Morreu o sociólogo Flávio Pierucci

Acabei de ver a notícia na Folha online de 08/06/2012 e também em Notícias: IHU de 09/06/2012 que reproduz artigo da Folha de S. Paulo.

Convivi com Pierucci, em Roma, durante alguns meses. Quando cheguei ao Pio Brasileiro em 1970 para começar a Teologia na Gregoriana, ele estava terminando o curso. Dele guardo, principalmente, uma lembrança: era uma mente brilhante.

Morre, aos 67 anos, o sociólogo paulista Flávio Pierucci
O professor da USP e sociólogo Antônio Flávio Pierucci morreu ontem [dia 8] pela manhã, em São Paulo, aos 67 anos, em decorrência de um infarto fulminante. O acadêmico tinha diabetes e pressão alta, ambas controladas com medicação. Por volta das 10h de ontem, uma equipe do Samu chegou à residência do pesquisador, na Vila Mariana (zona sul), para tentar reanimá-lo, mas não obteve sucesso. O corpo de Pierucci será enterrado hoje, no Cemitério Municipal de Altinópolis, cidade do Norte paulista (a cerca de 330 km da capital) em que ele nasceu. O professor não deixa filhos. 


Três objetos de estudo se destacaram na trajetória do sociólogo: a produção teórica do alemão Max Weber (1864-1920), o perfil do voto conservador em SP e o enfraquecimento do catolicismo, este último coincidindo com a ascensão das denominações neopentecostais. No âmbito da pesquisa weberiana, publicou em 2003 O Desencantamento do Mundo: todos os passos do conceito em Max Weber (Editora 34), volume originado de sua tese de livre-docência na USP. 


Na obra, Pierucci esmiúça a noção do título, segundo a qual a história do Ocidente testemunhou um lento processo de afastamento da religião de práticas e rituais místicos, mágicos. 


No ano seguinte, o sociólogo, que integrou os quadros do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e foi secretário-geral da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), cuidaria da edição de A Ética Protestante e o “Espírito” do Capitalismo (Cia. das Letras), obra-chave de Weber. Segundo Reginaldo Prandi, professor de sociologia da USP e orientador da tese de doutorado de Pierucci, ele concluíra há pouco a revisão técnica de mais dois títulos weberianos, sobre as religiões da China e da Índia.

Leia a notícia completa.

A presidenta Dilma Rousseff enviou hoje (9) telegrama de condolências para a família do sociólogo Antônio Flávio Pierucci, que morreu nesta sexta-feira (8), em São Paulo, aos 67 anos.

Diz o telegrama:

O professor Antônio Flávio Pierucci deixa um legado intelectual precioso. A par de seus profundos estudos e criteriosa tradução da obra de Max Weber para o Português, Flávio Pierucci dedicou sua inteligência à compreensão de fenômenos sociais e políticos do presente, destacadamente no campo da Sociologia da Religião. Alunos, colegas e leitores reconhecem nele o talento do mestre e o compromisso generoso com a transformação social. É uma perda que lamento profundamente.

Leia Mais:
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Currículo Lattes de Antônio Flávio Pierucci

Vivemos uma gravíssima crise de civilização

Atitudes críticas e pro-ativas face à Rio+20

“Creio que se impõem três atitudes que precisamos desenvolver diante da Rio+20. A primeira é conscientizar os tomadores de decisões e toda a humanidade dos riscos a que estão submetidos o sistema-Terra, o sistema-vida e o sistema-civilização. As guerras atuais, o medo do terrorismo e a crise econômico-financeira no coração dos países centrais estão nos fazendo esquecer a urgência da crise ecológica generalizada. Os seres humanos e o mundo natural estão numa perigosa rota de colisão (… ) A segunda atitude tem a ver com um deslocamento e uma implicação que importa operar. Urge deslocar a discussão do tema do desenvolvimento para o tema da sustentabilidade. Se ficarmos no desenvolvimento nos enredamos nas malhas de sua lógica que é crescer mais e mais para oferecer mais e mais produtos de consumo para o enriquecimento de poucos à custa da superexploração da natureza e da marginalização da maioria da humanidade (…) A terceira atitude é de trabalho crítico e criativo dentro do sistema. Já se disse: os velhos deuses (a conquista e dominação) não acabam de morrer e os novos (cuidado e responsabilidade) não acabam de nascer. Somos obrigados a viver num entre-tempo: com um pé dentro do velho sistema, trabalhar e ganhar nossa vida no âmbito das possibilidades que nos são oferecidas; e com outro pé dentro do novo que está despontando por todos os lados e que assumimos como nosso. Há muitas iniciativas que podem ser implementadas e que apontam para o novo”.

Leia o texto completo.

Fonte: Leonardo Boff: Adital: 08/06/2012. O texto pode ser lido também aqui.

Mobilizações no Dia Internacional do Meio Ambiente

Hoje, 5 de junho, é o Dia Internacional do Meio Ambiente. No artigo da Adital, um relato das mobilizações programadas.

Dia do Meio Ambiente: Mobilização Global contra o Capitalismo e a Mercantilização da Vida

Ativistas de todas as partes do mundo vão se mobilizar contra a crise capitalista e em favor de saídas concretas para a crise ambiental. As manifestações serão realizadas no marco da ‘Mobilização Global contra o Capitalismo e a Mercantilização da Vida e em defesa dos bens comuns, da justiça social e ambiental’, convocada pela Assembleia de Movimentos Sociais durante o Fórum Social Temático, realizado em janeiro.


As manifestações de amanhã [de hoje] também querem reforçar o posicionamento dos movimentos sociais e suas propostas, que serão debatidas durante a Cúpula dos Povos por Justiça Social e Ambiental, a ser realizada nos próximos 15 a 23 no Rio de Janeiro (Brasil), onde também acontecerá a aguardada Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20).


A Articulação de Movimentos Sociais para a Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba) está reforçando o chamado da Assembleia dos Movimentos Sociais e evocando a sociedade civil a se juntar aos protestos para mostrar a força das mudanças que estão acontecendo desde toda a América Latina. Mobilizados, ativistas de várias partes do mundo vão lutar contra a mercantilização da vida e em defesa dos bens comuns e pela integração dos povos da região.


As ações preparadas para celebrar o Dia Internacional do Meio Ambiente serão mais uma oportunidade para rejeitar as propostas baseadas na ‘economia verde’ e lutar contra a crise sistêmica que se transforma em crise econômica, financeira, política, alimentar e ambiental e que prejudica o pleno desenvolvimento da vida humana.

Fonte: Natasha Pitts: Adital 04/06/2012

Resenhas na RBL: 31.05.2012

As seguintes resenhas foram recentemente publicadas pela Review of Biblical Literature:

Michael F. Bird
Colossians and Philemon
Reviewed by Rosemary Canavan

Young Sook Choi
“Denn wenn ich schwach bin dann bin ich stark”: Die paulinischen Peristasenkataloge und ihre Apostolatstheologie
Reviewed by Lars Kierspel

Barbara M. Leung Lai
Through the ‘I’-Window: The Inner Life of Characters in the Hebrew Bible
Reviewed by Frank H. Polak

Henning Graf Reventlow; Leo G. Perdue, trans.
History of Biblical Interpretation, Volume 4: From the Englightenment to the Twentieth Century
Reviewed by Jeffrey L. Morrow

Jacques Schlosser
La première épître de Pierre
Reviewed by Jean-Paul Michaud

David I. Starling
Not My People: Gentiles as Exiles in Pauline Hermeneutics
Reviewed by Robert Foster

Daniel B. Stevick
Jesus and His Own: A Commentary on John 13-17
Reviewed by John Painter

R. S. Sugirtharajah
Exploring Postcolonial Biblical Criticism: History, Method, Practice
Reviewed by Jean Louis Ska

John Van Seters
Changing Perspectives I: Studies in the History, Literature and Religion of Biblical Israel
Reviewed by Diana Edelman

Michael Weigl
Die aramäischen Achikar-Sprüche aus Elephantine und die alttestamentliche Weisheitsliteratur
Reviewed by Mark W. Hamilton

>> Visite: Review of Biblical Literature Blog

Economia verde x economia solidária

Economia verde versus economia solidária. Artigo de Leonardo Boff

“O futuro que queremos”, lema central do documento da ONU, não é outra coisa senão o prolongamento do presente. Este  se apresenta ameaçador e nega um futuro de esperança. Num contexto desses, não avançar é retroceder e fechar as portas para o novo”, escreve Leonardo Boff, filósofo, teólogo e escritor.


Segundo ele, junto com a “Rio+20 seria um ganho resgatar também a Estocolmo+40“, pois, continua Leonardo Boff, “nesta primeira conferência mundial da ONU de 5-15 de julho de1972 em Estocolmo na Suécia  sobre o Ambiente Humano, o foco central não era o desenvolvimento mas o cuidado e a responsabilidade coletiva por tudo o que nos cerca e que está em acelerado processo de degradação, afetando a todos e especialmente aos países pobres. Era uma perspectiva humanística e generosa. Ela se perdeu com a cartilha fechada do desenvolvimento sustentável e agora com a economia verde”.

Leia o artigo.

Fonte: Notícias: IHU 05/06/2012

Rio+20 e a urgência de uma nova cosmologia

A ausência de uma nova narrativa na Rio+20

O vazio básico do documento da ONU para a Rio+20 reside numa completa ausência de uma nova narrativa ou de uma nova cosmologia que poderia garantir a esperança de um “futuro que queremos” lema do grande encontro. Assim como está, nega qualquer futuro promissor. Para seus formuladores, o futuro depende da economia, pouco importa o adjetivo que se lhe agregue: sustentável ou verde. Especialmente a economia verde opera o grande assalto ao último reduto da natureza: transformar em mercadoria e colocar preço àquilo que é comum, natural, vital e insubstituível para a vida como a água, solos, fertilidade, florestas, genes etc. O que pertence à vida é sagrado e não pode ir para o mercado dos negócios. Mas está indo, sob o imperativo categórico: apropia-te de tudo, faça comércio com tudo, especialmente com a natureza e com seus bens e serviços (…) Por narrativa ou cosmologia entendemos a visão do mundo que subjaz às idéias, às práticas, aos hábitos e aos sonhos de uma sociedade. Por ela se procura explicar a origem, a evolução e o propósito do universo, da história e o lugar do ser humano. A nossa atual é a narrativa ou a cosmologia da conquista do mundo em vista do progresso e do crescimento ilimitado. Caracteriza-se por ser mecanicista, determinística, atomística e reducionista (…) Em contraposição, surge a narrativa ou a cosmologia do cuidado e da responsabilidade universal, potencialmente salvadora. Ela ganhou sua melhor expressão na Carta da Terra [Leonardo Boff participou da elaboração da Carta da Terra]. Situa nossa realidade dentro da cosmogênese, aquele imenso processo de evolução que se iniciou há 13,7 bilhões de anos. O universo está continuamente se expandindo, se auto-organizando e se autocriando. Nele tudo é relação em redes e nada existe fora desta relação. 

Fonte: Leonardo Boff – Carta Maior: 02/06/2012

Leia o texto completo.

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Earth Charter