século 21 e avalio como os estudos recentes trataram as contribuições passadas.

Esta pesquisa mostra que os estudos continuam a lidar com questões que há muito permeiam a história interpretativa de Jonas. Ao mesmo tempo, abordagens contemporâneas trazem possibilidades empolgantes para um livro que frequentemente resiste a uma interpretação monológica.

 

In this article, I identify where contemporary scholarship on Jonah continues to ask enduring questions of any biblical text like dating, structure, and message. I also outline how scholars have brought contemporary approaches to the book. Finally, I suggest some points of divergence between scholarship in the late 20th and early 21st centuries and consider how recent scholarship has treated past contributions. This survey shows that scholarship continues to grapple with questions that have long pervaded Jonah’s interpretive history. At the same time, contemporary approaches bring exciting possibilities to a book that has often resisted a monologic interpretation.

Texto publicado em fevereiro de 2023. Disponível para download gratuito em pdf aqui ou aqui.

O livro do Êxodo

SKA, J.-L. O livro do Êxodo. São Paulo: Loyola, 2022, 192 p. – ISBN 9786555041682. Coleção “ABC da Bíblia”.

Sobre a coleção ABC da Bíblia:SKA, J.-L. O livro do Êxodo. São Paulo: Loyola, 2022, 192 p.

Trata-se de uma verdadeira “caixa de ferramentas” que ajudará o leitor a fazer uma leitura sistemática e esclarecida dos livros da Bíblia. Cada volume desta coleção identifica o autor, ou autores, de determinado livro bíblico ou de um conjunto de escritos, apresenta seu contexto histórico, cultural e redacional, analisa-o literariamente, mostra sua estrutura, resume-o, aborda seus grandes temas, estuda sua recepção, influência e atualidade, e fornece um léxico de lugares e pessoas, tabelas cronológicas, mapas e bibliografia.

O original foi publicado em francês em 2021.

Quem é Jean-Louis Ska? Veja aqui.

Memórias de um arqueólogo acidental: Eric M. Meyers

MEYERS, E. M. An Accidental Archaeologist: A Personal Memoir. Eugene, OR: Cascade Books, 2022, 232 p. – ISBN 9781666743524.

Este livro de memórias pessoais e profissionais relata os anos de formação do autor e as influências familiares que o impulsionaram. A experiência do anti-semitismo naMEYERS, E. M. An Accidental Archaeologist: A Personal Memoir. Eugene, OR: Cascade Books, 2022 escola primária e na faculdade desempenhou um papel importante. A centralidade da música e da família foram especialmente influentes. Sua parceria com Carol Meyers permitiu que ele tivesse uma carreira de sucesso na arqueologia acadêmica e no ensino da Duke University. Outros empreendimentos, no entanto, o mantiveram com os pés no chão e focado em assuntos cotidianos: canto, golfe, ativismo social, ensino e escrita. Mas foi o ensino, acima de tudo, que imbuiu sua vida de significado especial, pois tanto o aluno quanto o professor confrontaram as riquezas do passado em busca de um futuro melhor.

Eric M. Meyers é professor emérito Bernice e Morton Lerner de estudos religiosos e judaicos na Duke University, USA. Ele fundou o Centro de Estudos Judaicos em Duke em 1972. Ele foi coautor com sua esposa, Carol Meyers, de comentários sobre Ageu e Zacarias na Anchor Bible e atuou como editor-chefe da The Oxford Encyclopedia of Archaeology in the Near East. Suas escavações em Séforis foram totalmente publicadas em 2018. Ele também serviu três mandatos como presidente da American Schools/Society of Overseas Research.

 

This personal and professional memoir recounts the author’s formative years and the family influences that propelled him forward. The experience of anti-Semitism in grammar school and college played a major role. The centrality of music and family were especially influential. His partnership with Carol Meyers allowed him to have a successful career in academic archaeology and in teaching at Duke University. Other endeavors, however, kept Carol e Eric Meyershim grounded and focused on everyday matters: singing, golf, social activism, teaching, and writing. But it was teaching most of all that imbued his life with special meaning as both student and teacher confronted the riches of the past in a search for a better future.

Eric M. Meyers is the Bernice and Morton Lerner Professor Emeritus of Religious and Jewish Studies at Duke University. He founded the Center for Jewish Studies at Duke in 1972. He co-authored with his wife, Carol Meyers, commentaries on Haggai and Zechariah in the Anchor Bible, and he served as editor in chief of The Oxford Encyclopedia of Archaeology in the Near East. His excavations at Sepphoris were fully published in 2018. He also served three terms as president of the American Schools/Society of Overseas Research.

A arqueologia bíblica norte-americana e o sionismo

KNORR, B. S. American Biblical Archaeology and Zionism: The Politics of Objectivity from William F. Albright to William G. Dever. Abingdon: Routledge, 2023, 184 p. – ISBN 9781032283203.

Este livro examina a relação entre alguns dos mais destacados arqueólogos bíblicos norte-americanos e o sionismo. Embora esses estudiosos tenham sido bem estudados,KNORR, B. S. American Biblical Archaeology and Zionism: The Politics of Objectivity from William F. Albright to William G. Dever. Abingdon: Routledge, 2023 pouco foi feito para entender seu papel na história do conflito entre Israel e palestinos.

Combinando leituras dos escritos dos arqueólogos com pesquisa de arquivo, este livro estuda as opiniões de William Foxwell Albright, Millar Burrows, Nelson Glueck, George Ernest Wright, Paul Lapp e William G. Dever sobre o estabelecimento de um estado étnico-nacional na Palestina em detalhe. O volume culmina com um epílogo comentando a relevância desse tema na atualidade quanto às ramificações políticas da arqueologia no conflito israelo-palestino.

 

This book examines the relationship between several of the most prominent American biblical archaeologists and Zionism. While these scholars have been studied and historicized to some extent, little work has been done to understand their role in the history of the Palestinian-Israeli conflict.

Two defining differences in the archaeologists’ arguments were their understanding of culture and their views on objectivity versus relativism. Brooke Sherrard Knorr argues that relativist archaeologists envisioned the ancient world as replete with cultural change and opposed the establishment of a Jewish state, while those who believed in scholarly objectivity both envisioned the ancient world’s ethnic boundaries as rigid and favored Zionism.

Combining readings of the archaeologists’ writings with archival research, this book studies the views of William Foxwell Albright, Millar Burrows, Nelson Glueck, George Ernest Wright, Paul Lapp, and William G. Dever regarding the establishment of an ethno-national state in Palestine in detail. The volume culminates with an epilogue commenting on the relevance of this topic in the present regarding the political ramifications of archaeology in the Israeli-Palestinian conflict.

Brooke Sherrard Knorr is Assistant Professor of History at William Penn University in Oskaloosa, Iowa. She earned a Ph.D. in American religious history at Florida State University and an MA in religious studies at the University of Iowa.