Che Guevara: Bolivia, diario de lucha

Bolívia. Diário de Luta: o diário de Che Guevara durante sua campanha na Bolívia está disponível online. O site traz também biografias e diários de outros combatentes, documentos da guerrilha, discursos de Che, páginas dos jornais da época…

O site é o resultado de uma parceria entre o Centro de Estudos Che Guevara e o portal Cubasí. “O site reproduz o documento dia-a-dia, explica Daily Pérez, coordenadora de projetos alternativos do centro, dirigido pela viúva do revolucionário, Aleida March. A idéia, segundo ela, foi concebida como uma homenagem a Che e aos combatentes que lutaram com ele” (da France Presse, em Havana, na Folha Online de 15/11/2006 – 13h54).

Clique aqui para visitá-lo. E leia também Fotos mostram que Che Guevara foi assassinado, não morreu em confronto.

BiblePlaces Blog e Bibliablog acrescentados ao blogroll

Acrescentei ao meu blogroll dois biblioblogs: BiblePlaces Blog, que traz notícias e análises na área de geografia, história e arqueologia bíblicas. E Bibliablog, em italiano, sobre teologia bíblica.

BiblePlaces Blog é escrito por Todd Bolen, Professor de Estudos Bíblicos no Israel Bible Extension do The Master’s College, Santa Clarita, Califórnia, USA. Ele vive em Judean Hills próximo a Jerusalém, Israel. O blog é associado ao site BiblePlaces.com, mantido por Todd Bolen.

Bibliablog é mantido por Sergio e Gianni, mestres em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana, Roma. Sergio é religioso dehoniano e vive em Bologna, enquanto que Gianni é sacerdote diocesano de Prato. O blog é interessante principalmente porque mantém o visitante informado sobre publicações acadêmicas, em italiano, na área de Bíblia.

Atualizando em 29/11/2006:
O Bibliablog mudou de nome e endereço: agora é Bibbiablog. Clique no link e veja o novo visual. Não se esqueça de atualizar também o seu leitor de feeds.

A Ayrton’s Biblical Page comemora seus 7 anos de existência – Segunda Parte

No dia 24 de outubro de 2006, 19 dos 25 alunos do Primeiro Ano de Teologia da FTCR da PUC-Campinas responderam às duas questões citadas no post anterior. E no dia 27 de outubro de 2006, 11 dos 11 alunos do Primeiro Ano de Teologia do CEARP de Ribeirão Preto fizeram o mesmo.

Aqui está o resultado da primeira questão: Quais são os 4 temas que mais lhe interessam na Bíblia?

Na FTCR os temas preferidos pelos alunos, seguidos pela frequência das respostas, aqui dispostos em ordem alfabética, foram os seguintes:
A intenção dos autores bíblicos: 1
Abraão: 1
Amós: 1
Apocalipse: 9
Arqueologia: 1
Atos dos Apóstolos: 1
Carta aos Romanos: 1
Cartas de Paulo: 3
Criação: 3
Criação e Ciência: 1
Criação e Evolução: 1
Decálogo: 2
Distinção entre Teologia e História: 1
Eclesiastes: 1
Evangelhos: 4
Evangelhos Apócrifos: 1
Falsidade: 1
Festas litúrgicas no AT: 1
Gênesis: 3
Gênesis e textos do ANE: 1
História de Israel: 1
Igreja primitiva: 1
Isaías: 1
Jesus e o judaísmo: 1
Jesus Histórico: 3
João: 1
Judite: 1
Literatura Joanina: 1
Livre arbítrio: 1
Lucas: 1
Marcos: 1
Maria e José: 1
Mateus: 2
Mateus e João: 1
Métodos para a leitura da Bíblia: 1
O livro de Isaías e seus múltiplos autores: 1
O Paulo das cartas: 1
Pentateuco: 1
Profetas: 2
Sabedoria: 1
Salmos: 6
Sapienciais: 1
Significado dos números: 1
Símbolos: 1
Sinóticos: 3
Sonhos: 1

Como se vê, há maior interesse por:
Apocalipse: 9
Salmos: 6
Evangelhos: 4
Cartas de Paulo – Criação – Gênesis – Jesus Histórico – Sinóticos: 3
Decálogo – Mateus – Profetas: 2
Os demais: 1

Ainda: nos 46 temas citados em 75 respostas, 10 são de toda a Bíblia, 18 são do AT (citados 29 vezes) e 18 são do NT (citados 36 vezes).

No CEARP, por sua vez, os temas preferidos pelos alunos, seguidos pela frequência das respostas, aqui colocados em ordem alfabética, foram os seguintes:
Apocalipse: 2
As comunidades cristãs primitivas: 1
Cartas de Paulo: 2
Criação: 3
Criação e Evolução: 1
Deus: 1
Discípulos de Emaús: 2
Evangelhos: 2
Exílio: 1
Êxodo: 2
Isaías: 4
Jeremias: 1
Jesus Histórico: 3
Jesus Histórico e Cristo da Fé: 1
João: 3
Literatura Deuteronomista: 1
Maria: 2
Mateus: 1
Métodos para a leitura do Antigo Testamento: 1
Multiplicação dos pães: 1
Parábolas: 1
Pentateuco: 1
Profetas: 2
Salmos: 1
Sapienciais: 1
Sermão da Montanha: 1
Símbolos: 1
Sinóticos: 1

Os alunos do CEARP manifestaram maior interesse por:
Isaías: 4
Criação – Jesus Histórico – João: 3
Cartas de Paulo – Discípulos de Emaús – Evangelhos – Êxodo – Maria – Profetas: 2
Os demais: 1

Finalmente, dos 28 temas citados em 44 respostas, 2 são de toda a Bíblia, 12 são do AT (citados 19 vezes) e 14 são do NT (citados 23 vezes).

No caso da FTCR, a colocação do Apocalipse como tema mais citado (por 9 alunos) precisa ser confrontada com os Evangelhos. Estes, embora citados no conjunto apenas 4 vezes, saltam para 18 vezes, e, portanto, para o primeiro lugar, quando considerada também a menção dos sinóticos e dos evangelhos individuais. O mesmo fenômeno, em menor proporção, pode ser notado no CEARP.

Diríamos, então, que o Novo Testamento levou a melhor? Em parte. Pois podemos notar notável equilíbrio entre as preferências pelo Antigo e Novo Testamentos quanto aos temas nas duas turmas citadas, mas o número de alunos que prefere o NT é maior:
na FTCR: AT: 18 temas, citados 29 vezes; NT: 18 temas, citados 36 vezes.
no CEARP: AT: 12 temas, citados 19 vezes; NT: 14 temas, citados 23 vezes.

A Ayrton’s Biblical Page comemora seus 7 anos de existência – Primeira Parte

Fiz a proposta, a turma aceitou. Como hoje, 10 de novembro de 2006, a Ayrton’s Biblical Page comemora seus 7 anos de existência, e como nestes dias estávamos estudando Gn 1,1-2,4a – relato sacerdotal (P) da criação – que usa e abusa do número 7, existe melhor ocasião para se fazer 7 perguntas sobre Bíblia a meus alunos e obter outras tantas respostas interessantes?

Foi o que fiz. Atacando em duas frentes, uma acadêmica e outra pastoral.
Na acadêmica perguntei: Quais são os 4 temas que mais lhe interessam na Bíblia?
E na pastoral: Quais são as três perguntas sobre Bíblia que você mais escuta na sua pastoral?

Embora limitada, sem valor científico em termos de abrangência, esta pequena amostragem aponta algumas tendências em grupo voltado para os mesmos objetivos e revela preocupações, influências, modismos… Após expor os dados, podemos pensar em alguma observação mais criteriosa.

Explico, para entrar no assunto, a importância do número 7 em Gn 1,1-2,4a. Brevemente.
. 7 dias para a duração da obra
. 7 fórmulas:
– de introdução (Elohim disse…)
– de comando (Haja…)
– de execução (E houve…)
– de descrição (Elohim separou…)
– de bênção (Elohim abençoou…)
– de louvor (E Elohim viu que isto era…)
– de conclusão (E foi tarde e foi manhã …)
. 7 vocábulos – em hebraico – no primeiro verso (v. 1)
. 14 (7 x 2) vocábulos no segundo verso (v. 2)
. 7 vezes a frase “E Elohim viu que isto era bom”
. “Elohim” ocorre 35 x (7 x 5)
. os termos céu e terra ocorrem 21 vezes (7 x 3) cada um.

O 7 é um número que indica, na Bíblia, perfeição, totalidade. O seu uso em Gn 1,1-2,4a dá ao texto uma cadência, que transmite ao leitor uma sensação de harmonia pela repetição precisa das fórmulas e palavras na quantidade certa. E isto é possível porque no pensamento semítico um número não indica apenas quantidade, mas qualidade. Pode-se “fazer poesia” com os números. Mas, atenção, isto nada tem a ver com a conhecida “numerologia” que se propaga por aí a torto e a direito. As raízes da numerologia devem ser buscadas muito mais no mundo grego do que semítico.

Para ver mais sobre o significado dos números na Bíblia, consulte o verbete “números” em:
MACKENZIE, J. L. Dicionário Bíblico. 8. ed. São Paulo: Paulus, 1997, 1002 p.
VAN DEN BORN, A. (org.) Dicionário Enciclopédico da Bíblia. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 1992, 1600 p.

E para o tão badalado número 666 em Ap 13,18, consulte:
PRIGENT, P. O Apocalipse. São Paulo: Loyola, 1993, p. 252-255.

Jacques Berlinerblau e a SBL na blogosfera

A repercussão do artigo de Jacques Berlinerblau comentado no post anterior pode ser lida em Blogger-Cooler: the role of the SBL no biblioblog Deinde, por Danny Zacharias.

Leio também que Jacques Berlinerblau estará tratando do assunto no Congresso da AARAmerican Academy of Religion – que é realizado junto com o da SBL. O abstract de sua apresentação é o seguinte (cf. AAR A19-105: Sunday – 5:00 pm-6:30 pm):

Secular Criticism, the AAR, and the SBL
I make two assumptions. First, that the two major scholarly organizations devoted to the study of Scripture and Religion, the Society of Biblical Literature and the American Academy of Religion have excluded non-theist perspectives in their scholarly discourses and practices. Second, that this exclusion has had fairly catastrophic effects for the academic study of religion, and by extension these societies themselves. Starting with a definition of “secular criticism,’ I examine how a-religious and irreligious forms of criticism can find no institutional place within scholarly societies that imagine themselves to be, ironically, bastions of secular reason. I then discuss the marginalization of religious studies within the larger university framework of the humanities and the social sciences. This marginalization, it is argued, is partly attributable to the misgivings that the mainstream (and stridently ‘secular’) Academy has about their pious colleagues in the fields that study religion.

Jacques Berlinerblau bate forte na SBL às vésperas de seu Congresso Anual

A SBLSociety of Biblical Literature – fará seu Congresso Anual de 18 a 21 de novembro de 2006 em Washington, DC. Como diz a página de Congressos da SBL, este é o maior encontro de especialistas em Bíblia de todo o mundo (the Annual Meeting is the largest gathering of biblical scholars in the world). Claro, pois cerca de 6 mil biblistas estarão presentes!

Por outro lado, no The Chronicle of Higher Education (issue dated November 10, 2006), Jacques Berlinerblau escreve interessante artigo com o título What’s Wrong With the Society of Biblical Literature? (O que há de errado com a SBL?), onde impiedosamente “massacra” a atuação da maior sociedade bíblica do mundo e o universo da pesquisa e do ensino bíblicos nos USA.

Leia você mesmo o polêmico texto e avalie. Acho que o artigo vai dar muito debate nos biblioblogs. Alguns já o citaram… Acho até que alguns dos problemas citados são de todos, também nossos, não apenas dos norte-americanos!

Quem é Jacques Berlinerblau?
Jacques Berlinerblau is director of the Program for Jewish Civilization at Georgetown University’s Edmund A. Walsh School of Foreign Service. He is the author of The Secular Bible: Why Nonbelievers Must Take Religion Seriously (Cambridge University Press, 2005).

Veja este e outros livros do autor na Amazon.com. E não deixe de ver o perfil do autor.


O artigo

What’s Wrong With the Society of Biblical Literature?

By JACQUES BERLINERBLAU

This is a great time for the Bible, but can the same be said for biblical scholarship? That is most likely a question that won’t be addressed later this month when biblical scholars descend upon Washington for their annual conferences. The Society of Biblical Literature, for its part, will assemble a sizable chunk of its 6,000 members, few of whom, I would surmise, will be considered any sort of national security risk. As far as academic societies go, the SBL is about as unthreatening and placid as they come. “Edgy,” “controversial,” or even “relevant” are not the terms that spring to mind when trying to describe its activities. The SBL, of which I’ve been a member since the early 1990s, is allergic to even thinking clearly and critically about itself, or listening to the concerns of its members.

As for the Bible, well, it is living large again because America is in the midst of a religious revival. What some call the Third and others the Fourth Great Awakening is born of the resurgence of conservative Christianity. Among evangelicals, fundamentalists, neo-evangelicals, and Pentecostals, the centrality of Scripture to Christian life is taken as a given. It is estimated that these groups make up roughly 25 percent of the electorate. They also appear to have been the vanguard of the so-called “values voters” in the 2004 campaign. The awesome power of their ballot has not been lost upon Democratic strategists. No one should be surprised that 2008 presidential hopefuls now routinely pepper their rhetoric with scriptural allusions. The consequences of the electoral and demographic rise of “Bible-believing Christians,” as some like to call themselves, are not difficult to discern. As they soar in the nation’s public life, their cherished text soars with them.

Both the country’s current president and his predecessor accord Scripture great esteem. “Religious special-interest groups” aggressively factor scriptural ideas into their policy positions. Across America groups on the religious right, but increasingly on the left as well, presume that the Bible offers instruction regarding social issues such as research on human embryonic stem cells, poverty, the environment, homosexuality, abortion, public-school curricula, and so on.

Next week when we start one of the last joint meetings of the American Academy of Religion and the SBL (a parting of the ways will be initiated in 2008), it’s a good time to ask why biblical scholarship isn’t sharing in all of this good fortune. One would imagine that with Scripture on the comeback trail, this would be something of a golden age for biblicists. The SBL, founded in 1880, should have the same cultural cachet as PEN or the Brookings Institution. It should be the impresario of an immense stable of talent, one that it dispatches to the media on a quotidian basis to explicate the rejuvenated Bible for both the general public and assorted high-culture types. Queries and concerns about Scripture ought to be routinely directed to an academic society whose thousands of members constitute the world’s most knowledgeable body of experts on all matters biblical. The SBL should be to the Bible what FIFA is to soccer.

It is always difficult to prove that an academic society and an academic discipline are underperforming. In one form or another, I have been cheerfully trying to validate this point for the past decade. So let me offer a few indexes of the society’s collective malaise:

. Consider that the most popular and widely discussed books about the Bible are almost never written by biblicists. On the down side, there is the execrable The Bible Code — a book claiming that urgent prophetic communications are encrypted, often diagonally, within the Hebrew text of the Bible. On the level of serious scholarship, I find it quite telling that some of the most influential studies — the ones that get reviewed in the major journals of opinion such as The New York Review of Books, The Nation, Commentary, The Times Literary Supplement, what have you — are written by professors of English and comparative literature. To give a recent example, Harold Bloom has released a quirky, unforgivable, but deliciously provocative book entitled Jesus and Yahweh: The Names Divine. In 2006, as far as I can tell, it has generated more media commentary than any other work of scholarship focused on the Bible in the past year.

. Consider that “biblical studies” as a college major is not exactly a booming industry. In secular universities, a department devoted solely to biblical studies is virtually unheard-of. When an undergraduate takes a class in Scripture, it will most probably be a survey course. In all likelihood, that will be the last course he or she takes in the Bible, and it will not prepare the student to engage the text’s awesome complexities. The campus biblicist — assuming there is a biblicist on the faculty — is usually mothballed in a religious-studies department as opposed to an autonomous biblical-studies program. He or she (and I know of very few secular universities with more than two biblicists on the payroll) is trotted out ignominiously with other members of the diverse religious cast wherever a theatrical display of ecumenical spirit is required. For better or for worse, American undergraduates major in religion, not in Bible.

. Consider that many secular universities don’t even have a full-time position in biblical studies. Biblical scholarship is underwritten by theological seminaries — be they independent or affixed to universities. In a recent piece in the online SBL Forum, I called attention to the fact that something like 95 percent of jobs advertised on the SBL site’s “Openings” list are placed there by nonsecular institutions. That there are few positions out there for nonbelievers is a fact that consistently fails to alarm the overwhelmingly religious membership of the SBL. But here is a reading of this situation that might concern them: There is absolutely no growth in our field. Secular universities have made the most minimal commitment to the study of Scripture, in spite of the role that the Bible has played in the philosophical, literary, and artistic heritage of Occidental civilization. Were it not for the aforementioned sectarian seminaries, there would be few places on earth for a biblicist to ply his or her craft.

. Consider that in nearly half a century, maybe since the time of the biblical archaeologist William Foxwell Albright, not a single biblical scholar has emerged as a public intellectual either nationally or internationally. Let me cite a few names from the bestiary of public intellectuals to give you a sense of what types of thinkers and styles of argumentation we are missing. No Hannah Arendt. No Pierre Bourdieu. No Cornel West. No Catharine MacKinnon. No Cynthia Ozick. No Noam Chomsky. No Bernard Lewis. There are undoubtedly many formidable biblicists out there. That almost none of them are known beyond their own denominations or the pages of the Journal of Biblical Literature is sobering.

As a family man, I have always found that there is one handy rule of thumb to abide by when confronting crisis: Establish blame. Who is to blame for the anomaly that biblical scholarship takes as its object of scrutiny the most widely read and interpreted text in the history of the species, yet few in America or elsewhere listen to biblical scholars?

I am going to spend the balance of this essay placing the blame on the Society of Biblical Literature itself. Now don’t get me wrong. There is plenty of blame to go around. We scholars have done little to rectify the situation, what with our boring books and our excesses of anti-charisma. Academic presses, which are really good at turning down manuscripts, are really bad at actually developing, marketing, and selling the ones they accept. Secular universities have cynically forsaken biblical studies. At best they outsource instruction in this area to the local seminary. At worst they hire neighborhood members of the clergy to get the job done. Those cost-saving measures have the added advantage of minimizing the risk of unsightly campus controversies. After all, how critical of Scripture, how critical of dogma (their own or someone else’s), is a priest, rabbi, or minister likely to be?

But if a first stone must be cast — and it must — then it should be aimed squarely at the SBL. I don’t mean to imply that the society is more unimaginative or bureaucratically blinkered than any other academic association. Nor do I deny that many truly intelligent, decent, and committed people work for it. I loathe conspiracy theorists, so I don’t think that sinister forces are at work down at headquarters in Atlanta. What I wish to say is that the SBL lacks a vision. That is because it does not understand itself, or its membership, or its anomalous position in the comity of academic disciplines. It can’t have a vision until it sees itself for what it really is.

The most fundamental misconception that the SBL has about itself is that it is just another academic society, like the American Sociological Association or the Modern Language Association. Accordingly, it conducts itself like all academic societies do. You know, it throws regional, national, and international conferences. It publishes a couple of journals. It provides scholarships for underprivileged members, etc., etc.

The SBL’s promotional literature doesn’t acknowledge a peculiarity about the society that strikes nearly every outside observer: Its membership is most decidedly not like that of any other academic society. The overwhelming majority of its practitioners work in the confessional contexts of seminaries and divinity schools (confessional as in confession of faith, not as in The Closer) and through their work pursue ends relevant to those contexts. Now please understand: I have no problem with this per se. I am not one of those Stalin-like secularists who won’t rest until the last rosary bead has been ground into a fine dust. Let theology flourish.

But if nearly all biblical scholarship takes place within an explicit or implicit theological framework, then the discipline itself will flounder. For under such circumstances, critical and heretical appraisals of the Bible emerge infrequently. And if they fail to emerge, then biblical scholars will fail to provide the public with the essential information needed to make informed decisions about the rising use of Scripture in American public life. On an issue such as stem-cell research, for example, biblical scholars could play an important role. If the SBL could better promote their scholarship, and if that scholarship went beyond microtheological disputes, they could readily challenge facile evangelical readings that insist that according to the Bible, a zygote is a human being.

The SBL cannot address the situation, because it cannot bring itself to acknowledge the confessional underpinnings of the enterprise. It conceives of itself as just another academic society, when in fact a large percentage of its membership — I would guess no less than 80 percent — consists of believers who work in institutions that many in the secular academy do not see as even being part of academe. (I find that secular condescension quite unjustified.) Of the remaining 20 percent employed in secular universities, I would estimate that 90 percent of those are graduates of theological seminaries.

The fact that so many biblical scholars labor in, or are graduates of, institutions with the words Saint, Holy, Jewish, Sacred, or Seminary in their titles creates a rather intriguing paradox. The SBL must remain steadfastly neutral in its governing practices. Part of the society’s survival strategy, I would imagine, consists of remaining impartial. It can’t, for example, have six consecutive Southern Baptist presidents. It can’t schedule 20 sessions at the national conference on the Book of Leviticus and the development of early Jewish law. For there to be progress in the empire, there must be peace. And for there to be peace, the empire must espouse neutrality. The SBL has to make sure that all of these disparate religious groups are granted equal time, representation, access to resources, and so on.

Strange as it might sound, the society’s governing ethos, as I have described it, amounts to a sort of reluctant pseudosecularism. There is one reading of secular government as a government that does not favor any particular religious constituency. Rather, its mandate is to make sure that religious life in general prospers. This can be referred to as soft secularism. The soft secular stance is not critical of religion, but supportive of it.

In the SBL, this reluctant secularism is so soft that it degenerates into an ethos of ecumenicism. In fact, this is really what the society excels in: fostering interfaith dialogue. And now let me raise my glass: The SBL has successfully created a sense of community among its religiously diverse members. Jews, Catholics, and Protestants routinely exchange ideas, work together on volumes, and organize steering committees, conferences, and so forth. They also conduct a rich interfaith conversation. It’s a bit hypocritical and platitudinous to my ear — but as history has shown, Catholics, Protestants, and Jews are capable of so much worse. Yet I have to ask: Isn’t this more properly the purview of the National Conference of Christians and Jews? What business does a putatively academic association have in the ecumenicism industry?

Also, an ecumenical vision has real drawbacks. Over the years, it has come to my attention that the society is plagued by issues of academic freedom. That is a dirty little secret and rarely discussed publicly. The incidents I know of almost always occur in a (nonunionized) seminary, and they usually involve a scholar who feels that he or she was silenced, denied promotion, or run out of town precisely because his or her thought ran afoul of denominational dogma.

In a field whose operating principle is ecumenical banter, there is little place, or tolerance, for the heretic. The SBL exerts tremendous efforts to get differing religious groups to speak to one another. The internal squabble of the heretic, however, has no useful place in this scheme. On the contrary, it is an embarrassment that subverts the logic of confessional communities working in concert with one another for the greater good. Please recall, however, that some of the very best thinking in the history of biblical scholarship has come forth precisely from heretics. Please also recall that intellectual work, by its very nature, often inclines toward dissent. I think of Barrington Moore Jr.’s observation that the university is where heresy is institutionalized. There is always the danger that a scholar beholden to an ethos of disinterested inquiry will trespass upon dogmatic boundaries. That’s what scholars do. And sometimes that’s hard to do, or dangerous to do, down at the seminary.

Another problem: Under the mistaken assumption that it is an academic society like any other, the SBL has encouraged scholarly specialization. In so doing, it has always favored philology and archaeology, all the while avoiding the more capacious domain of hermeneutics. The study of how Scripture has been interpreted across history, and in contemporary society, has traditionally held little interest for a society that places a premium on the examination of ancient languages and artifacts. But the study of hermeneutics really forces one to be a generalist. It is a diachronic enterprise through and through.

Let’s say that you are interested in studying depictions of Queen Jezebel in music and art. You will need to know about descriptions of her in Hebrew, Greek, or Latin (if not all three). You will need to know what the learned rabbis and fathers of the church had to say. Then you will need to look at renderings of the queen in, say, 16th-century France and 20th-century Ethiopia. In other words, you will need to abandon any pretense of being a specialist.

The Bible is a civilizational document, one that runs the course of history. So any attempt to study its continued interpretation must be interdisciplinary, and the scholar in question will have to step outside of well-defined fields of inquiry. But because the SBL models itself after specialist academic associations, it cannot speak to the very complexity of its own subject matter.

My sense is that the really interesting work being done in the field is on the question of interpretation. Postmodern scholars — when they can suppress their desire to evangelize for the fringe left — have played a pivotal role in developing this line of inquiry. I think, for example, of the thoughtful and adventurous scholarship of the University of Sheffield exegete David Clines. Yet looking at back issues of the Journal of Biblical Literature, I get the impression that hermeneutics is not part of what biblical scholars do.

True, there is the younger, smaller, upstart Biblical Interpretation. But why can’t the society’s flagship journal acknowledge that the Bible is relevant to biblicists outside the temporal frame of antiquity? As I see it, the SBL is abandoning this issue to the American Academy of Religion. And because a (messy?) divorce is in the works, why should the AAR gain custody of one of the most beautiful children? (The true causes of the coming separation are — as with everything in the academic study of religion — shrouded in mystery. On its Web site, the AAR devotes a good deal of space to explaining its rationale for splitting. On its Web site, the SBL, true to form, completely ignores an issue of great concern to its members.)

There is, of course, nothing objectionable about scholars’ engaging in extremely narrow and focused research. God bless the microspecialist who scrutinizes eastern Aramaisms in The Wisdom of Ben Sira. But should the entire field be cast in his or her image? Can philology and archaeology alone illuminate a document whose trajectory runs across the entire breadth of Occidental civilization?

In light of these remarks, a few recommendations are in order. First, the SBL desperately needs to know more about the identity of its own practitioners, and it needs to share that information with its members. I would like to see a census, if you will, of the rank and file. The questions of interest to me: What percentage of members practice in theological institutions? What percentage work in a university not affiliated with any denomination? Of the latter, how many did their graduate work in seminaries? What is the denominational breakdown of the society? Is the persistent rumor that the SBL is dominated — if not overrun — by conservative Christians true? Does this explain the oft-heard accusation that the society takes an overly reverent, uncritical attitude toward the Bible and religion in general? And does this explain why the society has done so little to explore Scripture’s aforementioned comeback in American politics? I hear comments about the society’s evangelical tilt all the time. I don’t know if they are accurate, but I (and many others) sure would like to find out.

More questions: Which secular universities have a biblicist on the faculty? Which do not? As a conversation starter, I would suggest that the SBL adopt the goal of creating 100 new positions in biblical scholarship in the next decade in secular universities. (Seminarians, naturally, are encouraged to apply, but universities should be mindful of the importance of having secular scholars on staff.) This would mean making the case to academe (and the public at large) about the Bible’s central and enduring place in humanistic inquiry. I might also recommend that the society get a little nasty. It should aggressively caution secular universities against excessively outsourcing biblical instruction to either theological institutions or part-time clergymen. This is no slight on theology — it is simply a question of creating more job opportunities for beleaguered graduate students.

Next, the SBL must recognize that it is not like other academic societies and use that to its advantage. Unlike the discipline of, say, modern German literature, biblical scholars can legitimately claim that there are upward of a billion people worldwide who are already familiar with, and perhaps interested in, what they study. The society has to find a way to connect with lay audiences. I do not know why that happens so infrequently, but scholars must take some of the blame here. Maybe readers tune biblical scholarship out because it is incomprehensibly specialized and physically painful to read. Further, so much of it comes from a specifically and recognizably confessional angle that I wonder if readers are skeptical of the “neutrality” of those who write about the Bible.

The society might think of recalibrating the ratio of specialized studies to more-accessible ones in its own publication series. Not everyone can be writing about hapax legomena in the Book of Enoch. I propose a series developed in conjunction with a major trade publisher. There, top-flight biblicists would be advised by professional editors as to how to craft their messages for a cultivated lay readership. From there, let the professional marketing departments do their magic.

As for academic freedom, something needs to be done — urgently. The obvious move is to call for a “blue-ribbon panel” of SBL members to investigate disputes regarding alleged infringements of scholarly freedom. Then again, how would any given seminary feel about having its internal affairs judged by scholars who themselves are members of seminaries affiliated with rival denominations? (Alas, that is where the ecumenical niceties would cease.) Here, I have no answer. I only know that the problem exists, and the SBL is the only entity that can even begin to address it.

Last, the society needs to devote thought and resources to the creation of a form of biblical scholarship that goes beyond theology and ecumenical dialogue. That would require exploring ways to speak about the Bible that are not specifically Jewish or Episcopalian or Lutheran. In so doing, the SBL would be required to suspendor, ideally, abandonits ecumenical model. In its place, a harder secular model would be advocated. Its motto: “Criticize and be damned!”

Fonte: The Chronicle of Higher Education – November 10, 2006

Internet em debate: IGF em Atenas e projeto de controle da Web em Brasília

Leia sobre o Fórum de Governança da Internet (Internet Governance Forum ou IGF, em inglês), que realizou sua primeira reunião em Atenas, Grécia, entre os dias 30 de outubro e 2 de novembro de 2006, em:

Fórum cede a pressões e gerenciamento da rede fica de fora da pauta

O Fórum de Governança da Internet (IGF, na sigla em inglês) se reuniu entre os dias 30 de outubro e 2 de novembro, em Atenas (Grécia) para dialogar sobre políticas que afetam ou se relacionam com a governança ou a gestão da Internet. Representantes do governo e da sociedade civil brasileira afirmam, contudo, que o debate central, que é a concentração de poder sobre a grande rede não entrou na pauta do encontro. Segundo o gerente de Assuntos Estratégicos do Ministério da Cultura, José Murilo Júnior, nenhuma decisão importante foi tomada em Atenas. A próxima reunião acontecerá em novembro de 2007, no Rio de Janeiro, quando o debate e a correlação de forças devem estar mais maduros.

Para que se entenda tal discussão, é importante retomarmos a origem da questão. A Rede Mundial de Computadores, a Internet, surgiu em 1969. A intenção do governo estadunidense era desenvolver um sistema para interligar seus computadores de uso militar. Assim surgiu a ARPANET, que operava como um chaveamento de pacotes, um esquema de transmissão de dados em rede de computadores no qual as informações são divididas em pequenos pacotes, que contém trecho dos dados. No caso, o endereço do destinatário e informações que permitiam a remontagem da mensagem original.

Pouco tempo depois, o sistema passou a ser interligado com universidades e outros institutos de pesquisa, dividindo o sistema em duas redes, uma de uso militar e outra não-militar. Um esquema técnico denominado IP (Internet Protocol – Protocolo da Internet) já permitia que o tráfego de informações fosse caminhado de uma rede para outra. Todas as redes conectadas pelo IP na Internet comunicam-se em IP, para que todas possam trocar mensagens.

Por meio da National Science Foundation, o governo americano investiu na criação de backbones (espinha dorsal), que são grandes computadores conectados por linhas que têm a capacidade de dar vazão a grandes fluxos de dados, como canais de fibra óptica, elos de satélite e elos de transmissão por rádio. Além desses backbones, existem os criados por empresas particulares. A elas são conectadas redes menores, de forma mais ou menos anárquica. É basicamente nisto que consiste a Internet, que teoricamente não tem um dono específico.

Em Janeiro de 1983, a ARPANET mudou seu protocolo de NCP para TCP/IP. Em 1985, surge o FTP. Contudo, a Internet como hoje conhecemos, com sua interatividade, como arcabouço de redes interligadas de computadores e seus conteúdos multimídia, só se tornou possível com a criação do World Wide Web, ganhando maior divulgação pública a partir dos anos 90.

Atualmente, uma única entidade é responsável por estabelecer as regras de uso e distribuição de protocolos IP’s. A ICANN – Internet Corporation for Assigned Names and Numbers classifica-se como uma entidade sem fins lucrativos e de âmbito internacional, mas é ligada ao Departamento de Comércio estadunidense. Esses serviços eram originalmente prestados mediante contrato com o governo dos EUA, pela Internet Assigned Numbers Authority (IANA) e outras entidades. A ICANN hoje cumpre a função da IANA.

Concentração de poder

A comunidade internacional, no entanto, questiona a concentração de poder de governança da Internet pelo governo dos Estados Unidos. Assim na Cúpula Mundial para a Sociedade da Informação, realizada em Túnis (Tunísia), em novembro de 2005, foi aprovada a criação do Fórum de Governança da Internet (IGF, na sigla em inglês). A intenção foi contrabalançar o poder da Icann. A entidade continua no controle da rede, mas o Fórum serve para que outras iniciativas sejam discutidas num âmbito mais internacional e democratizante. Os Estados Unidos chegaram na Cúpula sem querer ceder e acabaram isolados. A União Europeia ficou ao lado de Brasil, China, Índia e outros países.

A primeira reunião do Fórum aconteceu entre os dias 30 de outubro e 2 de novembro, em Atenas (Grécia). Enviado para representar o governo federal, o gerente de Assuntos Estratégicos do Ministério da Cultura, José Murilo Júnior, explica que o IGF tem uma estrutura aberta, heterogênea e não-hierarquizada para o debate sobre políticas públicas para a rede. Os principais temas debatidos são spam, multilinguismo, censura, cibercrime, cibersegurança, questões de gênero, privacidade e proteção de dados, liberdade de expressão, direitos humanos, direitos autorais.

Segundo Murilo, nenhuma decisão importante foi tomada em Atenas. A próxima reunião acontecerá em novembro de 2007, no Rio de Janeiro. Contudo, o primeiro encontro direciona caminhos para novas discussões e a correlação de forças no Fórum. “A questão que não quer calar é o papel central da norte-americana Icann em uma rede que tende cada vez mais à internacionalização. Processos decisórios importantes que afetam a todos precisam de maior representatividade e transparência, e os esforços da entidade neste sentido não conseguiram apaziguar demandas pela internacionalização do serviço manifestadas na Cúpula de Tunis por vários países, entre eles o Brasil. Mas este tema não está exatamente na pauta do IGF-Atenas. Quem sabe no Rio?”, aponta o representante do governo brasileiro.

Carlos A. Afonso, diretor de planejamento da Rede de Informações para o Terceiro Setor (Rits) e um dos representantes das entidades civis sem fins de lucro no Comitê Gestor da Internet no Brasil, afirma, no entanto, que o grupo preparatório para esta reunião acabou cedendo a pressões (de governos como o dos EUA, e de certos interesses comerciais) para minimizar, se não impedir, discussões amplas sobre a governança da infra-estrutura lógica (nomes de domínio, números IP e protocolos de
interconexão e transporte de dados) da rede.

“Setores da ONU influídos pelas grandes empresas de telecomunicações e por alguns governos continuam insistindo na substituição da ICANN por um organismo intergovernamental, que seria a União Internacional da Telecomunicação (UIT/ITU). Isto é repudiado por uma grande maioria dos grupos de interesse porque a UIT não é pluralista, nem global, e é basicamente controlada pelas grandes empresas de comunicação”, diz Afonso, avaliando a dificuldade da sociedade civil defender seus interesses dentro da Organização.

Afonso acrescenta ainda que a Icann tem vivido um processo de reestruturação lenta, que em geral tem lentamente progredido em direção a mais participação e transparência. Contudo, a maior parte do tempo da entidade hoje é tomado pelas atividades de coordenação do comércio mundial de nomes de domínio genéricos ou globais (conhecidos como GTLDs e STLDs), em que uma única empresa controla cerca de 70% do mercado. “Por outro lado, o processo de independência da Icann em relação ao governo dos EUA sofreu um revés, com a renovação em setembro deste ano do Memorando de Entendimento entre a entidade e o Departamento de Comércio, que na prática mantém a supervisão sobre funções cruciais da governança da infraestrutura, como as decisões sobre modificação do arquivo-raíz que centraliza o anúncio dos nomes de domínio de primeiro nível (tanto genéricos como dos países)”, lembra Afonso.

Multilinguismo

Um dos temas de maior relevância que avançaram em consenso foi o debate da utilização de outros alfabetos na formação de domínios, que é uma reivindicação importante dos países asiáticos – cada vez mais fortes na rede. Trata-se de pauta do
multilinguismo. O Icann já sinaliza empenho em apresentar as soluções rapidamente.

“O grande mérito do IGF está sendo a oportunidade de encontro pessoal e livre troca de ideias e informações entre ‘usuários’ e ‘administradores’ da grande rede, o que tem sido facilitado pela estrutura mais horizontal e participativa do evento. A Internet está chegando em todos os lugares, mas não da mesma forma, e a desinformação ainda é muito grande, por exemplo, nos países africanos. Para muitos deles, a grande descoberta neste fórum foram os kits anti-spam. Relatam por exemplo que no pouco tempo de conexão (lenta) de que dispõem para acessar seus e-mails (praticamente o único recurso que usam na web), os minutos preciosos que perdem baixando spam praticamente inviabiliza o uso. Parece que as tais dynamic coalitions podem começar a funcionar, da mesma forma como as amizades virtuais que só se concretizam mesmo depois de um encontro frente a frente”, acredita José Murilo.

Direitos da Internet

Como uma das principais contribuições do Brasil, ficou registrada a Carta dos Direitos da Internet (saiba mais). A ideia surgiu em Túnis tendo entre os patrocinadores o Lawrence Lessig, o Stallman e o ministro Gilberto Gil, além de membros do parlamento italiano e a ONG IPJustice.org. “Como o Gil não pôde estar dessa vez, vim representá-lo, e trouxe basicamente a reivindicação espontânea que nasce nos ‘pontos de cultura’, pelo direito de remixar cultura digitalmente. Em um Fórum onde tantos assuntos são tratados especificamente e nenhum consenso é alcançado parece fazer sentido pensar em um conjunto de direitos e deveres fundamentais orientadores”.

Outros assuntos que despertam bastante polêmica referem-se basicamente ao direito de acesso à informação e a liberdade de conhecimento – a busca por padrões abertos, software livre e acesso livre ao conhecimento. “Essa busca choca-se com os interesses das grandes empresas de software proprietário e as companhias que comercializam conteúdo utilizando leis (cujo rigor varia de país a país) que definem os direitos de autor e os de propriedade intelectual das distribuidoras de conteúdo, e em consequência limitam os direitos de cópia ou mesmo da simples visualização/audição múltipla de conteúdos”, destaca o representante da sociedade civil no Fórum, que afirma ainda que a atuação dos representantes governamentais brasileiros tem sido bastante afinadas com os anseios da sociedade organizada.

José Murilo questiona ainda a falta de cobertura dos meios sobre os debates da Cultura Digital, extremamente importantes para o desenvolvimento. “Grande parte da comunidade norte-americana na rede, como a maioria dos blogs, ignora solenemente o evento. Para os geeks, que de certa forma se sentem meio ‘donos’ do brinquedo, governos (inclusive o deles) só podem atrapalhar o que está dando certo. O que dizer de um coletivo de governos liderados por uma cada vez mais desacreditada ONU? A Internet detona mesmo com as fronteiras, e neste caso nem podemos ver a posição norte-americana como um bloco homogêneo”, pontua Murilo, otimista com o debate e cobrando uma discussão ampla no período preparatório para o Fórum no Rio de Janeiro em 2007.

Fonte: Carlos Gustavo Yoda – Carta Maior: 07/11/2006

 

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