Cenas de um velório

:: Marina é problema de Aécio, não de Dilma – Eduardo Guimarães: Blog da Cidadania 18/08/2014
Pesquisa Datafolha sobre a sucessão presidencial recém-divulgada traz más notícias, sim, mas não para Dilma. Quem se deu mal com a reviravolta no quadro eleitoral foi Aécio Neves e até os “nanicos”, que já chegaram a somar 9 pontos percentuais e agora somam 5.

:: Palancório do Recife empurra Marina Silva; ela passa Aécio Neves e se diz o “novo” – Rodrigo Vianna: Escrevinhador 18/08/2014
Nunca dantes na história desse país, um candidato lançou-se à presidência debruçado sobre um caixão. Deu-se no Recife, com ampla cobertura da Globo, aquilo que Alexandre Cesar Costa Teixeira (blog Megacidadania) chamou de “palancório”: mistura de palanque com velório. Marina apareceu sorrindo nas fotos ao lado do caixão. Concordo com a análise de Paulo Nogueira (Diário do Centro do Mundo): bobagem achar que Marina (ou qualquer um) é proibido de sorrir numa situação trágica. Mas o fato é que o palancório do Recife deu a Marina motivos reais para, simbolicamente, sorrir sobre o caixão de Eduardo.

:: A morte de Eduardo Campos: uma análise política da mídia – João Feres Júnior: Carta Maior 17/08/2014
A capa de O Globo do dia 15 de agosto de 2014 contém um resumo da postura da grande mídia brasileira perante a cobertura das eleições.

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Manchetômetro

Semana Filosófica no CEARP em 2014

De 18 a 21 de agosto de 2014 será realizada a IV Semana Filosófica do CEARP, em Brodowski, que tem como tema os 50 anos do golpe militar, com o seguintes conferencistas:

Dia 21: Apresentação dos Projetos Monográficos

Horário: 08h30-11h30

Informações:
. Tel.: (16) 3664-1290

. Endereço: Av. Papa João XXIII, 300 – Brodowski – SP

RAMPART-A

:: Documentos mostram como a NSA grampeia o planeta – Jon Queally, Common Dreams: Carta Maior 21/06/2014
Novo relatório feito pelo The Intercept e um jornal dinamarquês associado revela que a Agência de Segurança Nacional (NSA, em inglês), além de seu conhecido programa de espionagem conhecido como Five Eyes, também possui acordos de vigilância extensos e até agora desconhecidos com outras nações, o que permite um acesso sem precedentes ao sistema de comunicação global e à informação privada de cidadãos do mundo todo que o utilizam. Baseado em documentos fornecidos por Edward Snowden, o relatório detalha um programa chamado RAMPART-A, que usa “pontos de congestionamento” espalhados pelo mundo e permite que a agência “intercepte o conteúdo de chamadas telefônicas, faxes, e-mails, chats de internet, dados de redes privadas e chamadas de softwares como o Skype”.

Leia…

:: ‘Politically Explosive’ Docs Show How NSA Wiretaps Earth – Jon Queally:  Common Dreams – June 19, 2014
New reporting by The Intercept and a partner newspaper in Denmark reveals that the National Security Agency, beyond its well-documented close-ties to the so-called Five Eyes nations, has extensive and previously unknown surveillance agreements with other nations that allow it unsurpassed access to global communication systems and the private information of the world’s citizens that travel through them. Based on documents provided by NSA whistleblower Edward Snowden, the new reporting details a program called RAMPART-A which uses digital “congestion points” located across the world and allows the agency to “intercept the content of phone calls, faxes, e-mails, internet chats, data from virtual private networks, and calls made using Voice over IP software like Skype.”

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Espionagem

Descompasso

Tolerância a ofensa prejudica candidatos

“Aécio Neves e Eduardo Campos quiseram explorar politicamente os xingamentos a Dilma Rousseff na abertura da Copa. Podem ter começado aí a perder a eleição.

(…) O grave, agora, não são tanto os insultos: é que dois candidatos presidenciais não percebam que a minoria de ofensores representa o atraso. Deste, nada sairá”.

Leia o texto completo.

Fonte: Renato Janine Ribeiro no jornal Valor em 16/06/2014, reproduzido em Notícias: IHU On-Line 17/06/2014.

Leia Mais:
Dez teses sobre a ascensão da extrema direita europeia. O novo fascismo espreita o Velho Continente – Michael Löwy
Um país mais igualitário, sim – Sergei Soares

Linchamento verbal

Quando as pessoas partem para o xingamento verbal ou virtual, demonstram completa ausência de argumentos para rechaçar as ideias com as quais não concordam. Não sabendo como argumentar, xingam.

Confira aqui, aquiaqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

Como disse Kant (1724-1804), quando questionado sobre o significado da Aufklärung – O que são as Luzes [ou Esclarecimento]:

Sapere aude [Ouse saber]! Tenha a coragem de te servir de teu próprio entendimento. Eis a divisa das Luzes.

No original alemão: Sapere aude! Habe Mut, dich deines eigenen Verstandes zu bedienen! ist also der Wahlspruch der Aufklärung.

Citando o texto mais ampliado:

Esclarecimento (Aufklärung) significa a saída do homem de sua menoridade, pela qual ele próprio é responsável. A menoridade é a incapacidade de se servir de seu próprio entendimento sem a tutela de um outro. É a si próprio que se deve atribuir essa menoridade, uma vez que ela não resulta da falta de entendimento, mas da falta de resolução e de coragem necessárias para utilizar seu entendimento sem a tutela de outro. Sapere aude! Tenha a coragem de te servir de teu próprio entendimento, tal é portanto a divisa do Esclarecimento. A preguiça e a covardia são as causas pelas quais uma parte tão grande dos homens, libertos há muito pela natureza de toda tutela alheia (naturaliter maiorennes), comprazem-se em permanecer por toda sua vida menores; e é por isso que é tão fácil a outros instituírem-se seus tutores. É tão cômodo ser menor (Immanuel Kant, Resposta à pergunta: O que é o Esclarecimento?  Traduzido por Luiz Paulo Rouanet). O texto continua…

Aufklärung ist der Ausgang des Menschen aus seiner selbstverschuldeten Unmündigkeit. Unmündigkeit ist das Unvermögen, sich seines Verstandes ohne Leitung eines anderen zu bedienen. Selbstverschuldet ist diese Unmündigkeit, wenn die Ursache derselben nicht am Mangel des Verstandes, sondern der Entschließung und des Mutes liegt, sich seiner ohne Leitung eines andern zu bedienen. Sapere aude! Habe Mut, dich deines eigenen Verstandes zu bedienen! ist also der Wahlspruch der Aufklärung. Faulheit und Feigheit sind die Ursachen, warum ein so großer Teil der Menschen, nachdem sie die Natur längst von fremder Leitung freigesprochen (naturaliter maiorennes), dennoch gerne zeitlebens unmündig bleiben; und warum es anderen so leicht wird, sich zu deren Vormündern aufzuwerfen. Es ist so bequem, unmündig zu sein.

Para quem quiser ler o original em alemão:

Immanuel Kant, Beantwortung der Frage: Was ist Aufklärung? (eBook gratuito para Kindle na amazon.com.br)

Ou em português:

KANT, I. Immanuel Kant: textos seletos. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 2012, 112 p. – ISBN 9788532631923.

Para entender o contexto da afirmação de Kant, dê uma olhada em meu texto O discurso socioantropológico: origem e desenvolvimento.

Um dos tantos comentários interessantes que encontrei na web:

O Esclarecimento Kantiano – Anderson Rodrigo de Oliveira

Toda a presente dissertação do filósofo moderno Immanuel Kant gira em volta da resposta à pergunta sobre o esclarecimento (Aufklärung). Kant começa pelo próprio termo esclarecimento, que «é a saída do homem de sua menoridade». O que produz tal menoridade é o próprio homem, que não consegue sair de sua condição medíocre e tomar coragem de servir-se de si mesmo sem necessitar da ajuda de alheios. A menoridade do homem o afeta em todos os campos: na política, na sociedade, no trabalho etc. O processo para se sair desse estado de menoridade está no autocontrole e na liberdade que cada indivíduo deve cultivar. Somos convidados a não nos acomodar, a sair em busca do saber, por isso usa o termo latino: Sapere aude! (Ouse saber). Somente através dessa ousadia é que podemos sair de nossa condição. Essa ousadia implica a «coragem de fazer uso de teu próprio entendimento», o que é como que o slogan do esclarecimento. As principais causas que impedem o esclarecimento estão no comodismo, na preguiça e na covardia. Com tais causas, o homem permanecerá sempre em sua menoridade. Para as pessoas acostumadas a ‘receberem as coisas nas mãos’ (Kant enumera alguns: ter um livro que faz as vezes de nosso entendimento; um diretor espiritual que tem consciência em nosso lugar; um método que decide a nossa dieta etc.), torna-se difícil e perigoso renunciar sua menoridade (o texto continua).

Moralismo e política

Quando as dimensões concretas da sociedade não são levadas em conta, as questões políticas sofrem uma redução de seu conteúdo, perdendo sua autonomia. São consideradas de maneira abstrata, conduzidas ao espaço da ética, restritivamente, e resolvidas no moralismo.

Pela clínica psicanalítica, sabemos que aquilo que atacamos de modo implacável no outro não deixa de ter relação com aquilo que não suportaríamos reconhecer em nós mesmos (Mario Fleig, psicanalista).

 

Na véspera:

:: Ilhado no meio jurídico, Barbosa traça saída – Brasil 24/7: 28/05/2014
“Num feito inédito para um presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa conseguiu: está completamente ilhado em relação a seus colegas do Poder Judiciário. Do Procurador Geral da República ao presidente da Ordem dos Advogados, passando pelo plenário do Superior Tribunal de Justiça e todas as principais associações de magistrados, além do Conselho Nacional de Justiça, não há instância na qual Barbosa consiga angariar admiração. Quanto mais apoio ou compreensão… Pelas reações do meio jurídico aos seus posicionamentos, Barbosa é o primeiro a saber que lhe falta clima para prosseguir no cargo”.

No dia:

:: Os órfãos de Joaquim Barbosa – Saul Leblon: Carta Maior 29/05/2014
“Joaquim Barbosa deixa a cena política como um farrapo do personagem desfrutável que se ofereceu um dia ao conservadorismo brasileiro. Na verdade, não era  mais funcional ter a legenda política associada a ele. Sua permanência à frente do STF tornara-se insustentável. Vinte e quatro horas antes de comunicar a aposentadoria, já era identificado pelo Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, como um fator de insegurança jurídica para o país. A OAB o rechaçava. O mundo jurídico manifestava constrangimento diante da incontinência autoritária. A colérica desenvoltura com que transgredia  a fronteira que separa o sentimento de  vingança e ódio da ideia de justiça, inquietava os grandes nomes do Direito… [assumindo], crescentemente, contornos de um coronel Kurtz, o personagem de Marlon Brando, em Apocalypse Now, que se desgarrou do exército americano no Vietnã para criar  a sua própria guerra dentro da guerra. Na guerra pelo poder, Barbosa lutava a batalha do dia anterior”.

No dia seguinte:

:: Adversários de Dilma já disputam apoio de Barbosa – Brasil 24/7: 30/05/2014
“Eduardo Campos (PSB) e Aécio Neves (PSDB) se precipitam para conquistar filiação de Joaquim Barbosa, que antecipou sua aposentadoria do STF; ainda que o juiz tenha perdido o prazo para uma candidatura em 2014, ele é visto como uma importante arma da oposição contra a reeleição da presidente Dilma Roussef”.

FT fica nervoso com Piketty

Nisto tudo, manifesta-se uma constante que vem progredindo de modo alarmante em toda a mídia europeia. Tradicionalmente, esta mídia se mostrava sempre mais equilibrada e plural do que a nossa velha mídia oligárquica brasileira e latino-americana de um modo geral. Entretanto nos últimos tempos vem proliferando a contaminação daquela mídia por práticas comuns da nossa (Flávio Aguiar).

Se o FT ficou nervoso, então Piketty deve ser lido…

Ora, o FT. O FT? O FT!

:: ‘FT’ diz ter encontrado erros no livro de Piketty sobre desigualdade – Notícias: IHU On-Line 26/05/2014
O jornal britânico Financial Times diz ter encontrado “uma série de erros” nos cálculos que justificam as conclusões do livro Capital no Século XXI, do economista francês Thomas Piketty. O livro sustenta que houve um crescimento forte da desigualdade de renda nas últimas décadas. Fonte: O Estado de S. Paulo, 24/05/2014

:: Para Piketty, “o Financial Times se ridiculariza” – Notícias: IHU On-Line 26/05/2014
O economista francês Thomas Piketty defendeu, no sábado, as conclusões do seu último livro sobre o aumento das desigualdades econômicas no mundo, após as críticas feitas pelo Financial Times (FT). Em sua edição de sábado, o jornal britânico do mundo dos negócios apontou os erros de cálculo cometidos por Thomas Piketty em O Capital no Século XXI – que se tornou, desde a sua publicação, um fenômeno editorial –, o que teria falsificado suas conclusões. A reportagem é de Christian Losson e Iris Deroeux e está publicada no jornal francês Libération em 24/05/2014.

Leia Mais:
David Harvey: leia Piketty, mas não se esqueça de Marx – Outras Palavras: 23/05/2014 [também aqui] Uma crítica ao livro de Thomas Piketty

Uma crítica ao livro de Thomas Piketty

Os chamados problemas econômicos são, na realidade, problemas políticos, e por mais que se tente silenciar, a luta de classes continua sendo, como bem disse Karl Marx, o motor da história. Como essa luta de classes se realiza, e através de quais instrumentos, é o maior desafio da análise da realidade com a finalidade de alterá-la. Thomas Piketty deu um passo nessa direção, mas seus silêncios deveriam ser preenchidos…

O porquê das desigualdades: uma crítica do livro de Thomas Piketty – Vicenç Navarro: Carta Maior 17/05/2014

Mas o fato de ser um livro que despertou enorme interesse (eu o recomendo e também utilizo em minhas aulas) não exclui a necessidade de criticá-lo – não tanto por aquilo que o livro diz, mas pelo que não diz. Na realidade, o que ele não diz limita a compreensão e, portanto, a utilidade do livro. E vou direto ao ponto. O problema do livro é que parece não perceber que não é possível entender o mundo do capital sem entender o mundo do trabalho, nem tampouco como os dois se relacionam entre si. Aí está o ponto fraco do livro. O elevado crescimento do capital está diretamente relacionado ao estancamento e à diminuição dos salários. É o que Karl Marx chamou, e com razão, de exploração de classe – exploração que existe, ainda que você, leitor, não a descobrirá lendo os maiores meios de informação e persuasão.

Leia o texto.

Leia Mais:
Sobre a desigualdade no capitalismo: Francisco e Piketty
Francisco e Piketty sobre a desigualdade

Eleições no Brasil e geopolítica dos EUA

Os EUA estão deixando o Iraque e o Afeganistão em segundo plano e se preparando para enquadrar a China e também os BRICs. Neste cenário de reposicionamento, a eleição presidencial no Brasil desempenha um papel central, avalia o economista Marcio Pochmann, presidente da Fundação Perseu Abramo. ‘O ataque à Petrobras não é só eleitoral, mas tem também um elemento de disputa comercial’, diz. 

Isso explica sua extremada agressividade contra a Rússia na questão ucraniana, entre outras e também, em parte, a enorme campanha publicitária pela mídia de direita contra o atual governo brasileiro. A direita mundial quer derrubar quantos governos insubmissos às Potências Ocidentais puder, o mais rápido possível, antes que seja tarde demais (embora já seja – na verdade – muito provavelmente – tarde demais). Nesse contexto, o Brasil que se prepare, pois deve vir muito mais chumbo grosso total contra a candidatura governista nessas próximas eleições. A direita não só brasileira, mas mundial, está jogando pelo tudo ou nada no Brasil, país chave para o controle de toda a América do Sul, inclusive a Venezuela (Victor Emanuel Giglio Ferreira).

A eleição de 2014 no Brasil e o reposicionamento geopolítico dos EUA  – Marco Aurélio Weissheimer: Carta Maior 14/05/2014

A avaliação é do economista Marcio Pochmann, ex-presidente do IPEA e atual presidente da Fundação Perseu Abramo (…) Ao contextualizar o cenário internacional no qual se dará a disputa eleitoral este ano Brasil, Pochmann destacou como tema central o reposicionamento dos Estados Unidos. “Desde 2008, os Estados Unidos estão com um problema sério e olham para a China cada vez com mais atenção. Os EUA estão deixando o Iraque e o Afeganistão em segundo plano e se preparando para enquadrar a China  e também os BRICs. Além disso, estão enfrentando a crise energética apostando no xisto e ganharam em competitividade com a redução do custo de sua mão-de-obra nacional. Hoje, os EUA querem se livrar do Iraque e do Afeganistão e se concentrar na China”. Neste cenário, acrescentou Pochmann, a eleição de 2014 no Brasil é chave para os Estados Unidos. Não é pouca coisa que está em jogo no futuro político do país. “O ataque que a Petrobras vem sofrendo não é só eleitoral, mas tem também um elemento de disputa comercial dramático. O Brasil precisa ter grandes empresas, públicas e privadas, para assumir uma posição menos periférica em um mundo onde as grandes corporações econômicas são responsáveis por dois terços dos investimentos em novas tecnologias. Além isso, precisa também construir um grande bloco de investimentos, como tivemos com Getúlio e JK, com capacidade de coordenar o investimento privado no país”.

Leia o texto completo.

Recomendo ainda o comentário do leitor Victor Emanuel Giglio Ferreira em 15/05/2014:

Realmente, a próxima eleição no Brasil deverá ser uma das mais acirradas e importantes de sua história, visto a presente situação de forças geopolíticas internacional. A ascensão da China (já primeira potência econômica mundial a partir de 2014 – PIB – PPP), da Índia (3a. potência), Rússia (6a. potência) e Brasil (7a. potência), todos não alinhados política e economicamente às antigas potências ocidentais, vem criando um progressivo novo balanço de forças no cenário mundial, com crescente perda de poder e influência desse Ocidente capitalista e neoliberal. Vem cada vez mais transparecendo um certo pânico dessas antigas potências, inclusive dos EUA, visto que dentro de uns 10 anos, a continuarem as coisas no presente rumo, esses países não alinhados ao Ocidente, e liderados pela China, já estarão em situação econômica francamente superior às antigas potências e passarão a dar as cartas no planeta. Washington demonstra cada vez mais inquietação e pressa em tentar reverter esse quadro futuro, que parece cada vez mais próximo e inexorável. Isso explica sua extremada agressividade contra a Rússia na questão Ucraniana, entre outras e também, em parte, a enorme campanha publicitária pela mídia de direita contra o atual governo brasileiro. A direita mundial quer derrubar quantos governos insubmissos às Potências Ocidentais puder, o mais rápido possível, antes que seja tarde demais (embora já seja – na verdade – muito provavelmente – tarde demais). Nesse contexto, o Brasil que se prepare, pois deve vir muito mais chumbo grosso total contra a candidatura governista nessas próximas eleições. A direita não só brasileira, mas mundial, está jogando pelo tudo ou nada no Brasil, país chave para o controle de toda a América do Sul (inclusive Venezuela). Se passarem mais quatro anos de governo insubmisso a eles no Brasil, o quadro mundial provavelmente tornará um retrocesso ao passado de neocolonialismo impossível. Esse é o desespero da oposição nacional e internacional contra o partido governista no Brasil.

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Vai ter Copa: resposta à grande aliança

Francisco e Piketty sobre a desigualdade

O tuíte do Papa sobre a desigualdade social aponta para uma recalibragem social, política e econômica

Ele veio com a clareza de um trovão numa planície qualquer. Cruzou o mundo num tuíte retuitado 14 mil vezes num único dia. Veio apenas duas horas depois dos últimos aplausos na Praça de São Pedro que deram fim à cerimônia de canonização dos santos João XXIII e João Paulo II.

Foi como se o Papa Francisco estivesse nos dizendo aonde precisamos ir, como igreja e como família humana, caso queiramos seguir um curso moral. É lá fora, entre os pobres e despossuídos do mundo. É lá onde encontramos a salvação.

Num tuíte de poucas palavras ele disse: “A desigualdade é a raiz dos males sociais”.

Vivemos um momento sem precedentes. Temos um pontífice que possui um grande apreço por questões globais e pela família humana, por seus anseios e falhas, como ninguém antes. Este é o nosso primeiro papa do sul global. Ao mesmo tempo, o seu cenário é amplo; a sua voz, clara; sua entrega, simples; sua autoridade, inatacável; seu domínio na comunicação, poderoso como o último celular lançado.

É claro, muitos não podem ouvir. Para uns, a mensagem é simples demais para se prestar atenção. Alguns, por exemplo, da direita política, foram rápidos no criticar o tuíte papal. Suas palavras, disseram eles, foram enigmáticas, demasiado simplistas, até mesmo ingênuas, incapazes de entender a economia moderna.

O que eles veem – e temem – é um papa que tem uma voz moral com uma vantagem política.

Como se fosse para fortalecer a pungência do momento, as palavras do Papa Francisco vieram ao mesmo tempo em que o novo livro do economista francês Thomas Piketty – “Capital in the Twenty-First Century” [O capital no século XXI] – estava aparecendo em todas as listas de best-sellers. Este tratado bem documentado, de 700 páginas, sustenta que o capitalismo deste século está numa viagem só de ida em direção a uma maior desigualdade. A nós é dado a certeza de uma desigualdade maior nas próximas décadas – isso sem uma grande intervenção política. Piketty não está sugerindo o descarte do capitalismo. Diz que este sistema pode funcionar para todos, mas que precisa de sérios ajustes…

Leia o texto completo.

Fonte: Editorial do National Catholic Reporter – NCR, de 07/05/2014, em Notícias: IHU On-Line 09/05/2014

O texto original, em inglês:

Editorial: Pope’s tweet on inequality points to moral course –  NCR Editorial Staff  –  May. 7, 2014

It came with the clarity of a thunderclap on a Kansas plain. It shot across the world in a tweet retweeted 14,000 times within a day. It followed by only hours the last fading cheers on St. Peter’s Square ending the canonization ceremony of Sts. John XXIII and John Paul II.

It was as if, history now behind him, Pope Francis was telling us where we have to go, as a church and human family, if we are to follow a moral course. It’s out there among the poor and dispossessed of the world. That’s where we find salvation.

Declared Francis in a seven-word tweet: “Inequality is the root of social evil.”

We live in an unprecedented time. We have a pontiff who has a fix on global issues and the human family, its longings and failings, as none other before him. This is our first pope from the global South. Meanwhile, his stage is vast; his voice clear; his delivery simple; his authority unassailable; his mastery of communication keen as the latest cellphone.

Of course, not everyone can listen. For some the message is simply too much to take. Perhaps it will take time. Some, for example, on the political right were quick to pooh-pooh Francis’ tweet. His words, they said, were puzzling, too simplistic, even naive, incapable of understanding modern economics.

What they see — and fear — is a pope who has a moral voice with a political edge. The storm will only get larger…