Francisco, Leonardo Boff e a TdL

A Teologia da Libertação e o novo pontífice. O outro Papa, o outro Boff…

Em torno à visita do Papa Francisco ao Brasil, nos últimos dias de julho, o teólogo brasileiro da libertação e da ecologia, Leonardo Boff, não poupou elogios para o novo Bispo de Roma, a quem considera um homem “livre de espírito”; o compara, em certas virtudes, ao próprio Francisco de Assis e o reivindica por seu “esplêndido resgate da razão cordial”. Para Boff, o chefe vaticano é “uma figura fascinante que chega ao coração dos cristãos e de outras pessoas”.

O legado maior durante sua visita ao Brasil, foi sua (própria) figura, enfatizou Boff em uma entrevista a este correspondente apenas finalizado o périplo do Pontífice. “Representou o mais nobre dos líderes, o líder servidor que não faz referência a si mesmo e sim aos outros, com carinho e cuidado, evocando esperança e confiança no futuro…”.

No diálogo, Boff, – que fora duramente condenado ao “silêncio e obediência” pelo Vaticano em 1985 por sua conceituação e compromisso com a Teologia da Libertação -, reivindicou o que para ele são os aspectos essenciais deixados por este primeiro contato do Papa com a América Latina.

Mostrou uma “visão humanista na política, na economia, na erradicação da pobreza”. Criticou duramente o sistema financeiro…definiu a democracia como ‘humildade social’, reivindicou o direito dos jovens de serem ouvidos”, enumera Boff.

Enfatizando a contribuição do Pontífice no campo da ética, “fundada na dignidade transcendente da pessoa”, e expressa assim em seu “discurso recorrente”.

O teólogo brasileiro e prêmio Nobel alternativo da paz de 2001 considerou, no entanto, que durante a estadia brasileira do Sumo Pontífice foi o “campo religioso o mais fecundo e direto”. O discurso “mais severo foi reservado por ele aos bispos e cardeais latino-americanos (CELAM). Reconheceu que a Igreja – e ele se incluía – está atrasada no que se refere à reforma de suas estruturas…Criticou a ‘psicologia principesca’ de alguns membros da hierarquia”.

Antecipando, além disso, os dois eixos principais da pastoral segundo a visão do Vaticano papa en rio nuevo Papa: “a proximidade do povo… e o encontro marcado de carinho e ternura…”. Falou inclusive – enfatiza Boff em seu diálogo -, “da revolução da ternura, coisa que ele demonstrou viver pessoalmente”.

Desde o dia da eleição do Cardeal Jorge Bergoglio para o papado, Leonardo Boff que, em 1992, enojado com o tratamento que lhe era dispensado pelo Vaticano, deixara o sacerdócio – reorientou bruscamente sua respeitada voz em defesa do novo Pontífice. Em nenhum momento entrou no debate sobre o papel desempenhado pelo Cardeal e a hierarquia católica argentina durante a última ditadura militar.

Apenas seis anos atrás, em maio de 2007, em uma entrevista anterior com este correspondente, às vésperas da 5ª Conferência Geral do Episcopado Latinoamericano e do Caribe que se realizaria dias mais tarde em Aparecida e onde Bergoglio desempenhou um papel muito importante, Boff classificou uma boa parte da hierarquia católica como “burocratas do sagrado”. Exteriorizando assim sua leitura então cética da situação geral da Igreja: sua incapacidade estrutural de mudança e sua rigidez para abrir-se aos grandes temas desafiantes da humanidade, em particular a ecologia e a própria renovação institucional interna.

Os dois Papas anteriores, João Paulo II e Bento XVI, foram para Boff e numerosos teólogos, principalmente da América Latina, os principais responsáveis por buscar deslegitimizar a Teologia da Libertação, seus teóricos e promotores, assim como suas propostas organizativas, em particular as Comunidades Eclesiais de Base, tão amplamente desenvolvidas em todo o continente.

Foi o Cardeal Ratzinger, então Prefeito para a Congregação da Doutrina e da Fé e posteriormente Papa Bento XVI, um dos responsáveis diretos da sanção do Vaticano contra Boff.

A eleição do primeiro Papa latino-americano em março passado, no entanto, constituiu um verdadeiro choque de esperança e o ponto de partida de uma mudança radical na percepção e avaliação por parte do teólogo da libertação, que não escondeu seu desejo explícito, antes ou depois, de ser recebido por Francisco I e a quem enviou como presente, durante sua estadia no Rio de Janeiro, um exemplar de seu último e sugestivo livro: Francisco de Assis e Francisco de Roma: uma nova primavera na Igreja?

São os sinais da abertura de um processo paulatino da eventual “normalização” das relações entre Boff – enquanto cabeça visível desse setor castigado da igreja popular – e o poder hierárquico romano.

Embora o desenlace do processo de aproximação permaneça em aberto, os sinais indicativos, reforçados durante a viagem do Papa Francisco ao Brasil, são relevantes.

Em primeiro lugar, a vontade explícita de Boff e Francisco de avançar no processo de encontro; a existência de importantes canais que facilitam a comunicação quase direta entre ambos. Sem menosprezar, adicionalmente, as atualizadas reflexões de Boff – e de outras referências do setor popular da Igreja – que nos últimos quatro meses não deixaram de enumerar as virtudes do novo Papa. A partir de quem, o teólogo brasileiro pensa perceber a possibilidade da mudança interna de uma Igreja até agora dirigida, quase exclusivamente, pelos burocratas do sagrado.

 

La Teología de la Liberación y el nuevo pontífice: El otro papa, el otro Boff…

En torno a la visita del Papa Francisco a Brasil en los últimos días de julio el teólogo brasileño de la liberación y de la ecología Leonardo Boff no escatimó sus elogios hacia el nuevo Obispo de Roma. A quien considera un hombre “libre de espíritu”; le emparenta en ciertas virtudes al mismo Francisco de Asís y lo reivindica por su “espléndido rescate de la razón cordial”. Para Boff, el jefe vaticano es “una figura fascinante que llega al corazón de los cristianos y de otras personas”.

El legado mayor durante su visita a Brasil, fue su (propia) figura, enfatizó Boff en una entrevista con este corresponsal apenas finalizado el periplo del Pontífice. “Representó el más noble de los líderes, el líder servidor que no hace referencia a sí mismo sino a los demás, con cariño y cuidado, evocando esperanza y confianza en el futuro…”.

En el diálogo Boff, -quien había sido duramente condenado al “silencio y obediencia” por el Vaticano en 1985 por su conceptualización y compromiso con la Teología de la Liberación-, reivindicó lo que para él son los aspectos esenciales que dejó este primer contacto del Papa con Latinoamérica.
Presentó una “visión humanística en la política, en la economía, en la erradicación de la pobreza”. Criticó duramente el sistema financiero…definió a la democracia como ‘humildad social’, reivindicó el derecho de los jóvenes a ser escuchados”, enumera Boff.

Subrayando el aporte del Pontífice en el campo de la ética, “fundada en la dignidad trascendente de la persona”, y expresada de esta forma en su “discurso recurrente”.

El teólogo brasilero y premio Nobel alternativo de la paz de 2001 consideró, sin embargo, que durante la estadía brasileña del Sumo Pontífice fue el “campo religioso el más fecundo y directo”. El discurso “más severo lo reservó para los obispos y cardenales latinoamericanas (CELAM). Reconoció que la Iglesia – y él se incluía- está atrasada en lo que se refiere a la reforma de sus estructuras…Criticó la ‘psicología principesca’ de algunos miembros de la jerarquía”.

Anticipando, además, los dos ejes principales de la pastoral según la visión delvaticano papa en rio nuevo Papa: “la proximidad al pueblo…y el encuentro marcado de cariño y ternura…”. Habló incluso -enfatiza Boff en su diálogo-, “de la revolución de la ternura, cosa que él demostró vivir personalmente”.

Desde el mismo día de la elección del Cardenal Jorge Bergoglio al papado, Leonardo Boff, quien en 1992 asqueado por el mal trato vaticano había quitado el sacerdocio, reorientó bruscamente su respetada voz hacia la defensa del nuevo Pontífice. Nunca entró en el debate sobre el rol jugado por el Cardenal y la jerarquía católica argentina durante la última dictadura militar.

Apenas seis años atrás, en mayo del 2007, a las puertas de la 5ta Conferencia General del Episcopado Latinoamericano y del Caribe que se realizaría días más tarde en Aparecida y donde Bergoglio jugó un rol muy importante, Boff había catalogado a una buena parte de la jerarquía católica como de “burócratas de lo sagrado” en una entrevista anterior con este corresponsal. Exteriorizando así su lectura entonces escéptica hacia la situación general de la Iglesia; su incapacidad estructural al cambio; y su rigidez para abrirse a los grandes temas desafiantes de la humanidad, en particular la ecología y la propia renovación institucional interna.

Los dos Papas anteriores, Juan Pablo II y Benedicto XVI fueron para Boff y numerosos teólogos, principalmente de América Latina, los principales responsables de tratar de deslegitimar la Teología de la Liberación; sus teóricos y promotores; así como sus propuestas organizativas, en particular las Comunidades Eclesiales de Base, tan ampliamente desarrolladas en todo el continente.

Había sido el Cardenal Ratzinger, entonces Prefecto para la Congregación de la Doctrina y de la Fe y posteriormente Papa Benedicto XVI, uno de los responsables directos de la sanción vaticana contra Boff.

Le elección del primer Papa latinoamericano en marzo pasado, sin embargo, se convirtió en un verdadero shock de esperanza y punto de partida de un cambio radical de percepción y valoración de parte del teólogo de la liberación. Quien no ha escondido su deseo explícito, antes o después, de ser recibido por Francisco I y a quien le ha hecho llegar como regalo, durante su estadía en Río de Janeiro, un ejemplar de su último y sugestivo libro: Francisco de Asís y Francisco de Roma: ¿una nueva primavera en la Iglesia?

Todas señales que indicarían la apertura de un proceso paulatino hacia la eventual “normalización” de relaciones entre Boff –en tanto cabeza visible de ese sector castigado de la iglesia popular- y el poder jerárquico romano.
Aunque el desenlace del proceso de acercamiento queda abierto, los signos indicativos, reforzados durante el viaje del Papa Francisco a Brasil, son relevantes.

En primer lugar, la voluntad explícita de Boff y Francisco de avanzar en el proceso de encuentro. La existencia de importantes canales que facilitan la comunicación casi directa entre ambos. Sin menospreciar, adicionalmente, las actualizadas reflexiones de Boff – y otros referentes del sector popular de la Iglesia- (ver recuadro) que en los últimos cuatro meses no ha dejado de reivindicar las virtudes del nuevo Papa. A partir de quien, el teólogo brasilero, cree percibir la posibilidad del cambio interno de una Iglesia hasta ahora dirigida, casi exclusivamente, por los burócratas de lo sagrado.

Fonte: Artigo de Sergio Ferrari em Diálogos do Sul e Other News: 09/08/2013.

Projeto Brasil Nunca Mais está na Internet

O Projeto Brasil Nunca Mais Digit@l, disponibiliza na Internet, desde 09/08/2013, documentos relacionados às prisões políticas durante o regime militar brasileiro.

O projeto Brasil: Nunca Mais – BNM foi desenvolvido pelo Conselho Mundial de Igrejas e pela Arquidiocese de São Paulo nos anos oitenta, sob a coordenação do Rev. Jaime Wright e de Dom Paulo Evaristo Arns.

Brasil: Nunca MaisO BNM teve três principais objetivos: evitar que os processos judiciais por crimes políticos fossem destruídos com o fim da ditadura militar, tal como ocorreu ao final do Estado Novo; obter e divulgar informações sobre torturas praticadas pela repressão política; e estimular a educação em direitos humanos.

A partir do exame de cerca de 850 mil páginas de processos judiciais movidos contra presos políticos, foram publicados relatórios e um livro de igual nome (Editora Vozes, redigido por Frei Betto e Ricardo Kotscho) retratando as torturas e outras graves violações a direitos humanos durante a ditadura militar brasileira.

As principais informações foram obtidas a partir dos depoimentos prestados pelos réus no âmbito dos tribunais militares. Com efeito, quando interrogados em juízo, diversos acusados denunciaram e detalharam as práticas de violência física e moral que sofreram ou presenciaram enquanto presos.

Essa, aliás, é uma das ideias geniais do BNM: o uso de documentos oficiais do próprio Estado para comprovar a prática reiterada e institucionalizada da tortura como ferramenta de investigação e repressão durante a ditadura.