García Martinez: a pesquisa atual sobre Qumran

Leio hoje no BibbiaBlog um texto muito interessante de Florentino García Martínez: Che cosa è cambiato nella ricerca su Qumran. Polemiche e prospettive [O que mudou na pesquisa sobre Qumran. Polêmicas e Prospectivas], originariamente publicado em SBF Taccuino em 30.11.2007, às 20:35. SBF é a sigla do Studium Biblicum Franciscanum, Jerusalém.

Como se sabe, Florentino García Martínez é um importante especialista em Qumran e Manuscritos do Mar Morto.

Neste artigo, aqui traduzido do espanhol para o italiano, ele aborda três pontos:
. Primo punto: i cambiamenti nella ricerca – as mudanças na pesquisa
. Punto secondo: Le polemiche – as polêmicas
. Punto terzo: prospettive – Prospectivas

A fonte é García Martínez, Florentino. “Qumrán en el siglo XXI: Cambios y perspectivas después de 50 años de estudios”, in Miscelánea de Estudios Árabes y Hebraicos 55 (2006) 309-334.

O artigo original, em espanhol, pode ser baixado, em pdf, clicando aqui.

Sobre o uso social da Web no Brasil

Como se sabe, começou hoje, em Las Vegas, a CES (Consumer Electronics Show) 2008. Veja o quanto se “baba” sobre o evento. Leia aqui.

É, por isso, uma boa hora para se ler a entrevista feita pela IHU On-Line com Gilson Schwartz, Professor do Departamento de Cinema, Rádio e TV da Escola de Comunicações e Artes da USP: ‘Uma internet sem espírito gera apenas um monte de ‘macacos’ jogando videogame’.

O Brasil está dividido entre entre o anseio de se transformar um país desenvolvido e as dificuldades que o fazem permanecer no grupo dos sonhadores subdesenvolvidos. Apostar em tecnologias e, mais especificamente, na produção digital direcionada para o mercado online seria uma possibilidade para o país engatinhar rumo ao desenvolvimento. Com o avanço da produção social na internet, parece que Brasil “vai entrar no mundo desenvolvido em alguns instantes, mas falta muito, muito para chegar lá”, lamenta o professor Gilson Schwartz, da Universidade de São Paulo (USP). Em entrevista por telefone à IHU On-Line, o pesquisador disse que a produção social realizada pelos brasileiros, ainda é baixa e que neste quesito o país “está atrasado”.

Para crescer no mercado imaterial, “sem dúvida a economia precisa crescer, necessita emprego, ou seja, precisamos das condições básicas, mas sem criatividade e inovação, continuaremos a consumir bovinamente o óbvio”, alerta o pesquisador.

Gilson Schwartz é graduado em Economia e em Ciências Sociais, pela Universidade de São Paulo (USP), e mestre e doutor em Ciência Econômica, pela Universidade Estadual de Campinas. Desde 2005, é professor do Departamento de Cinema, Rádio e TV da Escola de Comunicações e Artes da USP. Atua desde 1994 como consultor de instituições financeiras como BankBoston (como economista-chefe). É também assessor da Presidência no BNDES e consultor do BNB, CEF e Banco do Brasil. Ele concedeu outra entrevista à IHU On-Line, na edição 226, de 02-07-2007, intitulada Second Life: uma fábrica de sonhos e desejos.

IHU On-Line – Qual é a sua análise econômica sobre a produção social atual no Brasil?

Gilson Schwartz – Em termos mais gerais, levando em consideração os indicadores internacionais, nossa posição na internet é equivalente às que exibimos em outras áreas. O Brasil é um país de tamanho médio, encontrando-se na fronteira superior do mundo em desenvolvimento. Parece que irá entrar no mundo desenvolvido em alguns instantes, mas falta muito, muito mesmo para chegar lá, como atestam os indicadores educacionais. A nossa produção social na rede teria um destaque maior se a distribuição de renda fosse melhor.

IHU On-Line – Quais são as principais consequências dessa produção social para a justiça social, visto que já há casos de bloqueios de alguns portais por determinações da justiça, como aconteceu recentemente com o youtube?

Gilson Schwartz – A principal consequência é que a produção social (a chamada “wikinomia”) pode gerar novos tipos de problemas, além de aumentar o espaço para antigos problemas. Um exemplo desses novos problemas está relacionado a essa questão do You Tube, em que um vídeo sem a autorização da pessoa vai para a rede. Hoje em dia, ficou muito fácil capturar material e distribuir sem maior responsabilidade. Então, essa é uma consequência que pode criar situações, que, do ponto de vista da justiça, são claramente ofensivas aos direitos das pessoas.

IHU On-Line – No Ciclo produzido pelo Instituto de Estudos Avançados da USP, sobre o livro A riqueza das redes [Yochai BENKLER, The Wealth of Networks: How Social Production Transforms Markets and Freedom. New Haven: Yale University Press, 2007, 528 p. – ISBN 9780300125771. A Riqueza das Redes: Como a Produção Social Transforma os Mercados e a Liberdade], discutiu-se a inserção da produção social na cultura brasileira. Como essa inserção vem acontecendo?

Gilson Schwartz – O Brasil tem uma população urbana muito grande, mas, por enquanto, a chamada produção social (que muitos traduzem como “web 2.0”) não tem grande destaque no país. Se formos observar o que tem acontecido de mais criativo em termos de uso social da rede, a chamada produção social, o Brasil está atrasado, como são atrasadíssimos todos os indicadores sociais do país. Mas, aos poucos, estão surgindo projetos inovadores. Falam muito do gosto do brasileiro por mídia, mas esquecem de dizer que a massa de usuários da web é “formada” por décadas de Xuxas, Trapalhões, sensacionalismo barato e até de cunho religioso, entre outras práticas de baixo impacto criativo.

Perspectivas

A produção social é fruto de duas determinações. Uma é o PIB (Produto Interno Bruto), com o crescimento econômico, desenvolvimento econômico, o que ajuda a aperfeiçoar a nossa capacidade criativa. O outro PIB, que se escreve do mesmo jeito, mas que tem um significado oposto, podemos chamar de “Produto Intangível”, ou “Imaterial”. Ele diz respeito não à economia, tal como conhecemos, mas a uma nova visão que é a da “iconomia”, a economia dos intangíveis, dos imateriais, dos ícones. Claro que a expansão criativa da iconomia depende basicamente de educação e renda. Para crescer nesse mercado intangível, sem dúvida a economia precisa crescer, necessita emprego, ou seja, precisamos das condições básicas, mas, sem criatividade e inovação, continuaremos a consumir bovinamente o óbvio. Uma internet sem espírito gera apenas um monte de “macacos” jogando videogame.

IHU On-Line – Com a produção social surge uma nova economia, a economia imaterial (iconomia)?

Gilson Schwartz – A visão de uma produção social engloba tanto o mercado como aquilo que vai além do mercado. Em última análise, ela também é fundamental para regular e controlar o mercado. A rede digital, em contraposição ao mercado, onde aparece apenas o preço, coloca em evidência na rede digital uma inteligência coletiva que pode levar até mesmo a uma nova consciência de que é necessário salvar o planeta.

IHU On-Line – O senhor pode falar um pouco mais da influência que a obra de Benkler tem tido sobre as pesquisas relacionadas à produção social?

Gilson Schwartz – Sobre as pesquisas, o Benkler é menos um influenciador, e mais um sistematizador. O livro dele tem o mérito de sistematizar uma visão hacker-liberal da sociedade em rede, que é muito forte nos Estados Unidos.

IHU On-Line – Que tipo de grupamentos sociais influenciaram na formação da cultura da internet?

Gilson Schwartz – Não existe a cultura “da” internet. A rede é mais um meio de comunicação que possibilita a criação cultural. Considero exagerado transformar a cultura da internet num ícone, como se ela tivesse que ser exportada para todos os lugares do mundo. Se fosse assim, todos nós deveríamos nos tornar hackers para integrar essa nova sociedade. Esse talvez seja um dos limites da obra do próprio Benkler, que afirma a existência de uma cultura “da” internet. Obviamente, é possível associar formas e culturas às tecnologias que as pessoas utilizam para viver, como o automóvel, ou os garfos e as roupas.

Não vamos negar que existe um aspecto importante na cultura material e na maneira como se usa a tecnologia. Mas é reducionista pensar que a cultura da internet é, sobretudo, a cultura que a própria internet produz. Quer dizer, o que define a cultura é um conjunto de elementos que não se limita a uma tecnologia. Não é a tecnologia que determina a evolução da cultura, embora, sem dúvida alguma, ela é um dos fatores fundamentais que moldam a nossa vida.

A tecnologia não funciona como uma matriz geradora de cultura, pois é parte da nossa cultura material. Essa seria a minha crítica ao próprio Benkler e a maneira como ele encaminha a discussão sobre produção social, promovendo uma espécie de hipertrofia da cultura da internet, que não corresponde à realidade das sociedades nem dos mercados.

Fonte: IHU – 07/01/2008

Centenarios de Machado e Rosa

Seminário Nacional de Literatura e Cultura Brasileira: Machado e Rosa

Esse seminário, a realizar-se no período de 30 de setembro a 03 de outubro de 2008, presta uma homenagem a dois dos mais destacados representantes da Literatura brasileira: Machado de Assis e Guimarães Rosa. A Machado de Assis associa-se, entre outras coisas a criação de Academia Brasileira de Letras e a Guimarães Rosa a inserção definitiva da Literatura brasileira em âmbito mundial. No ano em que são comemorados o centenário de morte de Machado de Assis e o de nascimento de Guimarães Rosa, torna-se imperiosa uma ação que preste homenagem a esses dois ilustres brasileiros [sublinhados meus].

De 30 de setembro a 3 de outubro de 2008? Ainda está longe, mas fique de olho!

Fonte: IHU Eventos

Os 4 blogs da Professora Claudia A. P. Ferreira

Em 16 de outubro de 2007 noticiei o nascimento do blog de Cláudia Andréa Prata Ferreira, Professora Doutora do Setor de Hebraico do Departamento de Letras Orientais e Eslavas da Faculdade de Letras da UFRJ e do Programa de Pós-Graduação em História Comparada (PPGHC) do Departamento de História da UFRJ. Blog que levava o nome de Estudos Judaicos – Estudos Bíblicos – Língua Hebraica.

O que vi hoje é que, novo ano, a Prof. Cláudia fez uma remodelação, dividindo os assuntos e mantendo, como descobri via John Hobbins, 4 blogs:
. Língua Hebraica
. Estudos Judaicos
. Estudos Bíblicos
. História das Religiões e Religiosidades

Meus parabéns! Seus endereços já estão incluídos no meu Blogroll do Google Reader.

International Biblical Studies Writing Month

Chris Brady at Targuman, circa a month ago, declared December through January International Biblical Studies Writing Month: “By the power vested in me by the Great Meturgeman (…) I declare January (and a bit of December) Biblical Studies Academic Writing Month”.

Till now the challenge has been accepted by Tim Bulkeley at SansBlogue, by Chris Heard at Higgaion, by AKMA at Random Thoughts, by Charles Halton at Awilum, and by Dr. Claude Mariottini at Dr. Claude Mariottini – Professor of Old Testament. If it is an International Call for any material related to the Bible and submitted for publication, I have something.

I finished in December 27, 2007 an article about Ruth. The article, in Portuguese (Brazilian) Language, Leitura socioantropológica do livro de Rute [Ruth in Social-Scientific Perspective], will be published until June of 2008 by Estudos Bíblicos [Biblical Studies Journal] n. 98, Editora Vozes, Petrópolis, RJ, Brazil – ISSN 16764951.

The essay seeks to look for the background world of the story of Ruth in the Persian Province of Yehud. Accepting the biblical book as a fictitious story based on real locations, the article uses social science approaches to describe the imaginative world in which the action takes place. Since the story uses real places and fictitious persons to construct the narrative, I considered three levels of perception: 1. the imaginative world of the story itself; 2. the real world behind the book’s references, and 3. the social and ideological constructs of this world.

The story of Ruth, often read as an idyllic story or as a book oriented to the final Davidic genealogy, and yet sometimes as a figurative expression of a post-exilic hope for the restoration of the Davidic dynasty, was modified by an androcentric closure, but it is a strongly gynocentric narrative with a serious intent: it may be read as a countertext, deviating from dominant biblical norms, and producing a radical vision while remaining seamlessly attached to the prevailing traditions that it implicitly transforms.

I introduce the article, in Portuguese, with these words:

Ao fazer a proposta de uma leitura socioantropológica, estou sugerindo que estas duas ciências sociais, entre outras, podem contribuir hoje de maneira eficaz para o estudo dos textos bíblicos. Mas também estou pressupondo como necessária a abordagem literária dos mesmos textos bíblicos, para evitar a armadilha da leitura do texto como relato fidedigno da realidade social subjacente.

Qual seria, porém, a contribuição específica da leitura socioantropológica? Penso que pode ser o fato desta abordagem examinar não somente a literatura bíblica, mas também as forças sociais subjacentes à produção desta literatura, onde se distingue a sociedade que está por trás do texto da sociedade que aparece dentro do texto. O desafio maior, neste caso, será combinar, sem reducionismos, as abordagens socioantropológica e literária.

Vou utilizar o livro de Rute para visualizar esta proposta. Este livro é uma estória que usa lugares reais e pessoas fictícias situadas em determinado espaço e tempo para construir a sua narrativa. Daí que três níveis conectados pela perspectiva conferida ao texto pelo autor/a da estória devem ser considerados:
· o imaginário do autor/a que gera a narrativa
· o mundo real fora do livro
· a construção social e ideológica deste mundo pelo autor/a para atingir um objetivo.

É preciso, portanto, como sugeri, olhar em duas direções:
· para a sociedade que aparece dentro do texto, observando quem são os personagens, o mundo no qual se movem e quais são suas práticas econômicas, políticas e sociais
· para a sociedade que aparece por trás do texto, investigando a situação na qual e para a qual o livro foi escrito.

Deste modo deveria ser possível mostrar que o modo como os personagens organizam sua visão de mundo são, na verdade, ferramentas literárias utilizadas pelo autor/a na construção de uma estória totalmente fictícia, mas que, sem dúvida, produz uma mensagem que é considerada pelo autor/a de Rute como um caminho a ser buscado, estruturando o livro como uma narrativa orientada por uma proposta séria.

O artigo pode ser desenvolvido da seguinte maneira:
1. Olhando a estória com os olhos do autor/a, pergunto: o que diz o livro de Rute?
2. Olhando para além do livro, pergunto: o que é possível saber da época em que foi escrito o livro de Rute?
3. Olhando a estória com os olhos do leitor atual, pergunto: qual é a proposta do livro de Rute?