Estou, nestes dias, preparando meus programas de aula de Bíblia para 2015. Começo a publicá-los no Observatório Bíblico. A intenção é de que possam servir, para além de meus alunos, a outras pessoas que, eventualmente, queiram ter uma noção de como se estuda a Bíblia em determinadas Faculdades de Teologia. Ou, pelo menos, parte da Bíblia, porque posso expor apenas os programas das disciplinas que leciono. Tomo aqui como referência o currículo do CEARP, onde trabalho. Já fiz isso em 2006, 2009, 2011 e 2013, mas a bibliografia vai mudando: livros novos, livros esgotados, links quebrados…
Quatro elementos serão levados em conta, em uma leitura da Bíblia que eu chamaria de sócio-histórica-redacional:
:: contextos da época bíblica
:: produção dos textos bíblicos
:: contextos atuais
:: leitores atuais dos textos
O sentido da Escritura, segundo este modelo, não está nem no nível dos contextos da época bíblica e/ou dos contextos atuais, nem no nível dos textos bíblicos ou da vivência dos leitores, mas na articulação que se forma entre a relação dos textos bíblicos com os seus contextos, por um lado, e entre os leitores atuais e seus contextos específicos.
Ou seja: “Da Escritura não se esperam fórmulas a copiar, ou técnicas a aplicar. O que ela pode nos oferecer é antes algo como orientações, modelos, tipos, diretivas, princípios, inspirações, enfim, elementos que nos permitam adquirir, por nós mesmos, uma competência hermenêutica, dando-nos a possibilidade de julgar por nós mesmos, segundo o senso do Cristo, ou de acordo com o Espírito, das situações novas e imprevistas com as quais somos continuamente confrontados. As Escrituras cristãs não nos oferecem um was, mas um wie: uma maneira, um estilo, um espírito. Tal comportamento hermenêutico se situa a igual distância tanto da metafísica do sentido (positivismo) quanto da pletora das significações (biscateação). Ele nos dá a chance de jogar a sério o círculo hermenêutico, pois que é somente neste e por este jogo que o sentido pode despertar” explica BOFF, C. Teologia e Prática: Teologia do Político e suas mediações. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 1993, p. 266-267.
As disciplinas de Bíblia no curso de graduação em Teologia podem, segundo este modelo, ser classificadas em três áreas:
1. Disciplinas Contextuais:
:: História de Israel (alternativa: História da época do Antigo Testamento e História da época do Novo Testamento)
2. Disciplinas Instrumentais:
:: Introdução à S. Escritura (alternativa: Métodos de leitura dos textos bíblicos)
:: Língua Hebraica Bíblica
:: Língua Grega Bíblica
3. Disciplinas Exegéticas:
:: Pentateuco
:: Literatura Profética
:: Literatura Deuteronomista
:: Literatura Sapiencial
:: Literatura Pós-Exílica
:: Literatura Sinótica e Atos
:: Literatura Paulina
:: Literatura Joanina
:: Apocalipse
——————————–
Destas disciplinas, leciono:
No primeiro semestre:
:: História de Israel: 4 hs/sem.
:: Literatura Profética: 4 hs/sem.
:: Literatura Deuteronomista: 2 hs/sem.
No segundo semestre:
:: Língua Hebraica Bíblica: 3 hs/sem.
:: Pentateuco: 4 hs/sem.
:: Literatura Pós-Exílica: 4 hs/sem.
Leia Mais:
História de Israel 2015
Língua Hebraica Bíblica 2015
Pentateuco 2015
Literatura Deuteronomista 2015
Literatura Profética 2015
Literatura Pós-Exílica 2015