Calvino: 500 anos

Calvino – 1509-1564. Teólogo, reformador e humanista

Este é o tema da edição 316, de 23/11/2009 da Revista IHU On-Line.

Diz o Editorial:
Celebram-se, neste ano, os 500 anos de nascimento do reformador francês João Calvino (1509-1564). O Instituto Humanitas Unisinos – IHU, dedicou um amplo espaço nas Notícias do Dia, publicadas e atualizadas diariamente na sua página eletrônica, a este importante evento. Esta edição da IHU On-Line quer aprofundar a análise e o debate sobre o legado deste grande teólogo, reformador e humanista. Contribuem nesta edição o filósofo e o teólogo presbiteriano Leonildo Silveira Campos, da Umesp; Bernard Cottret, biógrafo francês de Calvino, da Universidade de Versailles – Saint-Quentin; Carlos Eduardo Oliveira, professor da Universidade Federal de São Carlos – UFSCar, um dos tradutores de A instituição da religião cristã, obra em dois volumes de João Calvino, para o português; Yves Krumenacker, da Universidade Lyon 3, historiador, autor do livro Calvin. Au-delà des legendes (Paris, Bayard, 2009); Volker Leppin, decano da Faculdade de Teologia da Universidade de Jena; Hermisten da Costa, pastor e professor do Seminário Presbiteriano Reverendo José Manoel da Conceição; Ricardo Rieth, professor da Universidade Luterana do Brasil – Ulbra, e da Escola Superior de Teologia – EST; e Risto Saarinen, pastor da Igreja Evangélica Luterana e professor da Universidade de Helsinki.

As 8 entrevistas:
:: Bernard Cottret: A purificação calvinista do cristianismo
:: Ricardo Rieth: Uma teologia a caminho
:: Leonildo Silveira Campos: A Reforma 500 anos depois de Calvino
:: Carlos Eduardo de Oliveira: Para Calvino, a eleição divina independe até mesmo da fé
:: Yves Krumenacker: Calvino. Um revolucionário ou um conservador?
:: Volker Leppin: A teologia política de Calvino
:: Hermisten Maia Pereira da Costa: A fé reformada e os compromissos existenciais inevitáveis
:: Risto Saarinen: “A Reforma, sem dúvida, foi um movimento com forte tonalidade hermenêutica”

Calvino:
Nascimento: 10/07/1509, em Noyon, França
Falecimento: 27/05/1564, em Genebra, Suíça

Narrar Deus: livro digital

Livro digital do X Simpósio Internacional IHU: Narrar Deus numa Sociedade Pós-Metafísica. Possibilidades e impossibilidades com os textos das oficinas, minicursos e comunicações do evento está disponível no sítio do IHU.
Faça o download do livro digital do Simpósio Narrar Deus.

Leia Mais:
Narrar Deus numa sociedade pós-metafísica – Observatório Bíblico: 16 de agosto de 2009
As linguagens possíveis sobre Deus hoje – Observatório Bíblico: 14 de setembro de 2009

Ecoteologia: tema de capa da Concilium

Acabo de receber o número 331 da Revista Internacional de Teologia Concilium. É o fascículo 3 de 2009.

O tema: Ecoteologia

Leio no Editorial, assinado por Elaine Wainwright, Luiz Carlos Susin e Felix Wilfred:

O novo milênio iniciou com esperança e expectativas. Uma nova aurora, um novo futuro foi sonhado e imaginado. Dentro de poucos anos, porém, o planeta experimentou alguns dos mais devastadores gemidos registrados na história humana (…) O tsunami de 2004 (…) um grande terremoto no norte do Paquistão; o furacão Katrina inundou Nova Orleans (…) o ciclone Nargis…

Este fascículo de Concilium foi elaborado em resposta à crescente urgência destes gemidos da Terra. Dá prosseguimento, com foco diferente, às análises e debates iniciados num fascículo anterior de 1995, editado por Leonardo Boff e Virgil Elizondo. A devastação ecológica experimentada recentemente está pedindo novas respostas teológicas tanto nos meios acadêmicos como no nível popular…

O presente fascículo procura fornecer aos leitores conhecimentos para uma resposta teológica às questões ecológicas que foram aumentando desde 1995…

Escrevem neste número: Elaine M. Wainwright (Nova Zelândia), Leonardo Boff (Brasil), Anne Elvey (Austrália), Felix Wilfred (Índia), Alirio Cáceres Aguirre (Colômbia), Jacques Haers (Bélgica), Neil Darragh (Nova Zelândia), Mary Judith Ress (Chile), John Clammer (Japão), Josias da Costa Júnior (Brasil), Luiz Carlos Susin (Brasil), Marin O’Sullivan (Irlanda), Jayapaul Azariah (Índia) e Jill Gowdie (Austrália).

Circulares Conciliares de Dom Helder Câmara

Vida de dom Helder Câmara é contada na coletânea de cartas “Circulares Conciliares”

Dom Helder Câmara - Circulares Conciliares Volume I - Tomo IA riqueza do vasto acervo de dom Helder Câmara oferece à população, no ano de seu centenário, cada vez mais obras cheias de detalhes, sensibilidade e ensinamento. No dia 14 de abril, foi lançada, em Recife (PE), a coletânea “Circulares Conciliares”, que resgata as cartas escritas pelo religioso aos seus assessores, no período de 1962 a 1965, durante o Concílio Vaticano II.

Composta por 6 livros, a obra retrata o pensamento do arcebispo emérito de Olinda e Recife, além de ser uma oportunidade de mostrar às pessoas todo o seu ideário e prática de vida. Para o Instituto Dom Hélder Câmara, o arcebispo foi um dos maiores exemplos de coerência de vida, pondo na prática aquilo que ele pregava em seus discursos. Os volumes foram organizados pelos professores Zildo Rocha e Luiz Carlos Marques Luz.

A coleção é dividida em dois volumes, cada um com 3 Tomos. Os textos narram o dia-a-dia das sessões do Concílio Vaticano II, evento que marcou a história da Igreja Católica no mundo todo.

As cartas subdivididas em Conciliares, Interconciliares e Posconciliares, somam 2.122 textos, 7.547 meditações, e mais discursos, programas de rádio, entre outros. A estimativa é que as “obras completas” alcancem 20 volumes, já que nesta primeira coleção de seis Tomos, só foram editadas 637 circulares. A confecção da obra contou com o patrocínio do Governo do Estado de Pernambuco [Nota: a publicação foi lançada pela CEPE – Companhia Editora de Pernambuco. As obras podem ser encontradas, entre outros lugares, na Livraria Loyola e na Livraria Cultura].

Dom Helder tinha como hábito escrever durante a noite, e todo o material produzido era rigorosamente numerado e datado, facilitando para o presente, este trabalhoDom Helder Câmara - Circulares Pós-Conciliares Volume III - Tomo I de divulgação.

A importância das comemorações do centenário de dom Helder se dá pelo seu exemplo de vida. Carismático, dom Helder foi um pastor que viveu a simplicidade e a humildade, observadas em sua atitude cotidiana, quando acolhia os mendigos, visitava os mais necessitados e injustiçados, e partilhava seus prêmios. Estas e outras iniciativas fizeram dele um semeador da fraternidade.

Fonte: CNBB 16/09/2009

Confira os vários volumes na Amazon.com.br

Blog Semana Dom Helder Câmara

Foi criado o blog da Semana Dom Helder Câmara.

Que explica:

Este blog pretende ser mais um canal de divulgação da “Semana Dom Helder Câmara“, que acontecerá em Fortaleza – CE, de 26 de setembro a 02 de outubro de 2009. Além disso, neste espaço serão compartilhadas informações, artigos, fotos, vídeos relacionados a vida, missão e ensinamentos deixados por Dom Helder. “O Grupo” é o realizador do evento e acredita que com a existência do mesmo seja possível tornar ainda mais viva a presença de Dom Helder no cotidiano do povo brasileiro.

As linguagens possíveis sobre Deus hoje

Narrar Deus numa sociedade pós-metafísica. Possibilidades e Impossibilidades. Este é o tema de capa da edição 308 da revista IHU On-Line, publicada em 14/09/2009.

Narrar Deus numa sociedade pós-metafísica. Possibilidades e impossibilidades, tema central do X Simpósio Internacional IHU, que se realiza nesta semana na Unisinos, numa promoção do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, é o núcleo ao redor do qual se concentram as contribuições de pesquisadores e pesquisadoras, das mais diferentes áreas do conhecimento e de diversas partes do mundo, desta edição da IHU On-Line

As entrevistas:
:: William Stoeger: As ciências naturais não podem dizer o que Deus é ou não é
:: Marcelo Fernandes de Aquino: A pós-metafísica e a narrativa de Deus
:: Ernildo Stein: Narrativas de Deus são fragmentárias como era pós-metafísica
:: Jean-Louis Schlegel: Todos os discursos sobre Deus são possíveis e imagináveis em nossa sociedade
:: Felix Wilfred: Fluidez e abertura nas narrativas de Deus na sociedade pós-metafísica
:: Geraldo De Mori: Literatura: lugar de narrar Deus
:: Luigi Perissinotto: O silêncio e a experiência do inefável em Wittgenstein
:: Benilton Bezerra Júnior: “Só os sujeitos de linguagem podem crer em Deus”
:: Mary Hunt: Os novos nomes de Deus e o empoderamento feminino
:: Clóvis Cabral: Deus é maior do que os discursos sobre ele
:: Luís Carlos Susin: “É narrando que se diz o mistério”
:: Faustino Teixeira: O budismo e o “silêncio sobre Deus”
:: Christoph Theobald: O cristianismo como estilo

Leia Mais:
X Simpósio Internacional IHU: Narrar Deus numa sociedade pós-metafísica. Possibilidades e Impossibilidades

Michael Löwy fala sobre Boff, Betto e a TdL

A Teologia da Libertação: Leonardo Boff e Frei Betto

Os cristãos comprometidos socialmente são um dos componentes mais ativos e importantes do movimento altermundista; particularmente, porém não somente na América Latina e especialmente no Brasil, país que acolheu as primeiras reuniões do Fórum Social Mundial (FSM). Um dos iniciadores do FSM, Chico Whitaker, membro da “Comissão Justiça e Paz” da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), pertence a esta esfera de influência, o mesmo que o sacerdote belga François Houtart, amigo e professor de Camilo Torres, promotor da revista Alternatives Sud, fundador do “Centro Tricontinental” (CETRI) e uma das figuras intelectuais mais influentes do Fórum.

Podemos datar o nascimento dessa corrente, que poderíamos denominar como “cristianismo da libertação” no começo dos anos 60, quando a Juventude Universitária Católica brasileira (JUC), alimentada pela cultura católica francesa progressista (Emmanuel Mounier e a revista Esprit, o padre Lebret e o movimento “Economia y Humanismo”, o Karl Marx do jesuíta J.Y. Calvez), formula por primeira vez, em nome do cristianismo, uma proposta radical de transformação social. Esse movimento se estende depois a outros países do continente e encontra, a partir dos anos 70, uma expressão cultural, política e espiritual na “Teologia da Libertação”.

Os dois principias teólogos da libertação brasileiros, Leonardo Boff e Frei Betto, estão, portanto, entre os precursores e inspiradores do altermundismo; com seus escritos e suas palavras participam ativamente nas mobilizações do “movimento dos movimentos” e nos encontros do Fórum Social Mundial. Se sua influencia é muito significativa no Brasil, onde muitos militantes dos movimentos sociais, tais como sindicatos, MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e movimentos de mulheres provêm de comunidades eclesiais de base (CEBs) conhecidas na Teologia da Libertação, seus escritos também são muito conhecidos entre os cristãos de outros países, tanto da América Latina quando do resto do mundo.

Se houvesse que resumir a ideia central da Teologia da Libertação em uma só frase, seria “opção preferencial pelos pobres”.

Qual é a novidade? Por ventura, a Igreja não esteve sempre, caritativamente, atenta ao sofrimento dos pobres? A diferença -capital- é que o cristianismo da libertação já não considera os pobres como simples objetos de ajuda, compaixão ou caridade, mas como protagonistas de sua própria história, artífices de sua própria libertação. O papel dos cristãos comprometidos socialmente é participar na “longa marcha” dos pobres rumo à “terra prometida” -a liberdade-, contribuindo para sua organização e emancipação sociais.

O conceito de “pobre” tem, obviamente, um profundo alcance religioso no cristianismo; porém, corresponde também a uma realidade social essencial no Brasil e na América Latina: a existência de uma imensa massa de despossuídos, tanto nas cidades quanto no campo, que não são todos proletários ou trabalhadores. Alguns sindicalistas cristãos latino-americanos falam de “pobretariado” para descrever essa classe de deserdados que não somente são vítimas da exploração, mas, sobretudo, são vítimas da exclusão social pura e simples.

O processo de radicalização das culturas católicas do Brasil e América Latina que desembocou na criação da Teologia da Libertação não vai desde a cúpula da Igreja para irrigar sua base, nem a base popular vai à cúpula (duas versões que se encontram nos discursos dos sociólogos ou historiadores do fenômeno); mas da periferia rumo ao centro. As categorias ou setores sociais do âmbito religioso que serão o motor da renovação são todos, de alguma forma, marginais ou periféricos com relação à instituição: movimentos, leigos da Igreja e seus capelães; expertos leigos, sacerdotes estrangeiros, ordens religiosas. Em alguns casos, o movimento alcança o “centro” e consegue influir nas Conferências Episcopais (particularmente no Brasil), em outros casos fica bloqueado nas “margens” da instituição.

A pesar de que existem divergências significativas entre os teólogos da libertação, na maioria de seus escritos encontramos repetidos os temas fundamentais que constituem uma saída radical da doutrina tradicional e estabelecida das Igrejas Católica e Protestante:

-Uma implacável acusação moral e social contra o capitalismo como sistema injusto e iníquo, como forma de pecado estrutural.
-O uso do instrumento marxista para compreender as causas da pobreza, as contradições do capitalismo e as formas da luta de classes.
-A opção preferencial a favor dos pobres e a solidariedade com sua luta de emancipação social.
-O desenvolvimento de comunidades cristãs de base entre os pobres como a nova forma da Igreja e como alternativa ao modo de vida individualista imposto pelo sistema capitalista.
-A luta contra a idolatria (não o ateísmo) como inimigo principal da religião, isto é, contra os novos ídolos da morte, adorados pelos novos faraós, pelos novos Césares e pelos novos Herodes: O consumismo, a riqueza, o poder, a segurança nacional, o Estado, os exércitos; em poucas palavras, “a civilização cristã ocidental”.

Examinemos mais de perto os escritos de Leonardo Boff e de Frei Betto, cujas idéias contribuíram, sem dúvida, à formação da cultura político-religiosa do componente cristão do altermundismo.

O livro de Leonardo Boff -na época, membro da ordem franciscana,- Jesus Cristo libertador, (Petrópolis, Vozes, 1971), pode ser considerado como a primeira obra da Teologia da Libertação no Brasil. Essencialmente, trata-se de uma obra de exegese bíblica; porém um dos capítulos, possivelmente o mais inovador, intitulado “Cristologia desde América Latina”, expressa o desejo de que a Igreja possa “participar de maneira crítica no arrranque global de libertação que a sociedade sul-americana conhece hoje”. Segundo Boff, a hermenêutica bíblica de seu livro está inspirada pela realidade latino-americana, o que dá como resultado “a primazia do elemento antropológico sobre o eclesiástico, do utópico sobre o efetivo, do crítico sobre o dogmático, do social sobre o pessoal e da ortopráxis sobre a ortodoxia”; aqui se anunciam alguns dos temas fundamentais da Teologia da Libertação [1].

Personagem carismático, com uma cultura e uma criatividade enormes, ao mesmo tempo místico franciscano e combatente social, Boff converteu-se no principal representante brasileiro dessa nova corrente teológica. Em seu primeiro livro já encontramos referencias ao “Princípio Esperança”, de Ernst Bloch, porém, progressivamente, no curso dos anos 70, os conceitos e temas marxistas cada vez mais aparecem em sua obra até converter-se em um dos componentes fundamentais de sua reflexão sobre as causas da pobreza e a prática da solidariedade com a luta dos pobres por sua libertação.

Rechaçando o argumento conservador que pretende julgar o marxismo pelas práticas históricas do chamado “socialismo real”, Boff constata, não sem ironia, que o mesmo que o Cristianismo não se identifica com os mecanismos da Santa Inquisição, o marxismo não tem porque se equiparar aos “socialismos” existentes, que “não representam uma alternativa desejável por conta de sua tirania burocrática e pelo sufocamento das liberdades individuais”. O ideal socialista pode e deve assumir outras formas históricas [2]

Em 1981, Leonardo Boff publica o livro “Igreja, Carisma e Poder”, uma reviravolta na história da Teologia da Libertação: por primeira vez desde a Reforma protestante, um sacerdote católico coloca em xeque, de maneira direta, a autoridade hierárquica da Igreja, seu estilo de poder romano-imperial, sua tradição de intolerância e dogmatismo -simbolizada durante vários séculos pela Inquisição, pela repressão de toda crítica vinda de baixo e o rechaço da liberdade de pensamento. Denuncia também a pretensão de infalibilidade da Igreja e o poder pessoal excessivo dos papas, que compara, não sem ironia, com o poder do secretário geral do Partido Comunista soviético.

Convocado pelo Vaticano em 1984 para um “colóquio” com a Santa Congregação para a Doutrina da Fé (antes, o Santo Ofício), dirigida pelo Cardenal Ratzinger, o teólogo brasileiro não abaixa a cabeça, nem nega retratar-se; permanece fiel a suas convicções e Roma o condena a um ano de “silencio obsequioso”; finalmente, frente à multiplicação dos protestos no Brasil e em outros lugares, a sansão foi reduzida em vários meses. Dez anos mais tarde, cansado do hostigamento, das proibições e das exclusões de Roma, Boff abandona a ordem dos franciscanos e a Igreja, sem, no entanto, abandonar sua atividade de teólogo católico.

A partir dos anos 90, interessa-se cada vez mais pelas questões ecológicas que aborda com o espírito de amor místico e franciscano pela natureza e com uma perspectiva de crítica radical do sistema capitalista. Será o objeto do livro Dignitas Terrae. Ecologia: grito da terra, grito dos pobres, (S. Paulo, Ática, 1995) e escreve inúmeros ensaios filosóficos, éticos e teológicos que abordam esta problemática. Segundo Leonardo Boff, o encontro entre a Teologia da Libertação e a ecologia é resultado de uma constatação: “A mesma lógica do sistema dominante de acumulação e da organização social que conduz à exploração dos trabalhadores, leva também à pilhagem de nações inteiras, e, finalmente, à degradação da natureza”.

Portanto, a Teologia da Libertação aspira a uma ruptura com a lógica desse sistema, uma ruptura radical que aponta a “libertar os pobres, os oprimidos e os excluídos, as vítimas da voracidade da acumulação injustamente distribuída e libertar a Terra, essa grande vítima sacrificada pela pilhagem sistemática de seus recursos, que põe em risco o equilíbrio físico, químico e biológico do planeta como um todo”. O paradigma opressão / libertação aplica-se, pois, para ambas: as classes dominadas e exploradas por um lado; e a Terra e suas espécies vivas, por outro [3].

Amigo próximo de Leonardo Boff (publicaram alguns livros juntos), Frei Betto é, sem dúvida, um dos mais importantes teólogos da libertação do Brasil e da América Latina e um dos principais animadores das CEBs (Comunidades Eclesiais de Base). Dirigente nacional da Juventude Estudantil Católica (JEC) no início dos anos 60, Carlos Alberto Libânio Christo (seu nome verdadeiro) começou sua educação espiritual e política com Santiago Maritain, Emmanuel Mounier, o padre Lebret e o grande intelectual católico brasileiro Alceu Amoroso Lima, porém, durante sua atividade militante na União Nacional dos Estudantes (UNE), descobriu O Manifesto Comunista e A Ideologia Alemã. Quando entrou como noviço na ordem dos dominicanos, em 1965, naquela época um dos principias focos de elaboração de uma interpretação liberacionista do cristianismo, já havia tomado firmemente a resolução de consagrar-se à luta da revolução brasileira [4].

Impressionado com a pobreza do mundo e pela ditadura militar estabelecida em 1964, incorpora-se a uma rede de dominicanos que simpatizam ativamente com a resistência armada contra o regime. Quando a repressão se intensificou, em 1969, socorreu a inúmeros revolucionários, ajudando-os a esconder-se ou a cruzar a fronteira para o Uruguai ou para a Argentina. Essa atividade custou-lhe cinco anos de prisão, de 1969 a 1973.

Em um livro fascinante publicado no Brasil e reeditado mais de dez vezes, Batismo de Sangue. Os dominicanos e a morte de Carlos Marighella (Río de Janeiro, Ed. Bertrand, 1987), traça o retrato do dirigente do principal grupo revolucionário armado, assassinado pela polícia em 1969, bem como o de seus amigos dominicanos presos nas rodas da repressão e destroçados pela tortura. O último capítulo está consagrado à trágica figura de Frei Tito de Alencar, tão cruelmente torturado pela polícia brasileira que jamais recobrou seu equilíbrio psíquico: libertado da prisão e exilado na França, sofreu uma aguda mania de perseguição e cometeu suicídio em 1974.

As Cartas da Prisão de Betto, publicadas em 1977, mostram seu interesse pelo pensamento de Marx, a quem designava, para burlar a censura política, “o filósofo alemão”. Em uma carta de outubro de 1971 a uma amiga, abadesa beneditina, observava: “a teoria econômico-social do filósofo alemão não teria existido sem as escandalosas contradições sociais provocadas pelo liberalismo econômico, que o conduziram a percebê-las, analisá-las e estabelecer princípios capazes de sobrepô-los” [5].

Depois de sua libertação da prisão, em 1973, Frei Betto consagrou-se à organização das comunidades de base. Durante os anos seguintes publicou vários folhetos que, em linguagem simples e inteligível, explicavam o sentido da Teologia da Libertação e o papel das CEBs. Logo, converteu-se em um dos principais dirigentes dos encontros intereclesiais nacionais, onde as CEBs de todas as regiões do Brasil intercambiam suas experiências sociais, políticas e religiosas. Em 1980 organizou o 4º Congresso internacional dos Teólogos do Terceiro Mundo.

Desde 1979 Betto é responsável pela Pastoral Operária de São Bernardo do Campo, cidade industrial do subúrbio de São Paulo, onde nasceu o novo sindicalismo brasileiro. Sem vincular-se a nenhuma organização política, não escondia suas simpatias pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Após a vitória eleitoral do candidato do PT, Luis Inácio Lula da Silva, em 2001, foi designado pelo novo presidente para dirigir o Programa “Fome Zero”; no entanto, descontente com a orientação econômica do governo, prisioneiro dos paradigmas neoliberais, demitiu-se de seu posto dois anos depois.

Enquanto alguns teólogos tentam reduzir o marxismo a uma “mediação sócio-analítica”, Betto defende, em seu ensaio de 1986, Cristianismo e Marxismo, uma interpretação muito mais ampla da teoria marxista que inclui a ética e a utopia: “o marxismo é, sobretudo, uma teoria da práxis revolucionária (…). A prática revolucionária sobrepõe-se ao conceito e não se esgota na análise estritamente científica porque, necessariamente, inclui dimensões éticas, místicas e utópicas (…). Sem essa relação dialética teoria-práxis, o marxismo se esclerosa e se transforma em ortodoxia acadêmica perigosamente manipulável pelos que controlam os mecanismos do poder”. Esta última frase é, sem dúvida, uma referencia crítica a URSS e aos países do socialismo real que constituem, em sua maneira de ver, uma experiência deformada por sua “ótica objetivista”, sua “tendência economicista” e, sobretudo, por sua “metafísica do Estado”.

Betto e Boff, como a imensa maioria dos teólogos da libertação, não aceitam a redução, tipicamente liberal, da religião a um “assunto privado” do indivíduo. Para eles, a religião é um assunto eminentemente público, social e político. Essa atitude não é necessariamente uma oposição à laicidade; de fato, o cristianismo da libertação situa-se nas antípodas do conservadorismo clerical:

-Predicando a separação total entre a Igreja e o Estado e a ruptura da cumplicidade tradicional entre o clero e os poderosos.
-Negando a idéia de um partido ou um sindicato católico e reconhecendo a necessária autonomia dos movimentos políticos e sociais populares.
-Rechaçando toda idéia de regresso ao “catolicismo político” pré-crítico e sua ilusão de uma “nova cristandade”.
-Favorecendo a participação dos cristãos nos movimentos ou partidos populares seculares.

Para a Teologia da Libertação não existe contradição entre essa exigência de democracia moderna e secular e o compromisso dos cristãos no âmbito político. Trata-se de dois enfoques diferentes da relação entre religião e política: desde o ponto de vista institucional é imprescindível que prevaleça a separação e a autonomia; porém, no âmbito ético-político o imperativo essencial é o compromisso.

Levando em consideração essa orientação eminentemente prática e combativa, não é de se estranhar que muitos dos dirigentes e ativistas dos movimentos sociais mais importantes dos últimos anos -desde 1990-, fossem formados na América Latina segundo as idéias da Teologia da libertação. Podemos dar como exemplo o MST, um dos movimentos mais impressionantes da história contemporânea do Brasil, por sua capacidade de mobilização, seu radicalismo, sua influência política e sua popularidade (além de ser uma das principais forças da organização do Fórum Social Mundial).

A imensa maioria dos dirigentes ou ativistas do MST procedem das CEBs ou da Pastoral da Terra: sua formação religiosa, moral, social e, em certa medida, política, efetuou-se nas filas da “Igreja dos pobres”. No entanto, desde sua origem, nos anos 70, o MST optou por ser um movimento leigo, secular e autônomo e independente com relação á Igreja. A imensa maioria de seus militantes é católica; porém, também há evangélicos e não crentes (poucos). A doutrina (socialista!) e a cultura do MST não fazem referência ao cristianismo; porém, podemos dizer que o estilo de militância, a fé na causa e a disposição ao sacrifício de seus membros, muitos têm sido vítimas de assassinatos e até de matanças coletivas durante os últimos anos, têm, provavelmente, fontes religiosas.

As correntes e os militantes cristãos que participam no movimento altermundista são muito diversos -ONGs, militantes dos sindicatos e partidos de esquerda, estruturas próximas à Igreja- e não partilham das mesmas escolhas políticas. Porém, a imensa maioria se reconhece nas grandes linhas da Teologia da Libertação, tal como a formularam Leonardo Boff, Frei Betto, Clodovis Boff, Hugo Assmann, Dom Tomás Balduino, Dom Helder Camara, Dom Pedro Casaldáliga, e tantos outros conhecidos e menos conhecidos, e partilham sua crítica ética e social do capitalismo e seu compromisso pela libertação dos pobres.

BIBLIOGRAFIA

Leonardo Boff, Jesus Christ Libérateur, Paris, Cerf, 1985.
L. Boff, Eglise, Charisme et Pouvoir, Bruxelles, Lieu Commun 1985.
L. Boff, O caminhar da Igreja com os oprimidos, Petrópolis, Vozes, 1988, 3a edição, prefacio de Darcy Ribeiro.
L. Boff, “Je m’explique” (entrevistas con C. Dutilleux), Paris, Desclée de Brouwer, 1994.
L. Boff, Dignitas Terrae. Ecologia: grito da terra, grito dos pobres, S.Paulo, Ática, 1995.
L. Boff, “Libertação integra: do pobre e da terra”, in A teologia da libertação. Balanço e Perspectivas, S.Paulo, Ática, 1996.
Fr. Fernando, Fr. Ivo, Fr. Betto, O canto na fogueira. Cartas de três dominicanos quando em cárcere político, Petrópolis, Vozes, 1977.
Frei Betto, Cristianismo e Marxismo, Petrópolis, Vozes, 1986.
Frei Betto, Batismo de Sangue. Os dominicanos e a morte de Carlos Marighella, Rio de Janeiro, Editora Bertrand, 1987.
Théologies de la libération. Documents et debats, Paris, Le Cerf, 1985.
Michael Löwy, La guerre des dieux. Religion et politique en Amerique Latine, Paris, Ed. du Felin, 1998.

NOTAS:

[1] L. Boff, Jesus Christ Libérateur, París, Cerf, 1985, pp. 51-55. Ibid. p. 275.
[2] L.Boff, “Libertação integra: do pobre et da terra”, in A teologia da libertação. Balanço e Perspectivas, S.Paulo, Ática, 1996, pp. 115, 124-128.
[3] Entrevista de Frei Betto con el autor, 13-09-1988.
[4] Fr. Fernando, Fr. Ivo, Fr. Betto, O canto na fogueira. Cartas de três dominicanos quando em cárcere político, Petrópolis, Vozes, 1977, pp. 39 e 120.
[5] Frei Betto, Cristianismo e Marxismo, Petrópolis, Vozes, 1986, pp. 35-37.

Fonte:  Adital: 04/09/2009 – Também aqui.

 

Original francês

La théologie de la libération : Leonardo Boff et Frei Betto – par Michael Löwy: RISAL.info – Article publié le 14 mars 2007

Les chrétiens socialement engagés sont une des composantes les plus actives et importantes du mouvement altermondialiste, notamment – mais pas seulement – en Amérique Latine et tout particulièrement au Brésil, le pays qui a reçu les premières réunions du Forum Social Mondial. Un des initiateurs du FSM (Forum social mondial), Chico Whitaker, membre de la Commission Justice et Paix de la CNBB (Conférence nationale des Evêques brésiliens) appartient à cette mouvance, de même que le prêtre belge François Houtart – ami et professeur de Camilo Torres et initiateur de la revue Alternatives Sud, fondateur du CETRI (Centre Tricontinental) – une des figures intellectuelles les plus influentes du Forum.

On peut dater la naissance de ce courant, que l’on pourrait désigner comme « christianisme de la libération », du début des années 1960, quand la Jeunesse universitaire chrétienne (JUC) brésilienne – nourrie de culture catholique française progressiste (Emmanuel Mounier et la revue Esprit, le père Lebret et le mouvement « Economie et Humanisme », le Karl Marx du jésuite J. Y. Calvez) – formule pour la première fois, au nom du christianisme, une proposition radicale de transformation sociale. Ce mouvement va s’étendre ensuite dans les autres pays du continent et il va trouver, à partir des années 1970, une expression culturelle, politique et spirituelle dans la théologie de la libération.

Les deux principaux théologiens de la libération brésiliens, Leonardo Boff et Frei Betto, sont donc parmi les précurseurs et inspirateurs de l’altermondialisme ; ils participent d’ailleurs activement, par leurs écrits et leur parole, aux mobilisations du « mouvement des mouvements » et aux rencontres du Forum Social Mondial. Si leur influence est très significative au Brésil, où beaucoup de militants des mouvements sociaux – syndicats, MST (paysans sans-terre), mouvements de femmes – sont issus des communautés ecclésiales de base (CEB) qui se reconnaissent dans la théologie de la libération, leurs écrits sont aussi connus des chrétiens d’autres pays d’Amérique Latine et du monde.

S’il fallait résumer l’idée centrale de la théologie de la libération en une seule formule, ce serait « option préférentielle pour les pauvres ».

Quelle est la nouveauté ? L’Eglise n’a-t-elle pas depuis toujours été charitablement attentive à la souffrance des pauvres ? La différence – capitale – c’est que pour le christianisme de la libération, les pauvres ne sont plus perçus comme des simples objets – d’aide, compassion, charité – mais comme les acteurs de leur propre histoire, les sujets de leur propre libération. Le rôle des chrétiens socialement engagés c’est de participer à cette « longue marche » des pauvres vers la « terre promise » – la liberté – en apportant leur contribution à leur auto-organisation et auto-émancipation sociale.

Le concept de « pauvre » a évidemment une portée religieuse profonde dans le christianisme. Mais il correspond aussi à une réalité sociale essentielle au Brésil et en Amérique Latine : l’existence d’une immense masse de dépossédé•e•s, aussi bien dans les villes que dans les campagnes, qui ne sont pas tous des prolétaires ou des travailleurs. Certains syndicalistes chrétiens latino-américains parlent de « pauvretariat » (pobretariado) pour décrire cette classe de déshérité•e•s, victimes non seulement de l’exploitation mais surtout de l’exclusion sociale pure et simple.

Le processus de radicalisation de la culture catholique brésilienne et latino-américaine qui va aboutir à la formation de la théologie de la libération ne part pas du sommet de l’Eglise pour irriguer sa base, ni de la base populaire vers le sommet – deux versions qu’on trouve souvent chez les sociologues ou historiens du phénomène – mais de la périphérie vers le centre. Les catégories ou secteurs sociaux dans le champ religieux qui seront le moteur du renouveau sont tous d’une certaine façon marginaux ou périphériques par rapport à l’institution : les mouvements laïcs de l’Eglise et leurs aumôniers, les experts laïcs, les prêtres étrangers, les ordres religieux. Dans certains cas le mouvement gagne le « centre » et réussit à influencer les conférences épiscopales (notamment au Brésil), dans d’autres il reste bloqué dans les « marges » de l’institution.

Bien qu’existent des divergences significatives entre les théologiens de la libération, on retrouve, dans la plupart de leurs écrits, plusieurs thèmes fondamentaux qui constituent un départ radical de la doctrine traditionnelle, établie, des Eglises catholiques et protestantes :

— Un implacable réquisitoire moral et social contre le capitalisme en tant que système injuste, inique, en tant que forme de péché structurel.

— L’usage de l’instrument marxiste afin de comprendre les causes de la pauvreté, les contradictions du capitalisme et les formes de la lutte de classe.

— L’option préférentielle en faveur des pauvres et la solidarité avec leur lutte d’auto-émancipation sociale.

— Le développement de communautés chrétiennes de base parmi les pauvres comme nouvelle forme de l’Eglise et comme alternative au mode de vie individualiste imposé par le système capitaliste.

— La lutte contre l’idolâtrie (et non l’athéisme) comme ennemi principal de la religion – c’est-à-dire contre les nouvelles idoles de la mort adorées par les nouveaux pharaons, les nouveaux Césars et les nouveaux Hérodes : Mammon, la Richesse, la Puissance, la Sécurité nationale, l’Etat, la Force militaire, la « Civilisation chrétienne occidentale ».

Examinons de plus près les écrits de Leonardo Boff et de Frei Betto, dont les idées ont sans doute contribué à former la culture politico-religieuse de la composante chrétienne de l’altermondialisme (continue a ler)

SOTER 2010: comemorando 25 anos

A SOTER – Sociedade de Teologia e Ciências da Religião – já está avisando:

O 23° Congresso Anual da Soter celebrará os 25 anos de nossa Sociedade. Será realizado na PUC Minas, de 12 a 15 de Julho de 2010 e terá como tema “Religiões e Paz Mundial”. Agendem-se!

Narrar Deus numa sociedade pós-metafísica

X Simpósio Internacional IHU: Narrar Deus numa sociedade pós-metafísica. Possibilidades e impossibilidades

“A Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, sob a coordenação do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-Rio, realizará no período de 14 a 17 de setembro de 2009, o X Simpósio Internacional IHU: Narrar Deus numa sociedade pós-metafísica. Possibilidades e Impossibilidades.

As profundas transformações socioculturais que caracterizam a sociedade atual como sociedade pós-metafísica vêm ‘transformando profunda e radicalmente não só a idéia de Deus na cultura contemporânea’, mas também as condições e possibilidades do discurso e narrativa de Deus no contexto hodierno. Essa realidade coloca em questão as possibilidades e, também, o significado e relevância do discurso teológico na sociedade em que vivemos na forma como tem se desenvolvido até o presente momento.

Esta situação lança o desafio de uma ampla abordagem acadêmica do tema, numa descrição crítica e analítica da problemática e de sua configuração, em confronto com as ciências e com o cenário plurirreligioso e pluricultural em que se situa. Portanto, o tema será abordado em uma perspectiva transdisciplinar, mediante a contribuição de especialistas de diversas áreas da pesquisa científica, tais como: Teologia, Ciências da Religião, Ciências Sociais e Políticas, Filosofia, Letras, Antropologia, Direito, Educação, Psicologia, Astrofísica, Cosmologia”

:: Objetivos:
Objetivo geral
Promover um debate sobre possibilidades e impossibilidades do discurso sobre Deus numa sociedade pós-metafísica.

Objetivos específicos
1 – Explicitar, transdisciplinarmente, a problemática do discurso cristão sobre Deus no contexto das novas representações do mundo da vida e da sociedade ligadas às novas formas de conhecimento
2 – Visitar as narrativas religiosas de Deus, hoje
3 – Esclarecer os laços entre transcendência e historicidade divinas
4 – Descrever os percursos das narrativas de Deus na contemporaneidade
5 – Debater, de modo transdisciplinar, as possibilidades e impossibilidades de uma narrativa de Deus numa sociedade pós-metafísica
6 – Discutir a pertinência das razões do discurso cristão sobre Deus, hoje
7 – Discernir a contribuição da cultura pós-metafísica para uma possível narrativa de Deus, hoje

Data: de 14 a 17 de setembro de 2009
Local: Anfiteatro Pe. Werner – Av. Unisinos, 950 – São Leopoldo – RS

Fonte: Apresentação do Simpósio no IHU.

2º Congresso da ANPTECRE

:: ANPTECRE: Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Teologia e Ciências da Religião

:: Primeiro Congresso: foi realizado na PUC-SP, de 27 a 29 de agosto de 2008
:: Tema: Teologia e Ciências da Religião: Trajetórias, Desafios, Perspectivas

:: Segundo Congresso: será realizado na PUC-Minas, de 24 a 27 de agosto de 2009
:: Tema: Fenomenologia e Hermenêutica do Religioso

“O 2º Congresso da ANPTECRE é o principal evento, em 2009, da Sub-Comissão de Teologia, à qual estão associados os PPGs de Teologia e Ciências da Religião. Ele dá continuidade às discussões dos últimos anos sobre a epistemologia própria a esses dois âmbitos do saber, que antecederam ao processo de criação, em agosto de 2008, da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Teologia e Ciências da Religião – ANPTECRE.

O tema da epistemologia se prolonga neste 2º Congresso com o dos dois principais métodos de abordagem do fenômeno religioso no último século: o da fenomenologia e o da hermenêutica. A permanência na temática epistemológica se deve ao momento histórico pelo qual passam os PPGs de Teologia e Ciências da Religião no Brasil. Inseridos até o momento na Área da Filosofia, eles encetaram um rico percurso juntos, visando à sedimentação da pesquisa nesses âmbitos importantes do saber em nosso país, que é o religioso em geral e o cristianismo em particular. Esse percurso tem sido de grande enriquecimento para os dois tipos de programa, apesar das distintas epistemes de ambos.

Vários campos do saber estão envolvidos nas pesquisas desses Programas, desde os das distintas áreas da teologia cristã (exegese bíblica, teologia da práxis, teologia sistemática), aos das áreas das Ciências da Religião (psicologia, sociologia, antropologia, filosofia). Todos os pesquisadores dos Programas associados à ANPTECRE estão envolvidos na temática proposta neste II Congresso, bem como pesquisadores de outros âmbitos do saber, seja pela relevância que a problemática religiosa possui no Brasil, seja pela contribuição que as distintas expressões do cristianismo têm dado ao processo de construção da cultura e da cidadania em nosso país” (da Apresentação do II Congresso da ANPTECRE).