Chamado de Paris

Folha Online: 03/02/2007 – 10h09

da Efe, em Paris

Mais de 40 países pedem organização da ONU para o meio ambiente

Mais de 40 países apóiam a criação de uma organização da ONU para o Meio Ambiente proposta na conferência internacional “Cidadãos da Terra”, que terminou nesta sábado em Paris com um chamado ao combate contra a degradação do planeta. “Hoje, sabemos que a humanidade está destruindo, a uma velocidade aterrorizadora, os recursos e equilíbrios que permitiram seu desenvolvimento e que determinam seu futuro“, diz o “Chamado de Paris”, lido no fim da conferência pelo anfitrião do encontro, o presidente da França, Jacques Chirac (cont.)

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Fundamentalismo: um modo de estar no mundo

Vira e mexe, passa boi passa boiada, demora… mas, como não há nada como um dia depois do outro, o que escrevo na Ayrton’s Biblical Page e no Observatório Bíblico, acaba, de vez em quando – embora não seja sempre, nem frequente, muito menos dominante, ainda bem! – provocando reações fundamentalistas de determinados leitores indignados com a leitura acadêmica ou “científica” da Bíblia.

Certos fundamentalistas atiram para todo lado: na exegese moderna de modo geral; nos exegetas como um grupo de intelectuais que “matam” a Bíblia e que deveriam, portanto, ser silenciados, podados, extintos, em benefício da “verdadeira” Palavra de Deus; nos exegetas que chegam a ser – anacronicamente – comparados aos “doutores da Lei” do NT e responsabilizados, como aqueles (gente, acorda: foram os romanos!), pela morte de Jesus; nos exegetas “críticos” e destruidores da verdade; na ciência moderna como compreensão inadequada e até mesmo descabida da realidade; na razão humana como negação da fé… Reações que sempre procuram afirmar sua legitimidade com citações da Bíblia, com leituras literalistas dos textos bíblicos (uma tradução perrengue pode algum dia ser considerada texto literal?)… e por aí afora.

Acabo de chegar de mais uma reunião do grupo dos Biblistas Mineiros, ocorrida ontem em Belo Horizonte, reunião de dia inteiro, muito proveitosa, onde, entre outras coisas, discutimos o tema de nosso próximo número da revista Estudos Bíblicos publicada pela Vozes. Que tratará da questão dos métodos de leitura da Bíblia. E de sua necessidade. E, é claro, em nosso estudo, mesmo que captada apenas com o canto do olho, aparecerá a análise do modo fundamentalista de ver a realidade. Modo que recusa como necessária qualquer metodologia exegética porque acredita ter acesso direto e exclusivo ao significado do texto bíblico.

Se esse pessoal lesse Kant e soubesse da distinção entre “noumenon” e “fenômeno”. Se esse pessoal lesse física quântica e descobrisse o quanto a realidade é diferente do que aparenta ser. Ah, mas não lê. E nem relê! Já dizia o grande R. Barthes: Quem não relê um texto, lê, em todos os textos, sempre o mesmo texto.

Quer exemplos? Leia nos comentários dos posts do Observatório Bíblico aqui e aqui.

Recomendo a releitura – quem não relê, já sabe, não? – do post que escrevi em 7 de janeiro de 2006: Fundamentalismo: um desafio ecumênico.