Estudos sobre o antigo Irã

Conheça o site Circle of Ancient Iranian Studies (CAIS).

Este site é um espaço para o intercâmbio de informações sobre arte, arqueologia, cultura e civilização dos povos iranianos. Artigos sobre o antigo Irã, notícias diárias sobre descobertas arqueológicas, entre outras coisas, são recursos que podem ser encontrados na página. Um museu virtual traz interessantes fotos do mundo iraniano antigo, como a inscrição de Behistun de Dario I.

The Circle of Ancient Iranian Studies (CAIS) act as a forum for the exchange of information about the art, archaeology, culture and civilization of Iranian peoples.

Eu quase que nada sei, mas desconfio de muita coisa

Delegado combinou com jornalistas versão sobre o vazamento de fotos

Desde o dia 2 de outubro, está no site do jornalista da TV Globo Luiz Carlos Azenha a informação de como se deu a entrega do CD com as fotos do dinheiro apreendido com os petistas patetas no Hotel Íbis. O título da reportagem não deixa dúvidas sobre como tudo aconteceu. Leia, a seguir, trechos retirados do site:

‘Delegado combinou com jornalistas versão sobre o vazamento de fotos’
O delegado Edmilson Bruno, da Polícia Federal, foi enfático ao ser confrontado por repórteres diante do prédio da Polícia Federal: era inocente da acusação de ter vazado as fotos do dinheiro apreendido com petistas.
Algumas horas antes, ele havia se encontrado sigilosamente com quatro repórteres para dar um CD que continha as imagens.
Pediu que cópias fossem feitas e distribuídas.
Pelo menos dois dos repórteres que se encontraram com o delegado deixaram o gravador ligado durante a conversa.
Tive [Azenha] acesso ao conteúdo da gravação. O som é nítido.
O delegado explica que, no dia anterior, tinha participado da perícia do dinheiro apreendido:
– Os peritos tiraram fotos e eu também tirei – [delegado Edmilson Bruno].
Edmilson contou aos jornalistas como pretendia explicar ao chefe a aparição das fotos na mídia:
– Alguém que roubou e deu para vocês, disse ele.
Os repórteres pouco falaram. Ninguém protestou contra a versão ensaiada pelo delegado:
– O que vai parecer? Que alguém roubou e vazou na imprensa.
O delegado disse aos repórteres que o superintendente da PF em São Paulo e o delegado encarregado do caso não sabiam da existência das fotos.
É difícil descrever o ambiente a partir da gravação de algumas vozes, embora as palavras fossem nítidas.
Ficou claro que o delegado tinha pressa, que queria espalhar as fotos e que contava com a ajuda dos quatro jornalistas para fazer isso.
(…)
Não havia repórter da TV Globo entre os jornalistas que se reuniram informalmente com o delegado, numa calçada.
Edmilson Bruno parecia preocupado com o momento certo para divulgar as fotos.
Em uma coisa foi enfático:
– Tem que sair hoje à noite na TV. Tem que sair no Jornal Nacional.

 

O dossiê do dossiê Vedoin/Serra/Barjas

Meu implacável amigo Saul Leblon traçou o seguinte roteiro:

1. Na sexta-feira, 15 de setembro, data marcada pelos Vedoins para entrega do dossiê Serra/Sanguessuga a um grupo de petistas, num hotel em SP, o delegado de plantão na PF na capital paulista era Edmilson Pereira Bruno

2. O delegado prendeu os petistas em flagrante no hotel Ibis.

3. Antes mesmo que os presos fossem conduzidos à sede da PF, em SP, uma equipe de TV da produção do programa do candidato Geraldo Alckmin já estava a postos no local, para filmar a chegada dos detidos e usar as imagens no horário eleitoral do tucano. A equipe de Alckmin demonstrou agilidade superior a de qualquer órgão da grande imprensa, no principal centro jornalístico do país.

4. No dia 18, três dias depois desses acontecimentos, o delegado Bruno foi afastado do caso após declarar que o suposto dossiê Serra/Sanguessuga continha mais de duas mil folhas e implicava todos os partidos. Na verdade, o que tinha mais de duas mil folhas era o inquérito que investigava a ação dos sanguessugas em Cuiabá.

5. Dez dias depois, na quinta-feira, dia 28, o mesmo delegado Bruno invade uma sessão de perícia na qual dois técnicos da PF fotografavam o dinheiro supostamente utilizado para comprar o dossiê Serra/Sanguessuga.

6.O delegado Bruno alega aos peritos que havia sido reconduzido ao caso. Enquanto eles realizavam seu trabalho, o delegado sacou uma máquina digital e fez 23 fotos do dinheiro

7. Nos dias anteriores, à medida em que se aproximava a data do pleito e a vitória de Lula no primeiro turno mostrava-se cada vez mais provável, o candidato Alckmin e todo o PSDB, bem como seus ventríloquos na mídia, elevaram o tom das cobranças. A artilharia tucano-pefelê-midiática, centrava fogo em duas cobranças: a liberação das fotos do dinheiro pela PF e a presença de Lula no debate da Globo, marcado para o dia 28, quinta-feira, à noite.

8. Lula, na última hora, decidiu não ir ao debate prevendo um “massacre orquestrado” da oposição contra o seu governo.

9. O Presidente escapou do massacre, que de fato ocorreu, e teve ampla repercussão no JN e nos diários. Mas não escapou das fotos.

10. Na sexta-feira, dia 29, pela manhã, o delegado Bruno pessoalmente entregou cópias em CDs das fotos que havia feito a três jornalistas em frente do prédio da PF, em SP. Sequer marcou um encontro em local mais discreto. Segundo o jornalista Bob Fernandes do site Terra Magazine, teria explicado assim seu gesto aos repórteres: “Quero f… com o Lula e o PT”.

11. No mesmo dia, quando as fotos já circulavam na Internet — divulgadas pela Agência Estado– o delegado procurou superiores e informou: “Estou desesperado. Pegaram uma cópia das fotos que eu havia feito”.

12. Pouco depois, em entrevista à mesma Agência Estado que havia distribuído as fotos e sabia sua origem, o delegado Bruno afirmou: “Estão veiculando que eu cedi o CD. Eu não cedi este CD. Eu não sei se é para me prejudicar ou não. Não sei quem foi o autor do crime, mas não fui eu que distribuí o CD”. O delegado afirmou ainda nessa entrevista, divulgada amplamente por um veículo que sabia de antemão a versão verdadeira, que as fotos haviam sumido do seu arquivo pessoal.

13.No sábado, dia 30, as fotos dominaram o noticiário das TVs e as primeiras páginas de todos os jornais. No Globo, a foto ocupou mais de metade da pág. frontal. A Folha foi além e optou por uma composição grotesca. Sob a pilha de dinheiro colocou uma foto de Lula encapuzado, enquanto vestia um casaco. Uma mão apertada sobre o seu ombro sugeria um caso de detenção. Um truque de composição fotográfica, reduziu assim o Presidente e induzia os leitores a enxergarem-no como um marginal preso em flagrante, a 48 horas do pleito presidencial.

14. Todos os jornais publicaram as imagens do dinheiro sem identificar a origem das fotos. Nenhum informou as palavras ditas pelo ofertante ¿ainda que sua identidade fosse mantida em sigilo: “quero fu.. com Lula e com o PT”.

15. No domingo, finalmente, os jornais traziam uma entrevista do delegado Bruno. Nela , o policial admite que fez e distribuiu as fotos¿o que antes havia negado peremptoriamente e os jornais ¿ embora sabendo que era uma mentira ¿ publicaram e atestaram a verdade. O delegado, porém, insiste, desta vez, que eu gesto não teve motivação política e nega qualquer ligação com a campanha tucana. Os jornais de novo publicam suas declarações, sem contextualizá-las.

17. No mesmo domingo, dia do pleito, os jornais afirmam que o desgaste desse episódio reduziu dramaticamente a vantagem anterior de Lula nas pesquisas de intenção de voto, referentes ao primeiro turno. Segundo as novas enquetes, mesmo no segundo turno, a reeleição do Presidente agora tornara-se incerta.

18. Tudo fica como dantes no quartel do Abrantes. A imprensa continua a acobertar e a ser cúmplice do crime de violação do segredo de justiça. Por quê? Porque ao invés dos eventuais crimes cometidos por petistas, desta vez os crimes a interessam, e favorecem seu candidato, Geraldo Alckmin¿.

Eh, Leblon bom de bola!

Fonte: Flávio Aguiar – Carta Maior: 02/10/2006

Pesquisa Vox Populi I: Lula sobe, Alckmin desce

Vox Populi mostra Lula com vantagem de 10 pontos sobre Alckmin

Pesquisa Vox Populi aponta para uma vantagem de 10 pontos percentuais na intenção de voto do presidente e candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra seu adversário, o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin. A sondagem revela que Lula teria 55% dos votos válidos (que exclui brancos, nulos e indecisos) contra 45% de Alckmin, na simulação feita com 2 mil eleitores, tendo 2,2% de margem de erro, encerrada no dia 9. Na pesquisa espontânea (sem apresentação prévia de nomes), Lula conta com 50% dos eleitores ouvidos contra 40% do tucano. A pesquisa, encomendada pela revista Carta Capital, confirma o distanciamento entre os dois candidatos já apontada pelos institutos Ibope e Datafolha. O levantamento do Ibope divulgado ontem mostrou que a taxa de intenção de voto em Lula ficou em 52%. Já a taxa de intenção de voto em Alckmin foi de 40%. Considerando apenas os votos válidos, o candidato do PT à reeleição tem 57% contra 43% do tucano. Já a pesquisa do Datafolha, divulgada no dia anterior, indicou que a taxa de intenção de voto em Lula oscilou de 50% para 51%, enquanto a taxa de Alckmin caiu três pontos, de 43% para 40%. Em relação aos votos válidos, o candidato do PT à reeleição tem 56% contra 44% do ex-governador de São Paulo.

Folha Online: 13/10/2006

 

Pesquisa Ibope I: Lula sobe, Alckmin desce

Vantagem de Lula sobre Alckmin é de 12 pontos, diz pesquisa Ibope

A primeira pesquisa Ibope realizada após o debate na TV entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB), no último domingo, indica que a vantagem do candidato petista sobre o adversário tucano é de 12 pontos. A taxa de intenção de voto em Lula ficou em 52%. Já a taxa de intenção de voto em Alckmin foi de 40%. Considerando apenas os votos válidos – que exclui brancos, nulos e indecisos -, o candidato do PT à reeleição tem 57% contra 43% do tucano. O Ibope entrevistou 3.010 eleitores em 199 municípios entre terça-feira e ontem. A margem de erro é de dois pontos, para mais ou para menos. A pesquisa foi registrada no TSE (cont.)

Folha Online: 12/10/2006

Mais de 650 mil iraquianos foram mortos como resultado da invasão americana em 2003, diz estudo

BBC Brasil: 11 de outubro, 2006 – 14h18 GMT

2,5% dos iraquianos morreram desde a invasão do país, diz estudo

Pesquisadores americanos estimam que 655 mil iraquianos – o equivalente a 2,5% da população do país – tenham morrido como resultado da invasão americana em 2003.

O estudo da John Hopkins Bloomberg School of Public Health, a ser publicado nesta quinta-feira na revista médica britânica The Lancet, compara as taxas de mortalidade em 47 áreas do Iraque escolhidas aleatoriamente, antes e depois da intervenção militar dos Estados Unidos. A grande maioria das mortes teria sido causada pela violência, sendo 56% delas provocadas por tiros, enquanto explosões e ataques aéreos seriam responsáveis por cerca de 14%. Ainda de acordo com a pesquisa, 31% das mortes violentas poderiam ser atribuídas a ações das forças de coalizão. O total de vítimas calculado pelo estudo é bem maior que as estimativas oficiais ou que o número de mortes reportado pela mídia (cont.)


‘Huge rise’ in Iraqi death tolls
An estimated 655,000 Iraqis have died since 2003 who might still be alive but for the US-led invasion, according to a survey by a US university (cont.)

Criado o site da Arquidiocese de Ribeirão Preto

Já está no ar o site da Arquidiocese de Ribeirão Preto.

Na apresentação do site diz Dom Joviano, Arcebispo Metropolitano de Ribeirão Preto:

Queremos que seja o portal da esperança, o espaço do diálogo, da comunhão e participação (…) Aqui se adquire um senso mais amplo da pastoral orgânica e das nossas estruturas de comunhão (…) A comunicação continua sendo o maior desafio que a Igreja enfrenta no início do século XXI. Neste sentido, o nosso portal será uma escola de comunicação, onde aprenderemos a fazer circular o que cremos, vivemos e celebramos.


Márcio Smiguel Pimenta, Coordenador da Pastoral da Comunicação (PasCom) da Arquidiocese de Ribeirão Preto, em entrevista no site, explica a expectativa da PasCom:

Esperamos que [o site] seja um espaço de evangelização, de informação e de aproximação entre as pessoas que o visitarem. Ali vão estar disponibilizadas informações sobre os diversos trabalhos realizados na Arquidiocese, a história da Arquidiocese, os endereços dos Padres e das Paróquias, notícias, etc.

E acrescenta:

Aos internautas a nossa acolhida, que sejam bem-vindos e bem-vindas, que a Internet seja um caminho para a comunhão, o intercâmbio de idéias, a comunicação solidária, pautada nos valores da justiça, da transparência e da verdade, o crescimento humano e espiritual, um ambiente de paz e serenidade, nesse imenso e inexplorado território virtual. Que Deus abençoe a todos e a todas.

Dediquei-me hoje, durante um bom tempo, à visita do site. Meus sinceros parabéns!

Pesquisa Datafolha I: Lula sobe, Alckmin desce

Datafolha joga água gelada na cabeça de Alckmin

O resultado da última pesquisa Datafolha, estampado nesta quarta nas páginas da Folha, derrama sobre a calva de Geraldo Alckmin um balde de água fria. A versão “heloisahelenizada” do chuchu, exposta no debate de domingo, não carreou votos para o cesto do presidenciável tucano. Pior: para alegria de Lula, o legume apimentado parece ter azedado o paladar de parte do eleitorado de Alckmin. Os pesquisadores do Datafolha foram às ruas nesta terça, 48 horas depois do debate da TV Bandeirantes. Entrevistaram 2.868 eleitores em 194 municípios de 25 Estados. Descobriram que, do último dia 6 de outubro para agora, a vantagem de Lula sobre Alckmin ampliou-se de sete para 11 pontos percentuais. Ou, considerando-se apenas os votos válidos (excluídos brancos e indecisos), de oito para 12 pontos. Lula manteve-se estável. Oscilou de 50% para 51%, dentro da margem de erro da pesquisa, que é de dois pontos para cima ou para baixo. Alckmin escorregou para baixo. Foi de 43% para 40%. Contando-se apenas os votos válidos, como faz o TSE na hora de definir o resultado, Lula sobe de 54% para 56%. E Alckmin oscila de 46% para 44% (cont.)

Escrito por Josias de Souza no blog Nos bastidores do poder em 11/10/2006 às 03h54

A experiência do divino no antigo Israel

A Paulus publicou recentemente a tradução de um livro de Mark S. Smith, Professor da Universidade de Nova York, que merece atenção:

SMITH, M. S. O memorial de Deus: História, memória e a experiência do divino no Antigo Israel. São Paulo: Paulus, 2006 [1. reimpressão: 2018], 264 p. – ISBN 9788534925174.

O original é:

SMITH, Mark S. The Memoirs of God: History, Memory, and the Experience of the Divine in Ancient Israel. Minneapolis: Fortress, 2004, xviii + 187 p.

 

Na página da Paulus há duas avaliações de conhecidos especialistas na área. Destaco a de Carol Meyers: Sofisticado em sua análise, e com uma apresentação acessível, este livro é um brilhante contributo à história intelectual e cultural. Formada com o amplo conhecimento do autor sobre a literatura do Oriente Médio, a obra trata da complexa e fascinante história evolutiva da tradição e das crenças do Antigo Israel. Memorial deve ser uma leitura obrigatória para todos, leitores gerais e especialistas, que desejam entender como a memória coletiva e a amnésia trabalharam juntas para produzir o monoteísmo que se tornou o sinal de qualidade da escritura hebraica.

Duas resenhas da obra podem ser lidas na Review of Biblical Literature: a de Bernhard Lang, da Universidade de Paderborn, Alemanha, publicada em 26/2/2005, e a de Pamela Barmash, da Washington University in St. Louis, St. Louis, MO, USA, publicada em 7/5/2005. As resenhas são animadoras e ambas consideram a obra valiosa, especialmente para se discutir a questão do monoteísmo em Israel, assunto ao qual ele dedica um dos quatro capítulos.

Mark S. Smith tem várias obras importantes sobre Ugarit e sua literatura. Mas, sobre o assunto em questão, pode ser lido, com proveito, um artigo seu na CBQ – The Catholic Biblical Quarterly – vol. 64, n. 4, de outubro de 2002, p. 631-651, com o título de Remembering God: Collective Memory in Israelite Religion.

Encontrados restos de camelo gigante que viveu na Síria há 100 mil anos

BBC Brasil – 10 de outubro, 2006 – 15h52 GMT

Cientistas encontram fóssil de ‘camelo gigante’ na Síria

Arqueólogos descobriram na Síria os restos fossilizados de uma espécie desconhecida de camelo gigante que viveu há 100 mil anos.

Os ossos do animal foram descobertos por uma equipe de cientistas suíços e sírios perto do vilarejo de El Kowm na parte central do país. O camelo teria o dobro do tamanho de uma espécie atual. Cientistas acreditam que este tipo de camelo gigante poderia ter sido morto por humanos, que viviam no lugar no mesmo período. Na época, há 100 mil anos, a região possuía água abundante. “Não se sabia que o dromedário estava presente no Oriente Médio há mais de 10 mil anos”, disse Jean-Marie Le Tensorer da Universidade de Basel. A corcova do camelo ficava a três metros de altura e a altura total poderia chegar a quatro metros, tão alto quanto uma girafa ou elefante. Ninguém sabia que uma espécie como esta já existiu”, acrescentou. Tensorer, que está trabalhando em escavações no vilarejo de Kowm desde 1999, afirmou que os primeiros ossos grandes foram encontrados há alguns anos mas a confirmação de que eles pertenciam a um camelo foi feita apenas depois da descoberta de várias outras partes do mesmo animal, recentemente. Entre 2005 e 2006 mais de 40 fragmentos de ossos de camelos gigantes foram encontrados pela equipe. Restos humanos do mesmo período do camelo gigante foram descobertos no mesmo local. O osso longo que forma o antebraço e um dente foram levados para a Suíça, onde estão passando por análises antropológicas (cont.)



Giant camel fossil found in Syria
Archaeologists have discovered the 100,000-year-old fossilised remains of a previously unknown giant camel species in Syria (cont.)

Lula x Alckmin na Band

O debate do debate

A repercussão dos blogues, manchetes de jornal, tevês, sobre o primeiro debate do segundo turno da eleição presidencial, privilegiou, como é costume, o desempenho cênico dos candidatos. Quem estava “calmo”, quem ficou “nervoso”, são expressões recorrentes. Em segundo lugar, vem “quem fez mais perguntas que o outro não respondeu”. Só depois, se e quando se chega lá, vem a questão das ideias apresentadas.

Aqui, neste campo, a coisa se complica. Porque para os analistas é interessante debater os dois primeiros tópicos, porque eles “naturalizam” a sua posição. É mais fácil dizer que um dos candidatos levou a melhor sobre o outro porque este ficou mais nervoso no começo, ou o contrário, que o segundo levou vantagem porque se equilibrou no final, do que discutir as ideias colidentes que ambos apresentaram.

No debate da Bandeirantes, realizado no domingo, as poucas ideias prospectivas que entraram em cena, apesar de parcas, demonstraram tendências diversas do dois candidatos quanto ao Brasil que projetam. Na verdade, mais importante do que discutir quantos graus Lula ficou nervoso com a pergunta sobre a origem do dinheiro, foi observar que na verdade ele demonstrou um ponto fraco em seu governo (não em sua pessoa) na questão da saúde, que ficou pendente. Sobre a origem do dinheiro Lula deu a resposta conceitualmente correta, a de que ele é o Presidente da República e não o delegado de plantão.

Sobre Alckmin, importa menos o disparate falado sobre a compra do avião da presidência (e a sua venda para construir quatro hospitais, o que beira a piada) do que a concepção completamente autoritária de governo que ele revelou manter. Alckmin cobrou uma postura arrogante em relação à Bolívia, embora seu partido pregue uma postura subserviente aos Estados Unidos em relação à Alca. Mais grave, demonstrou profunda e autêntica insatisfação com os procedimentos jurídicos que visam garantir os direitos humanos em relação a prisões de jovens e defendeu um “aperfeiçoamento” do ECA na direção autoritária, lembrando mesmo uma pessoa que tem saudades dos ritos sumários do tempo da ditadura. Pior ainda: defendeu o escândalo que é o sistema penitenciário do Estado de S. Paulo, com o bordão de que retirou os criminosos das ruas, só esquecendo de se referir a que seu governo transformou as prisões em centrais do crime.

No campo das propostas, Alckmin formulou pouquíssimas propostas, ficando no campo dos “genéricos”, que são expressões como “eficiência”, “choque de gestão”, chegando a falar em combate à corrupção como parte de “corte de gastos”, o que é uma frase de efeito sem efeito nenhum, porque o que importa é discutir como melhorar o que o governo de Lula já fez, que foi aparelhar melhor – do ponto de vista de efetivo e do aparato conceitual – a Polícia Federal e liberar o Ministério Público das amarras com o Executivo.

Por último, vale notar que no fim de contas o “tom” de um desempenho também revela um conceito. E nisto Alckmin, mesmo que não quisesse, revelou novamente seu vezo autoritário. Excedeu-se no tempo muitas vezes; manteve o tom de “ponha-se no seu lugar” o tempo inteiro, demonstrando que seu decoro é o da Casa Grande. Neste ponto Lula talvez tenha hesitado demais, pois ninguém pode se dirigir ao Presidente da República na base do “você mente”, “não minta”, etc. Na primeira vez Lula já deveria ter pedido o direito de resposta, pelo menos para sinalizar que nesse tom um debate não pode nem deve prosseguir.

Mas talvez não haja mesmo a possibilidade de um debate. O mundo que Alckmin projeta para seu governo é tão diverso daquele em que Lula vive, que os pontos de contato (que permitem na verdade o confronto) em termos da situação em que estamos, são de fato quase inexistentes. O autoritarismo do primeiro fica evidente até na promessa feita de que não vai privatizar a Petrobras, nem a Caixa Econômica Federal, nem o Banco do Brasil. É demais exigir que a gente acredite nisso, vindo de quem acabou de privatizar a linha 4 do Metrô de S. Paulo antes que ela exista e deixou pronto o plano de vender à iniciativa privada ações da Nossa Caixa estadual para cobrir o rombo de 1,2 bilhão nas contas de S. Paulo.

Fonte: Flávio Aguiar – Carta Maior: 09/10/2006