Recursos eletrônicos para o estudo do AT

Por David Instone-Brewer, no Tyndale Tech, em 16 de janeiro de 2013. Este texto foi apresentado por David na conferência da Society for Old Testament Study (SOTS), em Cambridge, Reino Unido, no começo de janeiro [2nd–4th January 2013, at Fitzwilliam College], segundo Jim West, que estava presente. Confira:

Old Testament Studies

Ele diz:
Computers and Hebrew now work together very well, and you no longer need to be a geek to succeed. The following resources reveal a wealth of Old Testament Studies on the Web and many useful tools to aid research. 

Computadores e hebraico agora trabalham muito bem juntos, e você já não precisa ser um geek para fazer as coisas funcionarem. Atualmente há na rede uma grande variedade de recursos eletrônicos para o estudo do Antigo Testamento e muitas ferramentas úteis para a pesquisa estão disponíveis.

Em seu texto, David Instone-Brewer lista:

  • Mac or PC
  • Unicode
  • Bible Software
  • Web treasures
  • Lexicons
  • Finding Books
  • Background sources
  • Biblical Weblinks

Leia Mais:
Programas gratuitos ou não para estudos bíblicos

Aí o mineiro perguntou: como se faz um bispo, sô?

Entre o templo e os escribas, fico com os profetas (Jaime Pinksy)

VITAL, J. D. Como se faz um bispo: segundo o alto e o baixo clero. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012, 364 p. – ISBN 9788520010891.

Acabei de ler os 24 capítulos do livro de J. D. Vital, Como se faz um bispo, segundo o alto e o baixo clero.  O livro é, em boa parte, uma mistura de saborosas estórias eclesiásticas embrulhadas no jeito mineiro de contar causos. Mas, de vez em quando, faz reflexões sérias. Muito sérias, como o último capítulo, A conversão dos bispos (p. 333-356).

Um livro que faz pensar.

Pelo menos para quem, como eu, que vive desde 1962 neste meio, tendo morado em lugares repetidamente citados pelo autor. Além de Patos de Minas, minha terra, nos seminários de Diamantina e Mariana. E em Roma, onde morei 6 anos no Pio Brasileiro, enquanto estudava na Gregoriana e no Bíblico. E foi em Roma, de 1970 a 1976, que convivi com boa parte das pessoas citadas e entrevistadas. Outras, conheci em Minas Gerais. Do alto e do baixo clero brasileiro.

Figuras que são grandes em vida e continuam grandes após a morte na memória dos bons, saem engrandecidas neste livro, e isto me alegra. Como Alberto Antoniazzi, José Comblin, João Batista Libânio, Leonardo Boff, Hans Küng, Frei Rosário Joffily, Carlo Maria Martini, dom Helder Câmara, dom Paulo Evaristo Arns, dom Luciano Mendes de Almeida, dom Oscar Romero, dom José Maria Pires, dom Sérgio da Rocha, dom Aloísio Lorscheider, dom Ivo Lorscheiter, dom Angélico Sândalo Bernardino, dom Demétrio Valentini, dom Moacir Grecchi, dom Mauro Morelli, dom Pedro Casaldáliga, dom Tomás Balduíno e tantos outros.

Eles fazem parte de um grupo maior de teólogos “que pensam” e de cardeais, arcebispos e bispos com “luz própria”, como insiste o autor. Assino embaixo.

Por outro lado, para um biblista como eu, estudioso e admirador dos profetas, fica uma certa sensação de desalento: séculos de história construíram enorme distância entre o projeto evangélico – tal como aparece, por exemplo, nos 4 evangelhos canônicos – e a luta pelo poder que se vê em certos meios eclesiásticos, fazendo persistir, entre outros desafios para a Igreja, como teimosa tiririca, a invidia clericalis

O autor parece que contou, com honestidade e empenho de jornalista sério, o que conseguiu escavar.

Se em alguns casos, a coisa possa ter sido mais complicada do que está no livro, talvez seja porque o autor não conheça todo o imbróglio acontecido, ou, mais provavelmente, não tenha considerado conveniente acender lamparina em cômodos tão escuros desta complexa casa.

Percebo também que, em outras situações, preferiu-se uma versão mais “mineira”, quer dizer, mais moderada, dos causos, isto porque gente de juízo não cava tão fundo em cova recente!

Estas são apenas anotações escritas a lápis no final do livro, na sexta-feira, dia 11.01.2013, quando terminei a leitura.

Recomendo uma boa resenha, feita por João Batista Libânio, que pode ser lida aqui. E outra, de Fernando Altemeyer Junior, que pode ser lida aqui.

O livro certamente será lido com proveito por quem vive no meio eclesiástico ou não.

CEBI: Subsídio para o Mês da Bíblia 2013

Já está disponível o subsídio do CEBI para o Mês da Bíblia 2013. O Evangelho de Lucas – Quem é Jesus para nós? oferece 4 círculos bíblicos elaborados por Carlos Mesters e Mercedes Lopes.

A leitura orante  e comprometida do Evangelho de Lucas nos ensinará como ler os sinais dos tempos, como acolher a hora da visita de Deus, como descobrir os momentos do Espírito. O dom do Espírito, prometido por Jesus, não se compra com dinheiro nem se consegue pelo estudo. O Espírito Santo é dado a quem o pede na misericórdia e na oração (Lc 11,13). Lucas é um verdadeiro intérprete. Ele entende as duas línguas, a de Jesus e a do povo das comunidades, e passa de uma para a outra.

As encomendas podem ser feitas pelo e-mail vendas@cebi.org.br.

Confira outras publicações do CEBI sobre o Evangelho de Lucas.

O Mês da Bíblia, criado em 1971 com a finalidade de instruir os fiéis sobre a Palavra de Deus e a difusão da Bíblia, também foi fundamental para aproximar a Bíblia do povo de Deus. Propondo um livro – ou parte dele – para ser estudado e refletido a cada ano, o Mês da Bíblia tem contribuído eficazmente para o crescimento da animação bíblica de toda pastoral. Em continuidade a esta história, a Comissão Episcopal Pastoral Bíblico-catequética da CNBB definiu que, no Mês da Bíblia dos próximos quatro anos (2012-2105), serão estudados os evangelhos de Marcos (2012), Lucas (2013) e Mateus (2014), conforme a sequência do Ano Litúrgico, completando com o estudo de João em 2015 (…) Esta sequência repete a experiência feita entre 1997-2000, por ocasião da celebração do Jubileu 2000. O enfoque, agora, é outro. Visa reforçar a formação e a espiritualidade dos agentes e dos féis através do seguimento de Jesus, proposto nos quatro evangelhos (…) Cada evangelho será relido na perspectiva da formação e do seguimento, destacando o que é específico de cada evangelista, bem como da comunidade que está por trás de cada evangelho (do blog Catequese e Bíblia, da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-catequética da CNBB – 04/09/2012).

Desconfie dos “especialistas” dos telejornais

“O jornalismo econômico brasileiro, a exemplo do norte-americano, está dominado pela opinião de economistas de bancos e de grandes corporações. Eventualmente, aparece um professor ou um especialista independente para fazer algum comentário, mas em tempo ou espaço suficientemente curtos para não permitir mais do que legitimar a presença dominante dos primeiros nos noticiários de jornal e televisão. Com isso a sociedade acaba com uma visão distorcida da economia política, mascarada que fica pelo viés dos negócios de curto prazo.

Galbraith, com sua fina ironia, costumava dizer que, em matéria econômica, não se devia levar muito a sério a opinião de quem tem interesse próprio em jogo. Ainda há pouco assisti no Jornal da Globo a uma ‘especialista’ culpando o intervencionismo do Governo pela queda das ações das empresas do setor elétrico: ela estava visivelmente indignada com a decisão governamental de reduzir as tarifas elétricas, afetando a rentabilidade das empresas do setor, e não fez qualquer menção ao que isso representava de positivo para a sociedade e a economia”…

Leia o texto completo: A opinião econômica particular vendida como de interesse geral, artigo de J. Carlos de Assis em Carta Maior –  12/01/2013

Leia Mais:
Risco de racionamento de energia elétrica?

 

Frei Betto recebe prêmio da Unesco

Frei Betto recebe prêmio da Unesco por contribuição à paz

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) escolheu, nesta sexta-feira (11), Frei Betto para receber o Prêmio José Marti 2013. A premiação reconhece sua “contribuição à construção de uma cultura de paz universal e a justiça social e os direitos humanos na América Latina e no Caribe”, de acordo com a organização. A Unesco informou em comunicado que Frei Betto foi escolhido após recomendação de um júri internacional. “Frei Betto (Belo Horizonte, 1944) foi eleito por seu trabalho como educador, escritor e teólogo, por sua oposição a todas as formas de discriminação, injustiça e exclusão e por sua promoção da cultura de paz e dos direitos humanos”, detalhou a organização. Frei Betto é autor de mais de 50 livros traduzidos para vários idiomas. Ele ingressou na ordem dos dominicanos aos 20 anos de idade, quando estudava jornalismo. Durante a ditadura militar, foi preso duas vezes: a primeira em 1964, que o levou a deixar a universidade, e a segunda entre 1969 e 1973, por colaborar com a organização guerrilheira Ação Libertadora Nacional (ALN). Quando recuperou a liberdade, trabalhou durante cinco anos em uma favela da cidade de Vitoria (ES). Durante a década de 1980, foi consultor sobre as relações Igreja-Estado de vários países. Na década seguinte, integrou o conselho da Fundação Sueca de Direitos Humanos. Adepto à Teologia da Libertação e militante de movimentos pastorais e sociais, foi assessor especial do ex-presidente Lula, entre 2003 e 2004, e coordenador de Mobilização Social do programa “Fome Zero”. A entrega do prêmio será no dia 30 de janeiro em Havana, Cuba, durante a realização da terceira Conferência Internacional pelo Equilíbrio do Mundo. A data marca o 160º aniversário do nascimento de José Martí. A premiação foi criada em 1994 e reconhece “contribuições extraordinárias de organizações e de indivíduos à unidade e a integração da América Latina e do Caribe baseada no respeito das tradições culturais e nos valores humanistas”. O último vencedor foi o analista político argentino Atilio Alberto Borón, por sua contribuição à unidade e integração dos países da América Latina e do Caribe e por sua contribuição ao estudo e a promoção do pensamento do apóstolo da independência de Cuba.

Fonte: Brasil de Fato – 11/01/2013

Leia Mais:
Frei Betto
Bibliografia de Frei Betto no WorldCat

Resenhas na RBL – 05.01.2013

As seguintes resenhas foram recentemente publicadas pela Review of Biblical Literature:

Eberhard Bons and Jans Joosten, eds.
Septuagint Vocabulary: Pre-history, Usage, Reception
Reviewed by Francis Dalrymple-Hamilton
Reviewed by Daniel M. O’Hare

Deborah O’Daniel Cantrell
The Horsemen of Israel: Horses and Chariotry in Monarchic Israel
Reviewed by Raz Kletter

Daniel R. Driver
Brevard Childs, Biblical Theologian: For the Church’s One Bible
Reviewed by Philippus J. Botha

Peter Enns
Ecclesiastes
Reviewed by Gert T. M. Prinsloo

Daniel C. Harlow, Karina Martin Hogan, Matthew Goff, and Joel S. Kaminsky, eds.
The “Other” in Second Temple Judaism: Essays in Honor of John J. Collins
Reviewed by James D. G. Dunn

Bruce W. Longenecker
Hearing the Silence: Jesus on the Edge and God in the Gap-Luke 4 in Narrative Perspective
Reviewed by Michal Beth Dinkler

Stéphane Saulnier
Calendrical Variations in Second Temple Judaism: New Perspectives on the ‘Date of the Last Supper’ Debate
Reviewed by Helen Jacobus

Karlheinz Schüssler, ed.
Biblia Coptica: Die koptischen Bibeltexte. Vollständiges Verzeichnis mit Standorten. Band 4/Lieferung 4: sa 721-780
Reviewed by Blossom Stefaniw

Jarvis J. Williams
Maccabean Martyr Traditions in Paul’s Theology of Atonement: Did Martyr Theology Shape Paul’s Conception of Jesus’s Death?
Reviewed by Jan Willem van Henten

>> Visite: Review of Biblical Literature Blog

Novo livro de Keith Whitelam: Rhythms of Time

Palestine is a land built on bones, where the dead are passed into the living.



WHITELAM, K. W. Rhythms of Time: Reconnecting Palestine’s Past– ISBN 9780957540613.

Ebook previsto para fevereiro de 2013. Estará disponível na Amazon (para Kindle), Apple iBookstore (para iPad), Barnes and Noble (para Nook), Reader Store (para Sony Reader), Kobo (para Kobo Touch, Kobo Wi-Fi, Kobo Vox) etc.

The history of Palestine has been forged in the shadow of empire: the Egyptian, Assyrian and Babylonian from the ancient past to the Ottoman, British and American of the modern world. The so-called great men, monarchies, and imperial powers have followed on from one another in the region, attracting most attention like the froth of the waves breaking on the shoreline. Yet underlying this surface movement, as Braudel termed it, was a substratum that moved slowly to the rhythms of time absorbing and dissipating the effect of the waves. It is this story, an essential part of Palestine’s past, that was ignored by western visitors and scholars in favour of the events and characters described in the Bible. So these centuries that are associated with the biblical stories have become Israel’s past and have been denied to Palestine and the Palestinians (trecho do capítulo 2).

Veja o sumário do livro.

Keith W. Whitelam é professor emérito de Estudos Bíblicos na Universidade de Sheffield, Reino Unido.

Risco de racionamento de energia elétrica?

Não se deve politizar uma coisa tão séria para o país, como a questão da energia. Mas a irresponsabilidade é tanta, que pouco importa o país. O principal é a desconstrução de quem está no poder. E aí vale tudo. Já vimos esta estória em anos recentes.

Acabei de ver na Globo News, no jornal das 10h00, a notícia sobre a reunião de amanhã no Ministério de Minas e Energia para tratar do setor elétrico. A notícia – que não é apenas notícia, é campanha política visando 2014 – “planta” claramente a ideia de que o país governado por Dilma Rousseff está, irremediavelmente, à beira do caos elétrico… Ora, este é o papel do PIG, já sabemos. Então…

Algumas considerações podem ser interessantes, haja ou não risco de racionamento de energia.

Selecionei alguns trechos do artigo Risco de um novo racionamento de energia elétrica? de Heitor Scalambrini Costa.

É necessário que se diga, alto e em bom som, que a curto prazo não existe possibilidade de risco de faltar energia para atender a demanda atual. O pífio desempenho da economia nacional, medida pelo Produto Interno Bruto (PIB), favoreceu a que o país não sofresse uma nova crise energética nos moldes da ocorrida em 2001/2002.


Já a médio prazo, a situação não é tranquila para o setor elétrico, desde que continuem os erros cometidos. E a situação somente mudará se houver uma guinada de 180º na política energética em nosso país.


O que se pode extrair da conjuntura atual, com declarações e ameaças de um novo racionamento de energia, é que a sucessão presidencial começou. Não se deve politizar uma coisa tão séria para o país, como a questão da energia. Com risco de criar o descrédito da população em um setor estratégico, que vai além dos governos de plantão, e mesmo levar o pânico com a possibilidade de faltar energia.


A irresponsabilidade é tanta, que pouco importa o país. O principal é a desconstrução de quem está no poder. E aí vale tudo. Já vimos esta estória em anos recentes.


Por sua vez o “deus mercado” começa a responder ao jogo político. As bolsas de valores começam a impor o sobe e desce dos papeis das companhias elétricas. Onde vai parar esta histeria provocada?

[Na segunda-feira, o principal índice brasileiro de ações fechou no campo negativo, abaixo dos 62 mil pontos, pelo medo de que seja possível haver um apagão no país. As ações do setor elétrico pesaram na bolsa. Temores de um possível racionamento de energia no Brasil foram os responsáveis por motivar a venda acentuada de papéis de companhias elétricas na sessão, segundo operadores].

Leia o texto completo.

Fonte: Notícias: IHU Online – 08/01/2013

:: Quem é Heitor Scalambrini Costa?

Heitor Scalambrini Costa é graduado em Física pelo Instituto de Física Gleb Wattaghin da Universidade Estadual de Campinas – Unicamp, mestre em Energia Solar pelo Departamento de Energia Nuclear da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, e doutor em Energética pela Commissariat à I’Energie Atomique – CEA, Centre d’Estudes de Cadarache et Laboratorie de Photoelectricité Faculte Saint-Jerôme/Aix-Marseille III, França. Atualmente coordena os projetos da ONG Centro de Estudos e Projetos Naper Solar, o Núcleo de Apoio a Projetos de Energias Renováveis – Naper, e o projeto Soluções em Energia e Design – Sendes, da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE (informações aqui).

Leia Mais:
Colunista expõe Folha ao ridículo

Domingos Zamagna fala sobre frei Gorgulho

Faleceu no dia 26 de dezembro de 2012, às 6h20, o biblista frei Gilberto da Silva Gorgulho, aos 79 anos de idade. Meu amigo Domingos Zamagna, contemporâneo de estudos em Roma, biblista, intelectual finíssimo, presta, neste texto, sua homenagem a frei Gorgulho.

Frei Gilberto Gorgulho OP (1933-2012)

“Natural de Cristina-MG, de família muitíssimo cristã, que deu à Igreja também duas religiosas da Congregação da Providência de Gap, desde que se decidiu pela vida sacerdotal, cursou seminários clássicos e deles herdou o que eles tinham de muito bom: espírito de pobreza e serviço evangélicos, disciplina intelectual, fé sólida vivenciada na oração, espiritualidade, cultura, erudição.

Entrando na Ordem dos Dominicanos, os superiores acolheram seu desejo de especializar-se em Sagradas Escrituras, enviando-o para estudos avançados na França, em Saint-Maximin (Provence) e Toulouse (Haute Garonne). Em seguida passou pela Universidade Santo Tomás de Aquino (Angelicum) de Roma para a obtenção dos graus acadêmicos em Sagrada Escritura na Comissão Bíblica da Santa Sé. Especializou-se em seguida na École Biblique et Archéologique Française de Jérusalem (fundada pelo Pe. Marie-Joseph Lagrange OP e até hoje mantida pelos Dominicanos), filiada à École Pratique des Hautes Études, da Sorbonne-Paris (…)

Retornando ao Brasil, a partir da década de 60, Frei Gorgulho se dedicou intensamente ao magistério, principalmente na Escola Dominicana de Teologia, na Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção e no Instituto Teológico Pio XI, em São Paulo, mas sempre dando cursos regulares em Petrópolis (RJ), Viamão (RS) e cursos e palestras em vários estados brasileiros e no exterior. Foi colaborador assíduo da CRB e da CNBB e sempre muito engajado nos trabalhos ecumênicos.

Durante décadas, Frei Gorgulho orientou centenas de dissertações e teses em estudos bíblicos, formando pelo menos duas gerações de biblistas brasileiros e latino-americanos.

Frei Gorgulho participou ativamente da preparação e difusão do Concílio do Vaticano II. Recordo-me de vários arcebispos e bispos que passavam horas em seu escritório no Convento de Santo Alberto Magno estudando com ele os documentos preparatórios do Concílio, dentre eles o então arcebispo de Ribeirão Preto, D. Agnelo Rossi, que mais tarde se tornou cardeal-arcebispo de São Paulo e lhe abriu as portas da arquidiocese para um trabalho qualificado de evangelização. A partir de 1971, quando D. Paulo Evaristo Arns OFM substituiu D. Agnelo, entre o novo arcebispo e o frade desenvolveu-se intensa colaboração pastoral, especialmente na evangelização das periferias, para a qual Frei Gorgulho não mediu esforços, colocando a serviço dos pobres seus conhecidos dons intelectuais, sua ousadia pastoral, seu discernimento teológico e sua liberdade de fiel Pregador da Palavra de Deus.

Teve colaboradores e bons companheiros, porque sempre soube trabalhar em equipe e fiel às amizades: D. Luciano Mendes de Almeida SJ, D. Cândido Padin OSB, D. Tomás Balduíno OP, D. Valdir Calheiros, Frei Carlos Josaphat OP, Pe. José Comblin (hoje no ostracismo em certas dioceses), Frei Carlos Mesters, O. Carm., Pastor Milton Schwantes, Profa. Ana Flora Anderson, Pe. Ticão, Mons. Lancelotti, Prof. Alfredo Bosi, o jornalista Evaldo Dantas e uma plêiade de leigos e leigas que se beneficiavam de seus ensinamentos.

Durante vários anos Frei Gorgulho dirigiu os trabalhos de tradução da Bíblia de Jerusalém, editada pela Paulus, editora pela qual lançou uma dúzia de títulos.

Colaborador de várias revistas, teve também uma coluna no jornal ‘O São Paulo’. Na década de 70 era um prazer ouvir seus comentários na TV Record, rápidos e profundos, num quadro chamado “Esta cidade tem alma”.

Intelectual finíssimo, e todavia sempre um homem de hábitos simples, modos de homem do povo do sul de Minas.

Como infelizmente sói acontecer, toda vez que alguém se dedica de corpo e alma, fielmente, à evangelização, aparecem alguns que o acusam de heterodoxia etc. Às vezes isso até pode ser verdade, mas é difícil conhecer alguém mais evangelicamente ortodoxo do que Frei Gorgulho! No entanto, isso é um leit-motiv na História da Igreja: aconteceu com Santo Tomás de Aquino, com Pe. Lagrange, Pe. Lyonnet… Essas indignidades fizeram com que Frei Gorgulho precisasse abandonar a cátedra na Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, em São Paulo, sem solidariedade dos professores, num momento em que esta instituição rompia com a Teologia da Libertação.

Foi acolhido durante alguns anos no Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências da Religião, da PUC-SP, orientando dezenas de trabalhos e publicando muitos artigos, até que a idade avançada começou a limitar  seus empreendimentos. Poucos sabem, mas a demissão da PUC-SP, numa vala-comum típica do capitalismo que justamente as instituições católicas gostam de criticar, juntamente com centenas de outros professores, causou-lhe profundo desgosto, sobretudo quando soube que o motivo alegado, mas que o burocrata de plantão não teve coragem de lhe dizer, foi  que ‘o seu tempo tinha passado'”…

Leia o texto completo.

Fonte: Notícias: IHU Online – 05/01/2013

:: Quem é Domingos Zamagna?