No blog Le Pharisien Libéré, em francês, leia o post Résumés des articles sur Talpiot, onde são indicados alguns biblioblogs com textos sobre o tema da Tumba de Talpiot.
Acrescentaria, além dos citados Pharisien Libéré, Dr. Jim West e Dr. James Tabor, também o conceituado Dr. Mark Goodacre. Sem dúvida.
Mas, o que chamou minha atenção foi: “Le résultat de la recherche sur le blogue du Dr Airton José da Silva Talpiot. C’est en portugais (facile pour ceux qui ont pratiqué l’espagnol du 17ème siècle)”…
Nunca havia pensado nisso: então o português é fácil para quem conhece o espanhol do século XVII? Credo!
televisao
Tabor contesta enunciados sobre a Tumba de Talpiot
James Tabor está respondendo a 20 enunciados recentes sobre a Tumba de Talpiot, pois os considera pura ficção. Até agora, dia 9, às 20h25, horário de Brasília, 5 respostas podem ser lidas em seu blog The Jesus Dinasty. Porém a lista com as “’top twenty fictions’ related to the discussion of the Talpiot tomb” já está publicada. Dê uma olhada em The Talpiot Tomb: Separating Truth from Fiction.
James Tabor explica suas razões:
“The passions and emotions on this topic have been high, and correct and reliable information has been hard to come by. In this post I want to attempt to sort through a list of the “fictions” regarding the Tomb, its discovery, and its investigation, focusing on things that have been reported or written over the past month that are, to my knowledge, in error”.
Jesus bebe Coca-Cola e surge mais uma polêmica
Estas duas “marcas”, Jesus e Coca-Cola, com alto valor de mercado no mundo atual, estão no epicentro de mais uma polêmica às vésperas da Páscoa… No filme 7 km da Gerusalemme, que seria lançado na Itália amanhã, dia 6 de abril de 2007, Jesus toma uma latinha de Coca-Cola e a coisa se complica…
Leia:
Coca-Cola protesta contra filme em que Jesus bebe refrigerante
Um filme sobre Jesus ambientado nos dias de hoje, e que deveria ser lançado durante a Páscoa na Itália, despertou a fúria da gigante do setor de bebidas Coca-Cola.
A companhia deu início a um processo contra os produtores do longa 7 km da Gerusalemme (Sete Quilômetros de Jerusalém, em tradução livre) devido a uma cena em que Jesus aparece bebendo uma lata do refrigerante.
Os produtores tiveram que adiar o lançamento do filme até que a disputa legal seja resolvida. O longa conta a história de um executivo do setor de publicidade em meio a uma crise existencial.
Durante a jornada do publicitário a Jerusalém, ele encontra um homem que usa uma túnica e sandálias e que afirma ser Jesus. Este homem parece ter todas as respostas certas para os dilemas morais do publicitário.
Cena polêmica
Durante a jornada no filme, há uma cena polêmica: Jesus entra em um carro e abre uma lata de Coca-Cola. Enquanto saboreia o refrigerante, o publicitário afirma: “Deus, que propaganda”.
O papa Bento 16 aprovou o filme e disse que gostou da “rica mensagem” que o longa pode passar aos cristãos.
Mas a cena enfureceu a Coca-Cola na Itália. O braço italiano da gigante dos refrigerantes teme que qualquer tipo de propaganda contrária possa prejudicar a companhia por associação.
A Coca-Cola afirma que Jesus nunca poderia ser usado para fazer propaganda da bebida e escreveu uma carta aos produtores do longa exigindo o corte da cena.
O diretor Claudio Malaponti e os produtores do filme afirmaram que uma mudança no longa seria cara e levaria tempo.
Mas, depois de uma semana de batalhas judiciais, os produtores e o diretor foram obrigados a adiar o lançamento, marcado originalmente para a Sexta-Feira Santa.
Isso pode significar um atraso de três semanas caso o corte da cena seja feito.
E este não é o único problema dos produtores. No final da sessão de lançamento ocorrida nesta semana na Itália, um dos atores principais afirmou que não gostou da versão apresentada no cinema e agora o número de cópias pedidas para distribuição caiu de 150 para apenas 50.
Fonte: Christian Fraser – BBC Brasil: 04/04/2007
Polemiche a “7 km da Gerusalemme”
Tratto dal best seller di Pino Farinotti, il film 7 km da Gerusalemme racconta la storia di Alessandro un pubblicitario di 43 anni in profonda crisi. Ha appena perso il lavoro e la moglie lo ha abbandonato portandosi via sua figlia, e tutte le loro risorse. Un giorno, forse in un sogno o in una visione, si ritrova a camminare sulla strada che da Gerusalemme va verso il mare. A 7 km dalla città viene avvicinato da un uomo con indosso dei sandali e una tunica, che afferma di essere Gesù. Inizia così un viaggio che porterà i due a conoscersi e confrontarsi: Alessandro mette più volte alla prova l’uomo che afferma di essere il Messia, chiedendogli di compiere azioni miracolose o di rispondere agli interrogativi esistenziali che si pone da sempre. Alla fine di questo cammino insieme Alessandro sarà in grado di raddrizzare la sua vita? Diretto da Claudio Malaponti con Luca Ward, Alessandro Haber, Rosalinda Celentano e Eleonora Brigliadori e distribuito da Mediafilm dal 6 aprile, 7 km da Gerusalemme punta a smuovere le coscienze attraverso la figura di Gesù, incarnazione della speranza e della voglia di rimettersi in gioco presente in ogni essere umano. Una pellicola dalle tematiche importanti che prima ancora di uscire nelle sale sta già affrontando diverse beghe. Prima fra tutte la questione distributiva: nonostante abbia appena vinto il Busto Arsizio Film Festival, il film si è visto diminuire il numero delle copie da 150 a 50. Secondo uno dei produttori di Artika Film Production, che insieme a Rai Cinema ha realizzato l’opera con il contributo del MiBAC, “il film aveva anche incontrato il favore di molti, a partire da esponenti del Vaticano, poi il clima è cambiato”. Come se non bastasse la Coca Cola Italia è sul piede di guerra e minaccia una dispendiosissima azione legale se dal film non verrà tagliata la scena in cui Alessandro offre a Gesù una lattina di Coca Cola e guardandolo bere esclama: “Dio che testimonial”. Gli avvocati della multinazionale hanno già inviato alla produzione una lettera imponendo di eliminare la sequenza perché “la compagnia non può accettare che l’immagine di Gesù venga sfruttata per la pubblicità di una bevanda”. Ma risolvere la questione è meno facile del previsto: 7 km da Gerusalemme è atteso nei cinema per questo fine settimana e tagliare un’intera scena richiederebbe un nuovo montaggio della pellicola con un conseguente slittamento dell’uscita. Produttori e regista sarebbero già riuniti insieme ai loro legali per capire cosa fare e soprattutto come evitare una causa legale internazionale (cont.) Fonte: di Valentina Neri – Cinecittà News: 2/4/2007.
I produttori Graziano Prota e Angelo Sconda informano che il film “7 Km da Gerusalemme” non uscirà come previsto il 6 aprile per il caso Gesù-Coca Cola. Sono in corso chiarimenti legali per verificare se esiste la possibilità di un cambio di posizione da parte della multinazionale che ha chiesto di eliminare la scena in cui Gesù beve la nota bibita. In ogni caso se non si dovesse raggiungere un accordo la scena sarà corretta in post-produzione. “Questo rimontaggio prevede un tempo tecnico di circa venti giorni e si auspica di riuscire ad essere nelle sale entro la fine del mese di aprile” – afferma il regista Claudio Malaponti.
Ho visto Gesù. E beveva una cocacola (The Director’s Cup: 02 Aprile 2007 16:50)
O Sepulcro Esquecido de Jesus: o feijão com arroz de cada dia
Um giro pela blogosfera aponta para alguns importantes posts sobre O Sepulcro Esquecido de Jesus, que já se tornou o assunto “nosso de cada dia”. Ou, em estilo bem brasileiro, o feijão com arroz de cada dia dos biblioblogueiros.
Confirmando o que foi dito aqui: The fake became the real.
Hoje vale a pena olhar o post de Mark Goodacre:
O Sepulcro Esquecido de Jesus e a Estatística
Para quem quiser ver algo realmente sério sobre os cálculos estatísticos presentes no caso do Sepulcro Esquecido de Jesus, há uma boa leitura em:
Bayes’ Theorem And The “Jesus Family Tomb”
Publication of the book The Jesus Family Tomb in late February, 2007, sparked a media firestorm. Could it be that the actual tomb of Jesus of Nazareth had been found in a suburb of Jerusalem? The book’s authors, Simcha Jacobovici and Charles Pellegrino, believed it has. The book was followed up by the showing of a related documentary on the Discovery Channel on March 4, 2007.
The reaction to the book/documentary was intense, and things got particularly hot around the blogosphere. A number of folks criticized the probabilities quoted by Simcha and Charlie in the book. Simcha and Charlie alleged that the odds were “600 to 1” that this is in fact the tomb of Jesus of Nazareth. As support, they cited the calculations of Prof. Andrey Feuerverger, of the University of Toronto.
I read the book as soon as I could get a copy and thought hard about the calculations presented there. Because I have extensive experience in computing probabilities of such “remarkable events,” I did my own set of calculations and posted them on this web site in an article titled Statistics and the Jesus Family Tomb. My conclusion was that the tomb seemed very unlikely to be the family tomb of Jesus of Nazareth.
The article quickly earned a lot of notice around the web, even getting me several mentions on the blogs of Dr. James Tabor and Dr. Mark Goodacre, two well-known New Testament scholars.
Shortly after my article appeared, I received an email from Jay Cost, a graduate student in political science at the University of Chicago. Jay had written an influential article on the Real Clear Politics web site noting the importance of Bayes’ Theorem to the issue. In his email to me, Jay reiterated his comments on Bayes’ theorem and also asked some pointed questions about my calculations.
That email prompted a long and intense discussion between me and Jay on the statistics of the Jesus family tomb. At first, I was skeptical of his comments, but after doing some analysis, I quickly decided that he was correct — there was more to say about the Jesus family tomb. After many hours of talking, we have fused his ideas with mine. I can now report our conclusions.
I should note that Jay also introduced me to Dr. James Tabor, one of the leading players mentioned in the book The Jesus Family Tomb. Prof. Tabor has strongly urged the academic community to give the tomb hypothesis a fair chance.
I agree. There is nothing to gain by dismissing the whole idea out of hand, merely because it was proposed by a documentary producer. Either the tomb once contained the body of Jesus of Nazareth or it didn’t. Dr. Tabor and I agree that the issue needs to be studied carefully, without fear of where it will lead. We disagree on a number of issues, but he has become a valued friend. Jay and James have also introduced me to a number of other experts on the subject. And a few other experts took the initiative to contact me. Those folks have helped me distinguish between points that are generally agreed on and points subject to judgment calls.
Downloads
Jay Cost and I have written a detailed report of our analysis and conclusions, which we have published as a PDF file titled: “He Is Not Here” Or Is He? Along with this article, I created a spreadsheet that does all the calculations described in our article. You can easily change the assumptions in the calculations by adjusting numbers in the spreadsheet to see how it affects the results.
Download the PDF document “He is Not Here” Or Is He? to read our detailed analysis.
Download the Excel spreadsheet JesusCalculations.xls to replicate our calculations.
The article is unfortunately a bit technical. If you don’t want to read through all the math, then this page will summarize the line of argument and show you some selected conclusions (cont.).
300: Ocidente versus Oriente?
O filme 300 entra em cartaz no Brasil na sexta-feira, 30 de março de 2007.
Veja, sobre isso, uma resenha do filme, escrita pelo Professor emérito de História Antiga da Pennsylvania State University, USA, Eugene N. Borza, e uma reportagem de CartaCapital sobre o espetáculo à parte que foi a divulgação do filme para os jornalistas no Rio de Janeiro.
O Prof. Eugene N. Borza chama a atenção para vários aspectos do filme, entre eles o aspecto histórico. Diz que sua fidelidade histórica não pode ser avaliada, já que ele não pretende ser historicamente preciso. O filme é uma fantasia, não uma reconstrução do que aconteceu no confronto entre espartanos e persas no ano 480 a.C. no desfiladeiro das Termópilas, na Grécia.
Por outro lado, diz o resenhista, história ou fantasia, neste filme, os asiáticos, particularmente Xerxes, são representados como a verdadeira encarnação do mal e da tirania, em oposição aos espartanos que representam a liberdade e a justiça. O Oriente é sórdido, mau, o lado escuro da força, enquanto o Ocidente representa a beleza e a luz. Ele considera esta dicotomia mais séria ainda, pois os dois lados, persa e grego, são historicamente injustiçados em suas motivações e ações pela distorcida fantasia que enfeita o filme e encanta os espectadores ocidentais.
Difícil é ver como uma postura destas poderia ser considerada politicamente correta, ou mesmo neutra, por parte de Teerã, nas atuais circunstâncias de confronto dos Estados Unidos e Reino Unido com o Irã. Para quem não se tocou, os iranianos atuais são os herdeiros dos persas antigos…
Spartans Overwhelmed at Thermopylae, Again – By Eugene N. Borza – Archeology: March 22, 2007
A technically exciting videogame of a film, 300 loses touch with a critical and moving event in Greek history.
Herodotus, the “Father of History,” told many good stories, but there are few tales in his repertoire that surpass his narrative of the last-ditch stand of the Greeks against numerically superior forces at the pass of Thermopylae in August, 480 B.C. A huge military force led by Xerxes, the Persian King of Kings, crossed the Hellespont from Asia into Europe, intent on the subjugation of Greece. Whether Xerxes intended this invasion as revenge for the Athenian victory over the Persians at Marathon a decade earlier or whether his expedition had been planned all along as the natural extension of Persian rule into Europe is still a matter of debate among modern historians. The Greek city-states were aware of the movement of Asian land and naval forces through the areas north of them. Greek representatives met and attempted to plan a defense against an army that may have numbered hundreds of thousands (precision in numbers is impossible). A dispute among the Greeks regarding their best defense was resolved thus: the Peloponnesians, led by Sparta, would build a wall across the Isthmus of Corinth in order to protect the cities of southern Greece. Athens, which was vulnerable, would be evacuated, and the powerful Athenian fleet would be used to engage and destroy the Asian naval forces, thereby depriving Xerxes of necessary support. But time was short, and an attempt to delay the relentless advance of Xerxes’ army was necessary to enable the Athenians to abandon their city and the Peloponnesians to build their defensive wall.
The choke point for the Persian advance was the pass at Thermopylae, where the main route south from northern Greece ran through a narrow lane between the sea and the steep slopes of Mt. Kallidromos. Heavy silting over the centuries has caused the coastline to recede some distance from the mountain, but the modern highway follows almost exactly the ancient coast line, and, at the western end of the pass, the ancient route was probably only a few yards from the sea. It was here that the Greeks decided to make their stand. A force of perhaps six to seven thousand Greeks, led by the Spartan king, Leonidas, made its way to Thermopylae, intent on delaying the Persian advance. For two days the Greeks, led by Leonidas and 300 of his fellow Spartans, maintained a furious defense against the invaders.
There can be no question about the bravery and determination of the Spartans who sacrificed themselves in order to delay the Persian advance.
Asian casualties were high, but the inexorable press of large numbers–plus the treachery of a local Greek who told the Persians how to circumvent the pass by a high mountain path–turned the tide against the Greek forces. Learning that he had been betrayed and was about to be surrounded, Leonidas dismissed most of his forces except for his Spartans and a few other Greeks, the latter of whom eventually fled the scene or defected to the Persians. The Spartans died to the man. There can be no question about the bravery and determination of the Spartans who sacrificed themselves in order to delay the Persian advance.
The pass at Thermopylae was the scene of several such engagements in antiquity and during later centuries, but the most dramatic example of history repeating itself occurred in April 1941. There was little hope that the juggernaut of the German army, led by tanks and bound for Athens, could be stopped by Allied troops. But there was hope that the advance of the Germans could be slowed in order to complete the evacuation of Athens by British and Greek forces. A small, determined band of ANZAC soldiers stationed themselves around the pass at Thermopylae, and for two days managed to slow the German advance, thereby permitting the successful evacuation of Athens. These brave Australians and New Zealanders escaped the Spartans’ fate, and lived on to fight again another day. The sacrifice of the Spartans at Thermopylae was commemorated in an epigram of the ancient Greek poet Simonides: “Go, stranger, and tell the Spartans that we lie here, obedient to their command.”
In 1955 the Greek Archaeological Service dedicated a plaque bearing Simonides’ words at the crest of a small hillock in the pass where Leonidas and his band probably made their last stand.
A wonderful story, to be sure, and fit for re-telling, which in modern times means film. In 1962, The 300 Spartans was released, featuring a very buff Richard Egan as Leonidas. Although it suffered from many of the flaws of the worst sword-and-sandal epics of that era, it attempted to recreate faithfully the politics, diplomacy, and military events that actually were part of the Thermopylae story. Now we have 300, a truly modern bit of movie-making that combines live actors playing against a digitized background.
To judge this film’s adherence to historical fact (insofar as we understand it) is to do it a disservice, for the film does not even pretend to be historically accurate. It is based on a graphic novel developed by Frank Miller and Lynn Varley, whose previous credits are mainly as comic book and graphic novel writers and illustrators. This film version of Miller and Varley’s graphic novel is the inspiration of director and co-writer Zack Snyder, who is said to have been deeply moved both by his childhood viewing of the 1962 The 300 Spartans and by the Miller-Varley graphic novel. Miller’s influence on Snyder appears to be profound. In the on-line production notes for the film Snyder is quoted as saying “Frank took an actual event and turned it into mythology, as opposed to taking a mythological event and turning it into reality.” That vision clearly absolves the filmmaker from any pretense of historical accuracy. In brief, this is a comic book version of Thermopylae writ large, utilizing all of the tricks of virtual reality and digitized magic. This film is not even science fiction, a genre based on an extension of reality. In fact, 300 is one step removed from sci-fi: it is fantasy. In a recent review of Oliver Stone’s Alexander epic, I suggested that there was a difference between historical inaccuracies based on ignorance and sloppy research, and deviations from historical accuracy based upon the film maker’s artistic vision: 300 falls into the latter category.
Leonidas’ motivation is not credible, even in a comic book. The actual Spartan stand at Thermopylae as a delaying action is both credible and historical.
But, for devotees of historical nitpicking: a few nits. There is no attempt to explain the complex issues faced by the Greek city-states confronting the Persian advance. Leonidas is portrayed as intending to take his 300 Spartans up to Thermopylae in order to defeat the Persians and fight for freedom. Setting aside the simple-minded ideology about liberty, reason, and justice (like other Greeks, the Spartans themselves had a long history of attempting to coerce if not actually enslave other peoples when it suited their interests), it is ludicrous to suggest that a great Spartan general like Leonidas would believe that 300 men could thwart the advance of tens–perhaps hundreds–of thousands of Asian troops. Leonidas’ motivation is not credible, even in a comic book. The actual Spartan stand at Thermopylae as a delaying action is both credible and historical.
The portrayal of the fighting is a mixed bag. The filmmakers decided to pare down the Spartan uniforms to their essential and symbolic features: helmet, cape, shield, greaves, and weapons. The result is heroic imagery, hoplites dressed in leather thongs and fighting without body armor. No Greek warrior would ever have stepped into battle without some sort of chest protector. But the fighting itself is dramatically portrayed. The actors had been well trained and the fight scenes carefully choreographed. Much has been made of the graphic violence–lots of spurting blood and decapitations–but I did not find this offensive or disturbing. It was all a product of the coordination between cinematographers and a sophisticated visual effects department, highly influenced by the graphic novel. Aside from some improbable feats of derring-do, the film portrayed the chaos and horror of close-combat infantry clashes with an approximation of reality not mentioned much by the writers of antiquity, but described so well by classicist Victor Davis Hanson in his 1989 book, The Western Way of War, Infantry Battle in Classical Greece. Details aside, one cannot help but admire the impressive technical achievement of this film.
The 300 are shown marching south out of Sparta whereas Thermopylae is north of Sparta.
There are other matters: Ephialtes, the local Greek who betrayed the Spartans at Thermopylae, is instead portrayed as a horribly deformed Spartan outcast whose perfidy results from Leonidas’ refusal to allow him to join in the action. He reminded me of nothing more than Charles Laughton’s portrayal of the title character in The Hunchback of Notre Dame.. Leonidas’ wife, Gorgo, about whom little is said in the ancient sources, is given an enhanced role to play at home while her husband was busy at Thermopylae. The internal political machinations in Sparta are pure invention. The pass at Thermopylae is shown as a very narrow cleft between vertical rock faces, more appropriate for the canyon country of southern Utah than to the actual topography of this region of Greece. The 300 are shown marching south out of Sparta (with Mt. Taygetos on the right) whereas Thermopylae is north of Sparta. Fantasy animals appear from time to time–a huge wolf-like creature confronting the boy Leonidas, and monstrous rhinocerous creatures and elephants at Thermopylae. This is far-fetched stuff, and it bordered on the amusing as the Greeks forced the elephants off high cliffs to fall into the sea. I was not as much concerned about the actual absence of such cliffs at Thermopylae as I wondered how in the world Xerxes transported those elephants across the Hellespont. Of course, they may have come by ship. …Enough of this.
The Asians, in particular Xerxes (chillingly played by the Brazilian actor Rodrigo Santoro), are portrayed as the embodiment of evil and mindless tyranny, as opposed to the Spartans who represent freedom and justice. This stark dichotomy is unfortunate. It is an unnecessary misrepresentation of both Persians and Greeks to have set up both sides in unrelieved black and white: the East as sordid, evil, and dark, while the West represents beauty and light. I do not read into this, as some have, a subliminal commentary on current events, but I’ll bet that this film will not be shown in Tehran. Indeed, the racist implications of the film have already been condemned by Iranians who have not even seen it. And Leonidas (dramatically portrayed by the Scottish actor Gerard Butler) became more single-dimensioned as the film wore on. There were early sparks of humanity in Leonidas’ relationship with his wife and son, and in his efforts to persuade both men and gods of the importance of his mission, but he eventually became transformed into a simple killing machine. This is to be regretted, as Butler is a skilled actor encumbered by a pedestrian script. Only occasionally did the cardboard characterizations yield to some humanity: at the conclusion of the initial phase of the struggle at Thermopylae–which resulted in huge Persian losses–one Spartan turned to another and remarked, “A helluva good start.” And there was a touching moment when a Spartan officer, having witnessed the decapitation of his son in the struggle, commented that his grief was compounded by the fact that he had never told his son how much he loved him. The film would have benefited from more such human touches.
There is the answer Leonidas gave to Xerxes’ demand that the Spartans lay down their arms: “Come and take them.”
The screen writers did their homework in preserving many famous sayings attributed to the Spartans, who were noted in antiquity for their “laconic” style of speaking. Plutarch, the Greek writer of the Roman period, wrote a long essay, “Sayings of the Spartans,” and the film’s writers appear to have read through these. For example,on two occasions when the sky was darkened by the dense shower of Persians arrows, Spartans quipped “Well, we’ll just have to fight in the shade.” Spartan mothers are said to have instructed their sons to “Come back carrying your shield, or being carried upon it.” In the film Gorgo thus enjoined Leonidas. And there is the answer Leonidas gave to Xerxes’ demand that the Spartans lay down their arms: “Come and take them.” In Greek the phrase is molon labe. It is part of an inscription that adorns a colossal statue of Leonidas that can be found near the center of modern Sparta. The screenwriters put the words into Leonidas’ own mouth when the Persian envoys demand surrender, even though Herodotus has the exchange between Xerxes and Leonidas in written messages. For dramatic reasons I rather liked the film version. In sum, 300 cannot be taken seriously as an historical epic. It reveals no insights into the history of the long-term struggle between Greeks and Persians beyond the well-known fact that the Spartans were excellent fighters.
It tells us nothing about the relationships among the Greeks themselves. It is inaccurate in its depictions of myriad details. And it does history and the Persians a real disservice in portraying the Asians entirely as degenerates. The standard disclaimer in the final credits tells us that any resemblance to real persons living or dead is coincidental and unintended. Rarely has a disclaimer been more accurate.
The film is technically exciting and dramatically dumb. It may deserve recognition for its combination of live action with computer-generated virtual reality. But it fails as a film because so many competent actors are hindered by a mediocre script derived from comic book-graphic novel lines and by the constraints of the live-plus-digital format. It is a bold and dramatic concept, and probably appeals most to those interested in video games and fantasy stories. It is one-dimensional, and in that sense is true to its graphic novel origins. Several commentators have suggested that the hybrid technique is the wave of the future. I certainly hope not, except as a niche category of film making.
Their greatest crime is that they reduced to a dehumanized video game one of the most moving events of Greek history.
In the end I leave it to others to determine whether it is good entertainment. Clearly the public thinks that it is. Its opening weekend in the U.S. produced the third highest box office receipts for any R rated film in history, and during the first ten days of release in Greece a half million tickets were sold. (That is about five percent of the total population!). I am informed by an Athenian friend that the film is being shown in all the theaters in multiplexes and that theaters in small towns are offering midday and midnight performances. It has already become a cult item among a certain segment of the U.S. population, perhaps the videogame and graphic novel crowd. One can only speculate about the sociological and political implications of that kind of response. In the opinion view of this reviewer, however, those who created this film were so immersed in technological innovation that they lost sight of the human values that made this such a good story in Herodotus. Their greatest crime is that they reduced to a dehumanized video game one of the most moving events of Greek history. It is perhaps a mark of my devotion to the Archaeological Institute of America and this ARCHAEOLOGY web site that I sat through the entire two hours of 300.
Eugene N. Borza is professor emeritus of ancient history at Pennsylvania State University.
Talents em Copacabana
O lançamento de 300 de Esparta mostra como um sucesso é construído
Eles são sempre chamados talents. E quem não souber o que é talent, que providencie um dicionário. Nas junkets dos blockbusters, com entrevistas em formato round-table e première no red carpet, muitas são as expressões estrangeiras. Prática consagrada dos grandes estúdios, a junket, trocando em miúdos, é um evento destinado a reunir jornalistas dos mais variados veículos e países para a divulgação de um filme embalado para o sucesso. A palavra junket também pode designar piquenique ou festa.
Pois aconteceu no Brasil, pela primeira vez, uma junket de porte e feições internacionais. Na segunda-feira 19 e na terça 20, cerca de 60 jornalistas latino-americanos reuniram-se no suntuoso Hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, para acompanhar o talent tour do filme 300 de Esparta, que entra em cartaz em 550 salas do País na sexta-feira 30. O primeiro dia foi reservado para jornais e revistas. O segundo, para as tevês.
Se a estratégia é velha conhecida dos jornalistas da área cultural, o mesmo não se pode dizer do público. Explicitar esses mecanismos invisíveis é uma boa maneira de compreender de que modo um filme é preparado como produto para consumo. Estouro nas bilheterias norte-americanas, com 130 milhões de dólares arrecadados em duas semanas, a história em quadrinhos de Frank Miller estréia sob a aura de novidade, de “algo como você nunca viu”, como repisaram diretor, atores e produtores durante as entrevistas.
Autodefinições animadas de um lado, confetes de outro, as entrevistas soam a encontro de fãs com ídolos. Se, em outros tipos de reportagem, os entrevistados ficam à mercê dos jornalistas, que definem o assunto a ser abordado e não raro transformam duas horas de conversa numa única (e por vezes desconexa) frase, quando se tem à mesa um talent, leia-se diretor e atores, a lógica é inversa.
Cabe à distribuidora, neste caso a Warner Bros., a definição de quem fala com quem, a que horas e por quanto tempo. De modo subliminar, o próprio tom da entrevista é dado de antemão, por meio da atmosfera criada. As instruções foram passadas no momento do convite e reiteradas quando os jornalistas chegaram ao hotel em que se hospedaram, o Excelsior Copabacana, de domingo para segunda-feira. Algumas das regras:
– As entrevistas terão 20 minutos.
– Não serão permitidas solicitações de fotos, salvo na sessão oficial de fotos da junket.
– Não serão permitidas solicitações de autógrafos.
– Perguntas que abordem aspectos da vida pessoal dos atores e/ou do diretor não serão permitidas.
Normalmente realizada no México ou em Los Angeles, a junket veio parar no Brasil, muito provavelmente pela presença de Rodrigo Santoro no elenco, como o Rei Xerxes, o persa que Leônidas e seus 300 homens tiveram de enfrentar na duríssima Batalha de Termópilas.
“Atores internacionais fazem parte da globalização e contribuem para que o filme viaje melhor”, explica José Carlos Oliveira, diretor-geral da Warner no Brasil. “Tentamos fazer a junket do Superman no Brasil, mas acabou sendo no México. Que eu me lembre, nunca houve nada desse porte aqui. Acho que inauguramos uma nova fase.”
O produtor Gianni Nunnari atrela a escolha do Brasil à presença de Santoro no elenco. Estaria a escalação do ator ligada à tentativa de aumentar o público por aqui? “Completamente. Essa foi a nossa intenção inicial ao ter Rodrigo”, diz, num ato falho logo corrigido. “Quer dizer, em primeiro lugar, é porque ele é um ator fantástico, jovem e profissional. Depois, também pensamos que seria ótimo ter alguém da América do Sul, que isso ajudaria o filme a ter mais público.”
Isso só as bilheterias dirão. Mas é certo que um evento como o de Copacabana dá ao filme extraordinários níveis de visibilidade. Difícil que algum brasileiro não tenha ouvido falar de 300 nos últimos dias. Da capa do caderno de cultura do jornal O Globo ao programa Super Pop, de Luciana Gimenez, na RedeTV!, Santoro e seus companheiros de filme desfilaram soberanos.
“Acho que temos uma relação de parceria com a imprensa, até porque temos conteúdo a oferecer”, diz Oliveira. “Se organizamos as mesas e estipulamos o tempo, é para fazer com que o maior número possível de jornalistas fale do filme. É apenas um contrato e participa quem aceita. Não temos preocupação alguma com o controle de conteúdo.” Nem seria preciso. O clima durante as entrevistas é amistoso. São comuns lances de tietagem.
O formato round-table consiste na reunião de cinco ou seis jornalistas numa mesa – redonda, de fato – à qual os entrevistados se sentarão. Pela sala, passa também alguém da Warner, cronômetro pendurado no pescoço a controlar os minutos. À mesa em que CartaCapital foi colocada, estavam também jornalistas da Folha de S.Paulo, do site Herói, do Jornal do Vídeo e da Folha de Alphaville. Um veículo acaba por neutralizar o outro.
Exemplo: perguntas sobre a polêmica internacional em torno do filme, que foi acusado pelo governo iraniano de demonizar seu povo e que tem um discurso final que remete à fala de Bush e suas justificativas para a invasão do Iraque, não vingavam. O diretor Zack Snyder chegou a dizer que não tinha essa intenção: “O filme não é ofensivo, até porque não se pretende um relato da história, como um filme como A Paixão de Cristo. Eu também não queria que o Leônidas parecesse o Bush e lamento que, no mundo atual, a expressão ‘lutar pela liberdade’ tenha se tornado quase obscena. É como se a idéia de lutar pela libertação de um povo fosse uma coisa ruim em si”.
Snyder, um diretor vindo da publicidade e hábil no discurso como um bom vendedor, parecia disposto a falar de política. Mas, enquanto concluía a fala sobre Bush, um jornalista atalhou: “Conte como foi o seu encontro com Frank Miller”. Agradecimentos pelo filme e gargalhadas à farta tornam compreensível a regra “não pedir autógrafos”.
Santoro contou como o projeto “chegou às suas mãos”, como “ganhou peso para fazer o papel”, relatou a “experiência de trabalhar no fundo azul” e até de depilação falou: “Eu tentei, mas não consegui. Tenho o maior respeito pelas mulheres, depois disso. Só consegui com gilete”, relatou, sob generosas risadas.
Vindo de junkets em Berlim, Los Angeles, Nova York e Londres, o ator diz que o procedimento é sempre o mesmo. “Eu recebo um papel dizendo o que a assessoria de imprensa decidiu. Não tenho o menor controle das entrevistas. Descobri ontem, olhando uma lista, o que eu ia fazer hoje”, diz, voz tão gentil quanto distante.
A atriz britânica Lena Headey, que vive a mulher de Leônidas, confessou, despachada: “Ah, são sempre as mesmas perguntas… Como é fazer um papel feminino num filme masculino? Mas vocês trabalham em veículos diferentes, não?” Quem participa de uma round-table deve entrevistar todos os talents. No Copacabana Palace, deram entrevistas o diretor Snyder, Santoro, Lena e Gerard Butler (rei Leônidas), que conta as histórias que acha boas, mesmo que elas tenham pouco a ver com a pergunta feita.
Ao fim da minimaratona de entrevistas, sempre na presença de um tradutor, pouco utilizado, houve uma pausa para o almoço e uma pergunta, a princípio, misteriosa: “Você tem one-to-one?” One-to-one? Alguns segundos e a charada está desvendada. Tratava-se de uma entrevista individual. Não, não havia one-to-one.
Encerrada a conversa com os talents, fica a sensação de que, com tantas frases positivas sobre o filme, é difícil alguém não se convencer de que se trata de algo realmente fantástico. Isso, muito provavelmente, explica certa homogeneidade na cobertura. A mensagem ali abrigada parece ser: contra o sucesso ninguém pode.
“Se ninguém tivesse gostado do filme, eu não ligaria. Fiz o filme para mim mesmo. É um filme egoísta. Acho o filme hilário, é uma história em quadrinhos e não finge não ser. Não é para levá-lo a sério. Acho que é por isso que todo mundo está adorando”, diz, sem modéstia, Snyder.
“Tudo é marketing neste mundo”, assente o produtor Nunnari. “Sabemos o que a mídia representa e por isso temos viajado o mundo. A mídia tem sido fantástica em termos de apresentar o filme e divulgá-lo para o público. Mas, quando você tem um bom produto, fica mais fácil o marketing. Se as pessoas não gostassem do filme, não seria tão fácil divulgá-lo.”
O outro produtor, Mark Canton, que já presidiu a Warner, a Columbia e, hoje, tem a própria empresa, também não se furta ao auto-elogio. “Este filme nos lembra de que, se corrermos riscos e fizermos coisas como as pessoas nunca viram antes, temos chance de um grande sucesso.” Ele diz que, ao contrário dos épicos tradicionais, que costumam cair no gosto, sobretudo, do público masculino, 300 de Esparta é “para todos”. E enumera: “As mulheres vão gostar, porque há muitos homens bonitos na tela. Além disso, o papel é forte. Para os adolescentes, será o filme mais bonito que eles já viram, visualmente falando”.
Canton faz questão de pontuar que a Warner fez um incrível trabalho de marketing. “Aqui no Rio, você tem banners do filme na praia, a campanha é brilhante. Mas o que existe dentro dessa embalagem é muito bom. As pessoas amam o filme. Elas não querem saber o que a crítica diz. Elas, simplesmente, querem ver.”
Sobre a leitura política que a imprensa estrangeira tem feito da história, o produtor rebate: “Acho, sinceramente, que quem diz isso (que o filme defende a guerra contra os islâmicos) deveria se preocupar com coisas mais importantes do filme”, diz. “Ele é baseado numa incrível história de Frank Miller, que se passa 2 mil anos atrás. Não acho que temos de nos preocupar com essas ofensas. O filme é uma fantasia, como O Senhor dos Anéis”, diz, enquadrando o mundo pelas lentes da diversão. A polêmica, no fundo, não pode ser revertida em cifrões? Canton ri: “Você é jornalista. Você sabe disso. É claro que ajuda. Quanto mais barulho, mais interesse”. No caso dos blockbusters vale, sem dúvida, a máxima “falem mal, mas falem de mim”.
Fonte: Ana Paula Sousa – CartaCapital de 27 de março de 2007 – Ano XIII – Número 437
O Sepulcro Esquecido de Jesus: slogans e distorções
O termo slogan, no Random House Webster’s Unabridged Electronic Dictionary (Version 2.0, 1994), significa uma frase ou palavra-símbolo. Podemos entendê-lo como fórmula sucinta, metáfora ou versão simplificada de uma teoria. Para CARVALHO, J. S. Construtivismo: uma pedagogia esquecida da escola. Porto Alegre: ArtMed, 2001, os slogans são frases simbólicas extraídas de doutrinas teóricas ou de orientações práticas, que se tornam importantes elementos de impacto na difusão de correntes de pensamento e de movimentos intelectuais. Os slogans sempre representam uma simplificação das idéias ou das teorias que os originam, são fragmentos, ainda que representativos, de uma construção teórica que é bem mais ampla e complexa.
“A divulgação ou reprodução de um slogan não visa esclarecer detalhadamente conceitos ou perspectivas, mas veicular e manter um espírito solidário em torno da doutrina ou de um programa de ação a ela associado“, explica CARVALHO, J. S. Construtivismo, p. 97.
Os slogans são assistemáticos, de tons menos solenes e mais populares, para serem repetidos com mais veemência do que para serem meditados, com caráter mais persuasivo e programático do que elucidativo.
Para APPLE, M. W. Trabalho Docente e Textos: economia política das relações de classe e de gênero em educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995, o slogan se alicerça em três princípios: 1. exerce um determinado atrativo para nos prender, oferecendo um certo vislumbre de possibilidades imaginativas para gerar um apelo e uma exigência de ação; 2. é vago o suficiente para que os grupos ou indivíduos poderosos o acolham sob seus vastos guarda-chuvas, mas especifico para oferecer alguma coisa; e 3. serve para o aqui e agora, para guiar o trabalho prático.
O termo distorção, de acordo com o Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa (Versão 1.0, dezembro de 2001), significa alteração da forma, de características estruturais, desvirtuamento, infidelidade. No Dicionário Etimológico Nova Fronteira da Língua Portuguesa, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982, distorção vem de torcer, que quer dizer dobrar, vergar, entortar, alterar, desvirtuar.
Este último é exatamente o sentido original da raiz latina distortio, um substantivo feminino derivado do verbo distorquere, usado por autores clássicos como Cícero, Horácio, Sêneca e Suetônio, explica CALONGHI, F. Dizionario Latino-Italiano. 3a. ed. Torino: Rosenberg & Sellier, 1972.
Para nós, o termo distorcer se aproxima da idéia de assimilação deformante usada por Piaget. Para PIAGET, J. O juízo moral na criança. São Paulo: Summus, 1994, a assimilação deformante acaba sendo uma necessidade de deformar as coisas, um objeto de conhecimento para satisfazer o próprio interesse ou um desejo particular, ou mesmo uma idéia preconcebida a respeito de algo. Sempre que o pensamento não experimenta a necessidade efetiva de uma acomodação à realidade, sua tendência natural o impelirá a deformar as coisas. Assimilamos um conteúdo, mas podemos deformá-lo para satisfazer à necessidade psicobiológica de aproximar o pensamento da realidade.
Em suma, distorcemos ou deformamos uma idéia para podermos entender alguma coisa que ainda não está tão clara para nós. É nossa necessidade de explicarmo-nos a nós mesmos, ou a outrem, as coisas que ainda não entendemos. Para Piaget, a assimilação deformante é própria do “egocentrismo intelectual que caracteriza as formas iniciais do pensamento da criança” (O juízo moral na criança, p. 132). Mas, entendemos que essa forma de lidar intelectualmente com a realidade que ainda não conhecemos pode se estender ao longo de nossa história.
No mesmo sentido podem ser utilizados também os termos desvio, equívoco e viés, lembrando que estes termos são sinônimos de anomalia, anormalidade, ambigüidade, confusão, dúvida, imprecisão.
>>Texto escrito por Rita de Cassia da Silva em sua tese de doutorado. Publicado sob permissão.
SILVA, R. C. Saberes Construtivistas de professores do ensino fundamental: alguns equívocos e seus caminhos. Tese de Doutorado. Araraquara, 2005.
Rita de Cassia da Silva é Psicóloga pela PUC-Campinas, SP, e Doutora em Educação pela UNESP de Araraquara, SP.
O Sepulcro Esquecido de Jesus: linguagem e ideologia
A linguagem molda a visão e o pensamento dos seres humanos e, simultaneamente, molda a concepção que eles têm de si mesmos e de seu mundo. A linguagem vista assim é motivo de debate e de conflito, pois onde está a linguagem está também a ideologia. A linguagem é um ato dentro de relações sociais, diz ORLANDI, E. P. A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. 4. ed. Campinas: Pontes, 1996. Portanto, há a confrontação de sentidos e os significados estão num processo de interação.
Falamos sempre de algum lugar. Em nossa fala há também nossa posição no mundo. Mostramos onde estamos quando falamos. Não somos neutros, sempre estamos defendendo nossa posição no mundo. Nosso discurso é cheio de significações. Com nossa linguagem criamos, interpretamos e deciframos significações de forma lógica, racional, conceitual ou mítica e simbólica.
Há o discurso cotidiano ou a linguagem do senso comum, o discurso ideológico, o discurso político, o discurso religioso, o discurso cientifico etc. A análise desses discursos revela os sentidos e significados, mas esta análise também não é neutra. Ela passa pelo discurso de quem interpreta, pela sua concepção de mundo, de ser humano, de sociedade etc. Interpretar o dizer, tanto falado como escrito, é uma tarefa de tornar compreensível aquilo que requer uma explicação ou tradução. Numa tradução fazemos suposições, críticas, por vezes simplificações, e até mesmo distorcemos algumas asserções. Portanto, é necessário um exercício constante de interrogação sobre nossas críticas e suposições.
Orlandi, A linguagem e seu funcionamento, p. 135 nos diz que “Nas situações acadêmicas, tem-me parecido que o não dito, isto é, a margem do dizer que é constituída pela relação com o que foi dito, é que acaba sendo mais fecunda. Porque faz parte da incompletude e se faz desejo”. Assim, o que um autor não diz em um texto torna-se objeto de desejo daqueles que o interpretam. Conseqüentemente, o intérprete coloca no texto aquilo que é o seu modo de ver o texto. Desta maneira, o texto interpretado já não é somente o texto do autor, mas sim, o texto do autor e do intérprete. As idéias se mesclam e se transformam em outras idéias.
Quando queremos tornar compreensível uma teoria, somos orientados pelo modo como ela está expressa. No entanto, a interpretação é um modo de dizer algo que passa pela compreensão daquilo que foi dito e do nosso modo de ver as coisas. Os dados que um cientista interpreta passa pela visão que ele tem dos dados. Numa interpretação literária ou interpretação de uma teoria, há algumas regras que devemos considerar: por exemplo, o texto e o contexto. Precisamos ver como foi escrito este texto, ou seja, qual a abordagem que o autor utiliza para formular sua teoria. Ele sempre fala de algum lugar para alguém e fala de um determinado contexto histórico. Quando vamos ler a teoria, precisamos considerar estes elementos na sua construção. Se uma teoria foi construída a partir de um referencial das ciências da natureza, por exemplo, ela deve ser lida dentro dos referenciais destas ciências, levando em conta a época, os acontecimentos e interesses do momento em que foi escrita.
Nada impede que lancemos outros olhares sobre um conceito ou uma teoria, porém, sem perder de vista que cada teoria é escrita em um determinado momento e com interesses que podem ser diversos daqueles que estamos interpretando. Quando lemos a partir de nossos interesses algo que um autor disse, podemos incorrer em erros hermenêuticos, pois nossa leitura pode não corresponder ao que ele quis dizer. É o que dissemos que ele disse que pode estar errado, mas, em nossa interpretação podemos também avançar a partir das idéias originais. Uma teoria pode levar a outra.
O que dizemos ganha vida, espessura, faz história e traz conseqüências. Podemos provocar o debate, alargar ou restringir os enunciados. Quando teorizamos sobre algo, passamos por esse processo. Quando estamos lendo uma obra literária, entramos no mundo do autor, mas entramos com nossos sentimentos, idéias e desejos. Quando lemos uma teoria científica, nem sempre entramos no mundo do autor, é mais comum interpretarmos com o nosso olhar e nossa visão de mundo, o que foi escrito num outro momento e com outra concepção de mundo.
>>Texto escrito por Rita de Cassia da Silva em sua tese de doutorado. Publicado sob permissão.
SILVA, R. C. Saberes Construtivistas de professores do ensino fundamental: alguns equívocos e seus caminhos. Tese de Doutorado. Araraquara, 2005.
Rita de Cassia da Silva é Psicóloga pela PUC-Campinas, SP, e Doutora em Educação pela UNESP de Araraquara, SP.
A Tumba de Talpiot segundo James Tabor
James Tabor publicou hoje, 24 de março de 2007, em seu The Jesus Dynasty Blog, uma síntese de suas opiniões sobre a Tumba de Talpiot.
Veja:
The Talpiot Jesus Tomb: An Overview
Logo no começo, ele diz:
Here is a summary of my views of the Talpiot/Yeshua tomb and its possible connection to a hypothesized family tomb of Jesus of Nazareth.
E, após falar do contexto histórico, das estatísticas e das inscrições, ele termina dizendo:
There is more to learn and more that will come out soon on this whole subject but right now this is a summary of the evidence as I see it.
Enquanto isso, o documentário continua a ser apresentado aqui no Brasil pelo Discovery Channel.
Ainda temos mais duas apresentações: amanhã às 10h00, bom horário, e segunda-feira, às 04h00, de madrugada…
Bovon discorda de O Sepulcro Esquecido de Jesus
O Professor François Bovon, da Harvard Divinity School, um dos especialistas que participam de O Sepulcro Esquecido de Jesus, publicou um artigo no SBL Forum, no qual manisfesta sua discordância com pontos fundamentais do documentário.
Ele diz, em The Tomb of Jesus, que:
- First, I have now seen the program and am not convinced of its main thesis. When I was questioned by Simcha Jacobovici and his team the questions were directed toward the Acts of Philip and the role of Mariamne in this text. I was not informed of the whole program and the orientation of the script.
Primeiro, agora eu vi o programa e não estou convencido de sua tese principal. Quando fui entrevistado por Simcha Jacobovici e sua equipe, as perguntas eram sobre os Atos de Filipe e o papel de Mariamne neste texto. Eu não estava informado sobre o programa como um todo e a orientação do script.
- Second, having watched the film, in listening to it, I hear two voices, a kind of double discours. On one hand there is the wish to open a scholarly discussion; on the other there is the wish to push a personal agenda. I must say that the reconstructions of Jesus’ marriage with Mary Magdalene and the birth of a child belong for me to science fiction.
Segundo, tendo visto o filme, eu ouço nele duas vozes, uma espécie de discurso duplo. Por um lado, há um desejo de iniciar uma discussão acadêmica; por outro lado, há um desejo de “vender uma idéia” pessoal. Eu devo dizer que as reconstruções do casamento de Jesus com Maria Madalena e o nascimento de uma criança pertencem para mim à ficção científica.
- Third, to be more credible, the program should deal with the very ancient tradition of the Holy Sepulcher, since the emperor Constantine in the fourth century C.E. built this monument on the spot at which the emperor Hadrian in the second century C.E. erected the forum of Aelia Capitolina and built on it a temple to Aphrodite at the place where Jesus’ tomb was venerated.
Terceiro, para ter mais credibilidade, o programa deveria ter tratado da tradição muito antiga do Santo Sepulcro, já que o imperador Constantino, no século IV d.C. contruiu este monumento no local em que o imperador Adriano, no século II d.C., construíra o fórum de Aelia Capitolina e nele o templo de Afrodite no lugar em que a tumba de Jesus era venerada.
- Fourth, I do not believe that Mariamne is the real name of Mary of Magdalene. Mariamne is, besides Maria or Mariam, a possible Greek equivalent, attested by Josephus, Origen, and the Acts of Philip, for the Semitic Myriam.
Quarto, eu não acredito que Mariamne seja o nome real de Maria Madalena. Mariamne é, ao lado de Maria ou Mariam, um possível equivalente grego, atestado por Josefo, Orígenes e os Atos de Filipe, para o semítico Miriam.
- Fifth, the Mariamne of the Acts of Philip is part of the apostolic team with Philip and Bartholomew; she teaches and baptizes. In the beginning, her faith is stronger than Philip’s faith. This portrayal of Mariamne fits very well with the portrayal of Mary of Magdala in the Manichean Psalms, the Gospel of Mary, and Pistis Sophia. My interest is not historical, but on the level of literary traditions. I have suggested this identification in 1984 already in an article of New Testament Studies.
Quinto, a Mariamne dos Atos de Filipe é parte do grupo apostólico com Filipe e Bartolomeu; ela ensina e batiza. No início, sua fé é mais forte do que a fé de Filipe. Este retrato de Mariamne combina muito bem com o retrato de Maria de Magdala nos Salmos Maniqueus, no Evangelho de Maria e na Pistis Sofia. Meu interesse não é histórico, mas sim no plano das tradições literárias. Eu sugeri esta identificação já em 1984 em um artigo de New Testament Studies.