Terminei hoje, com o Primeiro Ano de Teologia do CEARP, na disciplina História de Israel, o estudo da Origem dos Antigos Estados Israelitas. Utilizo como roteiro o artigo do mesmo nome que escrevi para a revista Estudos Bíblicos n. 78, publicada pela Vozes em 2003. Trata-se do estudo dos governos de Saul, Davi, Salomão.
No editorial da Estudos Bíblicos n. 78, assinado por Telmo José Amaral de Figueiredo, se diz de meu artigo:
No olho do furacão estão hoje as teorias sobre o surgimento da monarquia em Israel. No segundo artigo desta revista, o professor Airton J. da Silva irá propor-nos as grandes questões que hoje ocupam o centro do debate sobre o nascimento e morte da monarquia israelita. Ele apresenta, com competência, o status quaestionis das pesquisas a esse respeito. O que não é pouco, pois, ao público brasileiro, é um tanto difícil acompanhar esse colóquio sempre mais intenso e cheio de surpresas. Como bem observa Airton, citando o estudioso Philip R. Davies, a maioria dos estudiosos, “embora sabendo que a estória de Israel do Gênesis a Juízes não deve ser tratada como história, prossegue, não obstante, com o resto da estória bíblica, de Saul ou Davi em diante, na pressuposição de que, a partir deste ponto, o obviamente literário tornou-se o obviamente histórico”. Por isso, uma tendência que começa a ser sempre mais seguida é, na construção da história de Israel, “dar prioridade aos dados primários [levantados pela historiografia geral e a arqueologia a respeito da época em questão], mas fazendo uso do texto bíblico como fonte secundária usada com cautela” – constata o britânico Lester L. Grabbe, citado por Airton. Analisando essas fontes primárias e outras, têm-se um quadro nada completo e acabado do surgimento da monarquia em Israel: “região rural… nenhum documento escrito… nenhum sinal de uma estrutura cultural necessária em uma monarquia… do ponto de vista demográfico, de Jerusalém para o norte, povoamento mais denso; de Jerusalém para o sul, mais escasso…”. Sabe-se que Davi e Salomão devem ter existido, porém não foram artífices de todo aquele esplendor narrado pela Bíblia, o qual se inspira mais na Jerusalém do século VII a.C., quando a teologia deuteronomista exalta a atividade do rei Josias, o qual passa a figurar como “o novo Davi e Iahweh cumprira suas promessas”, percebe Airton, citando os pesquisadores I. Finkelstein e N. Silberman. O artigo de Airton deixa entrever que há muito ainda por se descobrir desse período.
Utilizo, para este item da História de Israel, basicamente a seguinte bibliografia:
- DA SILVA, A. J. A história de Israel na pesquisa atual. In: História de Israel e as pesquisas mais recentes. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2003, p. 43-87.
- DA SILVA, A. J. A história de Israel no debate atual (artigo na Ayrton’s Biblical Page, atualizado em 2007).
- DA SILVA, A. J. A origem dos antigos Estados israelitas. Estudos Bíblicos, Petrópolis, n. 78, p. 18-31, 2003.
- DAVIES, P. R. In Search of ‘Ancient Israel’. 2. ed. Sheffield: Sheffield Academic Press, 1995 [T. & T. Clark: 2005].
- DIETRICH, W. Die frühe Königszeit in Israel. 10. Jahrhundert v. Chr. Kohlhammer: Stuttgart/Berlin/Köln, 1997.
- DONNER, H. História de Israel e dos povos vizinhos 2v. 3. ed. São Leopoldo: Sinodal/Vozes, 2004.
- FINKELSTEIN, I.; SILBERMAN, N. A. A Bíblia não tinha razão [The Bible Unearthed, 2001]. São Paulo: A Girafa, 2003.
- FRITZ, V.; DAVIES, P. R. (eds.) The Origins of the Ancient Israelite States. Sheffield: Sheffield Academic Press, 1996.
- GEBRAN, Ph. (org.) Conceito de modo de produção. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.
- GRABBE, L. L.(ed.) Can a ‘History of Israel’ Be Written? Sheffield: Sheffield Academic Press, 1997 [T. & T. Clark: 2005 – ISBN 0-5670-4320-7].
- LEMCHE, N. P.The Israelites in History and Tradition. Louisville, Kentucky: Westminster John Knox, 1998.
- LIVERANI, M. Oltre la Bibbia: storia antica di Israele. 5. ed. Roma-Bari: Laterza, 2006.
- PIXLEY, J. A história de Israel a partir dos pobres. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 2004.
- VV.AA. Recenti tendenze nella ricostruzione della storia antica d’Israele. Roma: Accademia Nazionale dei Lincei, 2005.
Sei que deveria estar utilizando também FINKELSTEIN, I.; SILBERMAN, N. A. David and Solomon: In Search of the Bible’s Sacred Kings and the Roots of the Western Tradition. New York: The Free Press, 2006. Mas ainda não o li.
Pois o canal National Geographic vai apresentar no próximo domingo, dia 6 de maio de 2007, nos Estados Unidos, um especial sobre os reis Davi e Salomão, com o nome de Lost Kings of the Bible.
Como consultores há gente muito competente: Ami Mazar, Roni Reich, Aren Maier, Israel Finkelstein, Ted Brock, John Monson, Deborah Cantrell, Eric Cline. Jim West diz que vai resenhar o programa. Aguardemos.
E leia o comentário de Eric Cline ao post do Jim, no qual ele antecipa: “The ‘groundbreaking’ new evidence will not be new to most biblical archaeologists but some or all of it may well be new to many viewers: Roni Reich’s discovery of the Canaanite constructions by the Gihon Spring; the Tel Dan Stele and the mention of the ‘House of David’; Aren Maier’s ‘Goliath’ sherd; John Monson’s comparison between Solomon’s Temple and the Ain Dara Temple; the names on Shoshenq’s inscription in Egypt and the comparison to the biblical account re Shishak; our own current excavations at Megiddo (with shots of my team excavating the stables) and a nice interview with Deborah Cantrell about raising and training horses; plus a brief look at the Stepped Stone Structure (though unfortunately without an appearance by Eilat Mazar or a mention of her excavations). Throughout the show, the pros and cons of various topics concerning David and Solomon and the extent of their kingdom/empire are debated by various scholars, including Ami, Roni, Israel, and myself…”