Leio na página do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora, MG, a notícia:
“Será ministrada, hoje, 26/10, na UFJF, a palestra Religiões mundiais e ética mundial, pelo Ciclo de Conferências com Hans Küng. O evento será no Museu de Arte Moderna Murilo Mendes a partir das 20:00h. A entrada é franca. Pouco antes, às 19:00h, o Prof. Hans Küng receberá da UFJF o título de Doutor Honoris Causa. Confira a programação. O prof. Hans Küng, que nasceu na cidade de Sursee (Suíça) em 1928, é hoje considerado um dos mais importantes teólogos e pensadores católicos de nosso tempo”.
UFJF concede título ao teólogo Hans Küng – 29/10/2007
A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) concedeu seu maior título, o de Doutor Honoris Causa, a um dos maiores teólogos do mundo, Hans Küng, pelo relevante trabalho prestado em favor da paz entre as religiões e defesa da paz mundial. A cerimônia no Museu de Arte Murilo Mendes (MAMM), reuniu o Conselho Superior da UFJF, dia 26 de outubro passado, encerrando a visita do teólogo e pensador ao Brasil.
Para agradecer o título, Hans Hüng ocupou a tribuna do anfiteatro, que estava lotada pelos membros do Conselho e admiradores, para dizer, em alemão e traduzido pelo professor de língua e Literatura Alemã do Centro de Cooperação Internacional Brasil-Alemanha da Universidade Federal do Paraná, Paulo Astor Soethe, que se sente ainda mais honrado pela concessão do título tão longe de casa e elogiou a maneira dos presentes à cerimônia ao acompanhar o hino nacional. “Estou impressionado como todos sabem a letra. Na Alemanha não é usual cantar o hino do país”, afirmou Hans.
O Professor e Conselheiro, Eduardo Condé, que abriu a cerimônia da noite, disse que é um grande privilégio para a Universidade conceder sua maior honraria ao maior teólogo do mundo. “Sua vinda ao Brasil tem por objetivo difundir, no país, a proposta e os atuais resultados do “Projeto de Ética Mundial”, no qual vem se empenhando desde a década de 90″.
O Reitor da UFJF, Professor Henrique Duque, disse que o título concedido a Hans demonstra uma preocupação da UFJF em difundir ensinamentos através do comportamento. “O mais novo Doutor Honoris Causa é um exemplo a ser seguido na luta pela busca de um mundo melhor, sem violência, sem injustiça. Procuramos a todo instante a paz, mas vemos o contrário, total ausência do amor”, enfatizou o Reitor.
Hans Küng defende regras para manter a ordem mundial, métodos anticoncepcionais e fim do celibato.
Hans Güng destacou o fato do Projeto de Ética Mundial encontrar bastante aceitação no país. O Brasil é conhecido no mundo todo como uma nação especialmente capaz no futebol. “E o futebol, que se difundiu no mundo todo, é um exemplo de que precisamos de regras globais. Para que haja jogo bonito, é necessária a observância dessas regras. O princípio da ética global é a aceitação destas regras por todos”, enfatizou.
Sobre sua polêmica relação com o Papa João Paulo II, o teólogo afirmou que “ele sempre irradiou muita liberdade para fora. Dizia ser um Papa da mídia, mas para dentro da Igreja praticou sempre a repressão e, ao invés de fazer reformas, preocupava-se mais com a questão da aparição na mídia”. Segundo Hans, as visitas do Papa ao Brasil não contribuíram para a solução dos problemas mais urgentes dos brasileiros, como o uso de anticoncepcionais, homossexuais e liberdade ecumênica.
Sobre o atual representante da Igreja, Papa Bento XVI, o teólogo afirmou ser um líder conservador, mas muito mais aberto ao diálogo. “João Paulo II jamais respondeu alguma carta ou livros que enviei a ele. Por outro lado, Bento XVI respondeu de maneira muito positiva a uma carta que enviei. Além disso, nos encontramos, e, ao final do encontro, ele tomou a iniciativa de comunicar à imprensa pontos importantes sobre a ética mundial: a questão do diálogo com as religiões e o diálogo entre ciência e teologia”, defendeu o teólogo.
Hans Küng sabe que existem muitas questões pedindo por reformas dentro da Igreja. “Precisamos de mais padres, mais pastores. Sou a favor do casamento de padres e acho que deveríamos ordenar também as mulheres”, concluiu o teólogo.
Fonte: UFJF