Quando as dimensões concretas da sociedade não são levadas em conta, as questões políticas sofrem uma redução de seu conteúdo, perdendo sua autonomia. São consideradas de maneira abstrata, conduzidas ao espaço da ética, restritivamente, e resolvidas no moralismo.
Pela clínica psicanalítica, sabemos que aquilo que atacamos de modo implacável no outro não deixa de ter relação com aquilo que não suportaríamos reconhecer em nós mesmos (Mario Fleig, psicanalista).
Na véspera:
:: Ilhado no meio jurídico, Barbosa traça saída – Brasil 24/7: 28/05/2014
“Num feito inédito para um presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa conseguiu: está completamente ilhado em relação a seus colegas do Poder Judiciário. Do Procurador Geral da República ao presidente da Ordem dos Advogados, passando pelo plenário do Superior Tribunal de Justiça e todas as principais associações de magistrados, além do Conselho Nacional de Justiça, não há instância na qual Barbosa consiga angariar admiração. Quanto mais apoio ou compreensão… Pelas reações do meio jurídico aos seus posicionamentos, Barbosa é o primeiro a saber que lhe falta clima para prosseguir no cargo”.
No dia:
:: Os órfãos de Joaquim Barbosa – Saul Leblon: Carta Maior 29/05/2014
“Joaquim Barbosa deixa a cena política como um farrapo do personagem desfrutável que se ofereceu um dia ao conservadorismo brasileiro. Na verdade, não era mais funcional ter a legenda política associada a ele. Sua permanência à frente do STF tornara-se insustentável. Vinte e quatro horas antes de comunicar a aposentadoria, já era identificado pelo Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, como um fator de insegurança jurídica para o país. A OAB o rechaçava. O mundo jurídico manifestava constrangimento diante da incontinência autoritária. A colérica desenvoltura com que transgredia a fronteira que separa o sentimento de vingança e ódio da ideia de justiça, inquietava os grandes nomes do Direito… [assumindo], crescentemente, contornos de um coronel Kurtz, o personagem de Marlon Brando, em Apocalypse Now, que se desgarrou do exército americano no Vietnã para criar a sua própria guerra dentro da guerra. Na guerra pelo poder, Barbosa lutava a batalha do dia anterior”.
No dia seguinte:
:: Adversários de Dilma já disputam apoio de Barbosa – Brasil 24/7: 30/05/2014
“Eduardo Campos (PSB) e Aécio Neves (PSDB) se precipitam para conquistar filiação de Joaquim Barbosa, que antecipou sua aposentadoria do STF; ainda que o juiz tenha perdido o prazo para uma candidatura em 2014, ele é visto como uma importante arma da oposição contra a reeleição da presidente Dilma Roussef”.