Biblistas Mineiros publicam a Estudos Bíblicos 113

Acabo de receber o número 113 da revista Estudos Bíblicos, elaborada pelos “Biblistas Mineiros”. Sobre isto escrevi em 2 de outubro de 2011: Biblistas Mineiros: nova Estudos Bíblicos em 2012.

O título desta Estudos Bíblicos: Bíblia: uma Paideia libertadora.

Editorial: Telmo José Amaral de Figueiredo

Artigos:

  • Airton José da Silva: Paideia grega e Apocalíptica judaica
  • Jaldemir Vitório: Nas sendas do direito e da justiça. Educação para uma vida ética no profetismo bíblico
  • Gilvander Luís Moreira: A Bíblia respira profecia: “Se calarem a voz dos profetas…”
  • Jacir de Freitas Faria: Pedagogia da Paideia grega helenística. Influência na educação judaico-cristã em textos bíblicos canônicos e apócrifos
  • Johan Konings: Jesus, caminho e ensinamento de Deus
  • Neuza Silveira de Souza e Maria de Lourdes Augusta: Aprendendo com a Bíblia a arte de bem-viver
  • Tereza Virgínia Ribeiro Barbosa: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” (Mt 27,46). Aprendendo a derrotar o Mal
  • Pascal Peuzé: Parábolas em questão

Recensões:

  • Konings, Johan. A Bíblia, sua origem e sua leitura. 7. ed. atualizada. Petrópolis: Vozes, 2012, 280 p. Por Telmo José Amaral de Figueiredo [leia mais aqui].
  • Evangelhos e Atos dos Apóstolos: Novíssima tradução dos originais (Tradução, introduções e notas de Cássio Murilo Dias da Silva e Irineu J. Rabuske). São Paulo: Loyola, 2011, 268 páginas. Por Irineu J. Rabuske e Cássio Murilo Dias da Silva [leia mais aqui].

Nossa próxima reunião – para preparar outro número, que sairá daqui uns dois anos – será agora em julho, em Belo Horizonte. E com uma ótima notícia: Carlos Mesters, que era de nosso grupo, vai participar!

Entrevista com Mike Davis sobre a Rio+20

Antes do dilúvio. Entrevista com Mike Davis

Florescem cenários apocalípticos nas críticas do urbanista norte-americano Mike Davis, para quem o futuro está sendo gestado em megalópoles convulsionadas. E será um futuro noir, solapado por catástrofes superlativas, guerras e pandemias de toda sorte. “A Rio+20 tem tanta chance de salvar o mundo como uma convenção de entusiastas do esperanto”, ironiza o também historiador e fundador da New Left Review. A entrevista é de Juliana Sayuri e Ivan Marsiglia e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 17/06/2012. Reproduzida por Notícias: IHU 18/06/2012. Autor de Cidades Mortas, Ecologia do Medo e Holocaustos Coloniais (Editora Record), Apologia dos Bárbaros, Cidade de Quartzo e Planeta Favela (Boitempo Editorial), Michael Ryan Davis cresceu no deserto californiano de El Cajon, foi aprendiz de açougueiro, caminhoneiro e militante estudantil. Atualmente, leciona na Universidade da Califórnia, em Riverside.

Alguns trechos da entrevista:

:: Qual é sua expectativa para a Rio+20?
A Conferência tem tanta chance de salvar o mundo como uma convenção de entusiastas do esperanto ou um encontro de seguidores de Zoroastro. Há sérios pontos para discutir na Rio+20, mas a épica batalha sobre a mudança climática e o desenvolvimento sustentável foi irremediavelmente perdida na esfera da política internacional. Para os futuros historiadores não será difícil aquinhoar a responsabilidade. Mesmo que todos os países ricos compartilhem alguma culpa, alguém apertou o gatilho. O Protocolo de Kyoto foi assassinado no berço pelo Texas – isto é, pelo Partido Republicano norte-americano e os bilionários do petróleo de Houston que o financiam. Os democratas, por sua vez, lamentaram brevemente a morte de Kyoto e, em seguida, discretamente enterraram o aquecimento global como uma questão de campanha. A ausência do presidente Barack Obama no Rio é um sinal de que a mudança climática – questão de vida e morte para grande parte da humanidade – tornou-se órfã.

:: Então a crise financeira de 2008 selou o destino da causa ambiental?
No caso dos EUA, os resultados foram perversos. Inicialmente, os preços astronômicos do petróleo e a necessidade de um estímulo keynesiano parecia apontar para um boom na energia renovável e tecnologias ambientalmente eficientes. Mas foi o combustível fóssil que se renovou com o boom de tar sands (a mais suja fonte de petróleo) de Alberta e os depósitos de gás nas rochas de Pensilvânia. Ao mesmo tempo, o maior empreendimento da administração de Obama em parcerias público-privadas para a indústria de energia alternativa, uma concessão de US$ 500 milhões para energia solar, foi um fiasco por causa da competição chinesa. A depressão americana deu ao lobby “negador” – a campanha de relações públicas com falsos experts para negar a ideia de aquecimento global – e ao lobby antiambientalista, nova vida no Partido Republicano. Romney é um “cético” renascido na mudança climática enquanto alguns de seus oponentes, como Michelle Bachmann, de Minnesota, são oponentes diretos da ciência moderna per se. Assim, a opinião pública dos EUA mudou drasticamente em direção ao ceticismo sobre o aquecimento global.

:: Seu livro Evil Paradises fala de ‘utopias’ bem diversas dessa que acaba de descrever.
Vivemos uma separação sem precedentes entre muito ricos e o restante da humanidade. Seja encastelados em arranha-céus militarizados, metidos em murados subúrbios de luxo ou em paraísos artificiais como Dubai, os 1% mais ricos desistiram de qualquer pretensão de existência compartilhada com o resto de nós. Mas no fim das contas a segurança desses “off worlds”, como são chamados no filme Bladerunner, é puramente ilusória. Vírus e bactérias incubadas nas imundas e superlotadas metrópoles viajam de primeira classe nos aviões…

:: A globalização reduziu as possibilidades de ação de Parlamentos e chefes de Estado na administração da economia mundial?
A crise europeia transformou-se em uma autópsia pública da globalização em sua forma mais radical. Ela mostrou a dificuldade de se superar desequilíbrios estruturais entre grandes economias – mesmo com as mais ousadas tentativas de regulação supranacional da crise. Doutores do FMI, da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu (BCE) alertaram que a prosperidade europeia só pode ser salva por uma integração fiscal e política drástica, pela criação de um genuíno “Estados Unidos da Europa”. Mas a atual vantagem comparativa econômica alemã em produtividade e custos do trabalho inviabilizam isso. De um lado, os contribuintes alemães não aceitam sustentar o bem-estar social de gregos e espanhóis. De outro, seria uma humilhação e rendição das soberanias nacionais em troca de benefícios hipotéticos após longos ajustes de austeridade. Os chamados fundos de resgate oferecidos são basicamente um programa para evitar prejuízos aos bancos do norte. Na Grécia, por exemplo, os empréstimos do BCE foram basicamente usados para transferir o risco de bancos estrangeiros para a Grécia e contribuintes europeus. Na Irlanda e na Espanha, transformaram perdas bancárias em dívida pública. Uma vez que os grandes bancos têm sempre prioridade nos botes salva-vidas – enquanto mulheres e crianças ficam por último -, austeridade e dívida vão continuar em uma espiral fora de controle. Essa política está condenando os EUA e a Europa a uma estagnação que já faz lembrar a “década perdida” da América Latina nos anos 1980. Poderão a China e os outros Brics continuarem a crescer em meio a essa depressão? Pergunte aos bancos chineses…

Leia o texto completo. Vale a pena.

Fonte: Notícias: IHU 18/06/2012

O Conselho Mundial de Igrejas na Rio+20

CMI destacará perspectivas éticas na Rio+20

O moderador do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), o pastor brasileiro Walter Altmann, será um dos oradores, na sexta-feira, 22 de junho, na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, reunida no Centro de Convenções do Rio de Janeiro. Na ocasião também será lida mensagem do Patriarca Ecumênico Bartolomé I, de Constantinopla.

O encontro, que contará com representantes de várias religiões, foi organizado pelo CMI, Cáritas Internacional, Federação Luterana Mundial e Religiões pela Paz.

Delegação do CMI participará da Rio+20, dias 20 a 22, e da Cúpula dos Povos pela Justiça Social e Ambiental, organizada pela sociedade civil.

“Esperamos que os resultados do Rio reflitam efetivamente um ‘nós’ mais amplo, que inclua em particular as comunidades mais pobres e vulneráveis d o mundo”, disse o encarregado do programa do CMI sobre mudança climática e coordenador da delegação, Guillermo Kerber.

A delegação do CMI vai enfatizar as preocupações éticas e as perspectivas religiosas numa série de eventos que o organismo ecumênico internacional, em parceria com outras organizações, preparou para os dois eventos. O foco está na ecojustiça e um dos programas tem por tema “As perspectivas éticas e religiosas do futuro que queremos”.

“O futuro que queremos” é o título do documento final de Rio+20, do qual se espera que inclua um apelo à ação e assuma uma série de compromissos por parte dos países participantes.

Num evento paralelo, o CMI ofertará o tema “Envolvimentos éticos da sustentabilidade: perspectivas religiosas e educativas”, organizado em colaboração com a Aliança Batista Mundial, a Junta Geral de Igreja e Sociedade, da Igreja Metodista Unida, o Escritório Maryknoll para Assuntos Globais, o Fórum Internacional de Direitos Humanos e a Universidade de Washington.

Na abordagem do tema “A espiritualidade e a ética da água”, a Rede Ecumênica da Água (REDA), do CMI, se unirá à Iniciativa das Religiões Unidas e Fé Sem Fronteiras. O tema será dirigido pelo teólogo Reijo Heinonen, decano fundador da Faculdade de Teologia da Universidade de Joensu, da Finlância.

Junto com um grupo de crianças, delegados e delegadas do CMI participarão de painel organizado por World Team Now sobre Humanidade e Meio Ambiente, os Recursos do Mundo.

O escritório da Coordenação Ecumênica preparou um amplo programa sobre o tema “Religiões por  direitos”, para a Cúpula dos Povos. Esse escritório foi estabelecido em março por Koinonia, organização brasileira integrada à ACT Aliança, no Rio, e que ficou a cargo do teólogo Marcelo Schneider, também responsável pela comunicação do CMI na América Latina.

O programa reunirá participantes ecumênicos e inter-religiosos, também na vigília que terá lugar na noite do dia 17. Na quinta-feira, 21, o teólogo brasileiro Leonardo Boff abordará o tema “Bases éticas e teológicas da justiça temática”.

Fonte: ALC/CMI – 13/06/2012