Concilium: Teologia do Pluralismo Religioso

A Revista Internacional de Teologia CONCILIUM foi fundada em 1965 pelos teólogos Y. Congar, H. Küng, J. B. Metz, K. Rahner e E. Schillebeeckx. Esta revista – iniciada por estes maiores teólogos europeus do século XX – agrupou aos poucos em torno de si teólogos de renome do mundo inteiro. Hoje a revista é elaborada por teólogos europeus, latino-americanos, asiáticos, americanos e africanos. Os números são publicados simultaneamente em 7 línguas: francês, inglês, italiano, alemão, holandês, espanhol e português. Cada número da revista gira em torno de uma temática específica e relevante para o cristianismo.

Acabo de receber o fascículo 319 – 2007/1 da Revista Concilium. Tem 150 páginas. Seu tema: Teologia do Pluralismo Religioso: O Paradigma Emergente.

Leio na última capa:
A emergência cada vez mais clara do pluralismo, a ponto de se desenhar novo paradigma, impele a abordá-lo novamente, com mais força, buscando novos insights e ensaiando nova linguagem. Algumas perguntas conduziram os organizadores deste fascículo de Concilium: Seria o pluralismo religioso apenas consequência do caminho do cristianismo na fase de modernidade, ou seja, um fenômeno ocidental pelo qual outras tradições religiosas não se interessam? Ou as religiões todas são chamadas ao salto paradigmático? E com que recursos poderiam fazê-lo? Em diferentes tradições religiosas não se encontrariam já elementos de universalidade e de aceitação do pluralismo como forma desta universalidade?

Sumário

Editorial
Luiz Carlos SUSIN – Emergência e urgência do novo paradigma pluralista

Parte I – Situação
1. Tissa BALASURIYA – As religiões, especialmente o cristianismo, diante do futuro
2. Faustino TEIXEIRA – O pluralismo religioso como novo paradigma para as religiões

Parte II – Discernimento
1. José Maria VIGIL – O paradigma pluralista: tarefas para a teologia. Para uma releitura pluralista do cristianismo
2. Paulo SUESS – Da revelação às revelações
3. Marcelo BARROS – Moradas do vento nos caminhos humanos. Para uma teologia da hierodiversidade
4. Leonardo BOFF – É o Cristo cósmico maior que Jesus de Nazaré?
5. Javier MELLONI – Mediação e opacidade das Escrituras e dos dogmas
6. Lieve TROCH – O mistério em vasos de barro: balbuciando uma linguagem figurada sobre Deus dentro de novas experiências de religião
7. J. Amando ROBLES – A religião, um mapa para a salvação? Algumas mudanças epistemológicas

Parte III – Perspectivas Práticas
1. Paul F. KNITTER – A transformação da missão no paradigma pluralista
2. Andrés Torres QUEIRUGA- Repensar o pluralismo: da inculturação à inreligionação
3. Felix WILFRED – Cristianismo e cosmopolitismo – Para uma universalidade inversa
4. Pedro CASALDÁLIGA/José Maria VIGIL – Espiritualidade e pluralismo religioso

Conclusão
Luiz Carlos SUSIN – Refletindo o percurso: um clamor e uma luz que vêm de toda parte

Pesquisa Datafolha: as religiões dos brasileiros

Religiões no Brasil, segundo o Datafolha, em 05/05/2007:

  • Católica: 64%
  • Evangélica Pentecostal: 17%
  • Evangélica não Pentecostal: 5%
  • Espírita Kardecista, Espiritualista: 3%
  • Umbanda: 1%
  • Outra Religião: 3%
  • Não tem religião: 7%

Leia:
Especial 2007: Visita do Papa ao Brasil
Evangélicos avançam na periferia das metrópoles
Papa vai encontrar Brasil menos católico, aponta Datafolha
Pesquisa revela que 11% dos brasileiros têm mais de uma religião

The Lost Kings of the Bible

Claude Mariottini e Jim West estão debatendo o tema do programa que será apresentado amanhã no National Geographic, como dito aqui. E neste debate apareceu a figura de J. Alberto Soggin.

Fui aluno de J. Alberto Soggin na década de 70, no Pontifício Instituto Bíblico, em Roma. Nós o admirávamos por sua enorme cultura e capacidade de apresentar complexas discussões sobre as tradições patriarcais ou sobre os poemas do Servo de Iahweh do Dêutero-Isaías, só para citar dois dos cursos que fiz com o ilustre mestre. Sei também que em sua História de Israel ele teve a capacidade de ir se adaptando às novas descobertas, com mente bastante aberta. Coisa incomum. Na verdade, ele é um estudioso bastante incomum.

Entretanto, na opinião de Niels Peter Lemche – em The Israelites in History and Tradition, p. 141 -, Soggin, assim como outros estudiosos da História de Israel, ainda fazem apenas paráfrases mais ou menos dogmáticas da imagem do antigo Israel gerada na Alemanha a partir da grande influência de Martin Noth. Neste grupo estão, além de Soggin (1984;1993) as “Histórias de Israel” de Martin Metzger (1983), Siegfried Hermann (1973), Antonius H. J. Gunneweg (1972), Georg Fohrer (1977), Herbert Donner (1984-86), Gösta W. Ahlström (1993), R. de Vaux (1971;1973)… Este texto de Lemche é de 1998.

O texto mais recente que tenho de Soggin é exatamente sobre Davi. E está no livro Recenti Tendenze nella Ricostruzione della Storia Antica d’Israele, publicado em 2005 a partir da Conferência Internacional sobre as Tendências Recentes na Reconstrução da História do Antigo Israel realizada em Roma em 2003. Amanhã preciso ler este texto para ver sua posição mais recente sobre o “caso Davi”.

Antecipo apenas o que tenho no resumo da Conferência feito pela Associazione Orientalisti:
Prof. Soggin showed how the boundary traced by scholars between the historical and the non-historical parts of the Old Testament has shifted in recent years in the relevant literature (including his own Introduction to the History of Israel and Judah’s various editions), up to secluding the kingdom of David into the realm of legend. The foundation of the state by David cannot any longer be considered a historical fact, because the narrative on the foundation in Samuel and Kings is Deuteronomistic (transmitted half a millenium after the events); seven centuries later was composed the book of Chronicles, in which David does not committ any guilt; the quality of the sources is not reliable. This does not mean that David and Salomon never existed. It is possible that Israel and Judah were unified under two kings called David and Solomon. But we cannot use the biblical narrative on David itself as a historical source. Outside the Old Testament, mentions of David are useless to the task of the historian: in the Mesha stele the context in which David’s name appears is not clear; the Tel Dan inscription is too a contentious piece of evidence, in regard both to its genuinity and to the actual meaning of the expression BYT DWD.