Aí o mineiro perguntou: como se faz um bispo, sô?

Entre o templo e os escribas, fico com os profetas (Jaime Pinksy)

VITAL, J. D. Como se faz um bispo: segundo o alto e o baixo clero. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012, 364 p. – ISBN 9788520010891.

Acabei de ler os 24 capítulos do livro de J. D. Vital, Como se faz um bispo, segundo o alto e o baixo clero.  O livro é, em boa parte, uma mistura de saborosas estórias eclesiásticas embrulhadas no jeito mineiro de contar causos. Mas, de vez em quando, faz reflexões sérias. Muito sérias, como o último capítulo, A conversão dos bispos (p. 333-356).

Um livro que faz pensar.

Pelo menos para quem, como eu, que vive desde 1962 neste meio, tendo morado em lugares repetidamente citados pelo autor. Além de Patos de Minas, minha terra, nos seminários de Diamantina e Mariana. E em Roma, onde morei 6 anos no Pio Brasileiro, enquanto estudava na Gregoriana e no Bíblico. E foi em Roma, de 1970 a 1976, que convivi com boa parte das pessoas citadas e entrevistadas. Outras, conheci em Minas Gerais. Do alto e do baixo clero brasileiro.

Figuras que são grandes em vida e continuam grandes após a morte na memória dos bons, saem engrandecidas neste livro, e isto me alegra. Como Alberto Antoniazzi, José Comblin, João Batista Libânio, Leonardo Boff, Hans Küng, Frei Rosário Joffily, Carlo Maria Martini, dom Helder Câmara, dom Paulo Evaristo Arns, dom Luciano Mendes de Almeida, dom Oscar Romero, dom José Maria Pires, dom Sérgio da Rocha, dom Aloísio Lorscheider, dom Ivo Lorscheiter, dom Angélico Sândalo Bernardino, dom Demétrio Valentini, dom Moacir Grecchi, dom Mauro Morelli, dom Pedro Casaldáliga, dom Tomás Balduíno e tantos outros.

Eles fazem parte de um grupo maior de teólogos “que pensam” e de cardeais, arcebispos e bispos com “luz própria”, como insiste o autor. Assino embaixo.

Por outro lado, para um biblista como eu, estudioso e admirador dos profetas, fica uma certa sensação de desalento: séculos de história construíram enorme distância entre o projeto evangélico – tal como aparece, por exemplo, nos 4 evangelhos canônicos – e a luta pelo poder que se vê em certos meios eclesiásticos, fazendo persistir, entre outros desafios para a Igreja, como teimosa tiririca, a invidia clericalis

O autor parece que contou, com honestidade e empenho de jornalista sério, o que conseguiu escavar.

Se em alguns casos, a coisa possa ter sido mais complicada do que está no livro, talvez seja porque o autor não conheça todo o imbróglio acontecido, ou, mais provavelmente, não tenha considerado conveniente acender lamparina em cômodos tão escuros desta complexa casa.

Percebo também que, em outras situações, preferiu-se uma versão mais “mineira”, quer dizer, mais moderada, dos causos, isto porque gente de juízo não cava tão fundo em cova recente!

Estas são apenas anotações escritas a lápis no final do livro, na sexta-feira, dia 11.01.2013, quando terminei a leitura.

Recomendo uma boa resenha, feita por João Batista Libânio, que pode ser lida aqui. E outra, de Fernando Altemeyer Junior, que pode ser lida aqui.

O livro certamente será lido com proveito por quem vive no meio eclesiástico ou não.

CEBI: Subsídio para o Mês da Bíblia 2013

Já está disponível o subsídio do CEBI para o Mês da Bíblia 2013. O Evangelho de Lucas – Quem é Jesus para nós? oferece 4 círculos bíblicos elaborados por Carlos Mesters e Mercedes Lopes.

A leitura orante  e comprometida do Evangelho de Lucas nos ensinará como ler os sinais dos tempos, como acolher a hora da visita de Deus, como descobrir os momentos do Espírito. O dom do Espírito, prometido por Jesus, não se compra com dinheiro nem se consegue pelo estudo. O Espírito Santo é dado a quem o pede na misericórdia e na oração (Lc 11,13). Lucas é um verdadeiro intérprete. Ele entende as duas línguas, a de Jesus e a do povo das comunidades, e passa de uma para a outra.

As encomendas podem ser feitas pelo e-mail vendas@cebi.org.br.

Confira outras publicações do CEBI sobre o Evangelho de Lucas.

O Mês da Bíblia, criado em 1971 com a finalidade de instruir os fiéis sobre a Palavra de Deus e a difusão da Bíblia, também foi fundamental para aproximar a Bíblia do povo de Deus. Propondo um livro – ou parte dele – para ser estudado e refletido a cada ano, o Mês da Bíblia tem contribuído eficazmente para o crescimento da animação bíblica de toda pastoral. Em continuidade a esta história, a Comissão Episcopal Pastoral Bíblico-catequética da CNBB definiu que, no Mês da Bíblia dos próximos quatro anos (2012-2105), serão estudados os evangelhos de Marcos (2012), Lucas (2013) e Mateus (2014), conforme a sequência do Ano Litúrgico, completando com o estudo de João em 2015 (…) Esta sequência repete a experiência feita entre 1997-2000, por ocasião da celebração do Jubileu 2000. O enfoque, agora, é outro. Visa reforçar a formação e a espiritualidade dos agentes e dos féis através do seguimento de Jesus, proposto nos quatro evangelhos (…) Cada evangelho será relido na perspectiva da formação e do seguimento, destacando o que é específico de cada evangelista, bem como da comunidade que está por trás de cada evangelho (do blog Catequese e Bíblia, da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-catequética da CNBB – 04/09/2012).

Desconfie dos “especialistas” dos telejornais

“O jornalismo econômico brasileiro, a exemplo do norte-americano, está dominado pela opinião de economistas de bancos e de grandes corporações. Eventualmente, aparece um professor ou um especialista independente para fazer algum comentário, mas em tempo ou espaço suficientemente curtos para não permitir mais do que legitimar a presença dominante dos primeiros nos noticiários de jornal e televisão. Com isso a sociedade acaba com uma visão distorcida da economia política, mascarada que fica pelo viés dos negócios de curto prazo.

Galbraith, com sua fina ironia, costumava dizer que, em matéria econômica, não se devia levar muito a sério a opinião de quem tem interesse próprio em jogo. Ainda há pouco assisti no Jornal da Globo a uma ‘especialista’ culpando o intervencionismo do Governo pela queda das ações das empresas do setor elétrico: ela estava visivelmente indignada com a decisão governamental de reduzir as tarifas elétricas, afetando a rentabilidade das empresas do setor, e não fez qualquer menção ao que isso representava de positivo para a sociedade e a economia”…

Leia o texto completo: A opinião econômica particular vendida como de interesse geral, artigo de J. Carlos de Assis em Carta Maior –  12/01/2013

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