Israel Finkelstein: uso três importantes chapéus

A revista semestral de Teologia, Espaços, do ITESP – Instituto São Paulo de Estudos Superiores -, de São Paulo, traz em seu número 23/1, de 2015, interessante entrevista de professores e estudantes brasileiros com o arqueólogo Israel Finkelstein. A Entrevista com Israel Finkelstein, realizada na manhã de nove de dezembro [de 2014], está nas páginas 57-66 da revista e é assinada por Antonio Carlos Frizzo, Professor de Teologia Bíblica no ITESP.

Li a entrevista com meus alunos do Primeiro Ano de Teologia do CEARP e conversamos sobre alguns de seus aspectos. Afinal, Finkelstein é um dos autores indicados e estudados no meu curso de História de Israel e virá ao Brasil agora em outubro de 2015.

Transcrevo alguns trechos.

“Esta entrevista é resultado de um planejado encontro. Em meados de 2013, professores e estudantes na esfera bíblica, ligados ao Centro Bíblico Verbo, resolveram realizar uma viagem de estudo por sítios arqueológicos em Israel. Os locais a serem visitados foram previamente estudados (…) No segundo dia de viagem, nosso grupo é calorosamente recebido pelo professor Finkelstein. Nesta entrevista busca-se percorrer a visão singular e inquietante desse arqueólogo que optou em se aproximar da Bíblia e de sua história”.

Israel Finkelstein - born March 29, 1949Logo no começo da entrevista diz Israel Finkelstein: “Sou um professor de arqueologia com especialização na época do bronze, ensino história bíblica e outras coisas. Atuo principalmente em três grandes projetos. Penso ser mais atraente afirmar que uso três importantes chapéus”.

Meu primeiro chapéu é a escavação. Tenho em Meguido meu importante projeto. A cada dois anos, saímos para a pesquisa de campo. Recentemente estivemos dois meses no local, com um grupo de 140 estudantes e mais uma equipe de apoio formada por 30 pessoas que colaboraram diretamente na infraestrutura. Não apenas escavamos como  também ensinamos os alunos. Iniciávamos os trabalhos bem cedo. Das 5h da manhã até as 13h as equipes estavam em campo. Na parte da tarde, ensinávamos, juntamente com todos da expedição, arqueologia e seus métodos, história de Meguido, datações, análises dos ossos, das porcelanas, os metais encontrados e outros temas relacionados ao universo da arqueologia. Este tipo de trabalho acontece a cada dois anos e começamos com este ritmo há 20 anos. Nele se envolve uma grande equipe formada por especialistas nas áreas da metalurgia, geologia, arqueologia, zoologia, biologia e botânica”.

E o custo de tudo isto? “O custo de uma expedição como as que realizamos, num período de sete semanas no campo, sem contar fotografias, materiais de restaurações, tudo isso fica na casa de US$350 mil, aproximadamente. Depois dessa primeira etapa, temos ainda todo o processo de catalogar e especificar os materiais recolhidos com uma grande equipe formada por estudantes e especialistas. Eis aí um dos meus chapéus”, diz Israel Finkelstein ao grupo.

E continua: “Um segundo chapéu, este sim, intensificado nos últimos cinco ou sete anos, é uma área de pesquisa que acontece com o apoio da União Europeia na esfera da Ciência da Vida e do Universo da geo-arqueologia. Olhando moléculas, detalhes moleculares que podem mudar o entendimento da história. Eis um projeto que me estimula muito. Percebo que estamos descobrindo elementos novos que podem nos ajudar a reconstruir o conhecimento da história humana. Este projeto já gerou mais de 60 artigos em diferentes revistas especializadas. Recentemente estudando algumas moléculas descobrimos partículas de canela datando do ano 1000 a.C., da época dos fenícios, e como canela é algo que não existe nesta região, somos convidados a pensar que o comércio entre os povos desta região com os povos da Índia era muito mais frequente do que podemos imaginar”.

“Outro exemplo: eu pessoalmente acredito que o futuro da pesquisa está baseado na análise da população e no estudo do clima. Por exemplo, um trabalho realizado na região do Mar Morto, em análises do pólen e do carvão encontrados naquela região. As análises dos materiais acenaram que, entre os anos de 1250 e 1100 a.C., a região passou por uma forte crise climática (…) Por favor, não pensem que estou só ou que eu seja o líder nessa área de estudo. Formamos uma grande equipe com a participação de dois botânicos – um da Alemanha e outro de Israel; dois geólogos, e, na esfera da arqueologia molecular, contamos com a participação de um grupo de químicos”.

E Finkelstein vai para o terceiro chapéu: “Meu terceiro chapéu, e penso que isso vos interessa, é a história bíblica. Meu interesse pela Bíblia veio por meio dos meus estudos na esfera da arqueologia. Sobretudo, na ânsia de reconstruir a história bíblica. A arqueologia me levou para o universo bíblico. Estou indo cada vez mais fundo neste universo. Em parceria com outros pesquisadores temos já publicados alguns trabalhos na Suíça, Alemanha e França. Os estudos bíblicos são muitos significativos na Alemanha, onde me identifico”.

Perguntado sobre reações fundamentalistas na interpretação dos textos bíblicos, Israel Finkelstein explica: “É oportuno afirmar que eu não sou contra esta ou aquela corrente hermenêutica. O que sei é que não sou um ingênuo, um fundamentalista. Faço a minha pesquisa com os rigores impostos pelos métodos exegéticos. Busco compreender os rigores dos métodos que não são novos no universo da leitura e estudo bíblico. Estou numa linha pautada por Baruch Espinosa* que estabeleceu as bases do método filosófico e teológico e que séculos mais tarde possibilitou o método histórico-crítico que conhecemos hoje. Claro que, por ser israelita e judeu, a Bíblia tem um significado, um valor quase que carnal para meu universo cultural. O texto é muito importante para mim. Não estou indo somente para o lado do criticismo. Não me deixo influenciar por nenhum aspecto político. Me situo do ponto de vista da pesquisa e isso me é muito caro. Algo gratificante. Os textos bíblicos fazem parte do meu DNA. Estou convencido de que ler as páginas bíblicas de modo ingênuo, descontextualizado é reproduzir o desrespeito para com seus autores (…) que foram verdadeiros gênios da humanidade”.

Perguntado sobre como vê a relação Bíblia-Arqueologia, diz Finkelstein: “O texto bíblico é uma redação tardia. Ele foi escrito séculos depois de um determinado fato (…) Já a arqueologia, que também é uma ciência, conta os fatos em tempo real (…) Todas as vezes que tenho à minha frente um determinado texto bíblico eu me pergunto: ‘O que está acontecendo aqui? Por que estou vindo com uma ferramenta muito poderosa que é a arqueologia?’ Por meio dos fragmentos arqueológicos podemos reconstruir um determinado momento histórico. Tal contexto histórico pode ser comprovado em todo o seu rigor e eu não preciso justificá-lo com os textos bíblicos. Aqui está um ponto fundamental nesta relação Bíblia e Arqueologia. A arqueologia se impõe por si mesma”.

E explicita ainda: “Estou convencido de que os dois ambientes – Bíblia e Arqueologia – devem continuar mantendo um estreito diálogo. Outro ponto que destaco está em saber que existem duas formas de se olhar a história de um texto bíblico: um é o aspecto conservador ou fundamentalista; outro é o ponto de vista minimalista. Eu não me alinho a nenhuma dessas duas correntes. Opto por uma linha teórica, na qual não estou sozinho, que se encontra entre estas duas tendências hermenêuticas”.

Finkelstein ainda conversou com o grupo de brasileiros sobre vários temas: sobre como suas publicações são recebidas em Israel, a estela de Merneptah, o reino de Davi e Salomão, a época de Josias, o reino de Israel do norte…

E, para terminar, um conselho para um jovem que deseja estudar arqueologia.

Diz Finkelstein: “A carreira é difícil por não haver muito espaço de trabalho e por haver muitas pessoas talentosas desejosas por ocupar o mesmo espaço (…) Eu estou feliz por encontrar, cada vez mais, pessoas desejosas de estudar arqueologia. Mas o caminho profissional não é fácil. É bom levar em conta que é preciso, em média, quinze anos de estudo para preencher suas inquietações acadêmicas e conseguir algum resultado profissional”.

* Sobre Baruch Espinosa, leia: Espinosa, um dos pais da moderna crítica bíblica

Francisco em Cuba, ONU e USA: leituras

Pode-se situar com sensatez o Papa Francisco em alguma “caixinha” político-ideológica? Para muitos analistas, este Papa está se transformando em uma figura indecifrável em termos políticos e ideológicos clássicos. Ele é de direita? De esquerda? Liberal? Marxista? Dependendo do lugar em que se situa o autor da análise, cada um, mais de um ou todos estes qualificativos valem para Francisco (Washington Uranga).

As pessoas estão respondendo ao papa porque elas veem um homem coerente com o que diz. Ele pratica o que prega. Ele é verdadeiro. Autêntico. Ele não está tentando vender a si mesmo, como fazem a maioria dos políticos e celebridades; ele está promovendo Jesus e o Evangelho (…) Ele prega o Evangelho, não o catecismo (Thomas Reese).

Francisco em Cuba, ONU e USA em 2015

:: O efeito Francisco – Washington Uranga –  Página/12 – 27/09/2015 – Em Notícias: IHU On-Line – 28/09/2015
“A verdade é que o Papa Jorge Bergoglio transformou-se em uma figura política de relevância internacional que participa ativamente da agenda política, introduz temas na mesma e fixa posições a partir de uma perspectiva católica, cristã, mas também humanista e inter-religiosa. Para isso, coloca o acento na defesa do homem e da vida, e muito especialmente no cuidado dos pobres, dos excluídos, dos deslocados de qualquer tipo. O ponto que conecta todas as preocupações é formado pelo cuidado das pessoas e seus direitos. E seu slogan político são os três T: teto, terra e trabalho.”

:: Papa na ONU: “Chega de abusos contra os pobres: trabalho, casa e terra são um direito de todos”  – Andrea Tornielli – La Stampa, 26/09/2015 – Em Notícias: IHU On-Line – 28/09/2015
Defender “com força” os direitos dos excluídos, junto com os do ambiente. Desmantelar as armas que nos tornam “Nações Unidas pelo medo”. Evitar os conflitos através da negociação. Reformar a ONU, ampliando as presenças no Conselho de Segurança.

:: Francisco no Congresso dos Estados Unidos. Chaves de leitura – Washington Uranga –  Página/12 – 25/09/2015 – Em Notícias: IHU On-Line – 28/09/2015
Para falar aos congressistas – e dali para o mundo –, não deixou de lado sua condição de chefe da Igreja Católica, mas, com plena consciência do ambiente, utilizou uma linguagem universal, destinada aos católicos e aos que não são e se pôs em uma perspectiva inter-religiosa frente a um auditório que também é composto assim (…) Nenhum dos temas importantes ficou fora do discurso. Em seu discurso, sempre utilizou uma linguagem cuidadosa, mas não isenta de energia. E seguindo um estilo próprio de suas intervenções públicas, decidiu se dirigir, através de seus representantes, ao “povo” dos Estados Unidos, em especial aos trabalhadores, aos avós e aos jovens. Para sua estratégia discursiva, escolheu, como modo de aproximação e identificação, utilizar quatro figuras emblemáticas da história norte-americana: “Abraham Lincoln, a liberdade; Martin Luther King, uma liberdade que se vive na pluralidade e na não exclusão; Dorothy Day, a justiça social e os direitos das pessoas; e Thomas Merton, a capacidade de diálogo e a abertura a Deus”. E os apresentou como “quatro representantes do povo norte-americano” (…) Chamou ao compromisso, a partir de uma perspectiva inter-religiosa, na defesa da paz e a favor da justiça: a cooperação entre as religiões “é um potente instrumento na luta para erradicar as novas formas mundiais de escravidão, que são fruto de grandes injustiças que só podem ser superadas com novas políticas e consensos sociais”, quando “o mundo é cada vez mais um lugar de conflitos violentos, de ódio nocivo, de sangrenta atrocidade, cometida inclusive em nome de Deus e da religião”. E enfatizou em sua pregação: esperança, reconciliação, paz e justiça.

:: Íntegra do discurso do Papa Francisco ao Congresso Americano – Notícias: IHU On-Line – 25/09/2015
Na quinta-feira, 24 de setembro, o Papa Francisco proferiu seu discurso ao Congresso Americano, em Washington (…) “Sinto-me muito grato pelo convite para falar a esta Assembleia Plenária do Congresso «na terra dos livres e casa dos valorosos». Apraz-me pensar que o motivo para isso tenha sido o facto de também eu ser um filho deste grande continente, do qual muito recebemos todos nós e relativamente ao qual partilhamos uma responsabilidade comum. Cada filho ou filha duma determinada nação tem uma missão, uma responsabilidade pessoal e social. A vossa responsabilidade própria de membros do Congresso é fazer com que este país, através da vossa atividade legislativa, cresça como nação. Vós sois o rosto deste povo, os seus representantes. Sois chamados a salvaguardar e garantir a dignidade dos vossos concidadãos na busca incansável e exigente do bem comum, que é o fim de toda a política. Uma sociedade política dura no tempo quando, como uma vocação, se esforça por satisfazer as carências comuns, estimulando o crescimento de todos os seus membros, especialmente aqueles que estão em situação de maior vulnerabilidade ou risco. A atividade legislativa baseia-se sempre no cuidado das pessoas. Para isso fostes convidados, chamados e convocados por aqueles que vos elegeram”.

:: Alguns pensamentos sobre o discurso do papa ao Congresso dos EUA  –  John L. Allen Jr. – Crux – 24/09/2015 – Em Notícias: IHU On-Line – 25/09/2015
Segundo uma estimativa, houve cerca de 1,8 bilhão de cidadãos norte-americanos desde a fundação da República, em 1776. Escolher apenas quatro grandes de todos os tempos, assim, é bastante audacioso, mas isso não impediu que o Papa Francisco o fizesse nesta quinta-feira no seu discurso profundamente antecipado ao Congresso dos EUA. No discurso, Francisco levantou quatro norte-americanos a uma menção especial. Eles incluíram dois não católicos, Abraham Lincoln e Martin Luther King Jr., e dois católicos, Dorothy Day e Thomas Merton. Em cada caso, o pontífice notou que 2015 marca um aniversário – 150 anos desde o assassinato de Lincoln, por exemplo, e 100 anos desde o nascimento de Merton. Vamos chamá-los de o “Quarteto Fantástico” do papa. Nesse espírito, aqui estão quatro considerações rápidas sobre quem são esses quatro norte-americanos que Francisco escolheu. Vamos nos concentrar principalmente em Day e em Merton, já que Lincoln e M. L. K. são seleções razoavelmente naturais sobre os quais qualquer não americano provavelmente está consciente.

:: Francisco, “pontifex” entre Roma e América, e dentro da Igreja dos EUA –  Massimo Faggioli – TheHuffingtonPost.it – 24/09/2015 – Em Notícias: IHU On-Line – 25/09/2015
O Vaticano é o “soft power” por excelência no mundo global, e, para o papa, construir pontes sempre fez parte do seu carisma político. O que é novo é a tarefa de levar novamente a uma possível unidade as muitas e diversas almas de uma Igreja grande e vital, mas também dilacerada na busca da afirmação das suas diversas identidades. A Igreja norte-americana é um teste importante para o papado, não só em vista do Sínodo dos Bispos, que se abre em duas semanas em Roma, mas também do futuro próximo do catolicismo global.

:: Francisco reacende a fé em Cuba –  Frei Betto – El País – 23/09/2015 – Em Notícias: IHU On-Line – 24/09/2015
Raúl Castro, ao receber o Papa, sabia tratar-se de um “companheiro”. Francisco fizera duras críticas ao capitalismo, qualificado por ele de “ditadura sutil”, em seus encontros mundiais com líderes de movimentos populares. Sua primeira encíclica, “Louvado seja – o cuidado de nossa casa comum”, é o mais contundente documento até hoje emitido sobre o tema socioambiental. O Papa associa devastação da natureza ao crescimento da miséria e da pobreza, e aponta a ambição de lucro e a economia de livre mercado como responsáveis por isso. Raúl estava seguro de que Francisco não causaria surpresas. O presidente de Cuba se equivocou. O Papa surpreendeu por sua empatia com o povo cubano, cristãos e ateus. Dispensou o Mercedes blindado reservado a seus deslocamentos e, pressionado a receber os guerrilheiros das FARC que, sob mediação cubana, negociam em Havana um acordo de paz com o Governo colombiano, optou por incluir em sua homilia, na missa na Praça da Revolução, seu apelo pelo bom êxito das negociações.

:: O que o Papa deixa em Cuba e o que busca nos EUA – José Manuel Vidal – Religión Digital – 22/09/2015 – Em Notícias: IHU On-Line – 23/09/2015
Em Cuba, esperavam um herói e um amigo, quase um pai da pátria. Nos EUA chega, ao menos no imaginário dos neocons, o Papa vilão, que põe em questão o capitalismo selvagem, que contamina a casa comum até fazê-la irrespirável. Do calor tropical cubano à frieza anglo-saxã (…) Em Cuba bastou a força do coração. Nos EUA terá que usar toda a sua capacidade de sedução.

:: Papa em Cuba, Opus Dei na retranca – Alberto Dines – Observatório da Imprensa – 22/09/2015 – Em Notícias: IHU On-Line – 23/09/2015
Francisco não é o primeiro pontífice a pisar em território cubano, é o terceiro. Mas é o primeiro desde 1959 a avistar em Havana a bandeira norte-americana tremulando ao lado da cubana. Façanha pela qual é um dos principais responsáveis, junto com o presidente Barack Obama. A grande imprensa brasileira sempre se assumiu como católica, apostólica, romana. Com a cobertura da viagem do papa à Ilha percebe-se que, além disso, nossos jornalões exibem-se majoritariamente, sem pudor, como sectários e reacionários. Dos três diários de referência nacional, dois deles seguem a linha inflexível da Opus Dei – “Globo” e “Estadão”. Sem forçar uma autonomia, a “Folha” procura demarcar-se sutilmente da discretíssima prelazia conservadora global, embora mantenha fortes vínculos com o seu expoente no Brasil, Yves Gandra Martins. O esquema foi reproduzido com total transparência no último fim de semana. Os jornalões obedeceram aos mesmos critérios e preconceitos, como se editados pela mesma pessoa ou conectados por telepatia.

:: Será que vamos escutar o Papa Francisco? –  Thomas Reese – National Catholic Reporter – 17/09/2015 – Em Notícias: IHU On-Line – 24/09/2015
Nas últimas semanas, tenho falado a inúmeras redes de televisão a respeito da visita do Papa Francisco aos Estados Unidos (…) Na maioria das vezes, as perguntas dos repórteres se enquadram em duas categorias: O que ele irá dizer e fazer? E será que isto fará alguma diferença? Em outro artigo, eu escrevi sobre o que penso que o papa dirá nestes dias. Aqui quero falar sobre o efeito que a visita do papa pode desencadear. Em certo sentido, o efeito que a visita do papa pode ter resume-se a se nós iremos, ou não, escutá-lo. Há uma série de obstáculos no caminho de nossa audição atenta ao que ele, o papa, vai dizer.

Resenhas na RBL – 09.09.2015

As seguintes resenhas foram recentemente publicadas pela Review of Biblical Literature:

James H. Charlesworth, ed.
The Tomb of Jesus and His Family? Exploring Ancient Jewish Tombs Near Jerusalem’s Walls
Reviewed by Jodi Magness

John J. Collins
A Short Introduction to the Hebrew Bible
Reviewed by Corinne Blackmer
Reviewed by David M. Carr

Eric Eve
Behind the Gospels: Understanding the Oral Tradition
Reviewed by Werner H. Kelber

Charles W. Hedrick
The Wisdom of Jesus: Between the Sages of Israel and the Apostles of the Church
Reviewed by David Gowler

Douglas S. Huffman
The Handy Guide to New Testament Greek: Grammar, Syntax, and Diagramming
Reviewed by Justin Langford

Francisco Lozada Jr. and Fernando F. Segovia, eds.
Latino/a Biblical Hermeneutics: Problematics, Objectives, Strategies
Reviewed by Tat-siong Benny Liew

Ronald D. Peters
The Greek Article: A Functional Grammar of ὁ-items in the Greek New Testament with Special Emphasis on the Greek Article
Reviewed by Daniel Wallace

Rivka Ulmer and Moshe Ulmer
Righteous Giving to the Poor: Tzedakah (“Charity”) in Classic Rabbinic Judaism
Reviewed by Gregg E. Gardner

Yael Wilfand
Poverty, Charity and the Image of the Poor in Rabbinic Texts from the Land of Israel
Reviewed by Joshua Schwartz

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Resenhas na RBL – 28.08.2015

As seguintes resenhas foram recentemente publicadas pela Review of Biblical Literature:

Adesola Joan Akala
The Son-Father Relationship and Christological Symbolism in the Gospel of John
Reviewed by Sherri Brown

Eve-Marie Becker and Anders Runesson, eds.
Mark and Matthew II: Comparative Readings: Reception History, Cultural Hermeneutics, and Theology
Reviewed by Craig A. Evans

Eberhard Bons, Ralph Brucker, and Jan Joosten, eds.
The Reception of Septuagint Words in Jewish-Hellenistic and Christian Literature
Reviewed by Randall X. Gauthier

Paul J. Brown
Bodily Resurrection and Ethics in 1 Cor 15: Connecting Faith and Morality in the Context of Greco-Roman Mythology
Reviewed by Matthew R. Malcolm

Teresa J. Calpino
Women, Work and Leadership in Acts
Reviewed by Deborah Thompson Prince

James H. Charlesworth, ed.
Jesus and Temple: Textual and Archaeological Explorations
Reviewed by S. Aaron Son

E. Anne Clements
Mothers on the Margin? The Significance of the Women in Matthew’s Genealogy
Reviewed by Erin K. Vearncombe

Lynn H. Cohick
Ephesians: A New Covenant Commentary
Reviewed by Brian C. Small

F. Stanley Jones, ed.
The Rediscovery of Jewish Christianity: From Toland to Baur
Reviewed by Edwin Broadhead

Jennifer L. Koosed, ed.
The Bible and Posthumanism
Reviewed by Norman Habel
Reviewed by Trevor W. Thompson

Jan Krans, Bert Jan Lietaert Peerbolte, Peter-Ben Smit, and Arie Zwiep, eds.
Paul, John, and Apocalyptic Eschatology: Studies in Honour of Martinus C. de Boer
Reviewed by S. Michael Ahn

Carol Meyers
Rediscovering Eve: Ancient Israelite Women in Context
Reviewed by Linda S. Schearing

Merrill Morse
Isaiah Speaks: A Voice from the Past for the Present
eviewed by Hélène Dallaire

Carl P. E. Springer
Sedulius, The Paschal Song and Hymns
Reviewed by Jade Weimer

David I. Starling
UnCorinthian Leadership: Thematic Reflections on 1 Corinthians
Reviewed by J. Brian Tucker

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Resenhas na RBL – 20.08.2015

As seguintes resenhas foram recentemente publicadas pela Review of Biblical Literature:

Katherine Bain
Women’s Socioeconomic Status and Religious Leadership in Asia Minor: In the First Two Centuries C.E.
Reviewed by Shelly Matthews

René Bloch
Jüdische Drehbühnen: Biblische Variationen im antiken Judentum
Reviewed by Michael S. Moore

George Brooke
Reading the Dead Sea Scrolls: Essays in Method
Reviewed by Carol A. Newsom

Walter Brueggemann and William H. Bellenger
Psalms
Reviewed by Gert T. M. Prinsloo
Reviewed by Beat Weber

Corrine L. Carvalho, ed.
Pastoral Essays in Honor of Lawrence Boadt, CSP: Reading the Old Testament
Reviewed by Deena Grant

Carl S. Ehrlich, Anders Runesson, and Eileen Schuller, eds.
Purity, Holiness, and Identity in Judaism and Christianity: Essays in Memory of Susan Haber
Reviewed by John C. Poirier

Laszlo Gallusz
The Throne Motif in the Book of Revelation
Reviewed by Andrew R. Guffey

Yung Suk Kim
Biblical Interpretation: Theory, Process, and Criteria
Reviewed by Valeriy A. Alikin

Jonathan S. Linebaugh
God, Grace, and Righteousness in Wisdom of Solomon and Paul’s Letter to the Romans: Texts in Conversation
Reviewed by Daniele Pevarello

Timothy Luckritz Marquis
Transient Apostle: Paul, Travel, and the Rhetoric of Empire
Reviewed by Brian C. Small

Isaac K. Mbabazi
The Significance of Interpersonal Forgiveness in the Gospel of Matthew
Reviewed by Dion Forster

Emanuel Pfoh and Keith W. Whitelam, eds.
The Politics of Israel’s Past: The Bible, Archaeology and Nation-Building
Reviewed by Mark Leuchter

Jörg Rüpke and Greg Woolf, eds.
Religious Dimensions of the Self in the Second Century CE
Reviewed by Clayton N. Jefford

Alistair C. Stewart
The Original Bishops: Office and Order in the First Christian Communities
Reviewed by Judith M. Lieu

J. Brian Tucker and Coleman A. Baker, eds.
T&T Clark Handbook to Social Identity in the New Testament
Reviewed by Jacobus (Kobus) Kok

W. Dennis Tucker Jr.
Constructing and Deconstructing Power in Psalms 107–150
Reviewed by Erhard S. Gerstenberger

Pauline A. Viviano
Jeremiah, Baruch
Reviewed by Matthias Henze

Catrin H. Williams and Christopher Rowland, eds.
John’s Gospel and Intimations of Apocalyptic
Reviewed by Laura C. S. Holmes

Carol B. Wilson
For I Was Hungry and You Gave Me Food: Pragmatics of Food Access in the Gospel of Matthew
Reviewed by Craig S. Keener

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Semana Filosófica no CEARP em 2015

Nos dias 13 e 14 de outubro de 2015 será realizada a V Semana Filosófica do CEARP, em Brodowski, com os seguintes conferencistas:

:: Dia 13: Prof. Ms. Luiz Rufino Santos Jr. – Professor de Estética no curso de Pós-Graduação em História da Arte da FAAP e do Centro Universitário Barão de Mauá

A barbárie da intolerância

:: Dia 14: Profa. Dra. Marlene de Cassia Trivellato Ferreira  – Professora Titular do Centro Universitário Barão de Mauá

Tolerância: a arte de viver

Horário: 08h30-11h30

Inscrições:
. E-mail: cearp.rp@gmail.com
. Tel.: (16) 3664-1290

Emissão de Certificado de Participação

. Endereço: Av. Papa João XXIII, 300 – Brodowski – SP

Simpósio Bíblico na PUCRS em 2015

Neste ano de 2015 o Simpósio Bíblico Internacional abordará o Profetismo na Tradição Bíblica, com o professor da Faculdade de Teologia da Universidade de Granada, Espanha, e do PIB, de Roma, José Luis Sicre Díaz, autor de importantes livros sobre o tema.

José Luis Sicre Díaz
José Luis Sicre Díaz

:: Apresentação
A Faculdade de Teologia da PUCRS, através do Departamento de Cultura Religiosa e do Programa de Pós-Graduação em Teologia, vem promovendo, anualmente, um Simpósio Bíblico. A Bíblia é a fonte primeira da fé cristã,  e o Antigo Testamento também o é para o Judaísmo. Proporcionar eventos de atualização nas pesquisas e nos estudos dos diversos livros bíblicos é uma contribuição importante que a PUCRS, através da FATEO, oferece à Comunidade Acadêmica e a todos os interessados. Neste ano, o Simpósio abordará o Profetismo na Tradição Bíblica, com o Prof. Dr. José Luis Sicre Díaz, SJ, autor de vários livros, dos quais 4 traduzidos no Brasil. Os Debatedores nas 4 noites do Simpósio são reconhecidos biblistas brasileiros.

:: Objetivos
Expor de modo sucinto e sistemático a história do movimento profético em Israel, levando em conta os vários aspectos antropológicos, teológicos e sociais. Por meio de uma abordagem crítica e linear, o “Simpósio Bíblico PUCRS 2015” apresentará, de modo panorâmico, o complexo universo do profetismo bíblico.

:: Público-alvo
Alunos de graduação, pós-graduação e extensão, alunos de Humanismo e Cultura religiosa, padres, religiosos(as), líderes de comunidades, agentes de pastoral das paróquias e demais interessados..

:: Programação

:. Dia 29/09/2015: A complicada imagem do Profeta

Na tradição bíblica, há grandes diferenças entre os Profetas. Por outro lado, ao longo da história, foram propostas imagens muito diferentes do Profeta (adivinho, continuador de Moisés, anunciador do Messias, personagem excepcional, revolucionário social, funcionário do culto). É importante conhecer as características essenciais do Profeta.

Debatedor: Prof. Dr. Cássio Murilo Dias da Silva

:. Dia 30/09/2015: A Profecia anterior ao exílio na Babilônia (séculos VIII e VII a.C.)

Esses dois séculos são considerados a época de ouro da Profecia, devido à importância de alguns de seus representantes (Amós, Isaías, Miqueias, Oseias, Jeremias,  etc.) e aos temas tão importantes que abordam a injustiça so­cial, a corrupção do culto, a condenação do imperialismo.

Debatedor: Prof. Dr. Carlos Dreher

:. Dia 01/10/2015: A Profecia posterior ao exílio na Babilônia (séculos VI a III a.C.)

Geralmente se dá grande importância aos Profetas do século VI (segunda etapa de Ezequiel, Dêutero-Isaías, Ageu, Zacarias), com sua mensagem de esperança e restauração. Não obstante, o mais importante nesses séculos é a atividade de compilação e edição do corpus profético.

Debatedor: Prof. Dr. Romano Dellazari

:. Dia 02/10/2015: A Profecia no Novo Testamento

Dadas as circunstancias sociais, políticas e religiosas tão diferentes da primeira comunidade cristã em relação à Israel da época monárquica, a Profecia adquire um tom muito diverso, detectado especialmente nas cartas de Paulo e nos escritos de Lucas.

Debatedor: Prof. Dr. Irineu J. Rabuske

>> O evento conta como atividade complementar de 16h/a. Será fornecido certificado a todos os que obtiverem, no mínimo, 75% de frequência.

:: Data e Local
Data: 29/09 a 02/10/2015
Horário: das 19h30min às 22h30min
Local: auditório do prédio 5 – PUCRS

:: Informações e Inscrições
https://eventos.pucrs.br/simposiobiblico2015/

:: Organizadores
Prof. Dr. Cássio Murilo D. Silva (PUCRS)
Prof. Dr. Irineu J. Rabuske (PUCRS)
Prof. Dr. José Romaldo Klering (PUCRS)

Leia Mais:
Cássio: Diário do Seminário no Bíblico 23.01.2012 [o seminário foi sobre profetismo e teve como coordenadores José Luis Sicre Díaz e Georg Fischer]

II Congresso Continental de Teologia

Igreja que caminha com Espírito e a partir dos pobres”, é o tema do II Congresso Continental de Teologia, organizado por Amerindia, que ocorrerá em Belo Horizonte, Brasil, de 26 a 30 de outubro de 2015, na Casa de Retiros São José e no ISTA.

Diz o site do Congresso:

La teología en América Latina se concibe a sí misma como inteligencia crítica de la experiencia de fe de las comunidades eclesiales y de su misión, insertas en un mundo globalizado y excluyente. Se siente llamada a ser una instancia en la cual se retroalimenten estas comunidades, acompañándolas a asumir los retos y las interpelaciones de las sociedades que transitan por profundos conflictos y transformaciones.

En este sentido, el I Congreso Continental de Teología,en 2012, quiso y logró movilizar a la comunidad teológica latinoamericana y tuvo como destinatarios principales ateólogos y teologas jóvenes que, en un trabajo de mutuo enriquecimiento, pudieran continuar la reflexión iniciada. El II Congreso Continental de Teología, en 2015, pretende continuar esta movilización, en un momento eclesial nuevo que ha generado cambios en la agenda pastoral y teológica universal. Momento que se caracteriza por el reclamo de una impostergable reforma de la Iglesia y que trae consigo la necesidad de profundizar seriamente en sus raíces, contenidos y sujetos. A su vez, dicho reclamo surge de la experiencia vivida por las comunidades cristianas más comprometidas en sus respectivos contextos y que el mismo papa Francisco ha hecho suyo para proponerlo con fuerza y claridad a toda la Iglesia. Por eso este Congreso tiene como destinatarios no sólo a los/as teólogos/as profesionales sino también a las comunidades cristianas del Continente, con el objetivo de enriquecer y motivar la práctica de los cristianos en su horizonte inmediato y en su participación en las respectivas Iglesias locales (…).

El II Congreso Continental de Teología abordará tres temáticas estrechamente vinculadas entre sí:
. Pueblo de Dios
. Neumatología
. Reforma de la Iglesia

La Iglesia latinoamericana, de la que también se nutrió el papa Francisco, ha visto surgir en su seno una nueva manera de ser Pueblo de Dios abierta al mundo (cfr. Concilio Vaticano II) y desde la opción por los pobres (cfr. Medellín). Una manera marcada por la profunda experiencia espiritual del seguimiento del Jesús histórico, la lectura comunitaria de la Biblia, la emergencia de las Comunidades Eclesiales de Base (CEB),el fuerte compromiso social y político de los laicos y las laicas, una vida religiosa inserta en medios populares, el horizonte abierto por los testigos mártires y el surgimiento de la teologíade la liberación. Se trata de una verdadera “eclesiogénesis”, conducida por el Espíritu, que necesita ser reflexionada más profundamente, a nivel teológico, y ante el imperativo de la “ecclesiasemperreformanda”.

Leia Mais:
Congresso Continental de Teologia em 2012

O EI e a destruição do patrimônio arqueológico na Síria e no Iraque

Os lugares antigos danificados e destruídos pelo Isis

A chocante destruição da cidade síria de Palmira faz parte da campanha do grupo contra a arqueologia.

Por Andrew Curry – National Geographic: 1 de setembro de 2015

O Estado Islâmico continua a guerra contra a herança cultural da região do Iraque e da Síria, atacando sítios arqueológicos com escavadeiras e explosivos.A antiga cidade de Palmira, na Síria.

O Isis divulgou um vídeo que chocou o mundo no mês passado ao mostrar a impetuosa destruição do Templo de Baalshamin, uma das ruínas melhor preservadas em Palmira, na Síria. No final de semana passado, explosões foram registradas em outro templo de Palmira, dedicado ao antigo deus Baal; uma agência da ONU diz que imagens de satélite mostram que o templo maior foi em grande parte destruído.

A destruição é parte da campanha de propaganda que inclui vídeos de militantes e a colocação de explosivos em santuários cristãos e muçulmanos de séculos de idade.

O Isis controla grandes extensões da Síria, junto com o norte e o oeste do Iraque. Há pouco que impeça seus militantes de saquear e destruir lugares sob seu controle em uma região conhecida como o berço da civilização.

O grupo militante é apenas mais uma de muitas facções lutando pelo controle da Síria, onde uma guerra civil deixou mais de 230.000 mortos e milhões de desabrigados.

O grupo alega que a destruição de locais antigos tem motivação religiosa; os alvos dos militantes são lugares antigos conhecidos e túmulos modernos e santuários pertencentes a outras seitas muçulmanas, citando o culto de ídolos para justificar suas ações. Ao mesmo tempo, o Isis tem usado o dinheiro roubado como fonte de renda para financiar suas operações militares.

“É tão propagandista quanto sincero”, afirma Christopher Jones, historiador da Universidade de Columbia, que relatou os danos em seu blog. “Eles se veem recapitulando a história antiga do Islã.”

Um guia dos locais culturais que o ISIS danificou até agora:

 

SÍRIA

Palmira
Palmira prosperou durante séculos no deserto ao leste de Damasco, como um oásis e ponto de parada para caravanas na Rota da Seda. Parte do Império Romano, era uma próspera e rica metrópole. A cidade-estado atingiu o ápice no final do século III, quando foi governada pela Rainha Zenóbia e se rebelou brevemente contra Roma.

Zenóbia falhou, e Palmira foi reconquistada e destruída pelos exércitos romanos em 273 d.C. As avenidas colunadas e templos impressionantes foram preservados pelo clima do deserto e no século 20 a cidade se tornou um dos maiores destinos turísticos da Síria.

O Isis conquistou a Palmira moderna e as antigas ruínas em maio de 2015. Inicialmente, os militantes prometeram deixar as colunas e templos intocados. Mas as promessas foram em vão: em agosto, eles publicamente executaram Khaled al-Asaad, um arqueólogo sírio que supervisionou escavações no local por décadas, e penduraram seu corpo decapitado em uma coluna.

E no mês passado o grupo divulgou fotos de militantes destruindo o Templo de Baal Shamin, de 1,9 mil anos, com explosivos. Um dos edifícios melhor preservados de Palmira, foi originalmente dedicado a um deus fenício das tempestades. Agora não resta nada além de escombros.

Mosteiro de Mar Elian
O mosteiro cristão foi tomado em agosto, quando militantes do Isis capturaram a cidade síria de Al-Qaryatain, perto de Palmira. Dedicado a um santo do século IV, o templo era um importante local de peregrinação e abrigou centenas de sírios cristãos. Testemunhas dizem que tratores foram usados para derrubar as paredes. O Isis publicou fotos da destruição no Twitter.

Apameia
Uma rica cidade comercial da era romana, Apameia foi saqueada desde o começo da guerra civil na Síria, antes mesmo do Isis aparecer. Imagens de satélite mostram dezenas de covas feitas no local; mosaicos romanos desconhecidos até então foram escavados e removidos para venda. Acredita-se que o Isis recolha uma parcela do valor das vendas de antigos artefatos, faturando milhões de dólares para financiar suas operações.

Dura-Europos
Assentamento grego no rio Eufrates, não muito longe da fronteira da Síria com o Iraque, Dura-Europos mais tarde se tornou um dos postos mais orientais de Roma. Abrigava a igreja cristã mais antiga do mundo, uma sinagoga belamente decorada e muitos outros templos e construções da era romana. Imagens de satélite mostram uma paisagem de crateras entre os muros de lama e tijolos da cidade, prova do aumento da destruição dos saqueadores.

Mari
Mari floresceu na Idade do Bronze, entre 3.000 e 1.600 a.C. Arqueólogos descobriram palácios, templos e extensos arquivos escritos em argila que trouxeram nova luz para os primeiros dias da civilização na região. De acordo com relatos de locais e imagens de satélite, o lugar, especialmente o palácio real, está sendo saqueado sistematicamente.

 

IRAQUE

Hatra
Construída no terceiro século a.C., Hatra era a capital de um reino independente à margem do Império Romano. A combinação de arquitetura influenciada pelos gregos e pelos romanos, com características do ocidente, são provas da sua proeminência como importante centro comercial da Rota da Seda. Hatra foi nomeada Patrimônio Mundial da Unesco em 1985.

Em 2014, Hatra foi tomada pelo Isis e supostamente usada como depósito de munição e campo de treinamento. Um vídeo divulgado pelo grupo em abril de 2015 mostra combatentes usando marretas e armas automáticas para destruir esculturas em várias construções do local. “A destruição de Hatra marca um momento crítico na terrível estratégia de limpeza cultural em curso no Iraque”, afirmou na época Irina Bokova, diretora geral da Unesco.

Nínive
A antiga Assíria foi um dos primeiros verdadeiros impérios, expandindo-se agressivamente por todo o Oriente Médio e controlando uma vasta área do mundo antigo entre 900 e 600 a.C. Os reis assírios governavam a partir de uma série de capitais onde hoje é o norte do Iraque. Nínive era uma delas, florescendo sob o comando do imperador assírio Sennacherib por volta do ano 700 a.C. Em um certo momento, Nínive foi a maior cidade do mundo.

Localizada no entorno de Mossul – parte da cidade moderna foi construída sobre as ruínas de Nínive – colocou o local na mira do Isis quando o grupo tomou a cidade em 2014. Muitas das esculturas foram abrigadas no Museu de Mossul (veja no próximo tópico) e algumas foram danificadas durante o tumulto no museu, documentado em vídeo. Os homens também foram mostrados esmagando estátuas de guardiões que são metade humanos e metade animais, chamados lamassus, no antigo Nirgal Gate de Nínive. “Eu não tenho certeza se ainda há muito para ser destruído em Mossul”, diz Jones, da Universidade de Columbia.

Museu e bibliotecas de Mossul
Relatos de roubos a bibliotecas e universidades de Mossul começaram a surgir assim que o Isis ocupou a cidade. Manuscritos de centenas de anos foram roubados e milhares de livros desapareceram no sombrio mercado internacional de arte. A biblioteca da Universidade de Mossul foi incendiada em dezembro de 2014. No final de fevereiro de 2015, a campanha do Isis cresceu: a biblioteca pública central de Mossul, um marco construído em 1921, foi destruída por explosivos junto com milhares de manuscritos e instrumentos utilizados por cientistas árabes.

O incêndio dos livros coincidiu com a divulgação do vídeo mostrando combatentes do Isis em um alvoroço no Museu de Mossul, derrubando estátuas e destruindo outras com martelos. O museu era o segundo maior do país, atrás apenas do Museu do Iraque em Bagdá. As estátuas incluíam obras-primas de Hatra e Nínive.

Margarete van Ess, chefe do escritório no Iraque do Instituto Arqueológico Alemão, afirma que um olho treinado é capaz de dizer que pelo menos metade dos artefatos destruídos no vídeo são cópias; muitos dos originais estão no Museu do Iraque.

Nimrud
Nimrud foi a primeira capital assíria, fundada há 3.200 anos. Sua rica decoração refletia o poder e a riqueza do império. O local foi escavado no começo dos anos 1840 por arqueólogos britânicos, que mandaram dezenas de suas gigantescas esculturas de pedra para museus de todo o mundo, incluindo o Metropolitan Museum of Art em Nova Iorque e o British Museum em Londres. Muitos originais permaneceram no Iraque.

O local em si é gigante: uma muralha de terra envolve uma área de 360 hectares. O Ministério de Turismo e Antiguidades do Iraque diz que o Isis destruiu partes do local, mas a extensão dos danos ainda não está clara. Parte da cidade nunca foi descoberta e permanece debaixo da terra – protegida, é de se esperar.

Khorsabad
Khorsabad é outra antiga capital da Assíria, a poucos quilômetros de Mossul. Seu palácio foi construído entre 717 e 706 a.C pelo Rei Sargão II da Assíria. Suas esculturas em relevo e estátuas estavam notavelmente bem preservadas, com traços da tinta original ainda decorando as representações das vitórias assírias e das procissões reais.

A maior parte das esculturas e muitas das estátuas foram removidas durante escavações francesas no meio dos anos 1800 e por equipes do Instituto Oriental de Chicago nas décadas de 1920 e 1930. Agora estão no Museu do Iraque de Bagdá, em Chicago e no Louvre, em Paris. Não está muito claro qual parte do local era alvo do Isis.

“Nós não temos fotografias mostrando até onde os danos podem chegar”, afirma van Ess. “A única informação agora vem de pessoas locais e do Ministério de Antiguidades do Iraque.”

Mosteiro dos Mártires São Behnam e sua irmã Sarah
Estabelecido no século IV, o mosteiro era dedicado a um antigo santo cristão. O local sagrado, mantido desde o final dos anos 1800 pelos monges sírios católicos, sobreviveu às hordas mongóis nos anos 1200 mas caiu nas mãos do Isis em março. Os extremistas usaram explosivos para destruir o túmulo do santo e suas elaboradas esculturas e decorações.

Mesquita do Profeta Jonas
A Mesquita do Profeta Jonas de Mossul era dedicada à figura bíblica, considerado um profeta por muitos muçulmanos. Mas o Isis é adepto de uma interpretação extrema do Islã que enxerga a veneração de profetas como Jonas como algo proibido. Em 24 de julho de 2015, combatentes do ISIS evacuaram a mesquita e a demoliram com explosivos.

Como muitos lugares do Iraque, a mesquita era uma camada da história, construída em cima de uma igreja cristã que, por sua vez, foi construída em cima de dois montes que compunham a cidade assíria de Nínive.

O Mausoléu de Imam Dur
O Mausoléu de Imam Dur, não muito longe da cidade de Samarra, era um exemplo magnífico de decoração e arquitetura medieval islâmica. Foi explodido em outubro.

 

Here Are the Ancient Sites ISIS Has Damaged and Destroyed – By Andrew Curry – National Geographic: September 1, 2015

Shocking destruction in the Syrian city of Palmyra is part of the militant group’s ongoing campaign against archaeology.

Islamist militants in Iraq and Syria continue their war on the region’s cultural heritage, attacking archaeological sites with bulldozers and explosives.

The so-called Islamic State (ISIS) released a video that shocked the world last month by showing the fiery destruction of the Temple of Baalshamin, one of the best-preserved ruins at the Syrian site of Palmyra. Last weekend, explosions were reported at another Palmyra temple, dedicated to the ancient god Baal; a United Nation agency says satellite images show that larger temple has largely been destroyed.

The destruction is part of a propaganda campaign that includes videos of militants rampaging through Iraq’s Mosul Museum with pickaxes and sledgehammers, and the dynamiting of centuries-old Christian and Muslim shrines.

ISIS controls large stretches of Syria, along with northern and western Iraq. There’s little to stop its militants from plundering and destroying sites under their control in a region known as the cradle of civilization.

The militant group is just one of many factions fighting for control of Syria, where a civil war has left more than 230,000 dead and millions more homeless.

The group claims the destruction of ancient sites is religiously motivated; Its militants have targeted well-known ancient sites along with more modern graves and shrines belonging to other Muslim sects, citing idol worship to justify their actions. At the same time, ISIS has used looting as a moneymaking venture to finance military operations.

“It’s both propagandistic and sincere,” says Columbia University historian Christopher Jones, who has chronicled the damage on his blog. “They see themselves as recapitulating the early history of Islam.”

A guide to cultural sites that ISIS has damaged or destroyed so far: (continue)

 

Síria vive nova escalada do conflito com Isil recuperando força – Nações Unidas: 27 Março 2024

O conflito, que se prolonga por mais de 13 anos, se transformou em uma “guerra por procuração” envolvendo várias potências estrangeiras e apesar de raramente chegar às manchetes, continua tendo um efeito terrível sobre a população civil.

No início de março, a Comissão de Inquérito das Nações Unidas sobre a Síria divulgou um relatório que detalha uma escalada nos combates, ataques a civis e infraestruturas que poderiam constituir crimes de guerra.

O vice-diretor e membro sênior do Centro de Cooperação Internacional da Universidade de Nova Iorque, Hanny Megally, é membro da Comissão desde 2017. Ele disse à ONU News que, embora já tenham se passado cinco anos desde a última vez que o Isil ocupou territórios na Síria, o grupo continua ganhando força.

Segundo ele, o país está “desmoronando” e alguns grupos que pareciam derrotados estão voltando, sem que nenhuma das “causas profundas” do conflito tenham sido tratadas. A Comissão aponta que o Isil vem aumentando sua força na Síria e, só este ano, já cometeu mais de 35 ataques.