Claude Mariottini e Jim West estão debatendo o tema do programa que será apresentado amanhã no National Geographic, como dito aqui. E neste debate apareceu a figura de J. Alberto Soggin.
Fui aluno de J. Alberto Soggin na década de 70, no Pontifício Instituto Bíblico, em Roma. Nós o admirávamos por sua enorme cultura e capacidade de apresentar complexas discussões sobre as tradições patriarcais ou sobre os poemas do Servo de Iahweh do Dêutero-Isaías, só para citar dois dos cursos que fiz com o ilustre mestre. Sei também que em sua História de Israel ele teve a capacidade de ir se adaptando às novas descobertas, com mente bastante aberta. Coisa incomum. Na verdade, ele é um estudioso bastante incomum.
Entretanto, na opinião de Niels Peter Lemche – em The Israelites in History and Tradition, p. 141 -, Soggin, assim como outros estudiosos da História de Israel, ainda fazem apenas paráfrases mais ou menos dogmáticas da imagem do antigo Israel gerada na Alemanha a partir da grande influência de Martin Noth. Neste grupo estão, além de Soggin (1984;1993) as “Histórias de Israel” de Martin Metzger (1983), Siegfried Hermann (1973), Antonius H. J. Gunneweg (1972), Georg Fohrer (1977), Herbert Donner (1984-86), Gösta W. Ahlström (1993), R. de Vaux (1971;1973)… Este texto de Lemche é de 1998.
O texto mais recente que tenho de Soggin é exatamente sobre Davi. E está no livro Recenti Tendenze nella Ricostruzione della Storia Antica d’Israele, publicado em 2005 a partir da Conferência Internacional sobre as Tendências Recentes na Reconstrução da História do Antigo Israel realizada em Roma em 2003. Amanhã preciso ler este texto para ver sua posição mais recente sobre o “caso Davi”.
Antecipo apenas o que tenho no resumo da Conferência feito pela Associazione Orientalisti:
Prof. Soggin showed how the boundary traced by scholars between the historical and the non-historical parts of the Old Testament has shifted in recent years in the relevant literature (including his own Introduction to the History of Israel and Judah’s various editions), up to secluding the kingdom of David into the realm of legend. The foundation of the state by David cannot any longer be considered a historical fact, because the narrative on the foundation in Samuel and Kings is Deuteronomistic (transmitted half a millenium after the events); seven centuries later was composed the book of Chronicles, in which David does not committ any guilt; the quality of the sources is not reliable. This does not mean that David and Salomon never existed. It is possible that Israel and Judah were unified under two kings called David and Solomon. But we cannot use the biblical narrative on David itself as a historical source. Outside the Old Testament, mentions of David are useless to the task of the historian: in the Mesha stele the context in which David’s name appears is not clear; the Tel Dan inscription is too a contentious piece of evidence, in regard both to its genuinity and to the actual meaning of the expression BYT DWD.
Airton,
The question about the historicity of David and Solomon is of great concern to many people. Scholars are divided about the Tel Dan Stela. I come on the side of those who read the text as “The house of David.”
I believe Soggin is a great scholars and I have read and used many of his works. It is good to know you were one of his students.
Claude Mariottini
Claude,
Obrigado pelo comentário. Eu acredito – como disse meu colega Telmo Figueiredo no editorial da revista “Estudos Bíblicos”, elaborada pelos “Biblistas Mineiros” – que, neste campo, ainda estamos no começo de grandes descobertas.
Penso que vivemos uma época fascinante no que diz respeito à pesquisa arqueológica e ao avanço da pesquisa bíblica. Somos privilegiados!
Quanto ao Soggin, ele foi realmente um dos grandes professores que tive.
Um abraço
Airton