Declarações de gente invisível

Isso existe. E: declarações de gente invisível podem ser inventadas e sustentadas… Isso é visível.

Dilma, Lula e as intrigas da mídia

Por Altamiro Borges: Blog do Miro – 04/03/2014

Talvez movidos pelas recentes pesquisas, que apontam a possibilidade de reeleição de Dilma Rousseff já no primeiro turno em outubro próximo, eles resolveram jogar na divisão do campo governista. A Folha tucana liderou a campanha de fofocas, o que levou sua ombudswoman a criticar a cobertura. Para ela, o jornal abusou de declarações “off the record”, com base no anonimato e no sigilo da fonte, para instigar a cizânia. Vale conferir o seu artigo:

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Na segunda-feira (24), a Folha informava na capa que o ex-presidente Lula anda criticando o governo Dilma em conversas com políticos e empresários. Lula teria dito que confia na reeleição de sua ex-ministra, mas que ela precisa mudar em 2015. A atual equipe econômica estaria com o “prazo de validade vencido”.

A reportagem foi toda construída com declarações “off the record” (“fora dos registros”), feitas em condição de anonimato a pedido dos entrevistados. São citados “interlocutores do mundo político e empresarial”, pessoas da “equipe de Lula” e um “amigo próximo do ex-presidente”.

O segundo destaque de política, nesse mesmo dia, eram as preocupações de empresários com o intervencionismo na economia e com a formação do ministério de um eventual novo mandato de Dilma. Mais uma vez, tudo “off the record”. Os anônimos eram “líderes do agronegócio”, “o dirigente de uma grande indústria”, “banqueiros de peso” e “empreiteiros”.

Declarações anônimas são um instrumento importante do jornalismo, porque, muitas vezes, não há outra forma de obter uma informação valiosa. Só que seu uso não pode ser banalizado, deve ser um último recurso da reportagem.

Quando dá espaço a vozes sem dono ou crava uma informação baseada em “a Folha apurou…”, o jornal está exigindo um voto de confiança do leitor. É como se dissesse: “Não posso contar quem afirmou isso nem como consegui o dado, mas está correto, acredite”.

A informação “off the record” costuma ser negada no dia seguinte e aí o jornal garante que as fontes são “seguras”. No caso das críticas de Lula a Dilma, na própria segunda-feira, a presidente gentilmente mandou a Folha parar de fazer fofoca: “Eu acho que vocês podem tentar de todas as formas criar qualquer conflito, barulho ou ruído entre mim e o presidente Lula, que vocês não vão conseguir”.

O ideal é que a declaração anônima seja o ponto de partida de uma apuração maior, que o repórter busque documentos e entrevistas que comprovem o que foi dito. Nas reportagens sobre as ressalvas à gestão Dilma, dá para entender a dificuldade de convencer o entrevistado a mostrar a cara, mas é inegável que textos assim, sem nenhum nome citado, parecem intriga.

Para diminuir essa má sensação, o jornal deveria explicar por que aceita reproduzir declarações de gente invisível. Algo na linha “a Folha aceitou o anonimato porque os empresários temem represálias do governo” ou “a Folha ouviu quatro petistas e dois banqueiros, que não revelaram seus nomes porque Lula pediu sigilo nas conversas”.

Aposto que, se exigir que o “off” seja justificado, o jornal constatará que ele é, muitas vezes, dispensável. A presença de anônimos deveria reduzir-se ao mínimo necessário.

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Apesar das ponderadas críticas da ombudswoman, a Folha não fez qualquer autocrítica e manteve sua linha de “intrigas”. O mesmo ocorreu em outros veículos. A coluna de futricas de Felipe Patury, na revista Época, chegou a afirmar que “quase metade dos deputados do PT defende ‘Volta Lula”, sem apresentar provas. Até Nelson Motta, que deixou de lado suas críticas musicais para virar um franco-atirador da oposição, escreveu no jornal O Globo, na sexta-feira (28), que “alguns oposicionistas já preferem até a volta de Lula aos riscos da continuação de Dilma. Aceitam abrir mão de um candidato de oposição em favor de Lula só para se livrar de Dilma e de sua equipe, seu estilo e sua gestão econômica”.

O tucaninho disfarçado de colunista global afirma, no maior cinismo, que “os mais cínicos dizem que teria saído mais barato ao país ter dado um terceiro mandato a Lula”. Na sua visão tacanha – que beira o machismo –, Dilma “tem ideias próprias [sobre a economia], é ‘desenvolvimentista’ com DNA marxista/brizolista”. Para ele, a proposta do “volta Lula” decorre dos erros da atual presidenta. “A tragédia anunciada da Venezuela e o avanço da Argentina para o abismo confirmam a falência do modelo bolivariano e o desastre do kirchnerismo, que têm em comum, além do esquerdismo e da incompetência na gestão econômica, a perseguição à imprensa e aos adversários políticos”.

Diante da onda de intrigas da mídia, a própria presidenta Dilma Rousseff fez questão de rechaçar os boatos. Direto de Bruxelas, onde participou da Cúpula Brasil-União Europeia, ela afirmou em entrevista aos jornalistas brasileiros: “Eu acho que vocês podem tentar de todas as formas criar qualquer conflito, barulho ou ruído entre mim e o presidente Lula. Mas vocês não vão conseguir… A imprensa é livre e tem direito de expressão e eu e o presidente Lula não temos divergências a não ser as normais”. Apesar do desmentido categórico, a Folha tucana estampou o título canalha na matéria: “Dilma minimiza divergências com Lula”. Ela não minimizou, mas negou. Os conselhos de Suzana Singer não servem mesmo para nada!

Direita prega golpe abertamente

O que tudo isso faz lembrar a você que viveu os anos de chumbo?

Leia: Folha aposta em “instabilidade política” contra Dilma – Eduardo Guimarães: Blog da Cidadania 04/03/2014.

Se fosse necessária mais alguma prova de que no ano em que o golpe militar de 1964 completa 50 anos a situação política no Brasil se parece como nunca com a daquele período trágico de nossa história, a convocação de uma segunda edição da infame Marcha da Família com Deus pela Liberdade no mesmo mês em que aquele golpe aniversaria elimina qualquer dúvida. 


Como há meio século, a imprensa brada contra a “incompetência do governo” na gestão da economia e “contra a corrupção”, porta-vozes da extrema direita reclamam (abertamente) uma “intervenção militar já”, as ruas são transformadas em praças de guerra com incêndios e depredações na via pública enquanto manifestantes portam cartazes e repetem frases insultantes a quem governa o país…


O que tudo isso faz lembrar a você que viveu os anos de chumbo?

Ucrânia: leituras

Última atualização: 08/03/2014 – 10h15

:: Seis notas para compreender o que se passa na Crimeia – Alberto Sicília, de Kiev, no blog Principia Marsupia, em Carta Maior 01/03/2014
A situação pode degenerar numa guerra civil? Putin intervirá militarmente? Continuará a Ucrânia a ser um país ou caminha para a secessão? 

::  A Ucrânia no caminho das superpotências – Jeferson Miola: Carta Maior 02/03/2014
A despeito de toda pantomima diplomática da UE na Ucrânia, é inocultável que o protagonismo decisivo no tabuleiro pertence aos EUA. A UE é, na realidade, coadjuvante, um ator subsidiário. A potência norte-americana financia os setores oposicionistas, a maioria deles de extrema-direita e neonazistas. E se movimenta politicamente e diplomaticamente como parte natural do problema. A atuação estadunidense obedece a duas lógicas: uma, econômica e energética; e outra, doutrinária.

:: Os velhos e novos amigos europeus da extrema-direita ucraniana – Anton Shekhovtsov: Search Light, em Carta Maior 02/03/2014
No seu país de origem, o partido de extrema-direita Svoboda usou suas ligações na Europa para fins de relações públicas, imagem e propaganda.

:: Ucrânia: o plano mais idiota de Obama – Mike Whitney: CounterPunch, em Carta Maior 03/03/2014
Aliar-se com os neonazistas na Ucrânia: de todos os planos idiotas que Washington elaborou nos últimos dois anos, este é o mais idiota de todos.


:: Ucrânia: entre máfias e o expansionismo militar – Alejandro Nadal: La Jornada, em Carta Maior 06/03/2014
A crise na Ucrânia pode desembocar em uma luta armada de consequências terríveis. Mesmo que não desemboque em uma guerra, o conflito na Ucrânia e na Crimeia marcará de maneira decisiva as relações internacionais e as percepções entre os europeus, norte-americanos e russos durante os próximos quinquênios. As raízes dessa crise constituem um tema complexo e, por isso, é preciso desconfiar das narrativas simplistas (provenientes de Moscou ou Washington). Entre as causas que levam ao conflito atual se encontra a expansão do militarismo norte-americano, que nunca abandonou suas obsessões da Guerra Fria. Também está na voracidade do capital financeiro, que busca consolidar o neoliberalismo na Ucrânia.

:: Cinco perguntas e respostas sobre a invasão russa da Crimeia – Alberto Sicília, de Kiev, no blog Principia Marsupia, em Carta Maior 06/03/2014
Está para começar uma guerra pela Crimeia? Eu acho que não. Parece-me que o presidente interino da Ucrânia fez essas declarações virado para a plateia internacional. Quer chamar a atenção sobre a situação do seu país para que a Europa e os EUA o ajudem, sobretudo economicamente. As reservas do Banco Central da Ucrânia são ínfimas atualmente. O governo de Kiev sabe que já perdeu a Crimeia. E o problema para eles não são só as tropas do Kremlin, mas sim que, além disso, a maioria da população aqui apoia os russos e considera ilegítimo o governo de Kiev.

O mercado virou gente, um dos nossos

Quem dá mais?

Por Saul Leblon: Carta Maior –  21/02/2014

O que de pior poderia acontecer ao Brasil nesse momento seria reduzir a eleição de outubro a uma gincana para a escolha do melhor amigo dos mercados. Esta semana Eduardo Campos abriu o seu baú e mostrou um pedaço dos dotes que pretende oferecer à praça.

Em troca de apoio e indulgência dos mercados, o neto que envergonharia o avô quer entregar um mandato fixo ao BC, com metas plurianuais de inflação e superávit fiscal.

Uma espécie de outro país dentro do Brasil.

Ao lado de um Presidente da República escolhido pelo voto direto, teríamos um presidente da republica do dinheiro. Com autonomia, e dotado de ferramentas calibradas e com abrangência suficiente para induzir e condicionar o destino do desenvolvimento, os limites da democracia, a sorte da sociedade.

Assessores do tucano Aécio Neves, sendo o economista Edmar Bacha o mais loquaz entre eles, não deixam por menos.

Um revival do PSDB no poder faria tudo isso e muito mais, asseguram pregoeiros de bico longo.

Por exemplo: deflagraria um choque de ‘eficiência’ com a derrubada em série de tarifas sobre importações.

O que sobrasse da indústria local e do emprego seria de primeira linha, garantem.

Outro arquiteto de países paralelos, o tucano Pérsio Arida, acha pouco a independência do BC.

Para ir além, sugere a independência da própria moeda nacional em relação ao governo.

Seu projeto, antigo fetiche do neoliberalismo verde-amarelo, é assegurar a conversibilidade automática do Real em relação ao dólar.

Viraria um anexo do dólar.

Terceirizar a moeda de uma nação é o equivalente econômico a renunciar ao monopólio da força por parte do Estado: abdica-se de um dos instrumentos cruciais na defesa do interesse público para entregar a sua gestão ao apetite privado.

A politica monetária vira uma espécie de Ucrânia nas mãos dos francos atiradores dos mercados.

O governo Dilma, sob as turquesas das agências de risco e da guerra de expectativas da mídia e do capital financeiro, falou a língua que eles entendem na última 5ª feita.

A oito meses das eleições, o governo cortou R$ 44 bi em investimentos, rebaixou a expectativa de crescimento do PIB para 2,5% e fixou o superávit fiscal em 1,9% do PIB.

O monólogo que anuncia ‘tempos difíceis’ vai impondo a sua ordem unida na frente da produção, do dinheiro, do emprego e da própria política.

Por tempos difíceis entenda-se a ampliação da margem de manobra dos capitais especulativos, que passam a ter na cambaleante recuperação das economias ricas um ponto de fuga adicional.

Graças a ele, amplificam seu já robusto poder chantagem sobre nações, governos e candidatos do mundo em desenvolvimento.

Ninguém sabe exatamente qual o fôlego ou a consistência da dita recuperação.

Depois de quase sete anos de colapso da ordem neoliberal, os indicadores mostram um saldo de terra arrasada no emprego e nos índices sociais e saneamento financeiro.

Por exemplo: hoje os fundos de investimento e de pensão tem 31% mais dinheiro do que o saldo anterior à crise. Com uma bolada equivalente a 75% do PIB mundial, eles detém um poder de comando apreciável sobre bolsas, moedas, governos e economias carentes de capitais, de um modo geral.

A narrativa conservadora faz o resto ao festejar o poder coercitivo adicional dessa alavanca , a cada suspiro na ‘recuperação’ das economias ricas.

O cheiro da virada de ciclo já basta.

Massas monstruosas de capitais se movimentam pelo mercado, ou apenas ameaçam faze-lo, ‘precificando’ hoje um amanhã que ninguém tem a certeza de quando virá nem como será.

Não importa: a incerteza é a água dos cardumes especulativos.

Governos, povos e nações precisam de chão firme: planejamento, regulação, metas de investimento, planos de crescimento de longo prazo.

O dinheiro grosso e os magos da arbitragem, ao contrário, respiram melhor debaixo do oceano da incerteza.

Ao não se confrontar as duas lógicas sanciona-se um esbulho.

O do jornalismo econômico, por exemplo, que mantém intacta a fé nas virtudes do laissez faire , como se 2007/2008 nunca tivessem existido no calendário econômico mundial.

A crítica cerrada ao Brasil por ‘ter abandonado’ as reformas amigáveis abafa uma pergunta básica: ‘Onde estaria o país hoje se a sua condução na crise tivesse sido obra dos sábios tucanos, por exemplo?’

O espelho europeu oferece a inquietante pista de que seríamos agora um grande Portugal.

Ou uma dilatada Espanha – um superlativo depósito de desemprego, ruína fiscal e sepultura de direitos sociais, com bancos e acionistas solidamente abrigados na sala VIP do Estado mínimo (para os pobres).

Incorporar os imperativos das agencias de risco, sem abrir uma discussão com a sociedade sobre os desafios da transição em curso no desenvolvimento brasileiro, pode gerar no imaginário social o efeito de uma gigantesca empresa demolidora.

Marretas sabidas golpeiam dia e noite a confiança erigida ao longo de uma década de construção negociada da democracia social no país.

O desafio progressista é fazer o contraponto desse desmonte.

Mesmo ao ceder no varejo –quando inevitável– é crucial reafirmar as linhas de passagem no atacado e distinguir um projeto de desenvolvimento da mera contabilidade pró-mercados.

O quadro latino-americano e mundial sinaliza uma inflexão de tempo histórico.
Não por acaso o site de O Globo desta 5ª feira editava como irmãs siamesas as imagens dos conflitos em Caracas e em Kiev.

A mensagem é nada sutil: afrontar o mainstream leva ao caos.

Não por coincidência, no mesmo dia, Obama emitia ordens imperativas a Maduro e ao governo da Ucrânia.

Mitigada a crise no front interno das nações ricas, cuida-se de restabelecer a ordem nos quintais indóceis.

É nesse ponto que o timming das ações do governo – de qualquer governo – faz enorme diferença na reordenação em marcha da correlação de forças.

Cada gesto, cada decisão, cada anúncio adquire uma dimensão estratégica; a forma como as providências são comunicadas, ademais de sua projeção e escopo mais geral, sobre o qual não pode pairar dúvida , ganha importância decisiva na disputa pelos corações e mentes da sociedade.

Uma crise de incerteza tem um tempo certo para ser abortada, ou derrotará o governo –a produção, o emprego e o imaginário social.

Os tempos são outros; a globalização tornou tudo mais difícil, alega-se.

E é verdade.

Mas é verdade também que a lógica dos mercado não vai resolver os problemas que ela mesma criou.

Não se pode amesquinhar o único espaço no qual esse poder imperial se defronta com um outro de igual para igual: a luta política na democracia.

O governo Dilma disse aos mercados nesta 5ª feira como pretende zelar pelos seus interesses.

É preciso que diga, a partir de agora — e de forma contundente na campanha— como um novo mandato progressista vai construir hegemonia dos interesses sociais mais amplos na travessia para o novo ciclo de desenvolvimento brasileiro.

O Caim que em nós desabrochou

Em putrefação está a cultura nacional pelo envenenamento de parte de suas fontes de elite: a cultura jurídica, o debate político e a cultura da informação. O péssimo é que, tal como os políticos costumam absolver seus pares, é mínima a probabilidade de que juízes ou professores ou jornalistas reconheçam a responsabilidade que lhes toca nessa podridão. São castas auto-imunes.

A violência usurpou a democracia – Wanderley Guilherme dos Santos: Carta Maior 15/02/2014

“Há algo de podre na política brasileira. O discurso do ódio contaminou a cultura. A violência física que assusta não é mais condenável do que a degradação pela palavra. Introduzido durante os debates da Ação Penal 470, a televisão propagou Brasil a fora o escárnio como argumento, a salivação como prova irrefutável e a falta de compostura de alguns magistrados como aparte retórico (…)

Com linguajar de estilo maneirista, as capas fúnebres do Supremo Tribunal Federal esculacharam quanto quiseram os réus da Ação Penal 470 perante uma audiência nacional (…) E continuam, buscando proibir que sejam depositários da solidariedade de cidadãos e cidadãs em pleno gozo de seus direitos civis e políticos. Não podendo oficialmente matá-los ou bani-los, apostam impor-lhes o ostracismo. É o discurso da vingança impotente movido a ódio.

O estímulo ao linguajar desabrido e ao julgamento apressado e irrecorrível encontrou na já virulenta blogosfera a ecologia apropriada para reprodução cancerosa. Com a ferramenta do anonimato e a indulgência prévia a qualquer desvario, o Caim em nós desabrochou com velocidade sônica. A filosófica vontade de morte, a definição humana de um ser para morte, revela-se menos conceitual e inocente na real inclinação para matar. A internet veicula milhares de assassinatos virtuais e de convocatórias à destruição. Sem não mais do que o subterfúgio de códigos primários, quando muito, ações predatórias são incentivadas a qualquer título. É total o descompasso entre avanço social e econômico do País e as toscas bandeiras eventualmente desfraldadas (…)

Sim, há algo de podre na política brasileira, mas enganam-se os que presumem que a podridão esteja só no Legislativo ou que de lá provenha. Para essa há remendos que asseguram a sobrevivência democrática. Em putrefação está a cultura nacional pelo envenenamento de parte de suas fontes de elite: a cultura jurídica, o debate político e a cultura da informação”.

Leia o texto completo.

Medicina da doença luta contra a saúde

Não há resguardo das intenções, nem pudor na propaganda da ação

“A ideia de que a doutora Ramona Rodriguez possa ter desembarcado no Brasil desinformada dessas particularidades acerca de seu salário subestima a conhecida determinação de Havana de ressaltar interna e externamente aquela que é a marca inegável de sua ação internacional: a solidariedade.

A mesma alegação de ignorância tampouco se pode conceder – neste aspecto – ao colunismo [nativo] que cuida de  festejar as deserções – por  ora pontuais – como se fossem o preâmbulo de uma diáspora libertária, em marcha épica rumo a Miami”.

Que particularidades?

Leia o texto de Saul Leblon na Carta Maior de 17/02/2014: O nome disso é escárnio.

Pode ser útil saber que o Ministério da Saúde publicou no dia 12/02/2014, no Diário Oficial da União, a lista de 89 profissionais ligados ao Programa Mais Médicos que devem justificar faltas. Eles deixaram de comparecer às unidades de atendimento para as quais foram destinados. Do total, 80 são médicos formados no Brasil, cinco são estrangeiros inscritos individualmente e quatro são cubanos (Agência Brasil, tag Programa Mais Médicos).

Democratizar a comunicação no Brasil sem demora

Sem isto, a democracia no Brasil será sempre incompleta, insuficiente, sujeita à ação desestabilizadora

O oposicionismo impresso e a urgência da democratização informativa – Beto Almeida: Carta Maior 16/01/2014

No finalzinho de 2013, o jornalista Eugenio Bucci, editorialista do Estadão, escreveu artigo rejeitando a tese que considera a  atuação da mídia comercial brasileira hoje, a imprensa em particular,  como “um partido de oposição”. O texto de Bucci  já recebeu brilhante crítica do jornalista e professor Gabriel Priolli, publicada no Viomundo. Como o tema é muito vasto, além dos argumentos cristalinos levantados por Priolli,  os quais endosso, cabem outros olhares. Pode-se dizer que há vários pontos de contato entre os argumentos de Bucci com os da ex-presidente da Associação Nacional dos Jornais, Judith Brito, que, em 2010, contrariando o editorialista do Estadão, analisando,  de forma bem direta o desempenho da imprensa, confessou: “obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada. E esse papel de oposição, de investigação, sem dúvida nenhuma incomoda sobremaneira o governo [Lula]”. Ao contrário de Judith, para tentar provar que a imprensa no Brasil não atua como um partido político, Bucci recorre ao caso venezuelano…

Leia Mais:
Mídia golpista

Médico cubano tempera e cozinha criancinha

Não. Não temperou. Nem cozinhou.

Ainda. Pois, segundo o PIG, a panela já está no fogo.

 

Programa ‘mais cubanos’ – EDITORIAL DO ESTADÃO

O ESTADO DE S. PAULO – 11/01/2014

Os números são claros como as águas do Mar do Caribe: dos 13 mil profissionais que o programa Mais Médicos pretende mobilizar até março, mais de 10 mil serão cubanos. Com isso, não resta mais nenhuma dúvida de que a anunciada intenção de atrair médicos de outras nacionalidades ou mesmo brasileiros não passou de fachada para um projeto há muito tempo acalentado pelo governo petista: importar médicos cubanos em grande escala, ajudando a financiar a ditadura cubana.
A terceira fase do Mais Médicos, recém-encerrada, ofertou 6,3 mil vagas, mas teve apenas 466 médicos estrangeiros e 422 brasileiros inscritos. Haverá uma nova etapa de inscrições, mas é improvável que a tendência de baixo interesse seja alterada até lá. Assim, para cumprir a meta, o governo terá de trazer outros 5 mil médicos de Cuba. Esse novo contingente vai se juntar aos 6,6 mil médicos que já atuam no programa – dos quais 5,4 mil são cubanos.

Como se nota, o programa Mais Médicos deveria se chamar “Mais Cubanos”, pois é disso que se trata. As condições estabelecidas pela iniciativa foram desenhadas de tal modo que o resultado seria o desinteresse de brasileiros e estrangeiros, gerando a oportunidade para trazer os médicos de Cuba -os únicos que, soldados de uma ditadura, aceitariam trabalhar em meio à precariedade do sistema de saúde no interior do País e na periferia das capitais.

Que as regiões mais pobres do Brasil necessitam de mais médicos não resta dúvida. Mas esses profissionais não resolverão o problema, nem mesmo o mitigarão, se não tiverem à sua disposição equipamentos e infraestrutura ao menos razoáveis. É por esse motivo – e pelo fato de que não teriam direito a FGTS, 13º salário e hora extra – que os médicos brasileiros não se interessaram em aderir. O Mais Médicos é apenas um remendo – que, no entanto, nada tem de improviso, pois a intenção sempre foi trazer os médicos cubanos.

A primeira vez que o assunto veio à tona foi em maio do ano passado, quando o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou a intenção de importar 6 mil cubanos. Diante da reação negativa, Padilha disse que tentaria atrair médicos de Portugal e Espanha e que daria preferência a brasileiros, mas não conseguiu aplacar os críticos, pois estava claro que as normas da boa medicina estavam sendo atropeladas pelo populismo. Vieram então as manifestações de junho, e a presidente Dilma Rousseff viu nelas a oportunidade de lançar o Mais Médicos.

Seis meses antes, porém, professores brasileiros com material didático do que viria a se tornar o Mais Médicos foram a Cuba e lá transmitiram aos médicos locais noções básicas sobre o sistema público de saúde no Brasil e também rudimentos de língua portuguesa. Profissionais do primeiro lote de cubanos que chegou ao País confirmaram que haviam passado por esse treinamento.

E provável, porém, que a vinda dos cubanos estivesse sendo preparada há mais tempo ainda. Humberto Costa, ex-ministro da Saúde do governo Lula, chegou a dizer, em agosto, que “esse programa já vem sendo trabalhado há um ano e meio” e que “boa parte desses cubanos já trabalhou em países de língua portuguesa, não tem dificuldade com a língua”.

Assim, o Mais Médicos é apenas a formalização de um projeto antigo e com objetivo claro. Os profissionais de Cuba recebem pelo seu trabalho apenas uma fração do valor pago pelo governo brasileiro – o resto fica retido, junto com os passaportes desses médicos, pela ditadura cubana. A exportação de médicos rende US$ 6 bilhões anuais para o governo dos irmãos Castro. O Brasil vai contribuir com R$ 511 milhões graças ao Mais Médicos.

O governo petista está apresentando essa iniciativa – principal ativo da campanha de Alexandre Padilha ao governo paulista – como a prova de que é sensível às necessidades dos mais pobres. No entanto, além de ser uma forma de consolidar os laços ideológicos com Cuba, o Mais Médicos é a confissão do retumbante fracasso do governo na área de saúde, cujo descalabro nos iguala a países pobres, principais clientes da indústria médica cubana.

Abin e NSA não se comparam

Não mesmo.

:: Espionagem da Abin não se compara aos casos revelados por Snowden, diz embaixador – João Novaes: Opera Mundi  – 04/11/2013
A revelação sobre ações de espionagem da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) contra diplomatas estrangeiros não pode ser comparada, tanto em escala, quanto em natureza, ao esquema global de vigilância organizado pela NSA (Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos), recentemente revelada pelo ex-agente da CIA Edward Snowden. A opinião é do embaixador brasileiro Rubens Barbosa, que também acredita que o caso não deverá causar nenhum incômodo diplomático ao Itamaraty. “O procedimento da Abin é normal e todo mundo faz. O problema é quando ele é revelado [publicamente]. Todos os países fazem e sabem que isso acontece com os outros”, afirmou o diplomata em entrevista a Opera Mundi. Barbosa foi representante do Brasil em Londres (1994-1999) e Washington (1999-2004). Para ele, o episódio se justifica como um caso de segurança nacional, versão defendida oficialmente pelo governo brasileiro. Os procedimentos realizados pela agência também foram normais, já que, em alguns casos, investigavam a possibilidade de espionagem em território nacional.

Leia a notícia completa.

:: Mídia americana minimiza “espionagem” brasileira – Brasil 24/7 – 05/11/2013
Sim, deu no New York Times. A notícia da Folha sobre ações conduzidas pela Agência de Inteligência Brasileira (Abin) relacionadas a supostos alvos diplomáticos repercutiu no maior jornal americano. E colocou o Brasil, segundo a publicação, numa “posição desconfortável”, por estar liderando as críticas à bisilhotagem em larga escala conduzida pela Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos. No entanto, o próprio New York Times fez questão de enfatizar que a ação da Abin nem de longe pode ser comparada ao que foi feito pelo governo americano nos seguintes termos: By almost any measure, such modest operations stand in sharp contrast to the sweeping international eavesdropping operations carried out by the National Security Agency. Brazil’s president, Dilma Rousseff, recently postponed a state visit to Washington after revelations that the N.S.A. had spied on her and the Brazilian oil giant, Petrobras. Da mesma forma, a denúncia da Folha repercutiu em publicações como o The Wall Street Journal, Huffington Post e o USA Today. Neles, a ação da Abin foi classificada como usual e de pequeno alcance. Ou seja: nada comparável à ação da NSA, que monitorou ligações telefônicas de milhões de indivíduos e grampeou ligações de ministros e chefes de Estado [links para as publicações norte-americanas: aqui e aqui]

Leia a notícia completa.