O Seminário Europeu de Metodologia Histórica

Estive fazendo um levantamento da produção do Seminário Europeu de Metodologia Histórica (European Seminar in Historical Methodology) que começou os seus debates em 1996.

Sobre a constituição do Seminário, leia os dois primeiros itens de meu artigo Pode uma ‘História de Israel’ Ser Escrita? Observando o debate atual sobre a História de Israel.

O que pude verificar – de modo incompleto, por falta de algumas informações – é o seguinte:

  • Os encontros são anuais e até agora onze foram realizados. Em diferentes locais, como Dublin (Irlanda), Lausanne (Suíça), Utrecht (Países Baixos), Berlim (Alemanha), Copenhague (Dinamarca), Groningen (Países Baixos), Dresden (Alemanha) e Budapeste (Hungria).
  • Em geral, em julho ou agosto, período de férias de verão na Europa.
  • Parece-me que a partir da fundação da Associação Europeia de Estudos Bíblicos (EABS – European Association of Biblical Studies) o Seminário passou a ser realizado como uma de suas seções.
  • E, algumas vezes, a EABS fez seus encontros junto com a Sociedade de Literatura Bíblica (SBL – Society of Biblical Literature), levando, assim, o Seminário para dentro do encontro europeu da SBL.

As obras publicadas até agora [2007], pelo que estou sabendo, mas suspeito não estar sabendo de tudo, são as seguintes:

. GRABBE, L. L. (ed.) Can a ‘History of Israel’ Be Written? Sheffield: Sheffield Academic Press, 1997, 201 p. [T. & T. Clark: 2005 – ISBN 0567043207]. Resenhas: Gary N. Knoppers, RBL; Ayrton’s Biblical Page.

. GRABBE, L. L. (ed.) Leading Captivity Captive: ‘The Exile’ as History and Ideology. Sheffield: Sheffield Academic Press, 1998, 161 p. ISBN: 1850759073. Resenha: Ayrton’s Biblical Page.

. GRABBE, L. L. (ed.) Did Moses Speak Attic? Jewish Historiography and Scripture in the Hellenistic Period. Sheffield: Sheffield Academic Press, 2001, 352 p. ISBN 1841271551. Resenha: Erich Gruen, RBL.

. GRABBE, L. L. (ed.) ‘Like a Bird in a Cage’: The Invasion of Sennacherib in 701 BCE. Sheffield: Sheffield Academic Press, 2003, 352 p. ISBN 0826462154.

. GRABBE, L. L. (ed.) Good Kings and Bad Kings. London: T & T Clark, 2005, x + 371 p. ISBN 0826469760. Resenhas: John Engle and Eckart Otto, RBL.

. GRABBE, L. L. (ed.) Ahab Agonistes: The Rise and Fall of the Omri Dynasty. London/New York: T & T Clark, 2007, 368 p. ISBN 9780567045409.

Tumba de Herodes e conflito no Oriente Médio

In Israel and Palestine, archaeology is never simply archaeology… Em Israel e na Palestina, arqueologia nunca é apenas arqueologia…

Nada do que acontece naquela terra disputada por palestinos e israelenses fica sem consequências políticas. O que já foi dito para Jerusalém, vale, em semelhante proporção, para o resto do território: Here history, religion and politics meet. Nothing in Jerusalem can be understood without all three, ou: “Aqui, história, religião e política se encontram. Nada em Jerusalém pode ser entendido sem estes três [elementos]”.

E em Herodium? Vale a mesma regra? Pois a a tumba de Herodes, descoberta por um arqueólogo israelense, Ehud Netzer, está em território palestino ocupado por Israel. E isto pode ser um problema.

Na versão digital da Rádio Nederland, emissora internacional da Holanda, há uma versão diferente da descoberta da tumba de Herodes.

Em Herod’s tomb found near Bethlehem se lê que Wael Hamamreh, diretor da Autoridade Palestina de Antiguidades para o distrito de Jericó, argumenta que a tumba talvez não seja de Herodes, mas do arquiteto do lugar: “It seems that they don’t have enough evidence,” said Wael Hamamreh, the Palestinian Authority’s director of antiquities for the Jericho district. “There is no inscription on the sarcophagus or any other solid evidence for that matter. It could have been even the tomb of the architect of the place.” Isto foi dito ao Washington Post.

O que parece uma reação absurda tem sua razão de ser: diz o texto que já na terça-feira, ao ser divulgada a descoberta, Shaul Goldstein, um leader de Gush Etzion, conjunto de assentamentos israelenses da região, situados em território ocupado, reivindicou que Herodium e a tumba de Herodes sejam declarados por Israel como sítio religioso e nacional.

A coisa toda tem precedentes? Tem. Desde Jerusalém Oriental, passando por Hebron… Os palestinos sabem que não é incomum Israel anexar, ou tentar anexar, permanentemente, territórios nos quais são feitas descobertas arqueológicas que parecem legitimar sua posse da terra…

Veja uma interessante monografia de Terje Østigård sobre as implicações políticas da arqueologia na região da Palestina: Political Archaeology and Holy Nationalism (2007). Livro gratuito e disponível para download.